A Volta da Raposa escrita por Claen


Capítulo 18
Os Cidadãos Se Desesperam




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/782118/chapter/18

Assim que chegou em casa, Diego foi conversar com o pai.

— O senhor já está sabendo da nova loucura de Monastário?

— Sim, Diego, os soldados passaram em todas as fazendas comunicando sobre os novos impostos. Aquele desgraçado! – praguejou Don Alejandro.

—Sabíamos que ele planejava algo. Monastário não dá ponto sem nó.

— Trinta por cento! Como essas pessoas vão conseguir juntar esse dinheiro até amanhã? É impossível! – disse o velho fazendeiro bastante irritado, batendo com o punho na mesa de madeira – É lógico que é impossível! A única coisa que ele deseja é ter uma desculpa para prender os inocentes, forçando assim, o Zorro a aparecer para ajuda-los!

— E o Zorro não vai decepciona-lo! – disse Diego.

— Cuidado, Diego! Você sabe que isso é uma armadilha. – disse Don Alejandro, preocupado com a segurança do filho.

— Eu sei meu pai, não se preocupe. Quando ele prender estas pessoas, porque sabemos que ele vai prender, o Zorro estará lá para ajuda-las.

— Tudo bem filho, mas cuide-se. Amanhã bem cedo partirei para a capital para ver o que descubro e volto o mais rápido possível. Não faça nenhuma besteira até eu voltar!

— Jamais! – respondeu Diego sorrindo, como um garotinho travesso que jura obedecer os pais.

Don Alejandro deu uma batidinha no ombro do filho e saiu, mas Diego não ficou sozinho por muito tempo, pois logo em seguida quem entrou foi Bernardo, que o olhava com preocupação.

— Tranquilo, Bernardo. Não farei nenhuma loucura essa noite. Por mais que eu queira agarrar Monastário pelo pescoço, preciso ver como as coisas vão correr amanhã, quando as cobranças começarem.

Bernardo concordou balançando a cabeça, mas logo em seguida abriu um sorriso perguntando sobre Lupita, desenhando no ar com as mãos, a forma de um corpo feminino.

— Lupita?

Bernardo assentiu com a cabeça.

— Deixe de ser curioso, Bernardo! – respondeu Diego surpreendentemente encabulado, mas Bernardo insistiu.

— Só posso dizer que ela é incrivelmente encantadora e terrivelmente brava e corajosa, ou seja, ela é simplesmente perfeita, Bernardo! – finalmente admitiu, soltando uma gargalhada batendo nas costas do amigo.

Bernardo desenhou com os dedos um coração e em seguida o acertou com uma flecha do cupido.

— Pare com isso, Bernardo! – disse o rapaz ainda sem perder o bom humor – Temos muito a fazer antes de pensar no amor. – e logo em seguida saiu da sala deixando Bernardo rindo em silêncio. O criado deixou o assunto pra lá, mas sabia que havia algo de especial naquela moça, desde o instante em que a conhecera e também sabia que seu patrão não lhe era indiferente. De toda as moças que Diego tinha conhecido até aquele dia, talvez aquela que ele conhecia desde a infância, fosse a que roubaria definitivamente seu coração. Mas Diego tinha razão, infelizmente, aquele não era o momento para pensar nas coisas boas da vida, pois muito ainda precisava ser feito.

Logo que deixou seus devaneios para trás, Bernardo também saiu da sala, mas foi surpreendido com a presença de cerca de meia dúzia de empregados da fazenda, que tinham acabado de chegar e já se encontravam na presença de Diego no jardim. Todos estavam desesperados.

— Don Diego, nos ajude, por favor! Não temos como pagar os impostos que o Capitão Monastário exige! – implorou um dos homens.

— Não sabemos o que fazer, Don Diego! Todos seremos presos e chicoteados pelos soldados! – desesperou outro deles.

— Acalmem-se, por favor. – pediu Diego.

Assim que ouviu o vozerio no jardim, Don Alejandro saiu de seu quarto para ver o que estava acontecendo.

— O que está acontecendo, senhores? – perguntou, do alto da escada.

— Precisamos de ajuda Don Alejandro! Só viemos incomoda-los, porque sabemos que o senhor e o seu filho são homens bons e talvez possam nos ajudar.

— Não sei se conseguiremos, mas com certeza tentaremos. – respondeu o velho fazendeiro enquanto descia a escada para se reunir ao grupo de homens.

As palavras de Don Alejandro trouxeram um pouco de alento ao coração dos homens e os deixou um pouco mais tranquilos.

— Venham senhores, vamos conversar na sala.

Diego indicou o caminho, enquanto Bernardo abria a porta. A fila de homens seguiu até a sala, com Diego e seu pai entrando por último.

— Sentem-se, por favor. – Disse Diego indicando as cadeiras da grande mesa de jantar e todos se acomodaram, se sentindo um tanto deslocados no lugar.

— Agora falem com calma. – pediu Don Alejandro sentando-se na cabeceira da mesa, enquanto Diego se posicionava em pé atrás do pai.

— Don Alejandro, não temos condições de pagar os novos impostos. Nem se juntarmos tudo o que temos, não conseguiremos o valor até o meio-dia de amanhã. – começou um deles, meio encabulado de ter de pedir ajuda ao patrão, que já era um homem tão justo e bom.

— Sabemos que não temos o direito de pedir nada ao senhor, mas se não fizermos isso, todos nós seremos presos e deixaremos nossas famílias desamparadas. Não sabemos o que fazer, Don Alejandro!

— Nós somos homens honestos e jamais deixamos de pagar nossos impostos, mas desta vez será impossível...

— Acalmem-se, homens. – pediu Don Alejandro.

— Hoje de manhã, - disse Diego - a Srta. Robles e eu estivemos com o Capitão e tentamos fazê-lo mudar de ideia, mas ele está irredutível. Não conseguiremos nada dele, meu pai.

— Bom... – começou Don Alejandro depois de ponderar por alguns instantes – todos concordamos que essa nova cobrança é absurda, mas infelizmente, por enquanto não há nada a se fazer, a não ser pagar. A única coisa que posso fazer para ajuda-los, é dar-lhes um empréstimo para que vocês possam pagar os impostos e depois veremos como vocês pagarão de volta.

Ao ouvirem as palavras de Don Alejandro, alguns dos homens não se contiveram e começaram a chorar. Sabiam que se patrão os ajudariam de alguma forma, mas não acharam que ele pagaria os impostos de todos.

— Muito obrigado, Don Alejandro! Deus lhe recompensará por sua generosidade. – disse um dos homens apertando a mão de Don Alejandro efusivamente com os olhos marejados.

— Não sei como agradecê-lo, senhor. – disse outro dando um abraço apertado em Don Alejandro. – Sei que o Zorro não vai deixar isso barato, senhor.

— Tenho certeza disso! – concordou o fazendeiro olhando e sorrindo para o filho que o observava.

— Deus lhe pague, senhor!

— Muito obrigado. Agora voltem em paz para suas casas. Você, Roberto, - dirigiu-se Don Alejandro ao capataz – peça a todos para dizerem a quantia de que precisam e depois volte aqui. E não se incomodem de ir até o quartel para pagar, porque eu mesmo faço questão de ir jogar este dinheiro na cara de Monastário antes de viajar!

— Farei isso, Don Alejandro.

— Esse é o nosso patrão! – vibraram os homens, que saíam mais aliviados e felizes.

— Eu sabia que o senhor jamais faria menos que isso, meu pai. Sabia que eu sinto muito orgulho de ser seu filho? – disse Diego, abraçando o pai.

— Nunca deixaria esse povo sofrer nas mãos desse tirano. – disse Don Alejandro retribuindo o abraço do filho e emocionado com a declaração que tinha acabado de ouvir dele. – Eu é que tenho orgulho de ser seu pai, garoto.

Já durante a noite, Roberto voltou à casa para informar a Don Alejandro o valor exato que os peões precisariam pagar de impostos e em seguida voltou para junto de sua família. Somando os valores dos impostos do próprio Don Alejandro e o dos seus funcionários, deu-se uma quantia razoavelmente alta, porém o fazendeiro tinha o valor em sua posse e não era nada que fosse deixa-lo mais pobre. Na verdade, ajudar àqueles homens trabalhadores trazia paz ao seu coração, porque se não fosse por eles, sua fazenda jamais continuaria prosperando, sem contar que nada lhe daria mais prazer do que esfregar o dinheiro na cara do Capitão Monastário. Só imaginar a cena já o deixava tranquilo para dormir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Volta da Raposa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.