A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 3
Uma Sensação Estranha




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O sol já brilhava e os pássaros cantarolavam alegremente quando Diego acordou. Era seu aniversário e deveria ser um dia feliz, mas algo o incomodava. Ele não sabia exatamente o que era, talvez fosse um pressentimento, mas era uma sensação difícil de explicar.

Ele se sentou na cama, passou os dedos por entre os cabelos desgrenhados e ficou lá por alguns minutos sem se mover, apenas olhando para frente, até que decidiu deixar esta sensação de lado e se levantar, porque seu pai já deveria estar lhe esperando para tomar o café da manhã.

Vestiu-se e desceu as escadas em direção à sala. O dia estava realmente bonito e quente. Quando entrou na sala, logo de imediato foi recepcionado com um abraço apertado de seu velho pai.

— Diego, meu filho! Feliz aniversário!

— Obrigado, pai. – Respondeu o jovem com um sorriso.

— Deus levou sua mãe, mas me deixou você, meu maior motivo de orgulho e alegria!

— E de cabelos brancos também, não é mesmo? – respondeu Diego brincalhão.

— Isso também! – concordou Don Alejandro, se divertindo.

Enquanto os dois gargalhavam, Bernardo entrou na sala e também foi ao encontro de Diego com um abraço acalorado.

— Obrigado, Bernardo. – agradeceu Diego, retribuindo o abraço.

Embora Bernardo não pudesse falar, os dois se entendiam perfeitamente. Não era preciso palavras para expressar o que Bernardo queria dizer. Apesar de apresentar o mudo como seu criado, na verdade Bernardo era muito mais do que isso, era seu melhor amigo, confidente, cúmplice, e Diego sabia que Bernardo também se sentia um pouco como seu pai.

— Vamos Diego, vamos tomar café.

Diego concordou com o pai e ambos foram até a mesa farta de pães, bolos, frutas e sucos, onde tomaram um delicioso café da manhã. Algum tempo depois o rapaz se despediu do pai e saiu acompanhado de Bernardo, pois Don Alejandro tinha lhe reservado a missão de ir à taverna buscar o vinho que havia encomendado para a festa.

Assim que chegou ao povoado, estranhou o fato de encontrar inúmeros soldados na praça e foi de encontro ao Sargento Garcia que lhes dava ordens.

Buenos días, Sargento Garcia! – Cumprimentou-o alegremente do alto de seu cavalo.

— Ah! Buenos días, Don Diego! – Respondeu o Sargento com toda sua jovialidade e já despachando o pelotão, pois sentia que logo seria convidado pelo amigo para matar sua sede na taverna. – Buenos días para você também pequenino! - E acenou para Bernardo, que guiava a carroça que seria carregada com o vinho, que retribuiu com outro aceno e um sorriso.

— Hoje é seu aniversário, não é mesmo, Don Diego?

— Sim Sargento, hoje estou ficando um pouquinho mais velho – respondeu enquanto desmontava do cavalo – Acho que já estou sentindo os efeitos da idade, cavalgar esta distância toda entre a Hacienda de la Vega e o povoado, está acabando com minhas costas.

— Não diga isso Don Diego, o senhor ainda é um menino! – disse o Sargento dando um tapa nas costas de Diego que quase o derrubou. – Me perdoe Don Diego, é que às vezes sou um pouco estabanado – desculpou-se encabulado pelo mau jeito.

— Não tem problema, Sargento. – respondeu Diego se endireitando. – Mas me diga, o que é que está acontecendo? Por que estou vendo praticamente todos os soldados fazendo rondas. Até parece que esperam um ataque!

— Ah, Don Diego... – disse o sargento com pesar – Hoje cedo recebemos péssimas notícias.

— Não me diga, Sargento Garcia! – exclamou Diego bastante surpreso com a informação - O senhor me acompanha até a taverna? Vim buscar uns barris de vinho que meu pai encomendou. Assim nós também aproveitamos para molhar a garganta e aí o senhor me conta o que aconteceu.

— Mas é claro, com muito prazer. Gracias, Don Diego!

Diego fez alguns sinais para Bernardo para que ele também os seguisse e os três entraram na taverna.

Bernardo acompanhou o taverneiro e foi buscar os barris de vinho, enquanto Diego e o Sargento Garcia se acomodavam em uma das mesas. Diego fez sinal para Maria.

— Aposto que o senhor está morrendo de sede com esse calor, não é mesmo Sargento?

— Sim, Don Diego. Manter a ordem nessa cidade debaixo deste sol não é nada fácil. – respondeu o enorme sargento, já quase salivando à espera do delicioso vinho que Don Diego, como sempre, faria a gentileza de lhe pagar.

— Bom dia, Maria! – cumprimentou Diego.

— Bom dia, Don Diego! – respondeu a moça com um sorriso no belo rosto.

— Poderia trazer água fresca para mim e para o Sargento?

— Mas é claro, Don Diego. Já vou buscar.

— Água, Don Diego? – perguntou o sargento desconsolado.

— Sim sargento, nada melhor do que água para refrescar este calor infernal. O senhor não concorda comigo? – perguntou já sabendo do total e completo desapontamento do sargento por não ter uma grande caneca de vinho nas mãos. Mesmo nutrindo uma amizade genuína com o pobre sargento, ele também gostava de brincar com ele às vezes, mas apesar da brincadeira, ele realmente achou que o vinho não era apropriado para aquela hora da manhã.

— Concordo... – respondeu conformado.

— Mas me diga Sargento, o que aconteceu de tão ruim?

— Uma verdadeira lástima, Don Diego... Hoje cedo o mensageiro chegou exausto trazendo uma carta que dizia que o Governador Alcazár sofreu um atentado ontem de manhã e está gravemente ferido, talvez nem sobreviva.

— Meu Deus, Sargento Garcia! Essa realmente é uma péssima notícia!

Essa notícia caiu como uma bomba sobre Diego e tirou-lhe toda a alegria que sentia naquele momento.


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