A Dama do Coração Partido escrita por Claen


Capítulo 9
Chegamos Tarde




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— Como assim, Sr. Benningfield? – perguntei surpreso – Quando ela nos deixou ontem à tarde, na Baker Street, parecia estar mais tranquila.

— Sim, Sr. Benningfield, conte-nos o que aconteceu. – pediu Holmes.

Fomos até uma cafeteria dentro da estação onde pudemos nos sentar, tomar uma xícara de café e conversar longe do frio que cortava do lado de fora.

— Bem, a minha patroa chegou ontem ao anoitecer e nos contou sobre a conversa que tinha tido com o senhor, Sr. Holmes. Ela estava bem mais tranquila, como disseram, assim como nós também ficamos. Pela primeira vez em semanas achamos que finalmente poderíamos ter uma noite sem tantos sobressaltos e, quem sabe, até mesmo pegar aquele salafrário.

— Ela chegou a ir até a polícia, como eu sugeri?

— Sim, Sr. Holmes, ela foi direto para lá, só depois é que foi para casa.

— E o Chefe de Polícia mandou alguém para guardar a casa?

— Não imediatamente, mas pude escutar quando eles chegaram, por volta da meia-noite.

— Mas então, o que aconteceu?

— Não sabemos ao certo, senhor. Tudo parecia bem, quando Claire, a cozinheira, se levantou para tomar um copo d’água e viu a Sra. Emma desmaiada em seu quarto durante a madrugada. Não sabemos quanto tempo ela ficou lá até Claire a encontrar. Imediatamente ela me acordou e pedimos ajuda aos policiais que guardavam a casa para socorrê-la e levá-la ao hospital.

— E quando foi isso?

— Acho que eram 2h30, não tenho certeza.

— Precisamos ir ao hospital, Watson.

— Não sei se será de alguma ajuda, Sr. Holmes. Ela continua inconsciente.

— Mesmo assim, gostaria de ir até lá. Poderia nos levar, Sr. Benningfield?

— Sim, com muito prazer.

Benningfield tinha vindo na carruagem da família, e nos levou nela diretamente para o hospital. A cidade tinha um ar mais interiorano, bem diferente de Londres, mas era maior e mais desenvolvida do que eu imaginava. O hospital ficava próximo ao Rio Grande Ouse e parecia pequeno para atender toda aquela cidade.

Assim que chegamos, a neve que vinha nos ameaçando começou a cair e aproveitamos para entrar logo e nos aquecermos um pouco.

Fomos junto de Benningfield até a recepção para nos registrarmos e pedirmos para ver a paciente.

— Bom dia, senhorita. Esses são os senhores Holmes e Watson e desejam ver a paciente Emma Edwards que foi internada essa madrugada.

— Bom dia, senhores. – respondeu a moça enquanto verificava as fichas de internação. – Lamento, mas os senhores não poderão vê-la agora. Ela já tem duas visitas no momento. Se os senhores puderem aguardar, dentro de 10 minutos estarão liberados para visita-la.

Benningfield ficou bastante surpreso com a informação, porque não imaginava quem poderiam ser as tais visitas. A internação de sua patroa tinha sido tão recente, que sequer tinha tido tempo de avisar para alguém.

— A senhorita poderia me dizer quem são as pessoas que estão com ela agora? – indagou o mordomo, bastante curioso.

Ela olhou as fichas novamente e logo encontrou os nomes:

— São Henry Cooper e Emily Packard.

— Cooper e Packard! – exclamou Holmes ao ouvir os nomes – Quem diria! Como o destino gosta de nos surpreender, não é mesmo Watson?

Os nomes me soaram familiares, mas confesso que não consegui me lembrar de quem se tratava no momento.

— Cooper e Packard? Quem são?

— Santo Deus, Watson, achei que sua memória estivesse boa. São os médicos desaparecidos de St. Bart’s.

— Minha nossa, é verdade!

— Pois bem, parece que já não estão mais desaparecidos, não é mesmo?

— O senhor os conhece, Sr. Benningfield? – perguntei.

— Sim, senhor. São amigos da família e trabalhavam com o Dr. Edwards no Hospital St. Bartholomew.

— Eles foram avisados da condição da Sra. Edwards?

— Não, senhor. Há meses não os víamos. Eles vieram para o funeral e ficaram uns dois dias conosco, depois não tivemos mais notícias.

— Entendo... Bom, acho que não nos resta alternativa a não ser esperar. Senhorita, - dirigiu-se Holmes à recepcionista – enquanto aguardamos, seria possível termos uma palavrinha com o médico responsável pelo caso de nossa amiga?

— Pois não, senhor. Vou ver se ele pode atendê-los.

— Muito obrigado.

Quase que imediatamente um médico sorridente veio nos atender. Ele tinha cerca de 50 anos, era calvo e um pouco acima do peso.

— Muito bom dia, senhores. Eu sou o Dr. Walter Young.

— É um prazer conhecê-lo, doutor. Eu sou o Dr. John Watson e esse é o meu colega, Sherlock Holmes.

— Sherlock Holmes? O famoso detetive? – perguntou o médico já se animando ainda mais – É uma honra conhecê-lo!

— Muito obrigado.

— É curioso... – disse o médico enquanto coçava o queixo – parece que a providência divina o mandou para cá hoje, Sr. Holmes.

— Por que diz isso, doutor? – perguntou Holmes sem entender.

— Porque parece que não consigo explicar muito bem o que houve com minha paciente. Se o que o Sr. Benningfield me relatou está correto, a senhora Edwards já não deveria mais estar entre nós, contudo, está.


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