A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 29
Don Alejandro Traz Novidades




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— O senhor já está de volta, meu pai! Achei que só chegaria amanhã! – disse Diego alegre e também surpreso por rever seu pai tão rapidamente.

— As notícias correm rápido, meu filho. Fiquei sabendo o que tinha acontecido com o Zorro e voltei imediatamente. Meu coração não ficaria em paz até vê-lo com meus próprios olhos! – respondeu Don Alejandro dando um abraço tão apertado no filho, que até o deixou tonto.

— Desculpe, Diego! – disse o velho fazendeiro ao ver o que tinha feito. Ele estava tão alegre em ver o filho bem, que só naquele momento, realmente percebeu o sangue em sua roupa e pensou ter sido o responsável por aquilo. – Você está bem, filho?

— Estou, mas é melhor irmos para casa e no caminho eu conto o que aconteceu. Bernardo, coloque, por favor, as malas do meu pai na carruagem e vamos embora.

O criado obedeceu alegremente, enquanto Don Alejandro ajudava Diego a embarcar. Assim que cumpriu sua tarefa, Bernardo assumiu as rédeas e os três seguiram para a Fazenda De La Vega.

Durante a pequena viagem, Diego aproveitou para estancar o sangramento com a ajuda de um lenço que trazia consigo. Em pouco tempo ele já não sangrava, mas ainda precisava de uma bandagem mais apropriada. Pai e filho também conversaram sobre o acontecido na Fazenda Robles e a tentativa frustrada de libertar os prisioneiros.  

Assim que chegaram na fazenda, foram direto para o quarto de Diego, onde Don Alejandro fez um curativo melhor no filho e esperou que ele trocasse de roupa antes de contar tudo o que tinha feito na capital.

— Pronto, meu pai, agora me diga: conseguiu descobrir algo interessante na capital em tão pouco tempo?

— Creio que sim, Diego. Não se esqueça de que seu pai é uma raposa velha!

— Nunca tive dúvidas disso! – concordou o rapaz com alegria enquanto se sentava na cama.

— Bem, assim que cheguei a capital, fui falar com o Governador Interino, Don Arturo Contreras. Ele me pareceu ser um homem bastante íntegro e me contou basicamente a mesma coisa que soubemos aqui, que o Zorro e “seus comparsas”, atacaram o Governador e mataram alguns guardas de sua escolta. Retruquei dizendo que Zorro nunca tinha andado em bando por aqui, nem tirado a vida de ninguém, mas ele pareceu estar muito convicto de tudo que ouviu dos sobreviventes e principalmente do que ouviu de Monastário. Como pude confirmar, nosso estimado Capitão não mentiu nisso e eles realmente são amigos de longa data.

— Então é verdade. Isso me incomoda... – disse Diego pensativo.

— A mim também, mas apesar de ele ter um forte aliado na Capital, não acho que nosso atual governador conhece Monastário tão bem quanto nós.

— Isso só o tempo dirá, meu pai.

— Sim, mas continuando. O Governador Alcazar realmente recebeu uma carta de ameaça assinada com um “Z”. Ele não tinha certeza de seu remetente, mas já tinha ouvido histórias do tal bandido Zorro e encarregou, o até então Vice-Governador, Contreras a descobrir tudo sobre ele. Contreras, por sua vez, chamou a única pessoa que conhecia, que já tinha estado frente a frente com o bandido várias vezes, ou seja, o Capitão Monastário.

“- Monastário identificou a assinatura imediatamente e disse para que considerassem a ameaça seriamente. Ele também aconselhou que o Governador mudasse sua rotina e se cercasse apenas de seus homens mais confiáveis.”

“Contreras me mostrou a tal carta e, infelizmente, não há nada nela que indique seu verdadeiro autor. Conversamos um pouco sobre o Zorro, mas não o defendi demais, porque isso poderia chamar a atenção e acho que ele levou alguns pontos em consideração. Pedi para falar com o Governador e, felizmente, as notícias a respeito de sua saúde foram meio exageradas. Fui autorizado a conversar com ele, mas me pediram sigilo absoluto sobre sua condição, pois temem que se o bandido souber que falhou em seu objetivo, pode querer tentar novamente. Ele estava bem fraco, é verdade, mas estava lúcido e conseguiu me contar o que tinha acontecido naquele dia.”

“Ele disse que tinha saído de seu gabinete e voltava para a casa durante a noite, mas por receio das ameaças, mudou sua rota a habitual e seguiu por um caminho diferente. Ele também levava consigo uma pequena escolta. No meio do caminho, eles foram surpreendidos pelo Zorro. O bandido trazia consigo um número maior de comparsas, do que o que ele tinha de soldados e os atacou rapidamente, não lhes dando a menor chance. O Governador achou curioso o fato de eles o terem encontrado tão facilmente, afinal, pouquíssimas pessoas sabiam dessas alterações em seu itinerário, mas mesmo assim, Zorro foi certeiro.”

— O Governador chegou a dizer se conseguiria reconhecer o bandido se o visse novamente?

— Curiosamente, ele mencionou duas características que me chamaram a atenção. Ele disse que Zorro se aproximou bastante para não correr o risco de errar o tiro e que só não o matou, porque um dos soldados conseguiu atrapalha-lo bem na hora e ele não teve a chance de tentar outro disparo. Tudo aconteceu muito rápido, mas ele pôde olhar bem em seus olhos e os descreveu da seguinte maneira: “azuis e frios como um oceano congelado”. Ele também disse que ele usava um cavanhaque. Isso te lembra alguém?

— Oh, com certeza! Agora as coisas começam a fazer sentido. – respondeu Diego já abrindo um sorriso. – Isso quer dizer então, que nosso querido comandante de olhos azuis está realmente por trás de toda essa história. Mas o Governador não o reconheceu?

— Não. Ao que parece, o Governador e Monastário nunca se encontraram pessoalmente. Tudo sempre foi intermediado por Don Arturo Contreras, por isso ele não notou as semelhanças e eu preferi não comentar nada.

— Fez muito bem, papai. Agora nós precisamos de provas para acabar com ele de uma vez por todas.

— Sim, Diego, mas como conseguiremos isso?

— Muito simples. Primeiro eu o amarro à cela de Tornado e depois o obrigo caminhar até a capital. Quando chegarmos lá, eu o faço colocar a máscara e então o jogo no quarto do Governador, para ver se ele reconhece o bandido! Que tal? – sugeriu a façanha enquanto ria.

— E eu adoraria ver esta cena, mas infelizmente, acho que não será possível. – disse Don Alejandro, também achando graça da ideia.

— Creio que o senhor tem razão. – concordou Diego, enquanto coçava o queixo - O que é mesmo uma pena. Então acho que terei que pensar em outra coisa, mas esse será um trabalho para o Zorro.

— Nada disso, rapaz! – retrucou Don Alejandro deixando a brincadeira de lado e falando sério com o filho - Zorro ainda está se recuperando. Talvez agora seja a hora de Diego ajudar, não do Zorro.

— Está certo, meu pai. Zorro ficará de molho mais uns dias, mas ele não vai precisar só da ajuda de Diego, ele precisará de Don Alejandro também. Posso contar com o senhor?

— Mas é claro! – respondeu o velho fazendeiro animadamente - Nós também precisamos ajudar a Lupita e aos homens de Don Miguel o mais rápido possível.

— Estou muito preocupado com eles, mas hoje, infelizmente, não me sinto em condições de fazer muita coisa.

— Vá descansar, filho. Você precisa de repouso para fechar esse ferimento de uma vez. – aconselhou Don Alejandro - Já que não podemos chamar um médico, o que você acha de pedirmos ajuda ao curandeiro da tribo das montanhas?

— É uma ótima ideia, meu pai. Eu não tinha pensado nisso! O xamã Takoda é um homem bom e acho que pode nos ajudar.

— Eu vou pedir a Bernardo que leve uma carta a ele pedindo sua ajuda.

— Obrigado, pai.

— Agora descanse, filho.


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