Spark escrita por Lady M


Capítulo 2
Capítulo 2: Efeitos colaterais


Notas iniciais do capítulo

Vou começar postando dois capítulos para deixar vocês com um gostinho de quero mais para sexta-feira!
Espero que gostem! =^.^=



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Pov Adrien Agreste

A cabeça dele estava dando loopings, o corpo dele recebeu uma grande descarga elétrica e os membros dele pareciam ser de gelatina. Ele tentou abrir os olhos, mas não conseguiu obter sucesso. Sentiu mãos quentes e pequenas na lateral de seu rosto, o hálito quente dela perto dos seus lábios.

Ela sussurrava preocupada:

— Cat abre os olhos. 

Mais uma vez sentiu as mãos dela o percorrerem, mas dessa vez ela tirou o capuz dele.

— Sei que ainda pode me ouvir, sua respiração está normal, seu pulso está normal. Abra os olhos Cat, por favor.

A súplica nas palavras dela fez Adrien ter um rápido flashback do que aconteceu naquela noite, do desfile até o show e do fato de estar em cima dela debaixo de um letreiro assassino de néon. Ele enfim conseguiu abrir os olhos.

O azul dos olhos dela encheu-se de alívio e ela sussurrou:

— Graças a Buda.

Ela o abraçou e ele notou que estava deitado no chão do palco da Miraculous. Um senhor de idade que Adrien sabia ser o proprietário do local, estava parado ali.

Ele disse:

— Sou Chan Fu e quero pedir muitas desculpas pelo incidente com o letreiro.

Adrien sentou-se na beirada do palco e agradeceu mentalmente por não terem tirado a máscara preta do rosto dele.

— Sem problemas, eu estou bem, a Bugaboo também parece estar bem.

Chan Fu observou-os com bastante atenção.

— A moça parece mesmo estar bem, quando ela veio pedir ajuda porque você não acordava, ela disse que você a protegeu do curto circuito do letreiro.

Adrien lembrava-se de ter se colocado na frente dela quando um barulho grande aconteceu.

— Você tem um namorado de ouro minha jovem.

Ladybug ficou rubra, estava da cor da máscara. 

Ela sentou do lado dele no palco e respondeu ofegante:

— E-le não é de ouro, quero dizer, meu namorado, ele é de ouro, mas não é meu namorado.

O senhor começou a rir da confusão dela e Adrien o acompanhou. A azulada ficou mais sem jeito ainda, o que a fazia ser mais fofa. Adrien quase teve outro apagão quando viu o Gorilla parado na porta da boate. Ele colocou a toca do moletom de novo e passou os dedos na máscara como uma garantia. Ladybug viu o desconforto dele e acompanhou a direção de seus olhos.

Ela disse meio incerta:

— Minha carona chegou. Você tem certeza de que está bem? Não quer que eu te deixe em casa? Ou no hospital? Quem sabe um veterinário de confiança?

Adrien levantou do palco sorrindo e ajudou ela descer.

— Não precisa se preocupar comigo Bugaboo, tenho sete vidas.

Ela pôs as mãos na lateral da touca dele e sorriu puxando-o para perto dela.

— Não duvido disso gatinho, mas se precisar de um lugar para descansar e de uma boa xícara de leite quente pode contar comigo.

Ele sorriu amplamente e ela lhe deu um beijo na bochecha indo embora com o Gorilla. Mal sabia ela que ele podia mesmo ter pegado uma carona. Será que ela iria dormir na Mansão? Algo meio estranho até do ponto de vista dele. 

Adrien pegou o metrô e depois andou até a mansão, entrou pela janela, algo que as aulas de parkour ensinaram para ele. Tirou a roupa e pode notar que o cabelo dele ainda tinha um pouco de estática, levemente arrepiado. Tomou banho e vestiu o pijama, jogou-se na cama e sonhou com olhos azuis adornados por um tecido vermelho. Acordou com o chamado de Natalie e leves batidas na porta, levantou da cama em um salto e correu para abrir a porta, mas quando sua mão encostou na maçaneta tomou um choque.

Ele exclamou enquanto chacoalhava a mão para dissipar a dor:

— Aí!

O choque foi muito forte, algo que correu pelo corpo todo dele.

Natalie abriu a porta e não pareceu sentir nada quando a pele dela encostou na maçaneta. Ela começou a passar o itinerário dele para aquele dia. Duas sessões de fotos com as roupas do desfile de ontem, uma para o catálogo da Agreste e a outra para as revistas de moda de Paris. Uma pausa para o almoço e de tarde uma visita no clube de esgrima ao lado da Kagami para promover a linha esportiva Agreste e de noite ele estava livre. A parte mais agradável daquelas duas sessões de fotos é que elas seriam na casa dele. Quando Natalie saiu do quarto Adrien tentou tomar banho, mas sempre que tentava encostar em algo tomava choque. A dor já estava tomando conta dele. Pensando rápido ele decidiu vestir as roupas que poderiam ser isolantes elétricos. Pegou o celular e ele recarregou dando um choque na mão do loiro. Aquilo já estava dando nos nervos.

— Nino eu preciso de ajuda.

Nino não parecia nenhum pouco contente do outro lado da linha.

— Sério? Agora Agreste?

Adrien escutou uma voz feminina ao fundo e sentiu-se constrangido por estar acordando o amigo depois de dormir e marcar ponto com alguma garota. Nino não era muito de sair e acabava sempre sobrando quando o assunto era namoro, mas naquela noite tinha se dado bem e Adrien estava estragando a manhã gloriosa do amigo.

— Sei que não é uma boa hora Nino, mas estou morrendo.

Nino bufou.

— Deixa de drama Adrien chego aí em trinta minutos.

Adrien agradeceu por Nino ter atendido, porque ligar para ele tomando choque e ascendendo feito uma lâmpada foi muito complicado. Adrien desceu as escadas para tomar café da manhã e nunca ficou tão grato por seu pai não tomar café com ele. Cada vez que encostava em alguma coisa tomava choque e soltava leves faíscas prateadas, quase um campo elétrico ambulante.

Antes que Nino chegasse a produção da sessão de fotos chegou. Dois fotógrafos, uma maquiadora e a assistente mestiça do desfile de ontem. Pelo olhar deles Adrien sabia que estava um caco humano.

A maquiadora encostou nele afastando-se rapidamente atordoada. Ele tentou ajudá-la e suas mãos esbarraram nas dela e ela tomou um choque, assim como ele.

Ela disse desconcertada:

— Isso foi muito estranho.

Ele deu de ombros e deixou ela tentar terminar o que estava fazendo, ela evitava o máximo encostar diretamente na pele dele e quando isso acontecia disfarçava o leve choque. Além de tomar choque quando encostava nos objetos, Adrien também estava dando choque nas pessoas que encostam nele. A maquiagem foi a mais rápida de toda a sua carreira, depois a maquiadora saiu do quarto dele às pressas. A segunda a entrar no quarto dele foi a assistente mestiça.

Ela pegou três conjuntos da noite passada, para alegria de Adrien foram os conjuntos que ele mais gostou de modelar, eles eram despojados. O primeiro era o da jaqueta preta de couro com o zíper dourado, a blusa branca e a calça jeans, dava um ar rebelde para ele. O segundo era uma calça jeans escura com uma blusa branca de botões acompanhada de uma jaqueta jeans, comum mas elegante. O terceiro conjunto era uma bermuda verde musgo com uma camisa preta, algo que ele vestiria para sair com os amigos dele. 

Adrien tentou pegar o cabide do primeiro conjunto, mas tomou outro choque e dessa vez gemeu de dor chamando a atenção da garota que veio até ele preocupada.

— Sr. Agreste, o senhor está se sentindo bem?

Ela colocou a mão no ombro dele e Adrien esperou que assim como a maquiadora ela se afastasse, mas não aconteceu, a mestiça parecia imune ao campo de eletricidade que ele estava emanando. Assustado e surpreso Adrien virou-se de frente para ela, segurando-a pelo pulso, testando o contato, esperando o choque que não veio. Ele não sentiu nenhuma dor e ela parecia estar bem, só um pouco surpresa pela atitude dele.

Ela perguntou encabulada:

— O que você está fazendo?

Adrien ignorou a pergunta dela e arrastou-a com ele até o banheiro. Segurando nela ele encostou nos outros objetos, nenhum choque, nenhuma faísca. Adrien sorriu vitorioso, mas a mestiça tirou a mão dele de seu pulso e Adrien tomou um baita choque da pia onde estava apoiado. Os olhos da mestiça ficaram arregalados.

Assombrada ela perguntou:

— O que foi isso?

Adrien suspirou exasperado.

— Isso é o que está acontecendo comigo desde a hora em que me levantei da cama. Estou distribuindo choques por todos os lados, não consigo encostar em nada, nenhum objeto. As pessoas também não estão conseguindo encostar em mim, estou dando choque nelas. Você foi a única até agora que não foi afetada, segurando em você estou conseguindo encostar nas coisas sem sentir dor.

Para esboçar o que ele dizia segurou nela novamente e encostou na pia sem gerar faíscas.

Ela arregalou os olhos assombrada.

Ela sussurrou:

— Nossa.

Antes que eles pudessem soltar-se um Nino carrancudo entrou no banheiro.

— Então qual é o motivo de vida ou morte Adrien?

Adrien soltou a assistente e andou de volta para o quarto mantendo uma distância considerável entre ele e o amigo. A mestiça os seguiu e Adrien ficou surpreso e um pouco irritado quando notou que o moreno estava acompanhado. A morena de cabelo castanho avermelhado, de estatura mediana, com grandes olhos verdes mesclados com mel, atrás das grandes lentes de um óculos com a armação preta, de braços cruzados e um olhar mortal para o loiro, poderia ser a versão feminina do Nino. A garota suavizou quando os olhos dela pousaram sob a mestiça.

Nino apressou-se em apresentá-la:

— Essa é a Alya, Alya esse é o…

A garota o cortou em tom levemente ácido:

— Adrien Agreste.

A mestiça colocou-se ao lado da Alya dizendo:

— Pega leve Alya.

A garota respondeu a mestiça com escárnio:

— Ontem era Alya ele é horrível! Alya ele é esnobe. Alya ele é insensível! Alya como ele pode ser filho do Gabriel? Agora está pedindo para que eu pegue leve, ele precisa ser mais legal com você, no futuro vocês vão precisar trabalhar juntos.

As palavras da morena quase o ofenderam, mas a curiosidade sobrepôs a indignação do loiro. Trabalhar juntos? Ela era só mais uma das muitas assistentes da grife Agreste, ele não precisaria se preocupar com ela, nem de imaginar que encontraria com ela no futuro. Ele era o administrador da grife e Ladybug sua aposta para uma estilista de sucesso, a assistente mestiça, não era uma imagem com a qual ele iria se deparar no futuro. Mas a namoradinha do Nino achava que sim.

Nino interveio antes que uma tempestade tomasse conta do quarto:

— Anda Adrien, não tenho o dia todo.

Adrien suspirou mais uma vez naquela manhã.

Derrotado e sentindo-se exaurido o loiro declarou:

— Nino estou dando choque em tudo a minha volta.

Nino começou a gargalhar e Alya encarou o loiro como se ele fosse louco ou simplesmente egocêntrico. A mestiça não riu, ela tinha presenciado o desastre no banheiro.

 

Pov Marinette Dupain Cheng

Cat demorou a abrir os olhos, fazendo-a sentir pânico, ele era bom, um bom amigo e tinha colocado a vida dele antes da dela. Se não fosse por ele aquele letreiro teria acertado ela em cheio. Ele mal a conhecia, mas tinha se arriscado por ela, Marinette sabia que poucas pessoas seriam capazes de realizar esse ato de bondade sem esperar nada em troca.

Ela não sabia o nome real dele para poder agradecer com uma enorme cesta de croissants, se não fosse por ele aquela noite teria sido um desastre. O show estava muito bom, mas Marinette só sabia reclamar do loiro arrogante de belos olhos verdes, ele a tinha tratado com ironia e para piorar tirou sarro dela chamando-a de princesa sendo que vivia cercado por elas, as belas modelos que Marinette não alcançava em beleza. Mas Cat Noir a chamou do mesmo modo, com admiração, um encantamento fora do normal, uma sensação de ser  única de ser realmente uma princesa apoderou-se dela nos minutos em que estava com ele. Marinette sentiu que poderia ser assim sempre, mesmo que ela desistisse do anonimato.

Ladybug não era apenas uma forma de proteger os pais dela, mas de proteger-se de suas inseguranças. Marinette temia que não fosse boa o suficiente. Os desenhos dela tinham vida, as peças de roupa que criava ao lado do seu tutor eram mágicas, mas sem o talento do Gabriel Agreste ela teria chance no mundo da alta costura. Se ele não tivesse lançado aquele concurso ela seria aceita? Chloé naquele camarim diminuiu a mestiça e ela encheu-se de novo com esses medos e inseguranças.

Agora estava no quarto dela, vendo todos aqueles pôsteres do loiro, a vida dele estava cronologicamente na parede do lado do computador dela. Adrien com seus doze anos na primeira vez que apareceu em um desfile, depois com quinze quando foi a primeira vez para um concerto de piano internacional, com dezesseis no primeiro torneio de esgrima nacional que ele ganhou, com dezessete estreando uma marca de perfume e nesse mesmo ano ele entrou na universidade. Marinette o acompanhava como todas as fãs do loiro, mas ela amava ver as roupas, não só ele. O amor dela pela moda andava sempre de mãos dadas com os desfiles que ele participava e agora ela desenharia as peças de roupas que aquele modelinho metido usaria nas passarelas.

Marinette estava pronta para arrancar um daqueles malditos pôsteres da parede quando Tikki veio andando na cama dela.

— Oi Tikki.

Marinette pegou o hamster nas mãos e ficou menos nervosa. Ignorou o loiro nas fotos e tirou o vestido vermelho, colocou a máscara no criado mudo e vestiu o pijama. Dormiu e sonhou com muitos moletons novos para seu gatinho. Cat Noir começou a ocupar suas pesquisas mais recentes, Luka não ajudou a azulada em nada, Nino não era amigo dela e Alya definitivamente estava ocupada naquela manhã. Estava na internet buscando alguma notícia da Plagg no fandom deles quando uma mensagem de Gabriel a despertou.

 

Mari preciso que você substitua uma assistente essa manhã, temos duas sessões de fotos importantes para a empresa.

Gabriel Agreste

 

Marinette respondeu positivamente e pegou um metrô até a mansão Agreste. Não preocupou-se em parecer descolada, vestiu uma calça jeans clara e uma blusa rosa clara, calçou uma sapatilha rosa e prendeu o cabelo num rabo de cavalo, uma roupa normal para uma assistente. Chegou na mansão e foi recebida por uma Natalie exasperada com a demora do loiro. Adrien não tomou café rápido, mas a maquiadora disse que conseguiria manter os prazos, assim como o fotógrafo. Adrien Agreste estava um caco naquela manhã, olheiras marcavam os olhos dele de leve, mas isso não diminuiu a beleza dele, o cabelo dele estava todo desarrumado e parecia que tinha levado um choque.

Marinette deixou ele com a maquiadora e foi ajudar Natalie com a agenda. Depois foi até a sala do Gabriel e os dois debateram quais seriam os três conjuntos que usariam para a edição da revista de moda parisiense, essas fotos tinham prioridade, mesmo que as do catálogo Agreste fossem um pouco diferentes. Gabriel ainda deu um sermão em Marinette pela hora em que saiu a noite, ele lembrava o pai dela quando fazia isso.

A mestiça foi até o quarto do loiro levando as roupas e percebeu como ele estava mal humorado. Estava pronta para largá-lo sozinho quando ele gemeu de dor.

— Sr. Agreste, o senhor está se sentindo bem?

Marinette pôs a mão no ombro dele para tentar confortá-lo e incentivá-lo a dizer o que estava errado, mas Adrien apenas tencionou os ombros. Ele virou-se de frente para ela e agarrou o pulso da azulada, fazendo arfar de preocupação, o toque dele era quente, a mão dele estava firme no pulso dela mas não apertava com brutalidade.

Desconcertada ela perguntou:

— O que você está fazendo?

Ele não respondeu nada e a arrastou com ele até o banheiro. O quarto dele era enorme, tinha dois andares e um banheiro. No segundo andar livros, CD’s e Hq’s, no primeiro andar jogos de fliperama, um piano de cauda negro com um aparelho de som em cima conectado com um ipod,  a cama dele ficava perto da janela, uma sacada sensacional e uma escada em espiral que ligava o primeiro com o segundo andar. O banheiro ficava no primeiro andar para o alívio de Marinette que foi arrastada até ele.

Adrien parecia extasiado tocando em tudo, mas para que ele ainda estava segurando-a? Com uma puxada forte Marinette libertou seu pulso do aperto do loiro e quando ela achou que poderia largá-lo sozinho ela viu algo inédito. A mão de Adrien que estava apoiada na pia soltou faíscas prateadas e ele pareceu tomar um choque. Marinette notou que não havia nenhum aparelha eletrônico ligado que pudesse ter gerado aquela descarga elétrica e o mais impressionante foi que a eletricidade parecia vir do loiro.

Assombrada ela perguntou:

— O que foi isso?

Adrien suspirou exasperado.

— Isso é o que está acontecendo comigo desde a hora em que levantei da cama. Estou distribuindo choques por todos os lados, não consigo encostar em nada, nenhum objeto. As pessoas também não estão conseguindo encostar em mim, estou dando choque nelas. Você foi a única até agora que não foi afetada, segurando em você estou conseguindo encostar nas coisas sem sentir dor.

Para esboçar o que ele dizia segurou o pulso dela novamente e encostou na pia sem gerar faíscas.

Ela arregalou os olhos e não conteve a surpresa.

— Nossa.

Nino entrou no banheiro e começou a esculachar o loiro arrogante, uma coisa que Marinette adoraria fazer no desfile da noite passada, mas naquele momento ela só conseguia sentir pena do loiro. Alya fez um grande drama e agora Marinette via-se numa enorme saia justa sem direito a uma tesoura para refazer as medidas, mas para alegria dela Nino interveio.

— Anda Adrien, não tenho o dia todo.

Adrien suspirou derrotado e declarou:

— Nino estou dando choque em tudo a minha volta.

Nino começou a gargalhar e Alya encarou o loiro como se ele fosse um louco egocêntrico. Marinette não riu, ela sabia que ele estava em apuros naquela manhã e mesmo que Alya não quisesse ajudá-los, ela era a única pessoa que Marinette conhecia que entende de física, só ela teria uma explicação lógica para aquela loucura. 

Marinette tentou ajudar o loiro:

— Alya ele não está brincando, eu vi com os meus próprios olhos.

Alya respondeu impassível:

— Você é ingênua amiga, ele deve ter feito algum truque e agora está tentando pegar a gente.

Adrien andou até o Nino e disse:

— Isso vai doer bro.

O loiro colocou a mão no braço do amigo que pulou com o choque. Nino passou a mão freneticamente onde o loiro encostou.

— Como você fez isso?

Adrien deu de ombros e Alya aproximou-se dele.

— Não é um truque ok. Eu estou desesperado.

Alya avaliou o loiro curiosa, o lado cientista dela estava dando as caras e a curiosidade de uma repórter ávida fazia dela a melhor pessoa que Marinette conhecia.

Alya ordenou:

— Mari, deixa ele encostar em você.

Marinette sorriu e estendeu a mão para o loiro que a pegou sem receio algum. O teste de mais cedo ainda estava funcionando, ele não dava choque nela.

Alya franziu o cenho.

— Agora encosta em mim.

Adrien soltou-a e andou até Alya sorrindo maroto. Alya sentiu o corpo dela ser percorrido pelos elétrons, ela sentiu a intensidade da descarga, a corrente era pesada, machucava, mas não matava. Pela cara do loiro Alya deduziu que doía tanto nele quanto nela.

Alya disse:

— Chega.

Ele a soltou. Andando de um lado para o outro ela pensou em teorias, mas antes de confirmar algo precisava saber onde o loiro esteve nas últimas doze horas.

— Adrien onde você estava ontem a noite?

O loiro ficou claramente desconfortável. Marinette viu que a pergunta fez Adrien entrar na defensiva antes mesmo que ele respondesse sua melhor amiga.

Ele respondeu evasivo:

— Em casa.

Nino sentiu as coisas ficarem pesadas, mas não poderiam ajudar se não soubessem o que era aquilo.

— Bro você precisa ser sincero ok, estamos tentando te ajudar.

Adrien respondeu irritado:

— Por acaso ela é médica para poder me diagnosticar?

Marinette interveio:

— Não, mas ela é uma PhD em física. Alya tirou um diploma duplo, ela é formada em física e em jornalismo.

Marinette exagerou um pouquinho, a amiga era recém-formada em jornalismo e no ensino médio dava aulas particulares de física. Claro que ela tentou um diploma duplo, mas no departamento de física essa iniciativa não foi bem vista, Alya acabou fazendo algumas matérias em física, principalmente envolvendo campos elétricos, mas preferiu o jornalismo.

Adrien rendeu-se:

— Só posso ser 100% sincero se vocês duas prometerem guardar o meu segredo a sete chaves. 

Alya assentiu e Marinette também. Saber algum podre dele poderia ajudá-la no futuro, ela não descia tão baixo, mas Adrien era duvidoso.

— Ontem eu saí do desfile e fui tocar com a minha banda em um bar, mas ninguém pode saber disso, ok?

Alya assentiu e perguntou:

— O que aconteceu de estranho?

O loiro franziu o cenho. Marinette nunca imaginaria Adrien Agreste fugindo pela madrugada para tocar com alguma banda de garagem, esse comportamento rebelde não casava com a imagem perfeita e arrogante do Agreste. Por isso ele estava resistente em contar o que tinha acontecido com ele a noite.

O loiro respondeu:

— Eu conheci uma garota, não uma garota, mas uma mulher incrível. 

Marinette pode ver como os olhos dele encheram-se de vida, ela sentiu uma pontada de raiva, algo que ela resolveu enterrar.

Nino riu.

— Está apaixonadinho Adrien, por isso resolveu virar um gerador ambulante?

Adrien fechou a cara e deu um soco no ombro do amigo, algo que deu um choque nos dois.

Alya murmurou:

— Homens, não dá para viver sem eles e nem para conviver com eles.

Marinette riu da amiga e Adrien explicou-se:

— Não estou apaixonado, só preciso colocar as coisas em ordem para que vocês entendam o que aconteceu ontem a noite. Eu e ela, nós dois, passamos a noite juntos e quando saímos do bar um letreiro de neon estourou sob as nossas cabeças, eu me joguei na frente e protegi ela com o meu corpo. Senti a eletricidade passar por mim, mas como não aconteceu nada ontem achei que estava tudo bem.

Marinette arregalou os olhos e colocou as mãos sob a boca. Alya notou esse comportamento e juntou os pontos, Adrien Agreste era o Cat Noir da Plag, sua amiga passou a noite com ele depois do show, o tal letreiro só podia ser da Miraculous, e Adrien não estava dando choque em Marinette porque a eletricidade passou pelos dois corpos unidos. 

Alya decidiu brincar com aquilo.

— Mari, como você é a única que não é afetada por ele pode me ajudar?

Marinette ainda estava assustada com a ideia de Cat ser Adrien, mas deixou de lado para ajudar Alya a ajudá-lo.

— Claro.

Alya lançou uma piscadela para Nino que entendeu que a namorada iria zuar os dois.

— Nino fica com a mão perto da cabeça deles, como se fosse o letreiro. Agora Adrien finja que a Mari é a sua amiga de ontem.

Adrien fez cara de poucos amigos mas ficou parado do lado da azulada. Marinette sentiu-se perdida por alguns segundos, se ele fosse o Cat ele saberia que ela era a Ladybug e isso seria um desastre. 

Alya continuou ditando as regras:

— Nino exploda!

Nino fez alguns gestos e som como se estivesse entrando em combustão.

— Adrien segura a Mari.

O Agreste virou-se de frente para ela. A diferença de altura era a mesma, as medidas dos ombros e a cor dos olhos. Como ela não notou?  O loiro jogou-se com ela no chão e Mari sentiu a mesma segurança da noite anterior, o gesto foi o mesmo, a força e a maneira sutil como os corpos encaixavam-se.

Alya começou a rir e Nino também. A porta do quarto do loiro foi aberta por uma Natalie ansiosa que ao deparar-se com a cena no chão do quarto de Adrien decidiu sair sem dizer nada. Natalie cancelou a agenda do loiro pelo resto do dia e disse a Gabriel que Adrien estava passando mal. Natalie deixaria para confrontar Marinette mais tarde.

 

Pov Adrien Agreste

Bogaboo.

Aquela assistente que ele desdenhou era a Ladybug, a sua Ladybug. Os mesmos olhos azuis, agora que as bochechas dela estavam rubras ele podia visualizar a máscara naquele rosto, as curvas escondidas por aquelas peças de roupa, coisa que o vestido realçava. Os fios preto-azulados escondidos naquele penteado. Qual era o nome dela mesmo? Ela disse para ele naquele desfile.

As mãos dela pousaram nos ombros dele e ela pediu desviando os olhos:

— Pode sair de cima de mim Cat?

Adrien não percebeu aquela armadilha, ele respondeu:

— Claro Bugaboo.

A mestiça ficou estática. Alya parou de rir e Nino também.

Alya parou a mestiça antes que ela saísse do quarto desesperada.

— Mari, não pira, ok! Ele precisa de você.

A mestiça olhou para amiga preocupada.

— Co-mo? Alya do que você está falando?

Alya indicou o sofá.

— Sentem-se, vou dar uma aula básica de eletrização para vocês.

Nino sentou na poltrona de um lugar e na de dois Adrien e a azulada. Alya ficou de pé e virou-se concentrada para eles.

— Não ousem me interromper, guardem suas dúvidas até o final da explicação. 

Todos assentiram.

— Vocês sofreram uma eletrização por contato. Quando o letreiro explodiu ele jogou uma corrente elétrica no corpo dos dois, como Adrien estava abraçando a Marinette essa corrente passou pelos dois corpos. Algo bom, afinal dependendo da intensidade da corrente ela poderia tê-lo matado se não fosse dividida entre os dois. Mas alguns efeitos colaterais ocorreram, os elétrons parte negativa dos átomos, presentes na corrente elétrica ficaram no corpo do Adrien e a Marinette ficou com prótons em excesso, dessa forma ela anula a corrente que percorre o corpo do Adrien.

Nino percebeu que a explicação tinha acabado e perguntou:

— Quanto tempo ele ainda vai ficar carregado?

Alya deu de ombros.

— Podem ser dias, meses ou até mesmo anos.

Adrien arregalou os olhos.

— Então o único jeito de viver normalmente até essa corrente elétrica sair do meu corpo é segurando nela?

Alya assentiu.

— Vocês podem ficar um tempo juntos e descobrir se isso funciona, mas até acharem uma solução melhor, vocês precisam estar em contato.

A azulada riu de nervoso.

— Vai ser lindo Alya, imagina só eu chegar para o Gabriel e dizer: A partir de hoje vou viver aqui, porque o seu filho não consegue fazer nada sem mim.

Adrien sentiu um certo ciúmes, o pai dele ela tratava pelo primeiro nome, mas ele era Sr. Agreste.

Alya riu e respondeu:

— Ele vai começar a contar aquela história sobre amor à primeira vista.

Adrien conhecia essa história. Emilie e Gabriel, atriz e figurinista, um grande amor, um pedido de casamento, um filho e uma vida linda até sua mãe morrer em um trágico acidente de carro. Não tinha nada a ver com a situação deles. Aquilo que estava acontecendo com eles poderia ser um enredo de ficção científica.

Natalie entrou no quarto e direcionou um olhar mortal para mestiça.

— Adrien cancelamos a sua agenda de hoje, se o seu pai perguntar você não está passando bem. Quanto a senhorita Dupain Cheng, espero que possa me explicar porque estavam abraçados no chão do quarto.

Antes que a mestiça abrisse a boca Adrien explicou tudo, Natalie não acreditou de cara e Adrien teve que demonstrar, dando choque nela. Alya esclareceu os termos técnicos e Natalie disse que procuraria uma segunda solução além da apresentada por eles.

Natalie disse descontente:

— Acho que a Marinette vai passar um tempo maior conosco.

Adrien deu de ombros e a azulada suspirou. Alya e Nino foram embora e Marinette ficou sozinha com ele. Adrien tentou puxar assunto, mas ela sempre cortava as investidas dele com desinteresse.

Ele perdeu a paciência e levantou do sofá estendendo a mão para ela.

— Vamos começar novamente. Eu sou Adrien Agreste, tenho vinte e cinco anos, sou formado em administração, modelo da grife do meu pai desde os doze anos, sou poliglota, fluente em chinês, alemão e inglês. Gosto de jogar video game nas horas vagas, isso quando tenho horas vagas, vivo sendo motivo de fofocas nos tabloides, nunca posso sair na rua sem me preocupar com que as pessoas pensam de mim.

Marinette sorriu e apertou a mão dele.

— Prazer Adrien, eu me chamo Marinette Dupain Cheng, pode me chamar de Mari ou de Bugaboo. Sou formada em designer de moda, também falo chinês, amo desenhar e fiz um curso de confeitaria para não decepcionar totalmente os meus pais que são donos da padaria Tom & Sabine Boulangerie Patisserie. Tenho um pseudônimo no mundo da moda, sou a estilista Ladybug e frequento aulas com o melhor professor de Paris, Gabriel Agreste. Tenho vinte e três anos e meus pais não sabem que me formei para ser estilista, eles acham que eu cursei gastronomia.

Adrien mediu a azulada. Então ele não era o único que escondia segredos.

— O prazer é todo meu, mas antes de ser minha amiga você precisa saber que não sou nenhum pouco parecido com o cara que te apresentei anteriormente. Sou Cat Noir vocalista da banda Plagg, evito o sucesso porque isso acabaria com a pouca liberdade que eu tenho, além de ser motivo de fofocas eu preciso ser sempre perfeito, mas ninguém é perfeito, então o meu verdadeiro eu anda por bares e pubes de Paris fazendo shows.

Os olhos azuis alegraram-se.

— Cat você ainda é o mesmo Agreste, mas com uma liberdade poética.

O loiro deu de ombros.

— Se você diz.

Ela riu e ele notou como ela era a mesma da noite anterior. No desfile Marinette estava séria, profissional e na Miraculous ela era apenas ela, sem preocupações e sem pressão. Adrien começou a conversar com ela sobre música e surpreendeu-se com a noção de melodia que ela tinha, as bandas que ela gostava tinham um alto patamar para ele. Os dois discordavam sobre alguns músicos, mas quando o assunto era Jagged Stone os dois concordavam, esse era o melhor guitarrista de todos os tempos. Marinette fez Adrien tocar piano para ela, uma coisa que ele não fazia a muito tempo era tocar por diversão, sem uma platéia imensa ou sem um troféu em jogo. Ela permaneceu sentada do lado dele, com o dedo encostado no braço dele, neutralizando as correntes elétricas que poderiam surgir.

No final da tarde foram tomar café juntos, foi a primeira refeição em dez anos que não fez sozinho na própria casa. Ela serviu o café para ele, partiu o pão e passou geleia, ela tomou cuidado para não deixá-lo encostar em nada até ela sentar do lado dele. Os dois comeram juntos, Marinette estava com o pé encostado no dele, descalços, assim ela isolava a eletricidade por ele.


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Notas finais do capítulo

Eaí?!?
Bjss até sexta =@.@=



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