MIB - Homens de Preto: A Síndrome da Nação Humana escrita por Agente F


Capítulo 7
A Remanescente Boph




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L consegue fazer com que Darla acorde. Ao vê-la, a prima percebe-se com uma fita adesiva na boca, e com cordas amarradas pelos punhos e pelos tornozelos, além de ter seu corpo amarrado ao assento do carro.

— Calma, Darla, vai ficar tudo bem. - diz L.

Darla começa a tentar espernear e se debater.

Ao chegarem à agência, ainda no carro, L pede para que J espere até que ela consiga falar com alguém pelo transmissor.

— Tive uma ideia. – diz L.

— Para quem está ligando? – pergunta J a L.

— Para o P. Acho que ele pode nos ajudar. – responde L.

P aparece no transmissor.

— P na escuta.

— Olá, P. Aqui é L.

— Opa! Fala, L.

— Preciso de sua ajuda. Acho bom Zed não ficar sabendo disso.

— Xi! Pressinto coisas tensas. O que houve?

— Temos uma testemunha no carro. É uma parente que me viu. Depois me diga como fazer o procedimento de neuralização, já que tivemos que sair do local da aparição. - explica L.

— Acho que ela deve ter piscado bem na hora do "xis". - fala J para si mesmo.

— Que falta de sorte, J. - diz L.

— Certo. Você terá que levá-la de volta ao local o mais rápido possível. – recomenda P.

— Também estamos com esta inofensiva alien. Eu e J nunca havíamos visto essa espécie antes. Talvez você conheça. – diz L.

— É bem possível. Mostre-a.

L coloca o transmissor em frente à criatura, para capturar a imagem dela. Darla esperneia novamente ao ver a alien.

— Ela fala o nosso idioma. – L diz para P. Em seguida, vira-se para a alien. – Qual sua língua materna?

— Eu... infelizmente não sei. – responde a alien.

L troca olhares compassivos com J e depois com P.

— Eu acredito nunca ter conhecido esta raça. - diz P. – Não se parece com nada que eu já tenha visto.

— Espera aí. Então você nasceu na Terra mesmo? – pergunta J à alien.

— Sim. – responde, timidamente, a alien.

— Ok. Isso, com certeza, é inusitado. – conclui J.

J, L e a criatura saem do carro. Ela vira-se para a prima e pede desculpas por não poder explicar o que está acontecendo. L lhe diz que volta dentro de uma hora. A prima simplesmente continua se debatendo.

J tem uma ideia. Ele retira do bolso uns biscoitos de outro planeta. Em seguida, tira a fita adesiva da boca de Darla e os oferece.

— Mas que p... está acontecendo? Me soltem! - diz Darla.

— Depois L te explica. - diz J.

— L? 

— Come isso aqui. Você vai se amarrar. - diz J, enquanto coloca a bala na boca dela.

— Nossa! É bom mesmo! Do que isso é feito?

J e L sorriem, olhando um ao outro.

— Recheio de Maçã de Vênus. É incrível.

— Recheio de quê?

L retira mais biscoitos de seus próprios bolsos e dá a ela. 

— Toma, prima. Aqui tem mais. Já volto.

 Darla começa a gritar novamente.

— Peraí! Me expliquem o que é que tá havendo?! Eeeei!!!!!

J e L partem. J aciona um botão nas chaves do carro que faz com que uma barra de metal se projete a partir de onde sai o vidro da janela, bloqueando os chamados de Darla e deixando-a "no vácuo".

 

Eles pegam o elevador e vão direto ao andar da Enfermaria de Emergência.

Ao chegarem lá, a alien é levada a acompanhar uma enfermeira, que fornece alimentação e um banho a ela e seu filhote. Em seguida, faz exames para detectar eventuais ferimentos em seu corpo e receitar uma dieta saudável para contornar seu leve grau de subnutrição. Seu filhote é deixado aos cuidados de uma enfermeira.

Enquanto isso, P procura nos arquivos da organização por imagens de mamíferos de todos os planetas conhecidos pela MIB. A raça da curiosa alien em questão não consta nos arquivos. Também não há dados de nenhum mamífero de nenhum ecossistema conhecido que tenha a peculiar habilidade de camuflagem em qualquer tipo de ambiente.

— É. Parece que temos uma novata aqui. -  diz P.

J e L estão em frente a ele, sentados em poltronas ovais.

— Isso é comum? – pergunta L.

— Não. Geralmente só nos deparamos com seres de raças que estão sob jurisdição da MIB.

L franze a testa.

— Então... isso significa que a imigração da raça dela não foi detectada pela MIB? – pergunta J.

— Ou foi anterior à fundação da organização. – complementa L.

— Como... os “morcegos vermelhos”?! – pergunta e exclama P, com olhar vago, como que processando aquilo que estava falando.

J também se impressiona, deixando a boca entreaberta.

— Caramba.

O filhote da alien é levado pela equipe médica da agência para o que seria uma espécie de incubadora especial.

Ao terminar os exames, a alien, vestida com um robe hospitalar, vai até o escritório de P, que também é o Superintendente da agência.

P está sentado em frente à sua mesa. Do outro lado de sua mesa, há outro assento vago.

J e L estão sentados em assentos ovais dispostos em uma das laterais da sala, observando tudo. A presença deles ali é importante, para que ela não se sinta coagida ou intimidada durante o interrogatório, estando a sós com um humano estranho. Eles cumprimentam-na com um olhar condescendente.

L percebe que, ao contrário de quando a capturou, agora a alien se locomove de forma bípede. Interessante ela parecer menos animalesca e mais humana agora à sua percepção, mesmo tendo a anatomia de um marsupial.

— Por favor, sente-se. – diz P à alien.

A alien timidamente vai até o assento e se senta.

— Então... você entende perfeitamente a minha língua? – pergunta P.

— ... Sim.

— Foi bem tratada na Enfermaria?

— Sim.

P lança um olhar de curiosidade para J e L.

— E você tem um nome?

— Eu sou Nova. Eu sou uma boph.

— Ah, então boph é sua raça?

— Sim.

P mostra a ela em um projetor um painel com uma lista de mamíferos extraterrestres de planetas conhecidos pela MIB.

Ele digita em um campo de busca na tela de seu dispositivo a palavra “boph”. Não há nenhuma resposta encontrada.

— O sistema não reconhece a sua raça, como eu já havia constatado.

A alien apenas engole seco.

— O que vão fazer comigo? - pergunta a alien.

— Ei, calma. Ninguém vai lhe machucar aqui. - diz P.

— Obrigado pelos cuidados e pela comida!

— Não há de quê! Você residirá aqui até segunda ordem. Bem, me parece que temos aqui uma fêmea da classe mamífera, racional, com habilidade de fala. Esse dia, com certeza, traz algo de inédito a este monótono ano. Perdoe-me, já ouviu falar dos Homens de Preto, senhorita Nova?

— Talvez. Mas não me lembro.

— Somos uma organização que monitora e regula atividades alienígenas no planeta Terra.

— Entendo.

— Pode me dizer quem são seus pais? E por que estava roubando leite de um mercado?

— Vocês vão me prender, não vão?

— Fique tranquila. Na verdade, estamos mais preocupados com sua integridade física e com seu estado do que qualquer outra coisa. Ninguém é nenhum Inspetor Javert aqui, senhorita Nova, eu garanto.

— Não conheço este homem do qual o senhor fala.

P solta outro risinho.

— Na verdade, é um personagem de um famoso romance literário.

— Eu li poucos livros na vida.

— Entendo. E creio que com eles foi muito bem alfabetizada na nossa língua, pelo que vejo.

— Sim, minha dona me ensinava.

— Hmmm... Dona, você diz?

— Meus pais morreram quando eu tinha 7 anos. Morávamos numa região litorânea em Fort Lauderdale. Um dia, lenhadores com espingardas nos viram na floresta e, assustados, atiraram em meu pai e minha mãe bem na minha frente.

J e L se entreolham.

P chega a remexer-se em seu assento.

— Eu... sinto muito. Fort Lauderdale, hein? E... sabe por que exatamente fizeram isso?

— Simplesmente atiraram! Por puro medo!

— Eu... sinto muito mesmo.

— Obrigada.

— Você estava com mais alguém além de seus pais nesse dia?

— Meu irmão, e três primos.

— Eles sobreviveram?

— Apenas meu irmão e eu conseguimos escapar. Após meses vivendo na floresta, fomos adotados por uma bondosa família que morava nas redondezas, diferentes daqueles monstros. A pequena Mary e seus pais me viram enquanto faziam uma trilha pela floresta. Foi ela que me ensinou tudo que seu sobre seu idioma, e eu nunca me deparei com nenhum outro boph na Terra.

— Então... quer dizer que este seu filho é...?

A alien chega a soluçar.

— Sim. Do meu irmão.

 


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