MIB - Homens de Preto: A Síndrome da Nação Humana escrita por Agente F


Capítulo 9
"Elementar, Meu Caro Homem de Preto"




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O Museu de Ciências Interplanetárias contém algumas das descobertas científicas mais importantes da Humanidade – conseguidas ou replicadas de tecnologias alienígenas.

Agentes em horário de intervalo conversam entre si enquanto observam e avaliam as peças e amostras do lugar. Alguns, para passar o tempo; outros, para estudar a resolução de mistérios. Agentes de campo costumam ir ali com frequência para pesquisas.

No Salão de Arqueologia Planetária, agentes analisam pedaços de rochas de cada planeta do Sistema Solar, além de outros planetas da Via Láctea e também planetas de outras Galáxias, fazendo comparativos de padrão entre as condições do solo desses planetas.

As paredes do lugar possuem um grande mural em que há uma relação dos componentes sólidos, gasosos e líquidos de cada planeta, cada qual com uma Tabela Periódica própria.

Logo ao lado, há a Biblioteca da MIB, um rico ambiente de conhecimento em vidas e natureza extraterrena, o maior existente na Terra, cujo acervo foi produzido por agentes e ex-agentes MIB. Quando não estão sentados em frente à Tela Oval do Salão Principal da Agência, para decodificar dialetos extraterrestres, os Gêmeos fazem as vezes de bibliotecários, ajudando os frequentadores a encontrarem obras literárias ou documentos para estudos.

 

Numa das dezenas de mesas do estabelecimento, está o Agente J, com olhar compenetrado, lendo um livro sobre Biologia, Clonagem e Genoma Humano. Ele faz anotações enquanto revisa algumas páginas.

J, então, se levanta. Ele passa pelo corredor principal do local, com um dos livros em mãos, dobrado e aberto numa determinada página. Ao longo do recinto, vemos avisos de lançamento das publicações mais recentes, numa tela, bem como hologramas mostrando entrevistas de alguns escritores e pesquisadores de Ufologia. Pinturas de bustos dos maiores teóricos e estudiosos dentre os Homens de Preto emolduradas podem ser vistas pelo recinto.

J sobe uma escada que vai até o andar superior da Biblioteca, em que se encontram Enciclopédias de cada raça alienígena conhecida pela organização. É onde também ficam os Gêmeos, em uma bancada ao centro de um dos cantos do corredor do andar. Ao lado deles, há uma intérprete perita na língua deles, para traduzir as respostas aos agentes.

— Como faço pra encontrar os biomédicos responsáveis pela produção desses... duplicadores de genes? – pergunta J, enquanto aponta para uma figura no livro.

Os Gêmeos entreolham-se, hesitantes e cautelosos. Em seguida, emitem algo em seu dialeto, compreensível apenas para os Fundadores. Ao lado deles, está uma adolescente em pé, diante de uma tela de computador. Ela volta sua atenção para J.

J vira-se levemente para ela, esperando algum tipo de resposta.

— E aí? Vai traduzir isso ou o quê? – pergunta J.

— Ah, me perdoe! É claro. Eles disseram que trata-se de uma informação confidencial. Terá que falar com Zed para requerer esse acesso.

— Ah! Fala sério! – resmunga J.

A moça solta um pequeno riso.

— Prazer em conhecê-lo, Agente J.

J parece cair em si de seu desapontamento.

— Ah, é claro. Eu sinto muito, garota. Prazer em conhecê-la também! Eu gostaria muito de descobrir essa informação. Mas... diz aí, como me conhece? Você tem uma relação dos agentes aí em um arquivo nesse computador?

— Na verdade, no seu caso, eu diria que sua reputação o precede. Foi parceiro de um dos veteranos, o Agente K, e salvou a galáxia dos arquilianos.

— É. Bem, o que posso dizer? Eu não gosto de me gabar, mas... hehe... Eu não teria conseguido sem a ajuda do K.

A moça sorri.

— E você é...? – pergunta J, estendendo a mão.

— Klara. Ou, se preferir, Tetris, meu nome interno na organização.

Ela estende a mão e aperta a dele.

— Acho que prefiro Klara. Já estou cansado de codinomes! – diz J.

— Pode me chamar como quiser. – responde a simpática moça.

— Espera um pouco... “Tetris”? Isso, por acaso, tem a ver com o nome daquele...?

— Jogo eletrônico? Sim, senhor.

J coça a cabeça.

— O senhor deve saber que sou filha de um Homem de Preto com uma humana de outro planeta. Por isso, trabalho aqui na MIB. Não posso ter uma identidade oficial na Terra. Estudei Matemática Aplicada e Ciência Organizacional para compor a ordenação e a divisão espacial de toda Literatura Interna da Organização dentro do perímetro da sala em que você se encontra.

J olha ao seu redor, surpreso.

— Quer dizer que o famoso jogo é baseado no mecanismo que você desenvolveu para organização de livros? – pergunta J.

— Pode-se dizer que dei umas dicas indiretas a um velho amigo meu de vizinhança, estudante de Informática.

— Sei. E receio, então, que você não seja norte-americana?

— Não, vim da sede russa da MIB. Ajudei na organização espacial da Biblioteca da base de cada estado norte-americano e russo.

— Caramba! Tenho que ler mais sobre a MIB. – repreende-se J.

— Livros sobre a História Nacional e Internacional da MIB ficam no setor 6A.

J solta um pequeno riso.

— É claro.

Os Gêmeos soltam um pequeno riso, percebendo o constrangimento de J.

Um agente vai até eles perguntando onde pode encontrar a Enciclopédia sobre os Gremlins.

— Setor 9C. – responde Klara.

— Obrigado. – diz o agente.

J parece se aperceber de algo. Depois de ficar pensativo, volta-se para Klara.

— Bem, já ouviu falar sobre os... Boph? – pergunta J à Tetris.

— Boph?! – pergunta e exclama a moça, para si mesmo.

Em seguida, ela pede que os Gêmeos verifiquem esse nome em cada língua e dialeto conhecível no sistema de busca da Biblioteca. Eles passam alguns minutos fazendo buscas aprofundadas.

Enquanto isso, J e Tetris, ou melhor, Klara olham um para o outro, enquanto esperam os Gêmeos.

— Então... Quantas bases da MIB existem pelo mundo mesmo, hein? – J aproveita para perguntar.

— Até o momento, apenas as dos EUA e da Rússia mesmo. – responde Klara.

— Claro! A Corrida Espacial. – relembra J.

— Em breve, teremos mais bases pela Europa e pela Ásia. Já foram detectadas algumas visitas de OVNIS por vários países desses continentes. Será apenas uma questão de tempo até as Forças Armadas desses países tomarem esforços para providenciar suas... Divisões 6.

Klara dá um pequeno sorriso para J.

J devolve.

— Sempre a nossa famosa Divisão 6! – diz J.

— Ou não tão famosa assim, para os civis comuns. – diz Klara, soltando mais um pequeno riso.

J sorri.

— Então, eu presumo que seu pai tenha sido um dos Fundadores da base na Rússia. – diz J, curioso em poder conhecer alguém novo naquele cotidiano tão árduo quanto quase anti-social da MIB.

— Precisamente, Agente J.

— É um prazer conhecer uma...?

Klara apercebe-se de que J quer saber de sua nacionalidade. Mexendo um pouco no cabelo, ela responde.

— Sou metade humana terráquea, metade humana de Galileu 7, que fica em outro Sistema Planetário da Via Láctea.

— Fascinante. E sua composição biológica é exatamente a mesma dos humanos terráqueos?

— Humrum.

Os Gêmeos finalmente terminam a busca, que não encontra nenhum resultado. Eles repassam a informação à Klara, que repassa para J.

— Não há resultado nenhum. – diz Klara.

— Que estranho! – diz J.

— De fato. Como ouviu falar dessa raça, se me permite perguntar, Agente J?

— Apreendemos hoje mais cedo uma alien que diz ser dessa raça.

— Compreendo. Certamente, alguma imigrante de uma raça que realizou uma viagem à Terra anterior ao Primeiro Contato.

— Muito provavelmente. Mas, escuta, e se a MIB russa tiver informações que nós aqui não temos?

— Improvável. É protocolo da organização trocar informações entre as bases e possuir o mesmo acervo.

J suspira e põe a mão no queixo.

— Tem alguma coisa bastante errada acontecendo. Uma coisa secreta que não estamos percebendo. – diz J.

— Secreto é o que todos nós somos, Agente J, com o perdão da ironia. Mas do que desconfia?

— Nova diz que viu um agente MIB. Se não há dados sobre essa raça, é porque esse agente, seja lá quem for, por alguma razão, ocultou esse encontro.

— O senhor está falando que temos algum corrupto entre nós? – pergunta Klara.

— Não estou afirmando nada... Não ainda.

J se afasta deles e começa a andar pelo corredor até uma das prateleiras.

— Disse que as publicações sobre a História da MIB ficam no setor 6A?

— Exatamente, Agente J.

— Acho que precisarei estudar sobre isso agora mesmo.

— Boa sorte! – deseja Tetris.

J vai até o corredor da prateleira sobre a História da MIB.

Ele procura pelas obras na letra C.

Carros; Centros de Armamentos; Cintos de Utilidades; mais à frente, Costumes, opa, volta, Co, Comandos; Comidas, dietas de agentes; Contatos, é isso.

Há cerca de 10 volumes sobre os Contatos feitos pelos Nove Fundadores.

J liga o transmissor e contacta a parceira.

— L. Como está?

L aparece na tela do transmissor.

— Estou bem. Mas diz aí: King X?

— Foi a primeira coisa que me veio à cabeça. Mistura de Martin Luther King com Malcolm X. Agora, preciso de você na Biblioteca.

— Aff! Entendi. E eu pensando que era o décimo rei de algum planeta. Escuta, Nova dormiu como um anjo. Estava cansada. Conversamos bastante. Nossa, J, ela é a filha que nunca tive!

— Eu acho incrível que esteja aflorando seu senso maternal. Só tenta... pegar leve. Agora, precisamos pesquisar sobre os Contatos realizados pelos Nove Fundadores e descobrir se há algum vestígio que nos leve aos Boph.

— Certo.

— Ela disse que nasceu na Terra. Você sabe quantos anos ela tem?

— Bem, pelas contas, ela tem uns 30 anos, o que, segundo ela, são uns 20 na idade Boph.

— Interessante. Então, a vinda de sua família para a Terra não é anterior à Fundação. Ela pode ter vindo de um pouso permitido ou não, e é isso que vamos descobrir.

— Isso vai ser interessante. L desligando. – diz L.

 

J está debruçado sobre vários livros abertos sobre a mesa, mordendo os lábios e batendo os dedos nela.

Ele ouve o barulho de um livro caindo sobre a mesa bem à sua frente. É o jeito de L de dizer “oi”. Ela está com um copo de café na mão.

— Café? – pergunta L.

— Acho que vou precisar. – responde J, tomando o mesmo da mão da parceira.

— Cultivado das terras do planeta das Minhocas. Fiz questão de experimentar.

— Como é? – surpreende-se J, antes de provar e perceber que é muito bom. – Bom! Não dá pra distinguir entre esse e o da Terra!

— Talvez seja não apenas uma questão de sabor, como também de memória afetiva, para as Minhocas. Dever ser o que de mais familiar elas têm do planeta delas.

— Agora entendo o vício delas em café.

— Então, me diz aí, o que está lendo?

— Primeiras Visitas ou Contatos Oficiais e Extra-oficiais de Extraterrestres, imigrações legais e ilegais históricas e precedentes de raças sem origens definidas.

— Beleza! – diz L, antes de abrir o próprio livro que levou.

— O que pegou aí?

— “Triângulo das Bermudas: vestígios de vítimas humanas e não-humanas”. A parte do “não-humanas” pode nos interessar. Ironicamente para uma região conhecida por desaparecimento de navios, vamos procurar por naves alienígenas.

J fita os olhos de L.

— Triângulo das Bermudas! Muito interessante, mas o que tem a ver?

— Fort Lauderdale. Lugar em que Nova morava com sua família. Situa-se na mesma região.

— Ah! Boa garota.

— Quando vai admitir que sou a melhor parceira que poderia ter?

J sorri.

— O que seria de mim sem você?

— Vamos maneirar nessas falas, senão me apaixono.

— Quis dizer como parceira profissional.

— Tem certeza que só nesse sentido?

— Não.

L sorri.

— Temos que concentrar nossas buscas pelo final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Segundo Nova, ela tem 30 anos terráqueos, o que significa que ela nasceu em 1972. Ela perdeu seus pais com 7 anos. Então, temos que fazer uma busca dos agentes ativos naquele ano e investigar qual deles seria o nosso misterioso Homem de Preto.

— Perfeito. Bem, então você fica de encontrar o agente de campo, e eu fico de descobrir sobre a vinda dos Boph à Terra.

— Beleza. E aquele livro sobre Genética Artificial? – pergunta L, percebendo isso na mesa.

J hesita um pouco antes de responder.

— Só estava tentando encontrar uma forma de ludibriar os localizadores da MIB para irmos à Fort Lauderdale sem que Zed saiba.

L fica olhando para J por alguns segundos.

— Você quer, tipo, criar clones de nós?

— Temporários. - ressalta J.

— A gente vai ter problemas sérios, e você sabe disso. Mas algo me diz que isso vai ser revelador.

— Pois é. É a única forma de ajudar a Nova. Sinto verdade nela.

— Eu também.

— E eu estou cansado de ver alienígenas com pendências de identidade serem extraditados para a Penitenciária Lunar.

— Eu também!

J sorri. Em seguida, estende a mão para L.

— Posso contar com você, então?

— Pra que servem os parceiros? – responde L, apertando sua mão.

— Ah, vou precisar de seus talentos para conseguir entrar nos laboratórios da MIB.

L fecha o semblante.

— Que tipo de talentos?

— Bem, você é mulher, numa organização composta de uma grande maioria masculina, que trabalham demais, são celibatários... É só pensar.

— Tava demorando...

— É só jogar um charme, lançar um olhar penetrante e uma voz sensual. Tenho certeza que poucos homens resistem aos encantos de uma mulher como você. Principalmente seguranças de áreas restritas a cientistas.

— J, J! Só você mesmo.

— É só uma ideia.

— E temos outra escolha?

— Provavelmente não.

L parece se lembrar de algo.

— Droga! Eu já ia me esquecendo da minha prima!

— É verdade! Temos que levá-la de volta ao mercado o quanto antes e realizar a neuralização nela. Pensando bem, isso vai ser útil em relação ao nosso plano de fuga. Tive uma ideia.

— Mais outra?! O dia de hoje promete.


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