A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 39
Uma Cena Desesperadora




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Bernardo tinha razão em se preocupar com a cena que presenciariam quando chegassem ao povoado. Ver todos aqueles homens bons caídos e sangrando sob o sol escaldante não foi nada fácil.

Diego tinha conseguido se acalmar um pouco durante o trajeto e tentou se controlar o máximo que pôde, mas era impossível permanecer de braços cruzados, principalmente depois de ver seu pai desfalecido.

Ele rapidamente saltou do cavalo e subiu no palanque. Um dos soldados tentou detê-lo segurando-o pelo braço, mas para surpresa dos que ainda estavam presentes, ele foi jogado de lá de cima no mesmo instante em que colocou a mão em Diego. Outros dois soldados foram imediatamente na direção do rapaz, mas acabaram sendo impedidos pelo Sargento Garcia.

— Deixem-no, soldados. – Garcia nunca tinha visto seu bom amigo tão transtornado como naquele instante. Na verdade, ninguém tinha visto.

— Acorde, meu pai. – Diego se aproximou de Don Alejandro e se ajoelhou ao seu lado.

— Desamarre-o, Sargento. Por favor! – implorou Diego já com lágrimas nos olhos.

— Desculpe, Don Diego, mas eu não posso. São ordens do Capitão... – respondeu o soldado com pesar.

— Para o inferno com o seu Capitão! – praguejou deixando todos atônitos. Logo em seguida percebeu que estava fora de si e pediu desculpas ao Sargento, por ter gritado.

— Me perdoe Sargento, eu sei que a culpa não é sua.

— Não tem problema, Don Diego. Eu entendo...

— Eu posso, ao menos, dar um pouco de água para ele?

— Bom... acho que não tem problema. – respondeu ainda receoso de ser surpreendido pelo Capitão.

— Bernardo pode dar aos outros também?

— Eles não bebem nada desde cedo e está bastante calor... Pode dar água a eles, pequenino.

Bernardo que observava toda a cena agoniado, foi correndo encher um balde com água do poço da praça. Enquanto fazia isso, Ricardo, filho de Don Luíz Córdoba também chegou desesperado junto de sua mãe. Ao ver Diego com o pai, seguiu o mesmo exemplo e subiu no palanque.

— Como vocês podem ser tão monstruosos? – esbravejou ele para que todos o ouvissem.

Dessa vez os soldados não tentaram intervir. Eles tinham aprendido que não deviam se meter com homens desesperados. Don Ricardo tinha fama de ser muito bom com a espada e ele a trazia presa à cintura naquele momento. Se o pobre soldado tinha sido derrubado por Diego de la Vega, o sujeito mais boa-praça de toda a região, o que Don Ricardo seria capaz de fazer? Eles tinham medo de imaginar.

Assim que Bernardo levou a água para Diego, saiu para tentar ajudar aos outros seis homens. Alguns estavam piores que outros e o criado queria fazer mais, mas dar-lhes água era a única coisa possível naquele momento.

A essa altura, Diego já estava sentado no chão de madeira com o pai nos braços. Sua roupa estava manchada com o sangue de Don Alejandro, mas ele não se incomodou.

— Acorde, meu pai. – continuou ele, quase sussurrando com a voz embargada, enquanto dava batidinhas em seu rosto com as costas da mão e tentava impedir que as lágrimas rolassem.

— Di-Diego. – disse Don Alejandro, finalmente para o alívio do rapaz. Ele continuava com as mãos amarradas, mas Diego tinha conseguido puxar a corda um pouco mais para baixo. Assim que ouviu a voz de seu pai, lhe deu um abraço apertado que o fez gemer de dor.

—Me perdoe, pai. – desculpou-se ao ver o que sua alegria estava causando.

— Está tudo bem, filho. – continuou o fazendeiro com a voz bastante fraca e um ligeiro sorriso – Tome cuidado com o Monastário. Eu tenho certeza de que o plano dele ainda não chegou ao fim. Ele disse que nos soltaria se o Zorro se entregasse hoje até às oito da noite, ou então continuará nos chicoteando diariamente.

— Aquele desgraçado! Se é o Zorro que ele quer, é o Zorro que ele vai ter! – disse Diego, bastante decidido.

— Não faça isso, Diego. – implorou Don Alejandro.

— Já está mais do que na hora de pôr um fim nisso. O senhor sabe que vocês todos só estão passando por esse sofrimento por minha causa e eu não posso mais permitir que isso continue. Essa noite tudo acaba, meu pai.

Don Alejandro olhou nos olhos do filho e viu que dessa vez não conseguiria dissuadi-lo e sentiu um aperto no coração, porque sabia que talvez pudesse perdê-lo naquela mesma noite.

Enquanto os dois conversavam, Monastário saiu do quartel. Ele tinha ouvido uma comoção na praça e resolveu dar uma olhada nos prisioneiros. Talvez algum deles tivesse morrido, pensou. Mas para sua surpresa acabou encontrando Don Diego e Don Ricardo bastante transtornados, o que lhe encheu de alegria.


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