A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 37
Os Prisioneiros Têm um Pouco de Alívio




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— Sargento, venha aqui! – berrou Monastário em busca de Garcia.

— Sim, meu Comandante! – Garcia veio correndo e prestando continência.  

— Vá até a casa do Dr. Ernesto e traga-o aqui imediatamente.

— Mas a essa hora, Capitão? Já é meio tarde...

— Não me importa. Ele é médico, não é? Deve estar de prontidão a qualquer momento.

— Tem razão, senhor.       

— Diga a ele que tem dois prisioneiros precisando de seus cuidados.

Garcia começou a esboçar um sorriso quando recebeu a ordem, mas ao ver a cara fechada de seu comandante, disfarçou e foi imediatamente atrás do médico. Lupita não era a única que se preocupava com a situação dos prisioneiros feridos. O sargento atrapalhado, mas de grande coração, também já começava a perder o sono com a situação deles, principalmente com o velho Valverde.

O soldado passou apressado e sorridente ao lado de Diego, que apesar de não saber o motivo de sua alegria, achou que o advogado talvez tivesse conseguido ajuda.

Assim que saiu da vista de Monastário, o Dr. Ávilla foi ao encontro de Diego que o esperava próximo ao portão.

— Como foi, doutor? – perguntou ansiosamente.

O advogado achou melhor não comentar nada a respeito do último comentário capcioso do Capitão.

— Bem, Diego, não vou mentir para você. A situação do seu pai e dos outros não está nada fácil, mas começarei imediatamente a planejar a sua defesa. Não quero que eles fiquem aqui nem um segundo a mais do que o necessário.

— Eu também não. Me preocupa pensar no que Monastário pode fazer, ele está completamente fora de si. – disse Diego bastante apreensivo.

— É verdade, meu rapaz. Mas nós já fizemos o que podíamos. Vamos embora para descansarmos, porque amanhã será um dia bastante longo. E não se preocupe com os feridos, o Sargento foi buscar o médico.

— Quando vi o Sargento saindo apressado, imaginei mesmo que tivesse sido coisa sua. Muito obrigado por intervir por eles, doutor. Eles não têm ninguém para ajudá-los, a não ser a nós.

— Não tem nada que agradecer. Alejandro é um bom e velho amigo e não tenha dúvidas que farei o possível para ajudá-lo. Amanhã conversarei com os advogados dos outros fazendeiros e veremos o que podemos fazer por todos os prisioneiros.

Sentindo o peso em suas costas diminuir um pouco, o rapaz se despediu do advogado com um firme aperto de mão e cada um seguiu para sua respectiva casa. Don Alejandro era um homem muito querido por todos e Diego tinha certeza de que Bernardo, assim como os demais empregados, estavam preocupadíssimos esperando seu retorno e querendo saber notícias, então ele se apressou para chegar à fazenda.

Zorro não tentaria nada naquela noite, como havia prometido. Mas esperaria no máximo até a noite seguinte, pois não poderia mais aguardar pela ajuda do governador, que ele sequer tinha certeza se realmente viria. Dessa vez, ele iria preparado para enfrentar Monastário frente a frente.

                                                            *****

Apenas vinte minutos após a saída de Diego e do Dr. Ávilla, Don Alejandro pôde avistar por através das grades de sua cela, a chegada do Sargento Garcia acompanhado de um sonolento Dr. Ernesto, e não conteve a alegria.

— Ah, eu sabia! Sabia que eles não me decepcionariam! – animou-se Don Alejandro, chamando a atenção dos demais prisioneiros, que não entendiam muito bem o que se passava. Alguns estavam dormindo e acordaram surpresos com o entusiasmo de colega de cela. Só o compreenderam quando viram o médico se aproximar das celas.

— Boa noite, senhores. Onde estão os feridos? – perguntou o médico ainda tentando despertar por completo. Garcia tinha pressa e sequer lhe deu tempo para mudar de roupa, então teve que vestir um roupão por cima do pijama. Não tinha gostado nenhum pouco de ter sido acordado com batidas na porta de sua casa bem em meio a um sonho no qual estava se divertindo com a família nas praias de Santa Bárbara, mas ele era um médico responsável, e o dever o estava chamando.

— Graças a Deus o senhor está aqui, Dr. Ernesto! Um dos feridos está nesta cela e o outro está ali. – Respondeu Don Rafael aliviado, apontado para seu funcionário.

— Abra a cela, por favor, Sargento. – pediu o médico.

— Pois não, doutor. – obedeceu Garcia - Senhoras, o Capitão me pediu para acomodá-las na terceira cela, então, por favor, venham comigo.

Na primeira cela estava Lupita e mais uma mulher e na outra, mais três. Não era muito, mas pelo menos diminuiu a lotação das celas dos homens e abriu espaço para a colocação do colchão prometido pelo Capitão. Eles foram cedidos a Don Alejandro e Don Miguel que eram os mais velhos ali. Apesar de eles inicialmente não aceitarem, os outros presos fizeram questão que eles deitassem, fazendo com que ambos se sentissem muito honrados com a gentileza daqueles homens sofridos.

O Dr. Ernesto tinha apenas permissão para tratar do Sr. Valverde e de Roberto, mas ele, sorrateiramente, conseguiu medicar alguns mais. Ele fez o possível para cobrir as feridas das chicotadas que eles tinham levado alguns dias antes, dando-lhes pelo menos um pouco de alívio. Cerca de meia hora depois o médico foi obrigado a se retirar a mando do Capitão, mas não sem antes deixar ataduras escondidas com Lupita. Ele tinha visto os curativos feitos pela moça e achou uma boa ideia deixá-la encarregada de terminar o serviço, sem que algum dos soldados visse.

 Já passava da meia noite quando o médico finalmente deixou o quartel e apenas dois soldados permaneceram fazendo a ronda. Monastário estava bastante seguro de que Zorro não os incomodaria naquela noite e os planos para o dia seguinte já estavam traçado. Os presos nem imaginavam o que lhes aguardava pela manhã.


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