Diego, assim como seu pai, também começava a acreditar que talvez sua jornada dupla de educado cavalheiro durante o dia e vingador mascarado durante a noite, estava prestes a ter um fim.

Embora não se tivesse notícias de Zorro desde a chegada do novo comandante, ele sempre estava por perto, vigilante e atento a tudo. Ele precisava confirmar se Roberto de Aurellana era realmente o homem que aparentava ser e não poderia aposentar a capa e a espada antes de ter certeza disso.

Quando não fazia isso como Zorro, protegido pelas sombras da noite, fazia como Diego de La Vega. O bom e velho Sargento Garcia era sua maior fonte de informações sobre tudo o que acontecia no quartel.

O rapaz gostava de ir à taverna sempre que podia, quase sempre na companhia do insaciável Demetrio Lopez Garcia. Às vezes ele era convidado por Diego, e outras tantas acabava convidando a si mesmo. Diego não ligava, pois conhecia muito bem o corpulento sargento e realmente apreciava sua companhia, sua afeição por ele era genuína.

O rapaz várias vezes se pegava imaginando como os dois poderiam ser tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão amigos – ou inimigos – e se divertia ao imaginar qual seria a reação do sargento, se algum dia viesse a descobrir que seu querido amigo na verdade era o fora da lei que tanto tentou capturar para receber a gorda recompensa.

Diego também apreciava muito a companhia do pai, e quando Don Alejandro revelou saber de seu segredo, isso de certa forma tirou-lhe um peso enorme dos ombros. Era tão bom tê-lo ao seu lado nos momentos difíceis, sempre o apoiando e ajudando quando necessário. Ter mais alguém, além de seu fiel e inseparável Bernardo, para dividir o fardo, era algo maravilhoso. Doía-lhe o coração quando Don Alejandro, ainda sem saber da verdade, dizia que se envergonhava das atitudes covardes do filho. Mas agora, sabia de todo o orgulho do pai, e sabia que era difícil para ele até manter o segredo, pois Alejandro de La Vega queria gritar ao mundo inteiro que seu filho era o fora da lei mais procurado em toda a Califórnia e isso o fazia a pessoa mais feliz desse mundo. Quem diria!

Dia após dia, Diego sentia que poderia deixar seu alter ego de lado e colocar a vida nos eixos. Não que ele não gostasse de ser o señor Zorro, muito pelo contrário, pois isso era parte dele e o divertia também, mas por outro lado, ele concordava com o pai, de que já era hora de ele ser um rapaz normal como todos os outros e quem sabe se casar e dar netos ao Senhor De La Vega.

Seu aniversário de 28 anos se aproximava e Don Alejandro queria aproveitar os tempos de paz celebrando o aniversário do filho com uma festa grandiosa na Hacienda de la Vega. Diego estava tão contente com a felicidade do pai, que concordou com todas as suas decisões a respeito da festa. Todos seriam convidados, mas na realidade a festa era para que Diego se aproximasse das belas señoritas solteiras, afinal ver seu filho formando uma família que levasse em frente o respeitado sobrenome De La Vega era a única coisa que lhe faltava nessa vida. Diego fingia que não sabia do propósito secreto do pai, que era absolutamente visível, e o deixou fazer tudo o que queria, porque no fundo, talvez ele também quisesse o mesmo.