A Volta da Raposa escrita por Claen
Lupita ficou encantada em receber a visita de seu querido amigo Diego logo cedo e adorou a ideia de visitar o povoado em sua companhia. Fazia muitos anos que não se viam e não tinha sido possível conversarem como gostariam durante a festa. Esta seria uma boa oportunidade para colocarem os assuntos em dia.
A fazenda Robles não era longe do povoado, mas logo que alcançaram a praça central, perceberam que algo estranho estava acontecendo, pois o lugar todo estava em polvorosa.
Eles permaneceram na carruagem por alguns minutos e observaram uma multidão bastante agitada ao redor do Sargento Garcia, que pregava um anúncio na porta da taverna, enquanto vários soldados tentavam manter as pessoas afastadas.
Quando a multidão alterada finalmente começou a dispersar, Diego e Lupita, já bastante curiosos, resolveram ir ver o que estava acontecendo.
— Bom dia, Sargento Garcia! – cumprimentou-o Diego, educadamente.
— Ah, bom dia, Don Diego! – respondeu o sargento com alívio ao ver que as pessoas estavam indo embora. – Finalmente um rosto amigo!
— Lembra-se da Srta. Robles?
— Mas é claro! – Disse enquanto ajeitava a farda e colocava o chapéu na cabeça. – Bom dia, Srta. Robles. Como está?
— Muito bem, Sargento. – respondeu a moça com um sorriso. – Mas diga-me, estou curiosa, o que aconteceu aqui?
Enquanto ela falava com o Sargento, a atenção de Diego já tinha se voltado para o cartaz afixado por ele. Não era surpresa que o Capitão em breve começaria a pôr seu plano em prática, mas Diego não pensou que seria tão rápido.
— Acho que sei o motivo, Lupita. – E começou a ler o cartaz em voz alta:
— “Há dois dias, o bandido conhecido como Zorro, foi o responsável pelo atentado a vida de nosso estimado Governador, Don Luíz de Alcazar. Por esse motivo, eu, Capitão Enrique Sanchez Monastário, recebi carta branca para fazer o que fosse necessário para capturar esse delinquente, que agora tem um bando. Haja vista que será necessária a adição imediata de uma grande quantidade de armas e munição ao nosso arsenal e não dispomos de verba para tal, será imprescindível o aumento dos impostos em todo o povoado de Los Angeles para que, dessa forma, reforcemos nossa segurança. O pagamento dos impostos é obrigatório e imediato para todos os cidadãos. Não mediremos esforços para capturar este fora da lei e levá-lo à justiça. Qualquer um que for pego tentando ajuda-lo de qualquer forma ou que não pagar os novos impostos, será preso e chicoteado em praça pública.”
— Meu Deus! Que loucura é essa? – horrorizou-se a moça – E de quanto será este aumento, Sargento?
— De 30%, senhorita. – respondeu o sargento entristecido.
— Mas isso é um absurdo! Como essas pessoas conseguirão pagar este abuso?
— Eu não sei senhorita, mas os novos valores começam a ser cobrados amanhã e nós teremos que cumprir com nossa obrigação, caso não consigam pagar até o meio-dia.
— Diego, não podemos ficar parados! Precisamos falar com o Capitão Monastário imediatamente! Ele me pareceu ser um homem razoável e creio que nos escutará.
— Razoável? Lembre-se de que foi ele próprio quem acabou de impor esse disparate, Lupita. Você não conhece o Capitão como nós, não é mesmo, Sargento?
— É verdade, Don Diego... – concordou o sargento.
— Eu sei, mas não perderemos nada tentando!
— Bem, isso é verdade. Se deseja, então vamos. Até mais Sargento.
— Até mais, Don Diego. – e se despediram com um aceno.
Lupita estava furiosa e suas passadas eram rápidas e vigorosas em direção ao quartel. Diego achou graça ao ver que a moça, apesar de agora ser uma dama refinada, ainda mantinha o mesmo espírito de guerreira que tinha quando era criança.
— Do que está achando graça, Diego? – perguntou irritada ao ver que seu acompanhante sorria.
— Não é nada. – tentou disfarçar.
— Ainda bem, porque este assunto é muito sério!
— Tem toda razão. – respondeu com a melhor cara séria que conseguiu fazer.
Em poucos minutos estavam em frente ao portão do quartel e se dirigiram ao soldado que estava de guarda.
— Gostaríamos de falar com o Capitão Monastário. Pode ver se ele nos receberia, soldado? – perguntou Diego.
— Pois não, Sr. De La Vega.
O soldado entrou enquanto os dois esperavam e pouco tempo depois, o próprio Monastário veio recebê-los.
— Bom dia, Don Diego. Srta. Robles, que agradável surpresa recebê-la assim tão cedo! – cumprimentou Lupita cortesmente, com um beijo em sua mão, sem dar a mínima atenção a Diego.
— Precisamos falar urgentemente com o senhor. Pode nos receber, Capitão? – perguntou a moça, muito seriamente.
— Mas é claro! Entrem.
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