A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 38
A Verdadeira Face do Mal




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— Acordem seus delinquentes! Acordem!

Os prisioneiros foram despertados pelos gritos de Monastário e pela água fria jogada repentinamente em seus rostos. Sobressaltados, todos se puseram de pé.

Buenos días, señoras y señores!— Cumprimentou-os o Capitão com um sorriso e um bom humor quase diabólicos – Que bela manhã temos hoje para fazer valer as leis!

Os prisioneiros se assustaram, pois sabiam que nada de bom poderia vir de Monastário, principalmente depois do que eles tinham feito. Não se iludiram nem por um segundo que ele tinha ficado “bonzinho”, só porque tinha autorizado a vinda do médico e lhes dado mais um colchão para dormirem.

— Acho que se lembram pelo que foram presos, não é mesmo, senhores? – ninguém respondeu a sua pergunta retórica e ele continuou - Traição. E vocês sabem muito bem qual é a pena para isso: chicoteamento em praça pública! Soldados tragam-me os fazendeiros! Hoje é dia de os nobres cavalheiros servirem de exemplo.

O Capitão saiu em direção à praça enquanto os soldados reuniam os prisioneiros. Todos tinham medo. Alguns deixavam isso transparecer, mas a maioria se mantinha altiva, afinal, eles sabiam desde o início que a punição poderia vir a qualquer momento.

Monastário tinha feito questão de que os soldados fossem de porta em porta ordenando a todos para comparecerem na praça logo cedo. O palanque montado para o chicoteamento anterior continuava lá, porque o Capitão ainda tinha planos de usá-lo algumas outras vezes.

Ele subiu na estrutura de madeira e esperou os cidadãos se reunirem. Quando viu que já tinha conseguido se tornar o centro das atenções, começou a falar.

— Bom dia, caros cidadãos de Los Angeles! Eu tenho certeza de que todos vocês acompanharam as prisões dos nobres e poderosos fazendeiros de nossa cidade e ficaram curiosos com isso. Pois saibam que de nobres esses senhores não têm nada. Eles são ratos traidores da coroa, que tramavam agir pelas minhas costas e colocar o Governador contra mim, mas felizmente, eu sei de tudo o que se passa em nosso amado vilarejo e eles jamais conseguiriam levar seu plano adiante. E para provar que sou um homem de palavra e que não faz distinção entre os ricos e os pobres, esses sete ditos cavalheiros serão chicoteados em praça pública, assim como os outros prisioneiros foram anteriormente.

Enquanto dizia isso, os soldados traziam os prisioneiros e rasgavam suas camisas deixando suas costas nuas para receberem a punição. Todos foram amarrados com as mãos para cima nos pilares de madeira e as costas voltadas para a plateia, enquanto seus olhos viam apenas os muros do quartel.

— A punição será de dez chibatadas para cada um e eles permanecerão aqui até o anoitecer, contudo, a sorte deles poderá mudar. Isso vai depender apenas de Zorro. Portanto, vou aproveitar a oportunidade e mandar um recado para o amigo de vocês. Eu sei que o conhecem e que esta mensagem chegará até ele, então digam-lhe que todos os prisioneiros serão libertados, sem nenhuma exceção, se ele se apresentar e se entregar até as vinte horas de hoje. Caso contrário, os prisioneiros receberão cinco chibatadas cada um diariamente. Podem começar soldados! – ordenou finalmente, enquanto ouvia o burburinho vindo das pessoas incrédulas.

Os soldados não gostavam dessa parte do trabalho, mas aquelas eram as ordens de seu comandante e eles eram obrigados a cumpri-las, então se entreolharam e começaram.

— Um! – gritavam os soldados – Dois! Três!

Monastário continuou observando até a quarta chibatada depois se retirou, enquanto a população assistia horrorizada aquela cena. Todos conheciam bem os fazendeiros e sabiam que eram homens bons que sempre estiveram ao lado do povo, dando-lhes emprego e auxilio quando podiam, e que se realmente tinham tramado algo, era para o bem de todos. A tristeza e preocupação eram redobradas, pois era visível que todos eles já tinham passado dos sessenta anos e ninguém mais era jovem e forte.

A cada chibatada, o sangue escorria através dos cortes causados pelo couro do chicote e eles já não conseguiam ficar de pé, então os soldados afrouxaram um pouco as cordas para que eles pudessem se sentar, pois como o Capitão havia prometido, eles permaneceriam ali o dia inteiro.

Poucas pessoas ficaram até o final da décima chicotada, mas a maioria se retirou indignada. Daniel e seu filho Josué, que trabalhavam para Don Rafael, saíram imediatamente para avisar às famílias dos fazendeiros o que estava acontecendo no povoado, antes que fosse tarde demais.

Quando finalmente chegaram à Fazenda de la Vega, que era uma das mais distantes, e deram  a notícia a Diego, o rapaz não conseguiu se controlar e toda a sua pose de bom moço e despreocupado se desfez no mesmo instante. Tudo o que ele queria naquele momento era atravessar o coração de Monastário com sua espada.

Completamente fora de si, ele correu para o estábulo em busca de seu cavalo e Bernardo foi desesperado atrás dele, até que conseguiu alcançá-lo antes que saísse de casa. Ele precisou usar de toda a sua força para segurar Diego.

— Solte-me, Bernardo! Eu vou acabar com aquele maldito! – ordenava Diego furioso, mas Bernardo não obedeceu. O criado sabia que não seria fácil detê-lo, mas mesmo assim fez o que pôde. Diego estava tão irritado, que o pobre Bernardo não teve a mínima chance.

Diego o empurrou e ele caiu no chão a mais de dois metros de distância. Ele não se machucou, mas levou alguns instantes para se levantar e esses poucos segundos foram o suficiente para o rapaz montar em seu cavalo e sair em disparada rumo ao quartel.

Bernardo não se deu por vencido. Também montou em seu cavalo e foi atrás dele. Ele viu que não conseguiria impedi-lo de seguir para a cidade, mas pelo menos estaria ao seu lado quando ele chegasse lá. Tinha medo da cena que encontraria.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por estarem acompanhando a fanfic! Gostaria de saber se vocês estão gostando. Seus comentários serão sempre muito bem-vindos.



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