Spark escrita por Lady M


Capítulo 6
Capítulo 6: Descobrindo algumas coisas novas em você


Notas iniciais do capítulo

Quarentena consciente, não saiam de casa!
Aproveitem esse momento para colocar as coisas em ordem, limpar seu armário, ler os livros que estavam esquecidos na estante, ver os seus filmes favoritos de novo, aprender a desenhar, a cozinhar, a dançar...
Lavem bem as mãos! ^.^
Divirtam-se!



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Pov Adrien Agreste

Marinette estava claramente desconfortável naquela sala. As mãos dela estavam inquietas e ele não sabia bem o que fazer para acalmá-la. Sentaram-se no sofá de frente para Jagged, as mãos dos dois entrelaçadas para quem quisesse ver. Talvez assim ele pudesse confortá-la e de brinde começar um novo namoro segundo a mídia e os tabloides.

Penny percebeu a inquietação da azulada e para ajudar um pouco tentou descontrair iniciando uma conversa entre eles.

A assistente pessoal do guitarrista expôs a ideia principal da turnê dele:

— Os shows vão ser abertos por bandas que agitam as noites das cidades por onde Jagged vai passar, nessa turnê ele quer algo mais intimista, mais próximo do público, mas sem perder a essência pessoal dele. Para cada show um figurino novo, mas tem um que vai se repetir em todas as apresentações da turnê: A jaqueta assinada pela Ladybug.

Adrien apertou a mão da sua estilista passando confiança.

O loiro perguntou:

— Qual o prazo máximo para a peça estar pronta?

Jagged respondeu:

— O primeiro show será realizado em Paris,  daqui a duas semanas, aberto pela banda Plagg. A jaqueta tem que estar pronta um dia antes da data do show. Preciso vê-la, experimentá-la e fazer uma passagem de som para ver se ela é confortável, se o estilo dela condiz com a minha personalidade e com o meu som.

Marinette assentiu.

Meio exitante ela perguntou:

— Tem algum material específico que você gostaria que fosse usado na confecção da sua jaqueta?

Jagged deu de ombros.

— Quero ela bem Rock’n Roll, mas não o Rock dos anos 60, uma coisa mais voltada para o colorido, não quero couro preto, acho os alfinetes uma boa pedida, mas quero algo com bastante personalidade. Quero que as pessoas olhem para essa jaqueta de costas e pensem é o Jagged Stone, ninguém além dele vestiria algo tão icônico.

Marinette assentiu.

— Entendo bem o que você quer dizer. O que acha de roxo metálico, púrpura?

Penny respondeu:

— Vai ficar um pouco estranho com a iluminação do palco.

Marinette colocou um polegar na frente dos lábios, Adrien podia ver as engrenagens girando dentro da cabeça dela.

— Preto com paetê, dourado para ter um acabamento. Que tal ombreiras militares douradas, como no exército, botões dourados, mas ia ficar longe de uma jaqueta, ia ser mais para um conjunto social reformulado. O conceitual voltado para um ditador do Rock.

Jagged sorriu segurando uma batata frita diante dos olhos.

— Gosto das ideias excêntricas da sua amiga Agreste. Mas ainda não consigo visualizar a essência, não sinto firmeza nesse projeto.

Marinette tentou explicar suas ideias mais uma vez, mas Jagged ainda estava relutando, percebendo a dificuldade de ambos Penny trouxe um estojo e folhas para Marinette.

— Você conseguiria esboçar esse look para gente?

Marinette assentiu e Adrien ficou em pé atrás da cadeira enquanto ela desenhava. Jagged foi tomar banho, pois tinha uma entrevista e um jantar de noite. Penny ficou ali com os dois na sala.

Adrien viu as mãos dela darem forma a dois desenhos diferentes, o primeiro era o look militar preto brilhante com dourado e o segundo uma jaqueta jeans clara, com detalhes laterais em púrpura metálico, nos punhos abotoaduras de alfinete, nas costas um desenho de um guitarrista segurando sua guitarra entre uma nuvem de fumaça colorida. 

Perfeito!

Adrien conseguia imaginar Jagged Stone tocando um solo ensandecido vestido assim sob qualquer iluminação.

Jagged voltou com Penny, o cabelo armado, o delineado dos olhos estonteante, as unhas pretas, com uma camisa social branca com as mangas rasgadas, a gravata borboleta roxa, a calça preta com pregas de tachinhas. O coturno militar e uma corrente presa neles. Jagged estava com um visual de arrasar que combinaria perfeitamente com o desenho da Ladybug.

Penny perguntou:

— O conceito está pronto?

Adrien assentiu e saiu de perto da cadeira, tomando muito cuidado para não encostar em nada e nem esbarrar em ninguém, ele não queria atrapalhar aquele momento da Marinette.

Ela ergueu o primeiro desenho trêmula.

— Esse aqui é o conceito Ditador do Rock, não estou pedindo para que esqueça a ideia da jaqueta, mas que utilize esse visual no show aqui de Paris, a Ladybug, quero dizer eu, ficaria imensamente feliz de ver você usando uma criação completamente minha.

Jagged segurou o desenho e sorriu. Ele traçou o desenho com os dedos e os olhos dele voltaram-se para Marinette com extremo interesse.

— Então essa menininha meiga e sofisticada é a audaciosa Ladybug?

Marinette corou e Adrien colocou a mão no ombro dela. Jagged podia ser seu ídolo do Rock, mas ele não tinha o direito de desdenhar ou se encantar pela sua estilista. Marinette era dele e fim de papo.

Meio irritado ele respondeu:

— Ela é. Você deveria dizer o que achou do designer dela.

Penny sorriu pegando o desenho das mãos do guitarrista.

— Eu consigo te ver arrasando aqui em Paris com essa roupa!

Jagged concordou e pegou o outro desenho da mesa.

— Uou! Isso é esplêndido… Quero dizer isso é fantástico! Talvez bombástico... É a jaqueta mais legal que eu já vi!

Marinette levantou da cadeira e andou até parar na frente do guitarrista.

— Sério?

Ele assentiu e abraçou a estilista.

— Está tão bom que dá vontade de sair compondo por aí!

Marinette sorriu e notou que Adrien estava sozinho do outro lado da sala, logo correu na direção do loiro.

— Você também gostou Adrien?

Ele colocou a mão na cintura dela e sussurrou no ouvido da mesma:

— Se ele continuar te abraçando esse gato vai ficar com ciúmes.

Marinette deu de ombros e sorriu amplamente para Jagged e Penny. Os prazos foram estipulados e os valores também, claro que os valores poderiam ser alterados dependendo da disposição dos materiais que a Agreste teria que trazer em tempo recorde para Paris.

Despediram-se e Marinette saiu felicíssima.

Gorilla abriu a porta para eles e informou-os de que estavam quinze minutos atrasados.

Durante o percurso Marinette parecia uma criança alegre, ria de tudo, estava bastante falante e para surpresa do loiro ela até deu um beijo no rosto dele.

— Obrigada pelo apoio Adrien.

Os olhos azuis dela estavam sendo muito sinceros com ele.

Adrien tentou manter a pose de indiferente, mas deixou um meio sorriso escapar para ela.

— Sempre que precisar, Bugaboo.

Entraram no laboratório de estética e as pessoas estavam trabalhando a todo vapor. Adrien não gostava de visitar a empresa ou os laboratórios quando era mais novo, porque conseguia notar como as pessoas estavam esforçando-se para agradar o seu pai. Atualmente elas esforçaram-se para agradá-lo, sempre fazendo promessas de melhorar cada vez mais. O loiro não sentia necessidade de tal esforço, ele só queria ver como as coisas desenrolavam-se longe do estresse e da pressão que a sua presença causava.

Marinette estava claramente entretida com os tubos de ensaio, alegre por estar de jaleco.

Adrien estava pronto para assustá-la quando Max o cumprimentou:

— Eaí Adrien, a quanto tempo!

Adrien desviou da mão dele e segurou na mão da Marinette.

— Eaí Max, ainda está no departamento de fragrâncias?

Max recolheu a mão um pouco acanhado.

— Sim, acabei subindo aqui dentro. Sou o gerente responsável por alguns projetos e um deles é o perfume do dia dos namorados.

Adrien sorriu amplamente e estendeu a mão para Max sem soltar a de Marinette.

— Meus parabéns!

Max aceitou as felicitações.

— Soube que o projeto da linha de casal para os dias dos namorados está meio parado.

Max assentiu.

— A fragrância está quase terminada, mas precisamos da sua avaliação final, como em todos os anos. O que não está indo muito bem é a parte do marketing, até hoje Rose não me enviou nenhum esboço do frasco ou o designer da caixa do produto.

Marinette puxou Adrien pela mão.

— Conheci a Rose mais cedo, no elevador da Agreste. Ela me disse que eles estão com poucos estagiários e até me perguntou se eu não gostaria de entregar o meu currículo para o departamento de Marketing. Acho que você está precisando de mais funcionários Sr. Agreste.

Adrien viu-se encurralado e preferiu não perguntar como Marinette sabia tanto sobre a administração da empresa em tão pouco tempo.

Max sorriu para a garota e perguntou:

— Você veio para ajudar no teste final do perfume?

Marinette assentiu. 

Max apontou para uma sala no final do corredor.

— Vamos testá-lo então!

Os três entraram na sala, ela tinha duas portas e um vidro fumê. Adrien já estava acostumado com aquela sala que tinha outra dentro, a parte de dentro era isolada e feita para mudar de temperatura, testando a durabilidade do produto na pele, em várias situações, além disso, Max estaria do outro lado para monitorar possíveis reações alérgicas ao produto. Os perfumes eram testados assim previamente em funcionários voluntários, mas o último que testava e aprovava o produto era Adrien Agreste.

 

Pov Marinette Dupain Cheng

A conversa com Jagged Stone foi gratificante e poder enfim ser chamada de Ladybug também. Os esboços dela foram bem recebidos e assim que ela pudesse fazer o projeto final com o auxílio do seu mentor, ela se sentiria incrível, quase invencível.

No laboratório Marinette notou como a presença do Adrien podia ser similar a do Gabriel, as pessoas davam o máximo de si na presença dele, desdobravam-se e mostravam serviço além da conta. Max era o único que parecia realmente confortável na presença do loiro. Ver os dois conversando fez Marinette notar que Adrien não queria ser o chefe mal, apenas estar ali  para ajudar no que os funcionários precisavam.

Por isso Mari falou do departamento da Rose, além de ter gostado de cara da loira, ela pode notar como o departamento de Marketing estava sobrecarregado e como isso afetava as outras áreas. O relato do Max só reforçava isso. Marinette talvez pedisse para passar uma semana no departamento de Marketing para Gabriel, só pela experiência.

Max abriu a porta de uma sala, de cara Marinette achou o cômodo parecido com uma sala de interrogatórios policial. Adrien não parecia surpreso ou abalado, então ela decidiu agir descontraidamente.

Max apontou para uma bancada que estava do outro lado do vidro.

— Os perfumes femininos estão numerados de um a três e os masculinos de quatro a seis. Sugiro que cheirem os frascos dos perfumes um do outro e escolham aquele que mais agradar o sentido olfativo de vocês, antes de passarem troquem os fracos. Assim Adrien passará o masculino e a senhorita o feminino.

Marinette sorriu e se apresentou:

— Meu nome é Marinette, mas pode me chamar de Mari se preferir.

Max olhou de Adrien para Marinette.

— Vou chamá-la de Mari durante os testes. A sala vai mudar de temperatura algumas vezes, não se assuste. Como é a primeira vez que Adrien vem acompanhado, acho melhor explicar tudo. Vai que você desiste no meio do caminho?

Marinette deu de ombros e negou com a cabeça.

— Já que você não quer desistir Mari, podem entrar lá.

Marinette puxou a porta e deixou Adrien entrar primeiro, para que ele não tomasse nenhum choque, de mãos dadas eles cheiraram os perfumes e Marinette escolheu o número 5, pois o cheiro levemente amadeirado com um toque de menta, a lembrava do Adrien. O loiro escolheu o frasco 2.

Eles trocaram os frascos e Max deu sua primeira instrução:

— Passem o perfume nos pulsos, no pescoço e atrás das orelhas. Mari passe ele no decote do seu vestido, na parte detrás dos joelhos e na nuca, uma pesquisa realizada pelo nosso centro de estética descobriu que esses são os lugares onde as mulheres costumam passar o perfume. Adrien, você pode desabotoar sua blusa social e espalhar o perfume do peitoral para o abdômen, passar na parte interna do cotovelo.

Adrien assentiu e rapidamente passou o perfume. Marinette passou o perfume onde conseguiu sozinha, mas na hora da nuca, não conseguia segurar o cabelo e o frasco ao mesmo tempo. 

Adrien notou a dificuldade dela porque estava encostando nele com a outra mão.

— Mari segura nos meus ombros, vou tirar o seu cabelo do caminho e passar o perfume para você.

Um pouco desnorteada pelo cheiro bom que vinha dele, pelo fato dos três primeiros botões da blusa dele ainda estarem abertos, das mãos dele em contato direto com a pele dela e com o calor que vinha do corpo dele em direção ao dela. Marinette só conseguiu assentir e fazer exatamente o que ele pediu.

Ela começou a notar o cheiro bom do perfume que ele escolheu. Levemente doce, mas não enjoativo, um cheiro sutilmente sexy. Ela suspirou de satisfação.

Adrien perguntou:

— Gostou da minha escolha?

Marinette respondeu:

— Sim! Ela é suave e ao mesmo tempo inesquecível. Deveria ser um crime esse perfume ser edição limitada e especial.

Adrien riu e Max completou:

— Talvez eu leve sua sugestão em consideração Mari e peça para essa edição ser fabricada mais vezes se ela for aprovada.

Adrien colocou o frasco de volta na bancada e arrastou Marinette para se sentarem de mãos dadas no puff que tinha no meio da sala.

Max começou a dar todo tipo de instruções, eles passaram por temperaturas geladas e quentes, tiveram que fazer exercícios, suaram juntos, dançaram, ficaram abraçados e tomaram chuva. Marinette sentia seu coração acelerar e falhar sempre que Adrien sorria e parecia estar se divertindo com ela. Dançar agarrada a ele foi ótimo, até porque ele a colocou sobre os sapatos dele. Ficar parada dentro dos braços dele, sendo embalada pelo som do coração do loiro e por aquele perfume agradável foi quase uma cena de filme romântico. E ver as gotas de água ensopando a roupa dele, desalinhando os fios do cabelo que antes estavam preso pelo gel, vendo-as escorrer pelo corpo dele, foi mais uma provação divina do que um teste para seu olfato.

Por fim o Max finalizou o teste.

— Os frascos de número 5 e 2 foram aprovados com sucesso.

Curiosa Marinette perguntou:

— Se é a primeira vez que ele vem com alguém, como esse teste era feito?

Max estendeu uma toalha na direção do Adrien e outra na direção da Mari.

— Ele vinha aqui escolhia o frasco do perfume feminino e o masculino, testava o masculino nele e depois uma funcionária voluntária testava o feminino. Ele pegava os resultados dos testes uma semana depois.

Adrien jogou a toalha sobre os ombros de mãos dadas com a azulada concluiu:

— Dessa vez as coisas foram mais rápidas.

Max zombou do loiro:

— Você até queria que os testes tivessem durado mais um pouco. Dessa vez, dava para sentir que você estava se divertindo.

Adrien abraçou Marinette por trás e saiu da sala sem responder o amigo.

Os dois entraram no carro ensopados e tentando secar-se com as toalhas, mas sempre que Marinette soltava Adrien ele se machucava.

O loiro declarou derrotado:

— Isso não vai dar certo.

Marinette assentiu e decidiu ajudá-lo, jogou a toalha na cabeça dele e começou a secar os fios loiros. Os rostos bem próximos e as respirações embaralhadas. Adrien inclinou-se para trás e Marinette foi junto com ele, ela quis se aproximar mais do loiro, suas bocas estavam a centímetro quando Gorilla abriu a porta do carro fazendo-os cair para trás. Adrien ficou com metade do corpo para fora do carro e Marinette inclinada sobre ele.

Gorilla tentou ficar indiferente, mas o constrangimento pairava entre os três.

Os dois saíram do carro e correram para dentro da mansão. O relógio estava marcando 21:00, para o desespero dela, Mari só tinha trinta minutos para tomar um banho quente e evitar um possível resfriado. Na escada ela soltou a mão dele e correu para porta do quarto dela, Adrien tentou acompanhá-la mas escorregou no meio do caminho. Marinette sentiu algo puxando o seu pé e caiu de cara com o chão, Adrien que segurou nela para não cair acabou levando-a com ele.

Marinette olhou para baixo e viu Adrien caído no chão segurando em seu calcanhar, molhado e com o cabelo bagunçado ele estava extremamente fofo, pois estava corado e parecia estar tentando desculpar-se repetidas vezes.

Marinette explodiu em uma gargalhada estrondosa e contagiante.

Adrien a puxou pelo pé, até alcançar a cintura dela, a vestido molhado dela deslizou pelo chão, sem fazer barulhos, logo o rosto dela estava na altura no rosto dele, os dois virados um de frente para o outro. 

Adrien soprou a franja que insistia em cair nos olhos dele.

— Desculpa pelo tombo my Lady.

Marinette riu e colocou as mãos na própria barriga entre eles, para tentar conter-se.

— Está...tudo bem gatinho.

Os dois sorriram e quando começaram a levantar, Marinette notou que Adrien tinha arranhado o cotovelo, já ela estava com um roxo no joelho e tinha esfolado as palmas das mãos. 

Meio doloridos entraram no banheiro, Marinette preferiu ficar de calcinha e sutiã dessa vez, porque o vestido dela ia sujar a banheira e não a ajudaria a tomar banho. Adrien estava sentado dentro da banheira quando ela despiu-se e pode ver como ele desviou os olhos e tentou manter-se afastado dela o máximo possível.

Marinette disse baixinho:

— Desculpa por isso, mas ou era assim ou não tinha como tomar banho.

Adrien soltou o ar, mas continuou tenso.

— Sem problemas. Só acho que o meu autocontrole não é dos melhores.

Marinette pegou o Shampoo e passou nos próprios fios de cabelo, depois foi até o loiro.

— Posso?

Adrien assentiu mas não se moveu. A diferença de altura entre eles era gritante, então Marinette precisou ficar sobre os joelhos para alcançar o cabelo dele. Adrien percebeu o esforço dela e se abaixou um pouco, uma escolha que não foi muito inteligente, porque ficou na altura dos seios dela, a renda vermelha molhada adornando o corpo macio e esbelto dela estava clamando por ele. Marinette ficou imóvel quando ele descansou a cabeça ali, a respiração dele sobre o colo dela. As mãos de Adrien foram em busca da sua cintura e Marinette permaneceu estática. O coração dela começou a martelar no peito, Adrien poderia escutá-lo com facilidade dali.

Ela respirou fundo e voltou a espalhar o Shampoo no cabelo do loiro. Relutante Adrien soltou-a. Marinette estava tão vermelha que poderia ser confundida com um morango maduro. Ela afastou-se dele e enxaguou o cabelo dela enquanto ele fazia o mesmo, as pernas dos dois estavam próximas, evitando descargas elétricas. 

Adrien adiantou-se e pegou o condicionador, passou nos fios loiros e perguntou para Marinette:

— Posso?

Ela assentiu e ficou sentada esperando que ele se aproximasse, um pouco desajeitado, Adrien acomodou-se com as pernas em volta dela, Marinette por ser pequena ficou encolhida sendo cercada por ele. As mãos dele deslizaram pelos fios sedosos do cabelo dela, Marinette suspirou de satisfação com a pequena massagem que ele fez no couro cabeludo dela. Adrien desceu as mãos do cabelo para nuca e da nuca para os ombros, Marinette fechou os olhos e sem se dar conta soltou um gemido baixo. Adrien surpreso continuou a massagem nos ombros dela, mas quando suas mãos chegaram nas alças do sutiã os olhos azuis estavam abertos e um tanto assustados. Entendendo o limite, o modelo afastou-se dando espaço para a pequena estilista.

Marinette enxaguou o cabelo e concentrou-se em se ensaboar. Essa última tarefa foi realizada na velocidade da luz, saiu da banheira quase em fuga e largou Adrien para se vestir sozinho. Ela não se importou com os choques, Marinette estava mais preocupada com sua saúde mental e emocional. Adrien estava claramente ferrando com tudo.

Marinette entrou de toalha no seu quarto e Natalie estava esperando por ela com um roupão na mão, um vestido de festa e uma maquiadora. Trinta minutos de tortura e ela estava pronta. O vestido frente única vinho, a parte do pescoço com transparência, o decote em forma de coração, o corpo do vestido descia acinturado e a saia com o corte sereia. O sapato de salto com 10 centímetros, lembrando-a que ela não podia ser uma desastrada completa naquela noite, com tiras de cristais delicados que combinavam com o enfeite do seu cabelo.

Os fios azulados estavam com pequenos cachos na ponta, a franja solta, com o enfeite na parte de trás deixando o cabelo meio solto e meio preso. A maquiagem leve, para a surpresa dela, os olhos marcados com delineado, com uma sombra brilhante, nos lábios um rosa delicado, quase natural, nenhum blush exagerado, ela estava uma verdadeira princesa.

Assim que sorriu para seu reflexo, Natlie abriu uma caixa de jóia.

— Os brincos e a pulseira, não se esqueça de colocá-los com o enfeite de cabelo dentro do saco do vestido quando voltar mais tarde.

Marinette assentiu, ela não entendia como Gabriel conseguia pensar em todos os detalhes até conhecer Natalie. A secretária e assessora pessoal do seu mentor era uma verdadeira máquina quando se tratava de trabalho.

Depois de estar devidamente vestida e pronta Marinette foi para o quarto do Adrien, ele devia estar um pouco desconfortável com a eletricidade emanando do seu corpo livremente.

Ela bateu na porta e ele respondeu:

— Pode entrar.

Adrien estava sentado no sofá, com seu sapato social preto, vestindo a calça social da mesma cor, o cinto estava ali, mas ele parecia estar brigando com os botões da camisa social branca.

Marinette sorriu e se aproximou dele.

Ela tirou as mãos dele dos botões.

— Eu posso te ajudar com isso.

Adrien assentiu e fitou-a deslumbrado.

 

Pov Adrien Agreste:

Ele até que se virou bem depois do banho, expulsando todos os pensamentos pecaminosos para longe do seu cérebro. Tentou colocar a cabeça no lugar e afastar a vontade súbita de arrastar Marinette para perto dele, só para esquecer que um dia ou uma hora teriam que conversar sobre a confusão que ele estava sentindo.

Adrien Agreste estava apaixonado?

Ele não sabia dizer ou não queria ter que encontrar a resposta.

Pegou a roupa no guarda roupa e as descargas elétricas só eram mais um lembrete de que Marinette estava com ele por motivos não convencionais. Ele vestiu a cueca, as meias, a calça social, colocou o cinto e pegou a camisa branca tentando inutilmente encaixar os seus botões em suas casas. A tarefa parecia estar cada vez mais frustrante quando a alguém bateu na porta do seu quarto.

— Pode entrar.

Adrien não se deu o trabalho de ver quem era. Poderia ser a Natalie com a maquiadora ou com a agenda daquela noite. Poderia ser até o pai dele. 

Sentiu o toque das mãos dela sobre as dele e subiu os olhos para deparar-se com a mulher que estava fazendo seu subconsciente e seu consciente trabalhar sem cessar.

— Eu posso te ajudar com isso.

Ela podia, podia ajudá-lo de muitas maneiras.

Mas ela não fazia ideia do que realmente estava atormentando ele, pois Marinette terminou de abotoar a camisa dele, pegou o colete preto e ajudou a vesti-lo e por fim ela pegou a gravata vinho em uma mão e a preta na outra.

— Qual você prefere?

Ele levantou do sofá e apontou para a preta.

Marinette colocou a vinho de volta no guarda roupa e passou a preta pelo pescoço dele.

Adrien sorriu para ela e disse tentando soar casual:

— Você está linda, princesa.

Marinette corou e desviou os olhos dos dele.

— Obrigada, Adrien.

Ele sorriu aliviado ao perceber que ela também podia estar tão bagunçada quanto ele.

Marinette terminou de arrumar a gravata dele e colocou-a dentro do colete. Passou as mãos sobre os ombros dele terminando de alinhar a roupa do mesmo.

Sorrindo com o polegar debaixo do queixo ela declarou:

— Perfeito!

Ele aproveitou a deixa para se gabar um pouco:

— Desde que eu nasci, se você quer mesmo saber.

Marinette deu de ombros.

— Você é um convencido, isso sim, seu gato tonto.

Adrien revirou os olhos zombando dela.

— Sou uma verdadeira obra de arte da alta costura, pode perguntar para o seu mentor, de todas as criações dele, sou a melhor.

Marinette abriu a porta do quarto para que ele saísse.

— Pode passar oitava maravilha do mundo da moda.

Adrien passou e fez uma reverência para ela.

— Acho que se confundiu um pouco My lady, não sou a oitava, sou a primeira.

Ela riu dele.

Gabriel que estava subindo as escadas com Natalie, ajeitou os óculos na ponta do nariz e sorriu satisfeito com o clima divertido entre o seu filho e a sua pupila.

Gabriel perguntou para sua secretária:

— Eles não ficam bem juntos?

Natalie deu um sorriso contido.

— Acho que de certa forma sim.

Os dois aproximaram-se deles que ficaram rígidos imediatamente.

Gabriel sorriu para o casal a sua frente.

Natalie entregou os convites para Adrien e disse:

— O nome de vocês está na lista, mas esse papel é uma formalidade necessária.

Gabriel estendeu a chave do carro para Adrien.

— O Gorilla está de folga essa noite, é aniversário da filha dele. Então você vai ter que dirigir.

Adrien sorriu animado, ele amava dirigir, mas como sua mãe faleceu em um acidente de carro, essas oportunidades eram raras.

Desceram as escadas juntos até o pátio da Mansão Agreste, onde um porsche preto estava estacionado.

Antes de entrarem no carro Natalie sugeriu:

— Se quiserem evitar os paparazzi podem usar a entrada lateral da Opéra Garnier. 

Adrien assentiu e Marinette também, para surpresa da estilista, Adrien abriu a porta do carro para ela.

— Obrigada.

Ele sorriu e contornou a frente do carro.

Assim que Adrien saiu pelos portões da Mansão Agreste, Marinette presenciou um dos sorrisos mais sinceros do loiro.

Ele declarou:

— Eu amo dirigir.

Marinette perguntou:

— Mas você não faz muito isso, não é?

Ele deu de ombros enquanto dava seta e convergia a direita.

— Meu pai não gosta da ideia de me ver no volante, o acidente da minha mãe não foi culpa dela, então ele acredita que não importa o quão prudente eu seja, pode acontecer comigo também.

Marinette compreendia bem esse medo do Gabriel, no ano em que ela formou pensou em tirar carteira e ele foi terrivelmente contra, na época ela pediu a opinião dele e de Alya, a amiga também não era muito a favor da ideia, mas por causa do tempo que Marinette teria que se desdobrar entre a padaria, o atelier e a autoescola. Então ela conseguia imaginar como dirigir era uma tarefa quase impossível para o seu gatuno.

Adrien entrou na fila de carros, sorriu para Marinette e perguntou:

— Você quer evitar os paparazzi?

Ela respondeu:

— Seria o correto, nós não queremos nenhum rumor sobre um novo relacionamento. Vai que você precisa fazer a campanha do dia dos namorados com alguma modelo, isso não vai vender se formos vistos juntos e ainda por cima pela segunda vez.

Adrien estalou a língua no céu da boca enquanto tamborilava os dedos no volante.

— Mas e se eu quiser ser visto com você, não digo hoje, mas em qualquer outro dia?

Marinette colocou a mão sobre a dele.

— Eu ficarei lisonjeada, mas hoje, eu realmente prefiro não entrar na frente das câmeras.

Adrien assentiu, mas a expressão no rosto dele mostrava para ela que ele não estava nada satisfeito com a situação.

Ele voltou a dirigir e entrou em outra fila de carros, depois de alguns minutos Adrien saiu do carro e abriu a porta para Marinette, entregando a chave para o manobrista do evento. Ele colocou a mão na cintura dela e a guiou pelo caminho lateral.

O jantar beneficente do Clube de Música parisiense não poderia ser em um lugar melhor, a Opéra Garnier é um edifício mais do que estonteante. A decoração de flores na escadaria principal estava deslumbrante, as pessoas estavam elegantes e a música que tocava no salão estava perfeita. Marinette sentia-se teletransportada para outra dimensão.

Adrien deu os nomes deles na entrada e ela ficou surpresa por saber que Gabriel tinha os colocado na lista como um casal, no sentido romântico da coisa.

Assim que entraram no salão, as pessoas olhavam curiosas para eles, Adrien não parecia se importar, ele andou confortavelmente com a mão na cintura dela, cumprimentou os membros da orquestra e as crianças que estavam ali para se apresentar.

Adrien afastou-se e levou Marinette para a mesa reservada para eles. Na mesa tinha quatro cadeiras e ela ficou curiosa.

— Vamos ser só nós dois?

Adrien negou puxando a cadeira para ela sentar:

— Não, o Nino e a Alya vão vir. Uma daquelas crianças do coral é o irmão mais novo do Nino. Consegue adivinhar quem é?

Marinette olhou atentamente para o coral mirim. Então viu um menino que lembrava vagamente o amigo Dj do loiro.

Ela apontou discretamente.

— É aquele.

Antes do loiro responder, Marinette ouviu Alya dizer:

— Aquele é o Chris.

Marinette levantou da cadeira e abraçou a amiga, Alya riu.

— Estava com muitas saudades de mim, Mari?

Marinette assentiu e reparou no vestido da amiga, o modelo laranja com um decote generoso e uma fenda lateral na perna direita, o cabelo preso em um coque bem feito, a maquiagem sutil e delicada, Alya estava de arrasar.

Alya fez Marinette dar uma volta.

— Você está linda!

Marinette riu e respondeu:

— Igual a você!

Nino e Adrien cumprimentaram-se e começaram a conversar sobre amenidades. O jantar estava divertido, Marinette de mãos dadas com Adrien embaixo da mesa apreciava todas as apresentações, o irmão do Nino fazia um solo junto com uma menina que não era estranha para Marinette. 

Marinette virou-se para Alya e perguntou:

— Aquela é a Manon?

Alya assentiu.

— Ela cresceu bastante, não é?

Marinette sorriu.

Adrien perguntou:

— De onde você conhece a Manon?

— Eu era babá dela.

Adrien piscou surpreso.

— Uma vez eu estava ajudando em um projeto do coral, para uma apresentação de Natal, e a Manon me pediu um autógrafo, mas em vez de ser para ela…

Marinette o interrompeu ficando vermelha:

— Era para babá dela? Está escrito “Com amor Adrien, para a melhor babá do mundo.” ?

Ele assentiu e perguntou em tom divertido:

— Esse autógrafo era para você?

Alya riu da cara da amiga e completou.

— Ela mostrou esse autógrafo para todo mundo, ficou o Natal todo feliz.

Marinette deu de ombros e pediu:

— Eu tinha quatorze anos, me dá um desconto.

Adrien deu uma risada e sussurrou só para Marinette ouvir:

— Posso te dar muito mais do que isso se você quiser.

Marinette revirou os olhos e deu um suspiro irritado, tentando desmotivar Adrien a continuar sussurrando qualquer coisa no ouvido dela.

No final do jantar Adrien foi convidado para tocar uma música ao piano, ele levantou e chamou Marinette para ir com ele.

Assim que sentaram juntos Marinette sussurrou aflita:

— Eu não sei tocar.

Ele sorriu e posicionou a mão dela.

— Você só precisa apertar essas quatro teclas quando eu olhar para você.

Marinette assentiu, os dois estavam sentados praticamente colados e Adrien cruzou as mãos sobre as dela, assim eles estavam encostados um no outro e ele pode tocar livremente. Marinette só precisou tocar as quatro teclas três vezes durante a melodia e no final nem os aplausos conseguiram fazer ela tirar os olhos dele.

O caminho de volta para casa foi relativamente tranquilo, as ruas não estavam movimentadas. Marinette passou no quarto dela só para pegar o pijama, quando entrou no quarto do Adrien pegou ele cochilando no sofá. Ela sentou do lado dele no chão, acompanhando com o dedo os contornos dele, os olhos, o cabelo, os cílios e a boca. Ele sorriu durante o sono e ela pegou-se suspirando por aquele sorriso.

Ele abriu os olhos sem aviso prévio e ela percebeu o tanto que deveria estar patética, sentada ali no chão, sem brincos e pulseira, com o cabelo solto e bagunçado, sem maquiagem e salto alto, com o vestido amassado, fitando ele enquanto dormia.

Então ele estendeu o braço na direção dela e com o polegar ele traçou a lateral do seu rosto até a boca.

— Você tem noção do quanto é linda?

Ela sorriu doce. Toda vez que olhava para ele se fazia essa mesma pergunta: Será que ele sabe o tanto que ele é maravilhoso?

Ela negou com a cabeça.

Ele arregalou os olhos e a puxou do chão. O sofá era relativamente pequeno para ele, com os dois ali parecia menor ainda, mas a forma como ela se sentia encaixada dentro dos braços dele, fez ela acreditar que nem a cama mais espaçosa do mundo seria mais confortável do que aquele sofá. 

Ele sussurrou:

— Muito, você é muito linda, Mari.

Ela abraçou ele e escondeu o rosto no peito dele. Uma mão do loiro ficou sobre a cintura dela enquanto a outra fazia cafuné no seu cabelo, não demorou para ela pegar no sono.


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Notas finais do capítulo

Bom? Ruim?



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