Spark escrita por Lady M


Capítulo 4
Capítulo 4: O que eu sinto por você?


Notas iniciais do capítulo

Espero que se divirtam!



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Pov Adrien Agreste

Adrien acordou sentindo um cheiro suave e reconfortante, tentou buscar na memória de onde vinha aquele perfume. O corpo dele queria mais daquela fragrância, abraçou com gosto o corpo macio e cheiroso que estava adormecido em seus braços, sentindo-a agarrar-se a ele também e isso bastou para que o loiro abrisse os olhos desconcertado.

Ainda sonolento deteve seus olhos em Marinette deitada sobre seu peito. O rosto sereno, os fios preto azulados espalhados pelo lençol e pela blusa de pijama dele, os cílios curvilíneos, os lábios pequenos, convidativos e rosados. Ele passou a mão no rosto dela retirando os fios de cabelo que insistiam em permanecer atrapalhando sua visão daquele belo rosto. Marinette remexeu-se, mas não despertou. Ele colocou uma mão debaixo da cabeça e a outra ele deixou descansando no quadril dela. Observando o teto branco e alto do seu quarto de dois andares, ele percebeu que talvez ele não fosse sobreviver são a um mês com ela junto dele para cima e para baixo. 

A agenda dele depois de muitos anos foi divertida, ter com quem realizar as tarefas efêmeras da empresa e do seu dia a dia foi algo agradável, ter alguém para comer com ele, para rir das suas piadas além dos seus amigos foi bom. Se fosse apenas isso eles poderiam se tornar amigos, mas quando ele viu ela de lingerie rosa clara com as bordas rendadas brancas ele quase surtou dentro da limusine, a sorte dele é que já estava com uma calça social preta, senão ela teria notado e isso teria sido constrangedor. Quando ele encontrou com ela no Miraculous ele quis beijá-la, ele gostou da sensação de ter os olhos azuis dela só para si. Talvez as histórias de amor à primeira vista que o pai dele contava estivessem entrando em seu subconsciente.

Esses detalhes já eram o suficiente para ele se sentir incomodado. Adrien Agreste sempre foi solitário, rodeado de amigos, mas poucos eram verdadeiros, sempre em alta com as garotas, meninas e mulheres, mas poucas realmente o conheciam e essas que o conheciam nunca eram de fato amorosas com ele. Ter notado que gostou e sentia falta de uma companhia fez ele sentir-se negligenciado.

O fato não era a solidão em si, mas notar que a garota dormindo sobre ele, de alguma maneira espantava sua tristeza habitual, ela fazia ele sair da linha, sair do seu humor normal para tornar-se mais Cat Noir do que Adrien Agreste. Algo perigoso e catastrófico, ele demorou anos para dividir sua personalidade e se comportar da maneira correta nos ambientes que habitava, ela fazia ele fundir-se e utilizar um pouco de cada quando estava com ela.

Marinette remexeu-se subindo as mãos que estavam descansando sobre o abdômen dele parando com elas em seus ombros. Ela respirou fundo e esfregou o nariz na curva do pescoço dele suspirando de satisfação em seguida. Ele notou que ela ainda estava meio inconsciente, ainda dentro de algum sonho, começando a acordar. A sensação dela esfregando-se nele como um gata em seu dono fez a mente dele nublar um pouco.

Ela murmurou franzindo o cenho:

— Luka?

Adrien retesou de leve e isso fez Marinette agarrar-se com mais determinação nele, escondendo o rosto na curva do pescoço dele. Aos poucos ela voltou a consciência e abriu os olhos. Sem graça por ter acordado nos braços do loiro sendo que dormiu fora deles ela levantou, acabando sentada sobre ele com as mãos apoiadas em seu abdômen.

Verdes encarando os azuis.

Adrien estava dividido entre uma curiosidade e uma irritação de fonte desconhecida. Nenhuma mulher, nenhuma, que passou pelos seus braços ou pela sua cama, acordou dizendo o nome de outro no lugar do seu. Mas ela não estava na cama dele pelo mesmo motivo que as outras, ela estava ali para ajudá-lo e mesmo que ele estivesse um pouco confuso em relação aos próprios sentimentos, aquele murmúrio fez ele notar que desconhecia totalmente os dela.

Ele quebrou o silêncio:

— Bom dia princesa.

Marinette corou e desviou os olhos dos dele.

— Bom dia Adrien.

Ele se mexeu fazendo com que ela se desequilibrasse e caísse com o nariz quase encostado no dele. Os olhos dela lembravam um céu de tarde sem nuvens, uma coisa que trazia para ele a sensação de segurança que ele tinha na infância. Com uma certa relutância ele ajudou ela a parar deitada do outro lado da cama, só seus dedos das mãos entrelaçados.

Adrien jogou verde sem olhar para ela:

— Luka é o seu namorado?

Marinette olhou para o loiro desconcertada.

— O Luka de quem estamos falando em questão é o guitarrista da Plagg?

Adrien lembrou dela falar dele vagamente no Miraculous.

— Esse é o mesmo Luka com quem você sonhou e acordou falando o nome?

O peso do colchão mudou ao lado dele, obrigando-o a virar de lado para poder vê-la encarando-o com legítimo interesse.

— Eu falei o nome dele dormindo?

Adrien assentiu. Marinette bufou e revirou os olhos em forma de descaso.

— Não acredito nisso, sei que falo dormindo, mas na maioria das vezes não são palavras inteligíveis. O Luka é como um irmão mais velho, um amigo que me dá conselhos e enche o meu saco. 

Adrien deu de ombros mudando de assunto:

— Você que desenhou e costurou aquela blusa de moletom de gato, não foi?

Marinette sorriu assentindo.

— Lembro de ter feito duas blusas daquela para o Luka, você ficou com as duas?

Adrien sorriu.

— Sim. Antes de ter essas blusas eu costumava cantar com roupas pretas comuns e uma máscara preta, sem nada que lembrasse de fato um gato, mas nos últimos três anos o Luka trouxe essas duas blusas para mim e disse que ia completar o meu visual. Em troca das duas blusas ele levou uma jaqueta de couro azul com tachinhas que o meu pai me deu de um dos desfiles da Agreste.

Marinette sorriu.

— Naquele noite em que o letreiro caiu sobre nós dois. Desenhei dois modelos diferentes para esse moletom: uma blusa esporte sem mangas com um capuz com as famosas orelhas de gato e uma jaqueta de couro com o corte diferente, no lugar do zíper  um guizo dourado. Algo bem felino para o gatuno que é o vocalista da Plagg.

Adrien conseguiu imaginar as peças e gostou delas.

— Estava pensando em como faria para entregar essas roupas para você e até tentei pedir ajuda para o Luka, mas ele disse que a identidade do vocalista da banda era um caso de extremo sigilo. Ele disse que se me dissesse como te encontrar e quem você era, ele teria que me matar. Dramático!

Adrien soltou uma risada contida.

— Ele leva a nossa amizade a sério, antes de sermos uma banda somos amigos e ele sabe como a minha imagem poderia fazer mal a banda ou vice-versa.

Marinette concordou com um menear de cabeça fazendo com que alguns fios do seu cabelo caíssem sobre seus olhos. Adrien com a mão que estava livre, tirou os fios dos olhos dela, Marinette acompanhou o gesto leve dos dedos dele no seu rosto com olhos atentos.

 

Pov Marinette Dupain Cheng

O cheiro do perfume dele ficou impregnado nela e ela teve que admitir que a fragrância do perfume de comemoração do Adrien, realmente era gostosa. Ela não compreendia como podia ter sonhado com o leso do Luka, tendo Adrien do seu lado na cama. Antes o loiro só estivesse ao lado dela na cama, não ocupando os pensamentos dela e os esboços que ela queria desenhar. Adrien estava dançando nos pensamentos dela, expulsando todo o resto da sua mente com apenas um sorriso. 

Ali tirando os fios pretos do rosto dela com uma calma fora do normal ele fez ela ansiar por mais, assim como no dia em que ela conheceu ele, quase caindo daquele tablado de madeira. 

Ela chegou mais perto dele enquanto Adrien inclinou-se na direção dela, as faces muito próximas, as respirações  mesclando-se, o verde imerso no azul, os lábios quase se tocando, ela fechou os olhos esperando o roçar de lábios que não veio.

A porta do quarto foi aberta por Natalie acompanhada do Gabriel.

Adrien afastou-se dela por completo e demonstrou surpresa quando sentou-se na cama sem levar nenhum choque. Marinette abriu os olhos e tentou manter a própria respiração e emoções sobre controle.

Natalie não disse nada observando-os. 

Gabriel saudou-os:

— Bom dia! Vejo que as oito horas realmente estão fazendo efeito.

Adrien levantou da cama sem problemas e Marinette fez o mesmo, tentando ignorar o olhar paternalista e curioso do Gabriel.

Adrien sorriu confortável por poder pegar uma toalha e tomar banho sozinho.

Natalie começou a passar a agenda dele, mas para surpresa de ambos, Adrien tinha duas horas exatas de compromisso sozinho, depois passaria o dia resolvendo coisas com Marinette e Gabriel no atêlie.

Marinette deixou o quarto do loiro e foi para o próprio. Ela estagnou surpresa com a decoração do quarto similar ao dela na padaria. As paredes rosadas com detalhes brancos, a máquina de costura, a escrivaninha e penteadeira, a colcha rosa com alguns ursinhos de pelúcia pela cama. Só faltavam os pôsteres do Adrien, o sótão e alguns móveis decorativos para ser realmente igual ao quarto dela.

Ela concentrou-se em pôr as roupas no guarda roupa e tomar um banho. O quarto dela também tinha um banheiro, sem banheira, mas não deixava de ser excelente para os padrões da azulada, ela preferia o chuveiro. Saiu do banho sem pressa, vestiu uma calça jeans clara, uma blusa no estilo cigana branca, uma sapatilha rosa claro e no cabelo maria chiquinhas baixas com gominhas rosadas. Adrien não passaria a manhã com ela, então ela podia concentrar-se nos esboços que gostaria de mostrar para o Gabriel.

Pegou o croqui no qual veio trabalhando na última semana, os desenhos com a coleção da primavera da Grife Agreste e colocou dentro do portfólio duas folhas avulsas com os esboços das novas blusas do Cat Noir. Ela trabalharia nesses dois desenhos na máquina de costura do seu quarto.

Desceu as escadas e foi surpreendida por duas mãos tampando os seus olhos.

— Adivinha quem é!

Sentindo o perfume e pela voz inconfundível, ela sabia que era o loiro.

— Adrien para com isso, Natalie deve estar te esperando.

Ele tirou as mãos dos olhos dela para apoiá-las em seus ombros.

— Você não sabe brincar Mari. Ou seu senso de humor costuma pifar pelas manhãs?

Ela observou ele de baixo a cima, admirando todos os detalhes do terno preto, da camisa social branca e da gravata verde esmeralda realçando os olhos dele. Incrivelmente diferente do Adrien de pijama pela manhã.

Ele deu um sorriso debochado e passou a mão pela lateral do rosto dela.

— Acho que tem uma gotinha de baba escorrendo por aqui.

Ela desvencilhou-se dele e abraçou o portfólio como um escudo.

— Acho que me enganei a seu respeito Adrien, você é tão narcisista como as revista dizem.

O loiro colocou as mãos no coração e fez cara de dor.

— Não diga essas coisas princesa, sou muito mais do que um rostinho bonito nas capas dos tabloides.

Marinette aproximou-se dele ficando na ponta dos pés, logo em seguida, ela deu um peteleco na testa dele.

— Deixa de brincadeiras e vai cumprir a sua agenda Sr. Agreste.

Adrien bateu continência para ela e estava afastando-se quando Marinette o impediu para dar uma última ajeitada em sua gravata. Gabriel assistiu a cena do corredor, ele estava gostando do que estava vendo entre os dois, do seu ponto de vista um mundo cor de rosa parecia rondar o jovem casal.

Marinette pegou uma xícara de café com bastante açúcar e foi direto para o atêlie. Parou diante dos grandes rolos de tecido separados por texturas e cores. Olhou para os floridos e estampados de forma primaveril, mas preferiu investir em uma paleta de cores quentes mescladas com algumas cores frias. Pegou os tecidos que selecionou e levou eles com certa dificuldade, porque eram muitos, para mesa central do atêlie.

Gabriel sentou na poltrona lateral a mesa e ficou observando sua pupila trabalhar na escolha dos tecidos, ele ainda não sabia o que ela tinha em mente, mas gostou do jogo de cores em cima da mesa e a satisfação pessoal estava um pouco maior do que a profissional naquele momento. Gabriel conseguia vê-la em um lindo vestido de noiva, podia imaginar seus netos correndo pela sala e sentir a alegria do seu filho ao lado dela.

Marinette estendeu um desenho para ele.

— O que acha da composição de cores e texturas para esse modelo?

Gabriel pegou a folha e acompanhou os traços suaves do vestido, mentalmente construiu a peça e gostou do resultado. Sorrindo de lado ele levantou da poltrona andando até a mesa, pegou alguns alfinetes e Marinette o acompanhou. Os dois começaram a fazer sua mágica.

O vestido acinturado com uma saia de duas cores, lembrava a leveza de uma tarde de primavera, o tecido rosado misturado com um verde orvalho. Depois de fixarem os tecidos cortados com alfinetes no manequim, os dois começaram a avaliar os cortes e detalhes que iriam acrescentar. Os bordados suaves nas mangas caídas nos ombros, o acabamento da saia, tudo precisava ser perfeito. 

Gabriel sugeriu:

— O que acha de um efeito 3D para essa peça?

Marinette conseguia visualizar as flores bem cortadas em um rosa mais escuro na parte verde da saia.

Ela concluiu animada:

— Vai ficar incrível! 

Os dois se perderam ali, entre tecidos e alfinetes.

 

Pov Adrien Agreste

Os dedos da Marinette ajeitando gravata dele, a agilidade misturada com sutileza, o gesto ficou rondando na mente dele. Adrien foi até a empresa sem muita vontade de conversar com os acionistas novos do seu pai. Terminou a parte administrativa dos negócios quinze minutos antes do prazo previsto por Natalie, mas essa vantagem logo foi perdida no trânsito, dentro da limousine ele vislumbrou as ruas de Paris, crianças alegres, casais pelas ruas, idosos nos bancos dos parques, todos estavam matando seu tempo sem horários, sem compromissos agendados, ele nunca pode fazer isso, mas estava pensando em tirar um mês de férias. Depois de tantos anos sem sair, ele pretendia tomar um sorvete, ir para um bar a noite, mas sem precisar fugir pela janela do quarto.

Desceu na praça e a equipe o recepcionou.

Vincent sorriu amplamente para Adrien.

— Como vai o homem mais sexy de Paris?

Adrien deu de ombros arrancando a gravata.

— Vou bem. Como foi sua sessão de fotos das lingeries Bourgeois?

A equipe ajudou Adrien a trocar de roupa dentro de um biombo. 

Vincent suspirou descontente.

— Aquela garota não entende o verdadeiro significado de arte! Ela pode até ser fotogênica, mas não passa de um rostinho bonito, sem meu toque especial, ela perde totalmente o brilho.

Adrien saiu vestindo uma bermuda jeans clara leve, uma blusa verde água de botões levemente aberta, com o cabelo meio úmido e um pouco bagunçado, detalhe que as maquiadoras destacaram. Pegou a jaqueta jeans que combinava com a bermuda e deixou-se ser conduzido por Vincent durante a sessão de fotos.

Sentou na beirada da fonte, tomou sorvete de baunilha apoiado em uma árvore, andou entre as sombras das árvores, sentou no banco de madeira em diversos ângulos e poses. Quando as fotos acabaram ele estava exausto, mas a parte mais divertido foi quando Vincent perguntou com quem ele tiraria fotos para exibir o perfume Agreste In Lov& do dia dos namorados daquele ano. Adrien queria estar com a Ladybug, mas não sabia se o seu pai e a Marinette estariam de acordo com esse tipo de publicidade.

Chegou em casa e tomou um banho rápido, pelas contas da Natalie ele começaria a dar choques em poucos minutos. Desceu as escadas e entrou no ateliê. Marinette estava ajoelhada no chão, colocando alfinetes na barra de um vestido, o seu pai estava concentrado nas mangas, os dois moviam-se em sincronia. Quase um ballet com os seus movimentos perfeitos e calculados, eles não olhavam-se enquanto costuravam, mas em momento nenhum esbarravam-se ou desencontravam-se durante os detalhes finais da confecção daquela peça.

Adrien sentiu-se fascinado e andou calmamente até os dois. Gabriel o viu primeiro, mas decidiu não dizer nada, ele queria ver como sua pupila lidaria com a invasão do seu santuário. 

Marinette soprou a franja que insistia em cair sobre os seus olhos. Adrien passou a mão ali segurando os fios, enquanto ela terminava de alinhar a bainha da saia. Os olhos azuis subiram de leve encontrando os verdes, Marinette soltou a caixa de alfinetes e sem perceber espetou o dedo.

— Aí.

Adrien soltou a franja dela e ergue-a com facilidade do chão sentando-a sobre a mesa central ao lado do manequim.

— Você é sempre desastrada assim? Ou a minha presença te distraí?

Marinette bufou e revirou de leve os olhos.

— Nunca derrubei nada nesse ateliê. É a primeira vez, pode perguntar para o Gabriel.

Gabriel assistia a cena divertindo-se com a dinâmica estranha entre o seu filho e sua aluna estilista.

Adrien riu e avaliou o dedo dela.

— Você vai sobreviver para terminar o vestido.

Ela deu de ombros e puxou a mão de volta para si.

— Será que vou?

Adrien colocou-se em uma posição pensativa, com uma mão cruzada na frente do corpo e a outra embaixo do queixo.

— Minha mãe tinha um remédio infalível. Você quer um pouco?

Marinette olhou para ele curiosa.

— Acho que sim.

Adrien aproximou-se dela e antes que Marinette tivesse tempo de empurrá-lo para longe, ele beijou a mão dela, depois a ponta do dedo machucado.

Gabriel logo deu uma gargalhada da cara espantada e corada da Marinette.

Tentando justificar o comportamento do filho ele disse:

— Emilie costumava dizer que um beijo tem o poder de curar todos os machucados e de espantar todos os monstros.

Adrien ficou um pouco acanhado ao notar que o pai dele estava ali assistindo-os.

— Ela também costumava espantar os meus pesadelos, pai.

Gabriel deu de ombros.

— Mas aí ela usava uma canção de ninar, não um beijo.

Gabriel colocou a mão no ombro do filho e tomou um choque. Surpreso ele olhou do filho para pupila.

— Acho que vocês precisam passar um tempo juntos.

Uma Marinette ainda corada perguntou:

— Posso terminar de alinhavar esse vestido?

Gabriel começou a recolher os alfinetes pelo chão, Adrien pensou em ajudar, mas ele não conseguiria nada sem a azulada.

— Não precisa, podemos terminar essa peça amanhã.

Marinette assentiu e desceu da bancada, ela ajudou Gabriel a colocar os alfinetes de volta na caixa, pegou seu croqui e quando virou-se novamente para o seu mentor deu de cara com o peitoral do loiro.

Ela desviou dele e perguntou:

— Tem uma blusa que eu desenhei para um amigo meu e eu gostaria de tentar montá-la. Posso usar os retalhos dos tecidos da coleção urbana?

Gabriel terminou de recolher os alfinetes com facilidade levantando-se respondeu:

— Pode, mas se precisar de alguma outra cor ou tecido que não estão nos retalhos, peça ajuda para o Adrien e corte dos rolos do depósito lateral do ateliê. Depois você me mostra esse desenho. Vou deixá-los a sós, para terem um pouco mais de privacidade.

Marinette ficou estática e Adrien deu de ombros desconcertado.

— Ele acabou de insinuar que temos algo para resolver my lady?

Marinette deu um pequeno empurrão no loiro.

— Não dê asas a imaginação dele. Gabriel vive me enchendo de histórias alegres e românticas, ele acha que eu passo tempo demais trancada nesse ateliê.

Adrien sorriu colocando as mãos nos ombros da azulada.

— Estranho, quando eu era mais novo ele queria que eu passasse mais tempo por aqui.

Marinette estendeu a mão para Adrien que pegou, os dois de mãos dadas andaram até uma caixa escondida debaixo da bancada lateral.

Marinette soltou a mão do loiro e sentou-se no chão mexendo na caixa.

— Talvez ele não quisesse te prender aqui, mas sim passar mais tempo com você. Essa sala é como um santuário, aqui se cria, se costura, dá-se forma. 

Adrien encostou-se na azulada, sentando-se ao lado dela, suas mãos próximas e seus joelhos se tocando, permitindo que o loiro também pudesse mexer nos tecidos dentro da caixa.

— Talvez você tenha razão Mari.

Ela sorriu para ele.

— Eu sempre tenho.

Ele notou que ela estava pegando pedaços de couro preto, alguns retalhos grandes outros menores, ela também pegou retalhos de jeans escuro, quase preto, todos os tecidos que ela selecionava puxavam para esse tom.

— Posso te ajudar em alguma coisa, Mari?

Ela deu de ombros.

— Preciso de um tecido verde, mas não um verde chamativo.

Adrien assentiu e começou a procurar junto com ela, Marinette continuava pegando os tecidos pretos e ele os verdes que encontrava. Com olhar análitico a azulada separou tudo que ela utilizaria e o que não teria serventia ela jogou de volta na caixa. Os dois levantaram juntos do chão e Marinette levou os tecidos para bancada principal.

Ela olhou Adrien de cima a baixo.

— Agora preciso conferir algumas medidas suas. Posso?

Adrien assentiu, Marinette pegou uma fita métrica e tentou medir os ombros dele, com a diferença de altura a tentativa dela foi frustrada, então ele sentou-se na cadeira e ela conseguiu medi-lo com perfeição.

Adrien ficou sentado enquanto ela cortava as peças e os moldes, depois Marinette dispensou o manequim e utilizou ele como modelo, colocando os alfinetes e rindo sempre que ele fazia alguma piada sobre ser espetado.

Assim que ela terminou de alinhavar e marcar a peça ela disse:

— Consegue andar assim até o meu quarto?

Adrien deu de ombros assentindo.

— Acho que sim, só preciso segurar em alguma parte de você.

Marinette sorriu, arrumou a bagunça que eles tinham feito no ateliê e levou o seu modelo para terminar a blusa.

Adrien sentou na cama da azulada e ela ajudou ele a tirar a camisa cheia de alfinetes sem machucar-se.

— Vou terminar a sua camisa nova em um instante, mas preciso que você não se mexa, assim não vai levar choques.

Adrien assentiu, observando os dedos ágeis dela na máquina de costura, olhou a decoração do quarto e notou como o cômodo era feminino e cor de rosa. Marinette pulou na cama ao lado dele, tirando-o dos seus pensamentos.

Os olhos dela brilhando de satisfação, estendendo a camisa preta na direção dele.

— O que me diz da sua nova regata com capuz, tem as suas orelhas de gato, e o fundo delas é verde, assim como o fundo do capuz, quando estiver no verão parisiense vai poder tocar nos pubes sem precisar sentir calor de moletom.

 

Pov Marinette Dupain Cheng

Adrien pegou a blusa das mãos dela e Marinette colocou as mãos sobre perna dele tentando evitar que ele se machucasse, deixando-o paralisado. O toque dela o pegou desprevenido, e ele corou sem perceber. Marinette até pensou em tirar suas mãos do loiro, os dois estavam ali sentados na cama do quarto que era tecnicamente dela, fazendo-a se questionar se era mesmo uma boa ideia estar tão próxima dele depois de ter ansiado por beijá-lo naquela manhã, mas não o fez, ela não se afastou nenhum milímetro sequer dele.

— Desculpa, não queria te deixar sem graça Adrien. É que se eu não encostar em você…

Ele piscou e balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos nebulosos. Os olhos dela com dois tons de azul diferente, se ele não soubesse que ela era uma joaninha teria confundido aquele olhar com o de uma gata.

— Sem problemas Mari.

Ele colocou a blusa entre eles, tampando o rosto dela, como se isso fosse ajudá-lo a pensar de maneira coerente.

Ela já não sabia mais o que fazer.

Colocar as mãos nele era natural, tirar medidas dele, costurar com ele ao seu lado, ela conseguia comer com ele, rir com ele, ver filmes ao lado dele, dançar, sorrir, fazer piadas e até correr em uma maratona, ela nunca havia feito algo parecido. Porque ainda conseguia deixá-lo desconfortável? Ela pensou em levantar da cama, mas sabia que ele se machucaria se ela fizesse isso.

Esperou até ele abaixar a blusa, mas ele não o fez. 

Estava pensando em fugir quando Adrien disse:

— Estamos juntos a três dias e uma noite, e eu já fiz mais coisas com você do que com qualquer outra pessoa. Compartilhei almoços, lanches, sessões de fotos, segredos e até mesmo meus gostos que eu nunca havia reparado que eu tinha. Estou me sentindo confuso. Você é a primeira mulher a me deixar assim, sem saber até onde posso ir, se eu devo ir.

Marinette suspirou e sentiu-se grata por ele ainda estar segurando a blusa entre eles, uma cortina perfeita para ela poder confessar os seus pecados.

— Eu também não estou no meu equilíbrio perfeito. Eu senti o ar faltar quando olhei no fundo dos seus olhos naquele camarim. Você foi grosso, metido e totalmente desagradável, mas quando sorriu, pareceu sincero, pena que a sua sinceridade foi destruída pelo seu sarcasmo. Depois conversamos no pube, cada um com a sua máscara, sem pressão, sem mundo real, foi bom, estar com você foi quase mágico.

Ele a interrompeu:

— Eu diria eletrizante.

Ela deu um tapa no joelho dele.

— Não faça piadas com essa situação.

Ele riu.

— Sei bem o que quer dizer Bugaboo. Mas no outro dia de manhã o gato voltou a ser eu e a joaninha você, tivemos que passar um dia inteiro juntos fazendo as minhas obrigações e hoje te atrapalhei a trabalhar com o meu pai.

Ela deu de ombros.

— Isso mesmo o seu pai, sabe ele me disse que queria que nos déssemos bem, mas me pergunto se ele gostaria de nos ver assim.

Adrien abaixou a blusa que os separava.

— Assim como?

— Confusos, Adrien.

Ele soltou a blusa e colocou as mãos nos ombros dela.

— Não estou confuso em relação a mim, estou confuso em relação a você. 

Ela não disse nada, pois a porta foi aberta por Nathalie e uma loira que estava atrás dela, não muito satisfeita com o que via ali.


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Notas finais do capítulo

Desculpa pelo sumiço!
Até o próximo capítulo



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