A Dama do Coração Partido escrita por Claen


Capítulo 10
Mistérios Médicos




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— Poderia explicar melhor, Dr. Young? – pedi.

— É claro. Acompanhem-me até minha sala, por favor.

Nós três o seguimos até o consultório, onde pudemos conversar mais confortavelmente.

— Bem, senhores. De acordo com o Sr. Benningfield, a paciente foi encontrada inconsciente em seu quarto às 2h30 da madrugada. Não sabemos ao certo quando foi que ela teve a parada cardíaca, portanto não há como saber quanto tempo ela ficou sem cuidados médicos. Não houve nenhuma tentativa de reanimação por parte dos empregados nem dos policiais, e apesar de estar inconsciente, a Sra. Edwards respirava.

— Entendo... – comecei a ficar curioso também. – Não importa quanto tempo tenha se passado, se não houvesse uma manobra de ressuscitação imediata, não haveria chances de sobrevivência do paciente.

— Exatamente, Dr. Watson. Ela levou algum tempo para ser trazida até nós e estava realmente inconsciente, porém, seu coração batia, bastante fraco e descompassado, mas batia.

— Compreendo. – disse Holmes – O senhor quer dizer que, ao que tudo indica, alguém a socorreu antes que ela fosse encontrada pelos criados.

— É a única explicação lógica. Ela não poderia ter sobrevivido se simplesmente tivesse tido um infarto sozinha no quarto. Não posso afirmar o que pode ter ocasionado o ataque, mas ouvi dizer que ela andava bastante inquieta e assustada...

— Parece-me que o senhor já ouviu as histórias sobre o que vem se passando na casa da família Edwards nessas últimas semanas, não é mesmo doutor? – indagou Holmes.

— Bem, eu confesso ter ouvido alguns rumores perturbadores...  – respondeu o médico meio envergonhado por cogitar a ideia de que sua paciente poderia ter sido assustada por fantasmas.

— Pois bem, Dr. Young, não foi a providência divina que nos trouxe até aqui, como o senhor havia dito anteriormente, mas sim a própria Sra. Edwards. Existe alguma verdade no que o senhor andou ouvindo por aí e Emma Edwards nos procurou ontem para pedir ajuda.

— O senhor acredita que a casa é assombrada? – surpreendeu-se o médico em saber que o grande Sherlock Holmes acreditava em fantasmas e deixou de se sentir um tolo por alguns instantes, mas Holmes logo lhe jogou um balde de água fria.

— Não, isso definitivamente não é possível, mas com certeza existe alguém tentando fazer com que ela acredite nisso.  Tudo nos leva a crer que essa tenha sido a causa de seu ataque nesta madrugada. Talvez ela tenha dado de cara com o tal malfeitor e o choque pode ter desencadeado isso. As minhas reais dúvidas são: o próprio invasor socorreu nossa cliente? Por que ele faria isso?

— Ele até pode ter feito isso, - concluí – mas não é qualquer pessoa que conseguiria fazer uma massagem cardíaca com sucesso. Se isso realmente aconteceu, Holmes, essa pessoa possuía algum tipo de treinamento para tal situação de emergência.

— Precisamente, Watson. Um enfermeiro, um médico, ou um casal de médicos...

— Você está querendo dizer que Cooper e Packard estão envolvidos nisso?

— É bastante plausível. Afinal, toda a situação é bastante suspeita. Eles somem por meses e reaparecem bem agora. Eles podem estar envolvidos, ou nossa outra opção, é de que nosso invasor é um sádico que gosta de torturar suas vítimas levando-as ao limite da razão, mas não quer que elas morram para poder continuar com sua tortura.

Enquanto tirávamos nossas conclusões talvez um pouco precipitadas, uma enfermeira veio nos informar que a visita estava liberada. O médico disse que a paciente não poderia dar nenhuma informação adicional, pois estava bastante debilitada e ainda respirava com dificuldades. Era cedo para dizer se ela teria alguma sequela, já que era impossível precisar o tempo que ela tinha permanecido inconsciente sem que houvesse oxigenação em seu cérebro.

Mesmo sabendo de tudo isso, Holmes insistiu em vê-la, nem que fosse por apenas alguns minutos e me incumbiu de impedir que a dupla de médicos fosse embora sem falar com ele.

Corremos e conseguimos chegar a tempo, bem quando Packard e Cooper estavam deixando o quarto. Apresentei-me enquanto Holmes entrava no quarto e expliquei quem éramos e o que estávamos fazendo ali. Senti que ficaram um pouco inquietos, mas concordaram em esperar, não tinham pressa para ir embora. Durante nossa conversa inicial, descobri que eles não eram apenas um casal de amigos, eles na verdade estavam noivos.

Enquanto esperávamos, pude ver, através da janela, Holmes e a Sra. Edwards dentro do quarto. Ele só ficou por alguns poucos minutos. Sentou-se na cadeira ao lado da cama e a observou em silêncio por alguns segundos. Depois pegou sua mão e disse algumas palavras que não pude escutar. Não houve reação por parte dela. Pouco tempo depois ele se levantou e veio até nós.

— Obrigado por esperarem, doutores. Tenho algumas dúvidas e acho que vocês poderão me esclarecer.


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Notas finais do capítulo

Eu gostaria de saber o que vocês estão achando da história. Todos os comentários serão muito bem-vindos. :)



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