Spark escrita por Lady M


Capítulo 3
Capítulo 3: Um dia na agenda do modelo


Notas iniciais do capítulo

Como prometido mais um capítulo toda sexta-feira ou sábado!
Espero que gostem!



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Pov Adrien Agreste

O loiro teve dificuldades para realizar as tarefas simples depois que Marinette deixou sua casa. O quarto dele ficou sem graça, ele não podia tocar piano, não podia ler os relatórios de vendas da empresa em paz, não podia mexer no celular para conferir o ibope que estava recebendo o desfile, muito menos ligar para o Nino para perguntar se o lance entre ele e a tal da Alya era sério. Tudo dava choque, tudo causava dor, inclusive tomar banho, uma tarefa simples e necessária. 

Adrien tentou encontrar uma forma de justificar a presença constante de Marinette na mansão Agreste sem que o pai começasse a achar que os dois estavam querendo acabar no altar ou que ele estivesse tirando vantagem da pupila brilhante do mesmo, mas nada parecia plausível. Marinette como Ladybug tinha uma agenda divergente da dele, os compromissos dele fariam o trabalho dela com o pai dele desandar. Ele tinha consciência de que mentir para proteger sua banda seria mesquinho, principalmente quando isso afetaria a vida de outras pessoas além da dele.

Com vinte e cinco anos nas costas ele decidiu tomar vergonha na cara e ir contar tudo ao pai dele, sabia que a reação inicial de Gabriel podia ser explosiva, mas era melhor enfrentar um furação do que uma falsa geada. Sair do quarto foi dolorido, entrar no escritório do pai dele sem deixar transparecer os choques de imediato foi uma tarefa de agente secreto, mas ele deu conta do recado. Sentou na cadeira evitando o contato da pele com o estofado e chamou a atenção do pai com um tamborilar de dedos na mesa de mogno.

— O que o trás aqui a essa hora Adrien?

Meio relutante e não sabendo bem como abordar o assunto o loiro começou:

— Pai, sei que não venho sendo muito transparente com você, faz exatamente dez anos que não sou sincero com você. Eu me sentia pressionado, queria ser o melhor para que você sentisse orgulho de mim, das minhas conquistas, de todas elas para ser mais exato, mas no final nada do que eu fazia e conquistava parecia ser o suficiente.

Gabriel encarou o filho com preocupação. Talvez ele não tenha sido um bom pai como imaginava, Adrien mesmo sendo um adulto parecia com aquele menino de doze que tinha acabado de perder a mãe ali sentado na frente dele.

— Os anos se passaram e eu comecei a perceber que não era a sua intenção me afastar de você, mas me afastar das lembranças que a minha mãe tinha construído, uma maneira de me afastar da dor. Pai a dor foi feita para ser sentida, não esquecida, sei que nunca teve a real intenção de me fazer ser perfeito, mas a mídia cobrou isso de mim, a grife cobrou isso de mim, tive que amadurecer antes de todos os meus amigos. Contudo ainda era apenas um adolescente rebelde, foi aí que eu comecei a mentir para você, quando completei quinze anos comecei a participar ativamente de uma banda de garagem. Antes eu só escrevia as letras, ajudava nas melodias, mas nunca tinha ido em um show. Acho que você lembra do meu aniversário de quinze anos.

Gabriel lembrava sim, foi um desfile de última hora, uma tentativa de reerguer-se. No aniversário de quinze anos do seu filho também era o aniversário de três anos de falecimento da sua amada esposa. Gabriel decidiu homenageá-la com um desfile inspirado nela, ele deixou o filho passar o aniversário sozinho.

Adrien sorriu triste.

— Naquela noite foi a primeira de muitas vezes que fugi pela janela do meu quarto. Desculpa por não ter te contado, mas eu tinha certeza que você o Poderoso Gabriel Agreste não deixaria seu único filho menor de idade tocar em pubes e bares por zonas boêmias de Paris.

Gabriel colocou as mãos entrelaçadas sobre a mesa. Os olhos azuis dele não possuíam um único traço de ódio, mas sim de ressentimento, preocupação e culpa.

Limpando a garganta Gabriel começou a dizer:

— Sinto muito, muitíssimo por ter feito você se sentir dessa forma por todos esses anos. Eu te amo Adrien, você é o melhor presente que eu já recebi na vida, mas quando sua mãe sofreu aquele acidente de carro um pouco antes do piquenique que planejamos para o seu aniversário de doze anos eu perdi o rumo. Ninguém me preparou para perder o amor da minha vida, sem ela eu nunca saberia como ser pai. Quando Emilie me contou que estava grávida eu surtei, sempre fui viciado em trabalho, acreditei que ter um filho seria o fim da minha carreira, mas ela me mostrou que era apenas mais um começo, um belo começo, quando ela partiu eu não sabia como seguir em frente. Sei que nunca fui um pai muito presente, mas sempre tentei estar ali de alguma forma para você, tentei acatar os seus desejos e deixei você estudar em uma escola em vez de em domicílio, tentei deixar suas agendas mais leves durante esses anos, mas quanto mais velho você ficava mais responsabilidades puxava para si. 

Adrien deu de ombros.

— Eu também te amo pai. Puxei as responsabilidades para mim porque quanto mais velho eu ficava mais notava a maneira como o trabalho sugava você, achei que ao dividir essa carga entre nós dois mais tempo ficaríamos juntos e funcionou, durante um tempo nós fomos unha e carne, mas nunca fomos 100% sinceros um com o outro. Eu escondi a Plagg de você e você escondeu a saudade que sentiu da mamãe por todo esse tempo de mim.

Gabriel reconheceu o nome da banda, uma banda que Marinette apresentou para ele durante uma tarde em que estavam costurando em seu ateliê.

— Meu filho, a saudade que sinto da sua mãe sempre estará aqui, mas eu aprendi a vê-la através de você, os olhos dela são os seus, a determinação dela é igual a sua. Você é a presença dela nesse mundo e isso me conforta. 

Adrien sentiu-se leve, ali estava o pai dele, sendo compreensível e até amável.

— Mas eu ainda quero saber que história é essa de sair escondido para tocar com uma banda e ainda por cima arriscando a sua vida e segurança quando ainda era menor de idade. 

Adrien explicou como a banda surgiu, como conheceu os outros integrantes e o principal e crucial que era como mantinha o anonimato, pelo menos até a noite anterior. Contou sobre a abertura do show do Jagged Stone, sobre o bar Miraculous e também falou sobre a situação delicada entre ele e a Ladybug. 

— Então você conhece a identidade secreta da Ladybug?

Adrien sorriu.

— Não tinha como descobrir o que aconteceu comigo sem revelar quem eu sou por trás do meu alter-ego e o mesmo aconteceu com ela. Tenho que te agradecer por ter colocado ela como assistente hoje, senão eu não teria conseguido ter uma única refeição tranquila.

Gabriel franziu o cenho claramente insatisfeito e irritado.

— Quando Natalie disse que você não estava passando bem ela já tinha conhecimento dessa situação e não me comunicou?

Adrien esclareceu:

— Ela não sabia da situação real, a única coisa que ela viu quando a abriu a porta do meu quarto foi Marinette e eu abraçados e caídos no chão do meu quarto com Nino e a namorada dele rindo de nós dois. Quando ela voltou mais tarde contei tudo para ela, mas desde então estou sem notícias dela.

Gabriel ligou para Natalie, mas ninguém atendeu.

— Com ela me resolvo depois. 

Adrien assentiu e Gabriel encheu ele de perguntas sobre a banda, sobre os shows e como ele estava se sentindo com a corrente elétrica que estava dispersando do seu corpo. Acabaram escutando algumas músicas da Plagg juntos e as músicas favoritas de Gabriel tinham sido escritas e compostas em sua maioria por Adrien.

Natalie chegou e interrompeu esse momento pai e filho.

— Desculpa a demora Sr. Agreste, mas tinha um probleminha para resolver.

Gabriel lançou um olhar gélido para a assistente pessoal.

— Natalie quando os seus “probleminhas” forem referentes ao meu filho gostaria que me informasse deles.

Natalie abaixou a cabeça e segurou a prancheta entre os dedos com força.

— Sim senhor.

Gabriel fez um gesto com a mão pedindo para que ela se aproximasse da mesa.

— Tem alguma novidade sobre o estado do Adrien ou alguma solução que não demova Marinette das suas tarefas diárias?

Natalie estendeu a prancheta para Gabriel que percorreu os olhos pelos gráficos sem entender nenhum deles.

Adrien perguntou:

— O que são essas linhas?

Natalie ajeitou os óculos sobre o nariz.

— Adrien foi atingido por uma grande corrente elétrica, mas como compartilhou essa corrente com Marinette eles ficaram carregados de formas diferentes. Adrien tem um excesso de elétrons e Marinette um excesso de prótons, um acaba anulando a carga do outro. De acordo com a cientista física da Académie des Sciences, Dra. Mendeleiev, Adrien vai precisar ficar com a Marinette até os seus corpos descarregarem, algo que não tem um tempo determinado para acontecer. 

Gabriel ficou descontente com essa falta de precisão.

Adrien perguntou:

— Ela tem alguma estimativa, algum cálculo para quanto tempo eu teria que ficar em contato com a Marinette para poder ficar pelo menos um pouco sem encostar nela?

Essa pergunta fez Gabriel ter esperanças de ter sua pupila com ele por pelo menos uma hora e dar para o seu filho um momento de privacidade.

Natalie olhou para prancheta e encontrou a resposta.

— Segundo os gráficos e os cálculos da Dra. Mendeleiev, se você e a Marinette ficarem em contato por oito horas seguidas, você poderá ficar duas horas sem precisar encostar nela. As descargas cessaram nessas duas horas, graças ao contato constante das oito horas.

Gabriel sorriu aliviado.

Natalie declarou:

— Então vou ligar para Marinette e pedir que passe o próximo mês aqui na Mansão Agreste, se as descargas cessarem por completo antes do fim desse período ela poderá voltar para casa dela e o Adrien poderá voltar a sua rotina com normalidade.

Gabriel assentiu, mas chamou Natalie assim que se lembrou da situação dos pais da Marinette:

— Natalie, preciso que crie um contrato falso para ela como cozinheira, ou algo relacionado a cozinha da mansão, os pais dela não vão poder recusar nem suspeitar de algo. E avise aos decoradores para preparar o quarto de hóspedes mais próximo do quarto do Adrien. Marinette gosta de tons claros e róseos. 

Esses pedidos deram um trabalho extra para Natalie.

Adrien foi dormir com um número grande de roupas, assim ele sentia menos as descargas elétricas, pois evitava um contato direto da pele com a cama.

 

Pov Marinette Dupain Cheng

Marinette disse para os seus pais que foi convocada por Gabriel Agreste para trabalhar na cozinha da Mansão Agreste, os pais dela encheram-se de orgulho e Marinette quase contou a verdade para eles, mas seria demais se ela falasse da mentira do curso, do pseudônimo e do letreiro de néon no mesmo dia.

Gorilla buscou ela na porta da padaria dessa vez. A mala dela era simples, poucas peças de roupa compunham o guarda-roupa da estilista, mas todas eram desenhadas e costuradas pela mesma. Sem muita animação foi embora com o motorista e guarda-costas.

Gorilla notou a falta de ânimo não comum da azulada, por isso perguntou:

— Como está o tempo hoje senhorita?

Marinette sorriu.

— Agradável Gorilla, mas e as coisas na mansão?

Gorilla atualizou Marinette sobre a reação do Sr. Agreste em relação ao filho. Adrien contou sobre a banda para o seu pai e ficou surpreso quando Gabriel revelou que gostava das letras das músicas da Plagg, as poucas músicas deles que Gabriel já tinha escutado na rádio enquanto desenhava com Marinette no ateliê ele havia gostado. A decepção veio por conta da mentira, ele sentiu-se mal pelo fato do filho preferir mentir para ele do que contar a verdade desde o inicio, Gabriel também enfatizou a irresponsabilidade de Adrien por fazer shows em bares quando ainda era menor de idade. Tirando isso a preocupação maior do momento era descobrir como acabar com aquelas faíscas. Marinette era uma solução paliativa, Gabriel não queria que sua pupila ficasse presa ao seu filho, não se o motivo fosse apenas esse. Ele via algo a mais para os dois, mas não podia jogar isso neles ainda.

Quando chegou na mansão Gorilla carregou a mala dela até o quarto de hóspedes que convenientemente era ao lado do de Adrien. Gabriel veio recebê-la e os dois tomaram café da manhã juntos. Adrien ainda não tinha acordado.

— Então você vai ficar com ele o dia todo Mari?

Marinette percebeu a preocupação nos olhos azuis do Gabriel.

— Vou, pode ficar tranquilo que nada de ruim vai acontecer com ele.

Gabriel suspirou.

— A agenda dele diverge da sua em vários aspectos, mas podemos desenhar juntos mais tarde.

Marinette concordou e foi para o quarto dela para poder colocar as coisas em ordem, mas chegando na porta do loiro escutou um barulho abafado.

Ela bateu na porta e ele respondeu:

— Pode entrar.

Marinette abriu a porta e notou que Adrien estava vestido como um esquimó, luvas, meias, casaco, calça, o ar condicionado do quarto dele estava quase no máximo, fazendo-a sentir frio imediatamente.

— Bom dia Marinette.

Marinette sorriu, era a primeira vez que ele dizia o nome dela, não estava chamando ela de Bogaboo ou de princesa, se bem que o último não a incomodava quando ele estava mascarado.

— Bom dia Adrien.

Ele arregalou os olhos um pouco surpreso, mas sorriu.

— Por que está vestido desse jeito?

— Estou tentando encostar nos objetos, essa é quinta tentativa e mesmo com essa roupa não está funcionando.

Marinette pegou na mão dele para avaliar o material da luva.

— O tecido desta luva é composto por 76% de lã, isso nunca vai dar certo com essa luva.

Adrien pareceu entender e arrancou a luva soltando leves faíscas prateadas.

— Vou ver se Gabriel tem algum material que não conduz eletricidade, posso desenhar algumas peças com ele, assim poderemos testar a sua ideia de roupas isolantes como proteção entre você e o meio.

Ele sorriu satisfeito.

— Isso pode poupar um pouco do seu tempo.

Marinette sorriu para o loiro.

— Talvez sim, mas por enquanto você precisa de mim Adrien.

Ele assentiu e arrastou a azulada para o banheiro com ele, ela ficou com as pontas dos dedos apoiadas no braço dele, enquanto ele escovava os dentes e colocava o cabelo em ordem.

Ele perguntou:

— Natalie já passou à minha agenda com você?

Marinette negou com um menear de cabeça.

Adrien terminou de escovar os fios loiros, mas continuou parado olhando para o espelho. Marinette não notou como os olhos dele deslizaram pela imagem dela no espelho, como o verde antes entediado tornou-se brilhante.

Com um tom de voz meio baixo Adrien perguntou:

— Preciso tomar banho, mas toda vez que tento tomo choque ou começo a soltar faíscas. Poderia me ajudar com isso Marinette?

Ela arregalou levemente os olhos azuis e desviou o rosto dos olhos dele tentando não transparecer o rubor que tomou conta da sua face. Sem perceber ela  afastou as pontas dos dedos do braço dele ocasionando um leve desconforto no loiro que ainda estava segurando o pente de cabelo. Ela notou o descuido e em vez de por apenas os dedos no braço ele, ela colocou a mão.

— Banho… você tomar, eu … água. Claro! Mas Como?

Ela tentou se recompor para parecer menos confusa, enquanto o loiro deu de ombros e jogou o pente no seu devido lugar.

— Eu posso te ajudar, mas ainda não sei como.

Ele sorriu de maneira provocativa, mas quando percebeu o desconforto real dela ele parou.

— Preciso que você abra a torneira da banheira para mim, assim posso tomar banho sem tomar choque. Também preciso de ajuda para tirar as roupas.

Marinette entendeu e tentou lembrar a si mesma que aquilo era um mal necessário. Adrien andou com ela segurando em seu antebraço de volta para o quarto. Ela acompanhou a silhueta dele, vestido ele já era capaz de fazê-la sonhar acordada, sem roupa e no banho seria o fim dos pensamentos coerentes dela.

O loiro começou a tirar as várias blusas de frio que ele estava usando com o auxílio da azulada, ela tentou bravamente não admirar o dorso dele, os anos de esgrima não foram de todos inúteis. Eles trocaram de lugar e ela ficou com as pequenas mãos apoiadas nas costas dele, dessa forma Adrien poderia se virar com as próprias calças. Assim que as mãos dela deslizaram pelas costas dele, algo que Marinette fez involuntariamente, ela notou que Adrien ficou arrepiado, mas ela preferiu desviar o olhar, já que ele estava arrancando a calça e ela se sentia na obrigação de dar um pouco de privacidade para o loiro.

Ela fechou os olhos quando ele ficou ali de costas para ela, vestindo apenas uma box preta.

— Marinette, sei que isso não é algo convencional, mas eu realmente preciso tomar banho, então você poderia entrar no banheiro e ligar a torneira da banheira, assim eu evito choques e ficar nu na sua frente.

O constrangimento estava presente em ambos e isso acalmou o coração dela, por não ser a única ali fora de sua zona de conforto. Mesmo o loiro tendo feito vários ensaios de cueca e alguns ensaios mais eróticos para o dia dos namorados ele não estava levando aquilo numa boa.

 

Pov Adrien Agreste

Quando Marinette saiu da vista do loiro ele relaxou. As coisas na parte baixa do seu corpo não estavam calmas como ele gostaria, mas era a primeira vez depois de tantos anos que uma mulher pisava no seu quarto e essa não estava ali a trabalho como as maquiadoras e assistentes do seu pai, ou por interesse nele como a Chloé. 

Adrien sabia como interagir com as modelos, mas aquilo estava longe da relação profissional que ele estabelecia com elas. As mãos dela deslizando pelo corpo dele, de maneira inocente, pois ela não estava olhando para ele com desejo, ela estava ajudando ele, apenas isso, mas para o seu corpo aquele contato já bastava para deixar a imaginação dele correr por outros lados. Lados que ele tinha plena consciência que não deveria explorar com ela.

O barulho da água acordou ele daquele transe. Adrien pegou a toalha e amarrou na cintura, não sentiu choque, mas notou uma mão apoiada nas suas costas.

— Você poderia tentar evitar encostar em qualquer coisa quando não estou por perto?

Ele soltou uma risada leve quando percebeu o tom acusador dela.

— Posso tentar, mas tem coisas que preciso fazer sem você, então é melhor eu aprender a lidar com a dor. Não acha princesa?

Ele olhou para ela e notou como as bochechas dela ficaram levemente rosadas.

— Não me chama disso.

Ele deu de ombros e andaram juntos até o banheiro, Adrien decidiu ficar de cueca mesmo, assim Marinette não precisaria largá-lo sozinho. Ele sabia que toda a população de Paris já tinha visto ele só com a roupa de baixo, então Marinette não deveria se incomodar de ver ao vivo e a cores o que provavelmente já esteve estampado na capa de várias revistas de moda. Ele entrou na banheira e ela sentou-se na beirada, colocando a mão apoiada no ombro dele.

Adrien pediu:

— Poderia me entregar aquele shampoo?

Marinette pegou o Shampoo sem desgrudar a ponta dos dedos do ombro dele. Ela correu os olhos pelo rótulo e ficou surpresa por ele usar os produtos da linha dele, a marca Agreste lançou um perfume e artigos de banho que Adrien fazia propaganda desde os doze anos, cada ano ganha uma edição especial para comemorar o aniversário do loiro.

— Você realmente gosta das fragrâncias que fazem baseadas em você?

Adrien sorriu enquanto deixava suas madeixas loiras cheias de espuma e a banheira recheada com mais bolhas de sabão.

— Gosto, quando completei dezesseis anos percebi que não queria ser apenas mais um garoto propaganda, eu queria vender mais do que um frasco. Não queria que os produtos que eu representava fossem falsos, então me empenhei com a ajuda do meu pai para produzirem produtos que eu e mais pessoas realmente gostem de usar.

Marinette olhou para ele com um interesse genuíno.

— Isso vale para as roupas?

Adrien enxaguou os fios dourados assentindo.

— Claro que isso vale para Grife Agreste. Sinceramente eu gostei das peças do último desfile, pareciam ser desenhadas para o uso casual o oposto de tudo que meu pai já desenhou especialmente para mim.

Marinette desviou os olhos dos dele por alguns segundos.

— Eu tentei captar a essência urbana de Paris, mas sem esquecer a sua essência. A grife gira em torno de você, então precisei perguntar coisas pessoais sobre o famoso Adrien Agreste para o Gabriel, coisas que uma revista de fofoca adolescente não poderiam me contar. Acho que esse foi um dos trabalhos mais complicados que realizei com o seu pai, ele não gosta muito de falar sobre você, acho que no fundo ainda não confiava em mim por completo.

Adrien escutou cada palavra com um conforto familiar. Marinette é a estilista confiante e renomada Ladybug, mas os traços ousados, as combinações de cores arriscadas que ela realizava escondiam a menina doce e meiga, até mesmo tímida a sua frente. Ela parecia uma assistente de camarim não tinha toda a pompa do seu pai ainda.

— O que você queria saber sobre mim?

Marinette sorriu tímida e disse brincalhona:

— Quando tinha quinze anos muita coisa, mas a principal delas era se você tinha mesmo uma namorada. Com dezesseis, eu queria saber as suas medidas, afinal como toda fã do seu fã-clube eu queria dar para você um presente único de aniversário, mas não um comprado em alguma loja, mas um feito a mão com bastante carinho. Com dezoito eu não queria saber mais nada, afinal o que me interessava de fato era a moda, não o modelo. E atualmente eu sei bastante coisa, coisas que as revistas de fofoca nunca vão saber.

Abismado e surpreso Adrien notou que Marinette foi sincera, ela era mais uma das suas fãs, mas com o passar dos anos o amor platônico por ele tornou-se o seu amor pela moda.

Enquanto ensaboava-se, ele perguntou:

— Além de saber que eu tenho uma vida dupla, o que mais você sabe sobre mim que os tabloides não sabem?

Com a mão livre Marinette colocou-se a numerar os fatos:

— Você gosta de roupas casuais, não dos ternos importados com o corte feito sob medida. Sua cor favorita é verde, não azul royal como as revistas indicam. Geralmente passa o seu aniversário sozinho, não comemorando como os tabloides sugerem. Chloé não é sua namorada de infância, apenas uma parceria lucrativa que vai e volta entre a Grife Agreste e a Lingerie Bourgeois. Você toca muito mais do que música clássica no piano e sabe tocar guitarra também. E com o que eu vejo dentro dessa banheira nunca precisaram retocar as suas fotos daquele último ensaio do dia dos namorados, mas provavelmente tiveram que fazer milagre na cara antipática da Chloé.

Adrien soltou uma sonora gargalhada com o final da declaração da mestiça. Aquele ensaio foi um dos piores que ele já fez na vida. As outras informações estavam todas certas.

— Admito que você sabe demais princesa, o que vai fazer a Natalie te obrigar a assinar um contrato de confidencialidade.

Marinette jogou água na cara dele com a mão desocupada.

— Quem vai ter que assinar um contrato vai ser você. Meu alter-ego é tão importante quanto a sua privacidade Chaton.

Adrien saiu da banheira pegando a toalha e enrolando na própria cintura. Marinette acompanhou ele até parar na frente do espelho e notar que a blusa rosa dela ficou toda molhada e meio transparente.

Adrien desculpou-se:

— Minhas sinceras desculpas Mari, mas acho que você também vai ter que trocar de roupa.

Ela deu de ombros e continuou com ele até o guarda-roupa. Colocou a mão apoiada nas costas dele e fechou os olhos. Adrien conferiu se ela estava mesmo de olhos fechados e ficou surpreso por ela manter-se firme sem dar nenhuma espiadinha. Se fosse o contrário ele teria essa autodisciplina? Ele acreditava que não.

Depois de estar devidamente vestido ele pegou um moletom já conhecido pela estilista e entregou-o a ela. Ele tinha duas blusas daquela, uma estava na lavanderia e aquela ele estava guardando para o próximo show, mas ali estava uma causa nobre para aquele moletom.

Marinette pegou a blusa de frio preta com orelhas.

— Ela está precisando de algum remendo? Está apertada? Precisa de algum ajuste?

Adrien sorriu e negou.

— Quem precisa vestir alguma coisa aqui é você.

Ela já ia tentar recusar quando ele virou de costas esperando que ela trocasse de roupa, ela não demorou e a blusa nela, ficava muito maior. Ele pode olhar para ela com atenção e descobrir que as mãos dela ficam inquietas quando ela está nervosa ou tímida. Com a toalha sobre os ombros ele tirou o excesso de água do cabelo e sentou no sofá com Marinette segurando no seu braço.

Natalie entrou no quarto acompanhada pela maquiadora.

— A agenda de hoje vai ser mais longa por conta do ajuste das seções de foto que você não realizou ontem. 

Adrien assentiu e a maquiadora começou a fazer o serviço dela. Adrien segurou a mão da Marinette e Natalie ficou ali de olhos atentos sobre a interação dos dois. Quando a maquiadora terminou Marinette deu uma de assistente de camarim e ajudou Adrien a vestir as roupas para o ensaio da revista parisiense de moda e para o catálogo da Grife Agreste.

Adrien percebia a cara de surpresa dela com todos os detalhes dos bastidores, ela parecia estar tomando nota de cada momento como uma aluna dedicada e devotada ao mundo da moda. Natalie estava sempre na cola dela, aparentemente respondendo todas as dúvidas que surgiam na cabeça da mestiça. Sempre que Adrien precisava trocar de pose Marinette ajudava ele discretamente, sempre fingindo que estava ajeitando a roupa dele ou o cabelo, tudo para evitar que o loiro tomasse choques.

Natalie estava levemente incomodada com a proximidade entre os dois, mesmo sabendo que desde o inicio Gabriel viu na pupila uma potencial parceira para o filho, não só no mundo da alta-costura como também para vida pessoal. O ciúmes da assistente era justificável, ela cuidou de Adrien por toda a pré-adolescência até aquele momento como uma mãe. Natalie ajudou os dois a cumprir o resto da agenda durante aquela manhã, mas como Adrien estava com o calendário atrasado nem direito a um almoço decente eles tiveram.

 

Pov Marinette Dupain Cheng 

Marinette viu como os modelos fotográficos tem que ter uma desenvoltura diferente da passarela. Ali estava um ambiente que ela desconhecia por completo, Gabriel apresentou para ela a magia do ateliê, a alegria de comprar tecidos, a diversão de poder desenhar ouvindo rádio ou no silêncio de um cômodo, mas nunca apresentou para ela os ensaios fotográficos, ali as peças de roupa recebem um novo ângulo, algo mais complexo do que nas passarelas. 

Ela viu o esforço do modelo e do câmera, os cenários selecionados com cuidado, a iluminação que era ajustada para dar um ar romântico, urbano e até mesmo sensual, quando Adrien vestiu a jaqueta jeans e não usou nenhuma blusa por baixo, algo que visualmente ficou de tirar o fôlego. As caras e bocas que o modelo tinha que simular, as poses, a forma de olhar para a câmera, tudo fazia daquele pequeno espetáculo fabuloso, curioso aos olhos atentos da estilista.

Adrien estava confortável ali, ele dominava todo o trabalho, o câmera não precisava fazer grandes ajustes e nem grandes mudanças de ângulo, o modelo por si só já fazia tudo encaixar-se. Isso fez Marinette encher Natalie de perguntas, algumas a assistente respondeu de bom grado, outras ela achou infantil e indicou um livro de fotografia da biblioteca da Mansão para Marinette ler e estudar. Marinette passava um bom tempo naquela biblioteca quando vinha ter aulas com Gabriel, os melhores livros sobre design estavam guardados lá.

As fotos tomaram o tempo do almoço, mas Adrien comeu uma salada de frutas reforçada acompanhada de uma vitamina de banana e partiu para uma nova troca de roupas, ele precisava ir na corrida beneficente do hospital de Paris. Natalie obrigou Marinette a vestir um modelo de esporte da Grife Agreste, assim que ela terminou de comer seu sanduíche natural com suco de laranja. 

O modelo inicial, deveria ser um conjunto composto por uma blusa e um short saia vermelhos com detalhes em preto. Marinette lembrava de ter desenhado aquele look para Kagami, mas o que ela estava vestindo era rosa claro com detalhes brancos, o corte mais delicado com uma flor azul escura bordada nas costas, diferente do dragão do desenho original.

Quando saiu do banheiro acompanhada por Adrien com seu modelo esportivo preto e branco, a camisa preta com detalhes brancos na lateral, nas costas um monograma bordado da letra A em branco, a bermuda branca com a lateral preta e a meia branca com tênis preto. Marinette notou que estava indo correr com ele, sendo que ela é conhecida amplamente entre os amigos por ser desastrada, algo que deixou a azulada em pânico total.

Os dois entraram na limusine que os levaria para o evento, Gorilla no volante e Natalie no banco do passageiro da frente, deixando os dois sentados juntos no banco detrás. Marinette olhou para Adrien em um pedido mudo de socorro.

— Gostei da cor da sua roupa.

Marinette deu de ombros para o elogio.

— Eu desenhei esses modelos mas a ideia dessa coleção de esporte é não ter nenhum modelo igual ao outro. A sua blusa por exemplo é única, assim como a minha, mas o desenho da minha quem fez foi o seu pai. Você chegou a ver a blusa do conjunto da Kagami Tsurugi no evento de esgrima de ontem?

Adrien fez uma cara de gato abandonado e respondeu:

— Na verdade não, sinto muito, mas sem você não consegui nem ligar a televisão. 

Marinette tentou ignorar os olhos pidões dele.

— A blusa dela tinha um enorme dragão nas costas, logo mesmo se o meu conjunto fosse vermelho a flor de trás nunca seria como o dragão dela. Entendeu a ideia do projeto?

Ele assentiu e os dois falaram das coleções até chegar na corrida, um assunto de completo domínio da azulada o que a acalmou momentaneamente. Quando desceram do carro Adrien pegou ela pela mão e Natalie mostrou uma rota onde eles não seriam fotografados juntos. A corrida parecia estar lotada de celebridades de Paris o que tirava um pouco do foco da mídia de cima do Adrien e de sua mão entrelaçada a da Marinette.

Antes de darem a largada ela sentia que ia vomitar de nervoso.

Adrien olhou para ela preocupado.

— Você está se sentindo bem princesa?

Ela não tinha forças para dizer para ele não chamá-la dessa forma novamente, apenas negou com um menear de cabeça.

— Sei que isso vai soar egoísta, mas eu preciso dar nem que seja uma caminhada de 500 metros antes de abandonar a corrida. Você acha que aguenta pelo menos isso?

Marinette olhou para os olhos verdes do loiro e com um pouco mais de confiança assentiu.

— Eu aguento, mas tenho dois pés esquerdos e com certeza vou acabar te fazendo levar um tombão antes mesmo de completar esses 500 metros, a mídia toda vai rir de você e a culpa vai ser toda minha.

Adrien colocou as mãos nos ombros dela, fazendo com que Marinette olhasse diretamente para ele que abriu um lindo sorriso tranquilizador para azulada. Todos ao redor prestaram atenção na cena, incluindo uma loira metida de olhos azuis assassinos.

— Confia em mim Bogaboo nada vai ser capaz de derrubar a gente.

Marinette assentiu e quando começaram a explicar que a corrida era em duplas e um ia carregar o outro para simbolizar a solidariedade, Marinette compreendeu porque havia famosos e alguns anônimos, os anônimos eram amigos dos famosos ou assistentes pessoais, como ela pode notar Chloé e Sabrina.

Chloé como uma cobra venenosa prestes a dar o bote aproximou-se dos dois.

— Adrienzinho, morri de saudades de você amor!

Adrien tentou manter a calma, mas a mão dele que estava segurando a de Marinette transmitiu um aperto de tensão.

Ele respondeu à saudação da loira frio como um icebergue:

— Oi Chloé. Também estava com saudades como pôde notar.

Ele levantou as mãos unidas dele e de Marinette para a loira, depois deu um passo para trás e se posicionou para que Marinette subisse nas costas dele. Chloé não se deu por vencida e arrastou Sabrina para a posição ao lado do loiro.

A largada foi dada e Marinette se sentiu alta, de cima dos ombros do loiro a corrida parecia muito mais interessante, ela podia ver as pessoas em volta torcendo com cartazes para os seus ídolos, o fã-clube do Adrien estava presente a cada metro da corrida. 

Adrien perguntou:

— Ainda está se sentindo mal? Podemos parar se você quiser agora, já passamos os primeiros 500 metros.

Marinette viu a multidão e notou que as fãs dele ficariam decepcionadas se ele parasse agora.

— Estou melhor. Mas e você por quanto tempo vai conseguir correr carregando esse peso extra?

Adrien riu e indicou a pista para ela.

— São 8 km, nada que eu já não esteja acostumado. Você não é pesada, então acho que consigo terminar a corrida. Só não sei se no ritmo em que estamos vamos chegar, pelo menos, em terceiro lugar.

Mrinette riu do otimismo do loiro.

— Falta muito para você conseguir ultrapassar os outros, até a Sabrina passou por nós dois com a Chloé nas costas.

Adrien deu de ombros e acelerou o passo, a azulada teve que se agarrar nele com força. Antes de chegar na penúltima curva ele perguntou:

— Acha que consegue se segurar sozinha nos últimos 500 metros?

Marinette ponderou mentalmente o esforço enquanto Adrien ultrapassava a terceira colocada Aurora Boreal, uma famosa apresentadora mirim da previsão do tempo.

— Acho que consigo!

Adrien sorriu e correu até os seus pulmões queimarem, a segunda colocada era Sabrina e estava em uma velocidade média boa, mesmo com o peso da Chloé ela não parecia abalar-se. Mesmo com muito esforço Adrien não a alcançou antes dela cruzar a linha de chegada. O pódio foi ocupado por Kagami e seu treinador de esgrima Armand D'Argencourt em primeiro lugar, Chloé e sua assistente pessoal Sabrina em segundo lugar, Adrien e Marinette em terceiro lugar.

Natalie notou com desgosto que muitas fotos foram tiradas do casal e que Adrien não facilitou a diminuir o fogo dos repórteres curiosos quando saiu de mãos dadas abertamente com Marinette até a limusine.

Chegando na Mansão Natalie informou que o último compromisso do dia de Adrien era visitar uma das organizações filantrópicas patrocinada pela Grife Agreste. Na lista que Adrien tinha em mãos três lugares estavam grifados como prioridade, então ele decidiu visitar os três, arrastando a azulada com ele. Os dois não tiveram tempo para tomar banho e as trocas de roupa ocorreram no assento de trás da limusine, Adrien não ligou de estar sem roupa na frente dela, mas Marinette quase entrou em combustão instantânea por ter que ficar de roupa íntima na frente dele. Adrien não facilitou para azulada, olhando-a de cima a baixo, claramente entretido com o que os olhos dele podiam alcançar e o pouco que ele precisaria imaginar.

Sem graça Marinette jogou a blusa dela no rosto dele.

— Dá para parar de me olhar desse jeito, já estou completamente vestida e mesmo assim ainda me sinto nua!

Adrien tentou sorrir, mas tudo que conseguiu foi dar de ombros, pois Marinette estava fazendo biquinho como uma criança emburrada.

As visitas ocorreram bem, Marinette não precisou fazer nada além de andar de mãos dadas com Adrien e vê-lo ler para crianças carentes, ajudando senhoras a dançar no asilo e para fechar com chave de ouro, ele tocou piano para uma turma de cegos que estavam iniciando o curso de música com bolsas fornecidas pela Grife Agreste. Os três lugares fizeram Marinette notar o verdadeiro valor que os frutos da moda proporcionam a sociedade, nada fútil como as patricinhas da universidade acreditavam.

Os dois chegaram exaustos na Mansão e Gabriel estava esperando-os para o jantar. Marinette explicou o que Adrien pensou sobre roupas isolantes e Gabriel aprovou a ideia. Antes que o assunto se estendesse Natalie entrou na sala de jantar e explicou o recarregamento de prótons e elétrons através de oito horas de contato direto, algo que Adrien e Marinette poderiam fazer durante o sono.

Marinette declarou sem graça:

— Eu costumo me mexer muito durante o sono. Como vamos ficar em contato se eu sair e soltar a mão dele por exemplo. Ele vai estar dormindo na cama e eu no chão.

Adrien completou:

— A altura da cama vai complicar ainda mais o processo, nossas mãos vão ter que ficar em ângulos estranhos.

Natalie e Gabriel tentaram encontrar soluções.

— Podemos colocar a cama dela no seu quarto, assim as alturas vão ser mais compatíveis.

Natalie sugeriu:

— Se amarrarmos as mãos de vocês unidas? Assim mesmo se vocês se mexerem durante a noite as mãos ainda estarão juntas.

Adrien não pareceu gostar da ideia e a azulada ponderou.

— Mas isso pode machucar o Adrien.

Gabriel declarou:

— Sei que isso vai soar ousado, até mesmo liberal, porque vocês são jovens e eu estou sugerindo algo que pode mexer com os hormônios e com as vontades de vocês, mas em vez de dormirem um na cama e outro no chão, ou termos que levar uma cama extra para o quarto do Adrien. Por que não dormem na mesma cama? Podem pôr uma barreira de travesseiros entre os dois, e assim amarramos as mãos de vocês unidas. 

Marinette tinha uma ideia melhor, mais envolvia uma posição constrangedora como dormir de conchinha, ela já tinha ficado de roupa íntima na frente dele, não queria piorar as coisas. Ou deixá-las mais extremas do que já estavam.

Adrien disse:

— Por mim tudo bem. Acho que somos adultos e profissionais o suficiente para dormir na mesma cama sem nos sentirmos constrangidos.

Marinette deu de ombros entrando no jogo do loiro:

— Concordo com você, isso não é nada, somos apenas dois amigos dividindo a cama para termos duas horas de privacidade. Essas duas horas vão nos livrar de banhos constrangedores, por exemplo.

Adrien sorriu.

— Fechado.

Ela apertou a mão do loiro.

Os dois foram para o quarto do Adrien e a cama de casal dele estava com a tal barreira de travesseiros colocada.

Marinette declarou:

— Natalie não brinca em serviço.

Os dois entraram no banheiro juntos.

Adrien sugeriu:

— Podemos tomar banho juntos, na banheira, como se estivéssemos no clube, eu fico meio vestido e você também, assim não molho a sua camisa, e ainda economizamos tempo.

Marinette concordou, mas ficou de camisa, sutiã e calcinha, ela não se sentia confortável o suficiente para ficar só de roupa íntima como o loiro. Tentaram não olhar mais do que o necessário um na direção do outro. Colocaram seus pijamas e quando estavam indo se deitar, Adrien trouxe uma gravata verde musgo.

— Vamos testar a ideia da Natalie? Ou vamos dormir de mãos dadas e ver no que dá?

Marinette deu um sorriso amplo e reconfortante.

— Vamos tentar ficar de mãos dadas Adrien, mas não garanto que vou ficar parada. Percebi que a ideia de amarrar seu braço não te agradou.

Adrien deu de ombros.

— Quando eu era mais novo meu primo Felix me deixou preso dentro da dispensa da cozinha da mansão, a luz acabou e eu fiquei muito tempo chorando sozinho e no escuro, eu só tinha oito anos. Toda vez que tenho que amarrar algo no meu braço lembro desse dia, tenho a sensação de que estou preso e de que tudo vai dar errado, então sinto muito sobre você não poder se mexer dormindo.

Marinette estendeu sua mão para o loiro que a pegou de imediato, os dois entrelaçaram seus dedos e não demoraram a cair no sono, o dia esgotou-os e a noite cobrou o preço do esforço contínuo realizado por eles. 

Natalie veio com Gabriel conferir se eles estavam em contato, mas quando abriram a porta ficaram surpresos ao vê-los dormindo abraçados, os travesseiros espalhados pelo chão do quarto e em volta da cama e as mãos que antes estavam juntas, agora encontravam-se no emaranhado de braços unidos e pernas entrelaçadas. Gabriel fechou a porta do quarto levemente satisfeito.


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Notas finais do capítulo

Chaton é gato em francês, acho um charme quando está escrito assim, além de combinar bem mais com Chat Noir. =^.^=



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