MIB - Homens de Preto: A Síndrome da Nação Humana escrita por Agente F


Capítulo 8
Problemas Internos




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P está perplexo.

— Há alguns meses, roubo aquele mercado para conseguir um pouco de leite para o meu filhote. – completa a boph.

P olha para L e J.

— Inusitado,... Senhorita Nova.

J percebe um teor de confusão e melancolia no olhar de P.

— O que foi, agente P?

P interrompe-se de seu devaneio.

— Nada, agente J.

P estende a mão para a boph. Ela hesita um pouco, mas dá-lhe uma das patas.

Ele analisa a pata e sente-a cuidadosamente.

— Já vi mamíferos de outros ecossistemas, mas nenhum marsupial, até agora. E, com certeza, marsupiais terrestres possuem uma epiderme menos rígida do que esta, o que indica constantes fugas de sua parte.

A boph apenas engole em seco.

— Evito ao máximo contato com humanos. Nunca se sabe como podem reagir ao verem um espécime incomum como eu. - diz a boph.

P olha em seus olhos.

— Vamos nos certificar de que jamais tenha que se camuflar novamente. Literal ou figurativamente. E pode ter certeza que pegaremos os responsáveis pela morte de seus pais. Bem-vinda à MIB.

— Bem, vocês parecem diferentes daquele... outro... agente...

— Agente?

— Deixa pra lá.

— Certo. Como veio parar em Nova York, exatamente, senhorita Nova? – pergunta P à alien.

— Eu... receio não poder dizer. – responde Nova.

— Por quê, senhorita Nova? – pergunta P.

— Não sei até que ponto posso confiar em vocês.

P olha para J e L, sinalizando preocupação. Depois, volta-se para a interrogada.

— Você pode confiar totalmente em nós. – diz P à alien.

— Eu acho que não. – insiste a alien.

— Você tem que nos contar. – diz P.

— Não! Não! Não posso! – exclama a alien, que é tomada por uma forte indignação, e sua voz suave e frágil converte-se a uma entoação grave e medonha. – Não entendem!? Suas burocracias humanas são as inimigas do bem-estar de outros como eu!

— Por favor, acalme-se! – diz P.

Os olhos da boph ficam avermelhados e espinhos começam a sair de sua pele. Ela se levanta.

— Eu estou cansada de sobreviver! Muitos como eu estão! Eu não aguento mais! – continua a alien.

O corpo da alien parece aumentar a proporção de sua estrutura óssea. Seu rosto transtornado parece representar uma ameaça à integridade de P.

— J! L! – grita P.

J e L levantam-se de suas poltronas e sacam suas armas.

— Nova, acalme-se! – diz L.

— Não nos obrigue a fazer isso, Nova! – diz J.

Nova acalma-se. Aos poucos, sua estrutura óssea volta à proporção original, a coloração de seus olhos volta ao normal e sua voz volta a ficar aguda e suave, como era antes.

— Viu?! É com isso que estou preocupada. Eu não represento uma ameaça. Não mais do que os humanos representaram à minha família.

L e J ficam fitando-a com o olhar, enquanto percebem como suas armas constrangeram-na, por ainda não compreenderem que a potencialidade nociva dos atributos do corpo da alien não significaria que ela pretenderia fazer algum mal a eles.

— Perdão por tudo isso! - diz P.

— Só me digam se vão me prender ou não, de uma vez! - grita Nova.

— Não há porque prendermos você! Estamos aqui para te ajudar! - diz P.

Nova se senta.

— Bem... Posso perguntar onde está o pai da criança? Digo, o seu irmão? Não me diga que depois também acabou mor... - diz P.

— Sim. Um dia, dois homens de ternos pretos, assim como vocês, apareceram na nossa casa, fazendo perguntas. Enquanto os pais falavam com eles, Mary nos escondeu em seu quarto. Nos camuflamos. Bem, pelo menos, eu consegui me camuflar. Já meu irmão, estava tão nervoso, que não conseguiu. Seu instinto foi se enfiar no meio dos vários bichos-de-pelúcia de Mary, para se disfarçar entre eles. Um dos agentes entrou e trancou a porta. Nossos pais gritavam lá de fora. Ao ver a "montanha" de bichos-de-pelúcia, inspecionou cuidadosamente cada um, utilizando um pequeno projetor de luz muito intensa. Ao chegar no rosto do meu irmão, ele não resistiu à luz e piscou. O homem o agarrou. Mary gritava. Meu irmão o mordeu e tentava desesperadamente fugir. Irritado, o agente o pegou pela cauda e o lançou de uma parede à outra do quarto, espancando-o. Eu gritei. Foi aí que acabei me entregando. O agente ouviu um grito além do de Mary e se virou para vasculhar o quarto com o olhar. Eu ainda conservava minha camuflagem. Foi quando nosso pai arrombou a porta, apontando uma arma para o agente, para que ele se retirasse do quarto. Ao ver a cena de meu irmão ensanguentado ao chão, meu pai ficou abismado. Ele conduziu o agente para fora. Eu aproveitei e saí do quarto. Chegando à sala, o agente gritou para seu parceiro, que ficou de aguardar do lado de fora da casa, pedindo ajuda. O parceiro já entrou com uma coisa cilíndrica nas mãos, que emitiu uma luz. Vi meu pai abaixando a arma lentamente. Em seguida, o canalha contou uma história falsa de que havia criaturas perigosas nas redondezas, que estavam invadindo a casa das pessoas e fazendo vítimas. Tamanha foi minha indignação ao ouvir isso, que gritei de raiva e acabei também perdendo o estado de camuflagem. Eles me viram. Eu fugi pela janela e corri o mais rápido que pude, como se não houvesse amanhã, enquanto atiravam na minha direção. Me perdi pela floresta, vagando errante por ela, até encontrar áreas com comida. A camuflagem me ajudou a sobreviver, mas ela tem um prazo, e eu tinha que me mudar de tempos em tempos, quando atraía algum predador. Até que cheguei por essas bandas, não sei bem como.

Os agentes apenas ouvem, boquiabertos.

— Agora, entendi porque estava receosa em nos contar sobre sua vinda. - diz P.

Nova olha para J e L.

— Cara... Eu nem sei o que dizer. - diz J.

— Obrigada pela sua coragem em nos contar isso, Nova. - diz L.

Nova se sente acolhida. Ela vira-se para P.

— É, senhores. Parece que temos um criminoso entre nós. - diz P, após ofegar.

J e L levantam-se.

— Não se preocupe, Nova. Vamos averiguar seu caso e punir severamente os responsáveis. Essa não é a política dos Homens de Preto!

— Então, vocês não são mesmo iguais a eles! - diz Nova.

J sorri para ela.

— Não, não somos. Disso, você pode ter certeza.

 

 

Enquanto J, L e Nova passam por um corredor, J toca no braço de L, interrompendo seu andar.

— Espera aí, L.

— O que foi?

— Estamos num caso bastante incomum.

— É, eu sei.

— Acho que o Zed não vai confiar na nossa amiguinha aqui.

— Tiramos a alien de uma vida de mendicância. Eu nunca havia visto uma alien mendiga em toda minha vida! Não tem por que ela nos querer fazer mal.

— Eu também não. Mas explique isso para o Zed. Sabe como ele tem tolerância zero com aliens sem registro. Que dirá uma alien de uma raça inteira sem registro! Nunca aconteceu isso antes! E aí, até segunda ordem, ele vai extraditá-la para a Base Lunar. Não queremos isso.

J olha para a alien. Ela abaixa a cabeça, constrangida.

— É, você tem razão. - diz L.

J se abaixa para falar com a alien.

— Escuta aqui, você vai ter que confiar em nós, tá bem? Nós estamos aqui pra te proteger. – diz J à Nova.

— Achei que estivessem aqui para proteger os humanos de figuras como eu.

— Só protegemos os humanos de aliens perigosos. - diz J.

— Tudo bem.

— Quer saber? Por que a gente não deixa para falar com o Zed sobre a situação de nossa amiguinha aqui mais tarde? Enquanto isso, L, você pode acompanhá-la até seus aposentos. E eu aviso ao Zed apenas que já estamos com a ladra de caixas de leite apreendida. – sugere J.

L pensa por um pouco. Enfim, decide-se.

— Boa ideia, J.

 

L leva Nova a uma das suítes que ficam no andar de hóspedes extraterrestres. Ela apanha um molho de chaves com um recepcionista. 

Enquanto ainda estão saindo do corredor em que fica a sala de interrogatórios, um alien detento grande e peludo - parecendo ser um misto de urso com búfalo - algemado e acompanhado por um agente MIB, passa por Nova.

Ao reconhecê-lo também, Nova camufla-se, ficando invisível.

Ao perceber o sumiço de Nova, L olha para os lados.

— Senhorita Nova? – chama L.

 

Nova reaparece.

— O que houve? – pergunta L.

— Eu... não sei. Foi involuntário.

— Entendo. Olha, não precisa se preocupar. Ele será levado à penitenciária da MIB, que fica a alguns quilômetros daqui, em outro prédio governamental. – diz L.

Ela a deixa no quarto e apresenta a ela os móveis e objetos, indicando-lhe as funções de cada um: como funcionavam aparelhos como telefone, o televisor, os abajures, o frigobar, além de como ligar e desligar o interruptor e como operar a poltrona.

— Isso me lembra minha antiga casa! Que saudade! Queria rever meus donos novamente! - diz Nova.

L lagrima.

— O que foi, Agente L?

— Sabe a luzinha que você viu aquele homem usando? Era um aparelho chamado neuralizador. Ele apaga memórias. Infelizmente, seus donos não lembram mais quem você é.

Nova chora e a abraça com força. L a abraça também.

— Tá tudo bem. Vamos cuidar de você e fazer o possível para lhe trazer justiça!

— Obrigada... Mas... uma dúvida... Por quê a luz não funcionou em mim?

— Creio que só funciona em humanos.

 

Repentinamente, o televisor da suíte liga automaticamente, pela rede de transmissão interna da agência. Zed aparece no transmissor. J está logo atrás dele.

—  Senhor King X! Aqui é Zed, chefe da MIB. Por favor, pedimos que coopere conosco e saia de seu estado de camuflagem, aonde quer que você esteja! Não dificulte sua situação. – diz Zed.

A transmissão é encerrada.

Nova olha para L.

— O que foi isso? 

 

— Ai, Deus... Isso é J querendo que Zed pense que você é um fugitivo invisível para que você não tenha que passar por ele.

— O que isso significa, agente L?

— Que J não confia em Zed para confiar em você. Só não imaginava que ele tomaria uma atitude tão imediata de mentir ao chefe. E não queria que eu estivesse por perto para detê-lo.

— Que esperto!

— Você nem imagina.


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