A Escuridão Além escrita por Karina A de Souza
Notas iniciais do capítulo
Olá.
Doctor Who é minha série favorita. Por mais que Nightflyers não tenha agradado muitos e ter sido cancelada na primeira temporada, eu gostei bastante e decidi fazer esse crossover.
A Doutora apareceu repentinamente no corredor, correndo tão rápido que derrapou ao parar.
—Sou eu!-Gritou. A porta do quarto abriu. A Senhora do Tempo entrou, agitada e cansada pela corrida.
—Está tudo bem?-Ivy perguntou, erguendo a cabeça. -O que aconteceu agora?
—A porta abriu.
—O que?
—Ela deixou a porta abrir. Podemos chegar até a TARDIS. Ela nos deixará ir. Ivy, se quisermos viver, temos que sair agora mesmo antes que ela mude de ideia e nos mate.
—Mas...
—Ivy, nós temos que ir. Agora.
ALGUM TEMPO ANTES
—Então, onde estamos?-Ivy perguntou, vestindo a jaqueta. A Doutora sorriu, se afastando do console.
—Eu não sei. Quer fazer as honras?-A garota revirou os olhos.
—Ah, claro, se tivermos num ninho de Daleks, eles atiram em mim primeiro. -A loira fingiu espanto.
—Ah, você me pegou. -Ambas riram. -Vamos?
Ivy ajeitou o cabelo e foi para as portas, respirando fundo e as abrindo em seguida, para então congelar onde estava.
—Doutora? Não é um ninho de Daleks.
—Isso é bom. -Se aproximou da garota. -Opa. -Ergueu as mãos em gesto de rendição. -Nós chegamos em má hora?
A TARDIS tinha se materializado num local fechado. Parecia, pelo menos ali, uma nave. Mas não dava para ver além disso, não com pessoas armadas do lado de fora. A Doutora cutucou Ivy, alertando-a para erguer as mãos e não fazer nada que pudesse transformá-las oficialmente em alvos.
—Hã... Olá. Como estão?-Perguntou, tomando a frente, devagar. -Eu sou a Doutora, essa é minha companheira, Ivy. Estamos... Só de passagem. Podem nos dizer onde estamos?-Um homem, alto, desarmado e careca saiu de trás dos outros.
—Estão na Nigthflyer. Mas se invadiram nossa nave, sabem disso.
—Ah, sabe o que é? Às vezes nós vamos parar em uns lugares sem querer. Desculpa o susto, mas isso não é uma invasão. Você disse Nightflyer? Eu ouvi alguma coisa sobre uma nave com esse nome... -Franziu a testa. -Só não lembro o que...
—Por que estão aqui?
—Viemos sem querer. Você é o Capitão?
—Não. Mas o Capitão Eris vai querer falar com vocês duas.
—Ótimo. Vamos adorar fazer isso. Que tal os seus amigos abaixarem as armas e nós irmos falar com o Capitão Eris?-O homem olhou para os outros, assentindo. As armas foram abaixadas, mas os guardas permaneceram atentos. -Assim é bem melhor. Não queremos tiros acidentais, não é? Seria péssimo. Por que não nos mostra o caminho... Hã...
—Auggie.
—Okay. Auggie. É um bom nome. Por que não mostra o caminho até seu Capitão?
—Por aqui. -E saiu na frente. A Doutora chamou Ivy com a mão, e as duas o seguiram, assim como os guardas.
Não havia muitas pessoas nos corredores, e todas logo se afastavam, um pouco confusas ou curiosas com o que viam.
—O quanto acha que estamos encrencadas?-Ivy perguntou, ficando mais próxima da Doutora para sussurrar.
—Bem, eles não atiraram nem nos algemaram, acho que a encrenca não é muito grande dessa vez.
—Espero que esteja certa. -Fechou a jaqueta. -Frio. Eles não tem aquecedor?
—Já estamos resolvendo isso. -Auggie avisou, sem se virar.
O resto da caminhada foi silenciosa. Logo, Auggie, Ivy e a Doutora estavam numa sala com um homem alto e negro, que parecia calmo, e se apresentou como Roy Eris, o Capitão da Nightflyer.
—Sou a Doutora. -Apertou a mão dele, sorrindo. -Essa é Ivy, minha amiga. Nós viajamos por aí e acabamos parando aqui.
—A Nightflyer não foi abordada por nenhuma nave, como entraram aqui?
—Minha TARDIS se materializa.
—Impressionante.
—É. Muitos anos com ela, e eu ainda me impressiono.
—Bom... Não parecem ameaças. -Revezou o olhar entre as duas. -Sejam bem vindas à Nightflyer. Auggie, eu creio que seja hora do jantar, por que não mostra às duas onde fica o refeitório?
—Sim, Capitão. -Respondeu. -Senhoritas. -Fez um gesto para que elas fossem na frente. Ao passar, Roy o fez parar, abaixando o tom de voz.
—Fique de olho nelas, não parecem ser ameaças, mas não sabemos o que podem fazer, ou o que pode acontecer à elas. -Auggie assentiu, entendendo.
—Como quiser, Capitão.
Os três seguiram para o refeitório, com a Doutora fazendo mil perguntas sobre a Nightflyer. Ela parecia cada vez mais impressionada com a nave, assim como aumentava aquela sensação de já ter ouvido algo sobre a mesma.
Ivy estava atrás dos dois, ouvindo parcialmente a sessão de perguntas e respostas. A Nightflyer parecia impressionante e tudo mais, porém, a garota não se sentia exatamente confortável ali, como se tivesse algo à espreita.
De repente, alguém saiu rapidamente de outro corredor, e colidiu com ela. Imediatamente houve uma pressão em sua cabeça, e imagens horríveis encheram sua mente. Assustada, ela recuou, encarando o garoto à sua frente.
—O que...
—Desculpe, você está bem?-Uma mulher loira perguntou, se aproximando rapidamente e agitada. A Doutora e Auggie pararam de andar. -Ele não fez por mal, não é, Thale? Você está bem?
—Que?
—Foi um acidente, eu sei que ele não quis fazer isso, não é?-Olhou para o garoto, como se esperasse uma resposta, mas ele apenas deu de ombros. Parecia cansado, e talvez um pouco irritado. -Thale. -Ele revirou os olhos e se afastou pelo corredor. -Desculpe por isso.
—E o que foi isso?
—É bom controlar melhor o garoto, Agatha. -Auggie disse. A loira suspirou. -Não é a primeira vez.
—Ele não quis machucá-la. -Negou, se virando para o homem. -Foi um acidente, eles se esbarram e ele apenas...
—Então é melhor mandá-lo ficar atento. -A mulher fechou a cara.
—Eu vou. -Então se virou e foi atrás do garoto.
—Você tá bem?
—O que aconteceu?-Ivy perguntou, confusa. -Ele encostou em mim e... A minha cabeça...
—Thale é um L-1.
—O que é isso?
—Um telepata. Ele pode entrar na sua cabeça, mas você não quer isso. Essas aberrações normalmente ficam trancadas, mas D'Branin insistiu em trazer o garoto com a gente, caso encontremos vida alienígena.
—As coisas que eu vi e senti...
—Foram ele, na sua cabeça. -Ivy estremeceu.
—Bem, -A Doutora começou. -nós ouvimos a mulher, Thale não quis fazer de propósito.
—Sei. Como em todas as outras vezes. -Voltou a andar. -Por aqui.
***
—Está pensativa. -A Doutora comentou, sentada na frente de Ivy. -E não está comendo. O que foi?
—Nada.
—Thale te assustou?-A outra a encarou.
—Você não viu o que eu vi, ou sentiu o que eu senti.
—Não, é verdade. Mas sei sobre L-1, e eles não são aberrações, nem mesmo monstros. Thale é um garoto humano, com uma habilidade que não consegue controlar. -Mexeu na comida em sua bandeja. -Ele parece ter a sua idade.
—E...?
—E raramente alguém tem sentimentos ou pensamentos positivos sobre um L-1. A maioria deles nunca têm amigos.
—E você quer que eu seja amiga da aberração.
—Você, mais do que eu, sabe como é ser tratada assim, sem motivos. -Ivy baixou o olhar.
—É diferente. Eu gosto de garotos e garotas, não entro na cabeça das pessoas e... Sei lá o que ele faz.
—Só estou dizendo que...
—Não vai esquecer disso, vai?
—Não. -Sorriu, fazendo a garota revirar os olhos. -Definitivamente não.
—Vou dar uma volta por aí, conhecer a nave e tentar não me perder.
—Tudo bem.-Ivy levantou, se afastando devagar. -Tome cuidado. E faça amigos. -A garota apenas olhou pra ela, e seguiu seu caminho.
—Ouvi dizer que temos uma nova doutora à bordo. -Um homem disse, se aproximando da Senhora do Tempo.
—Ah. É. Basicamente isso.
—Karl D'Branin, cientista.
—Doutora. -Apertou a mão dele.
—Nome?
—Nome e função, na verdade. -O homem se sentou, um pouco confuso. -Então... Por que não me fala sobre os alienígenas que você quer encontrar nessa viagem?
***
Ivy não sabia exatamente o por que, mas quando passou por algumas mulheres, perguntou onde podia encontrar o garoto L-1. Com as instruções delas, a garota chegou até uma grande sala, onde um tipo de contêiner-cela estava no centro, com as portas abertas.
Se aproximou devagar, as botas mal fazendo barulho a cada passo, e parou. Parecia vazio, e devia ser o quarto de Thale. Entrou, notando os desenhos espalhados por uma escrivaninha, e colados na parede. Alguns retratavam pessoas ou paisagens, outros, monstros terríveis.
Pegou um dos desenhos da escrivaninha. Era uma garota. Tinha seu rosto, porém, os cabelos longos e a expressão gentil. Não era Ivy. Era Jessie, sua gêmea.
De repente, sua cabeça começou a doer como se algo estivesse a perfurando e ela cambaleou, derrubando o desenho. As imagens em sua mente eram perturbadoras, e iam e vinham rapidamente, deixando-a tonta.
E como aconteceu, terminou.
—O que está fazendo aqui?-Thale perguntou, na porta. Ivy secou o rosto, surpresa por ter chorado, até notar que era sangue.
—O que você...
—Acontece. São seus olhos, estão sangrando. -Jogou uma caixa de lenços perto dela, na escrivaninha. -Não devia ser sorrateira perto de um L-1.
—Eu... Eu não quis invadir. -Tentou se recompor, limpando o rosto com um lenço. -Só estava de passagem.
—No meu quarto, enquanto mexia nas minhas coisas.
—Peço desculpas depois de você.
—Não tentei explodir seu cérebro de propósito.
—Você... Espera, você pode explodir meu cérebro?-Ele deu de ombros.
—Disseram que aconteceu uma vez. Não que eu tenha tentado para confirmar.
—Como agora?
—Você simplesmente estava aí e aconteceu. Eu não controlo o tempo todo. -Ivy terminou de limpar o rosto e jogou os lenços usados numa lixeira parcialmente cheia de bolinhas de papel. -É sua irmã?-Apontou para o desenho no chão.
—Acho que você sabe a resposta.
—Tem muita coisa na cabeça de alguém, não dá pra ver tudo em segundos.
—Que bom. -Passou por ele, saindo do contêiner. -O nome dela era Jessie.
—Era?-Olhou pra ele.
—Era.
—Oh, desculpa interromper. -Agatha disse, parando de andar. -Não me apresentei antes. Dra. Agatha Matheson.
—Ivy.
—Eu sinto em interromper, mas Thale precisa dos supressores agora. -O garoto revirou os olhos, entrando no quarto. -Mas podem conversar depois.
—Sem problemas. -E se apressou pra fora da sala. Agatha sorriu, entrando no contêiner.
—Você fez uma amiga?-Perguntou.
—Ela parecia ser minha amiga?
—Vocês estavam conversando.
—Depois que eu entrei na cabeça dela e fiz seus olhos sangrarem. É só mais alguém com medo de mim e me achando uma aberração.
—Não é verdade.
—Você sabe que é. -Agatha pegou uma seringa.
—Ter uma amiga, alguém pra conversar além de mim, e das pessoas que só querem seu dom com segundas intenções, pode te fazer bem.
—Por que eu sou uma aberração solitária?
—Thale. -Suspirou, injetando os supressores em seguida. -Espero que vocês possam reconsiderar e serem amigos.
—Agatha, faz um favor. -Foi pra cama. -Não seja tão iludida. -Ela sorriu.
—Vou tentar.
***
—Como foi o passe... O que houve com seus olhos?-A Doutora puxou a garota pelos braços, aproximando o rosto do dela para ver melhor. -Ivy.
—Estou bem. -Se afastou. -Não aconteceu nada.
—Thale é nada?
—Tá me espionando?
—Sei o que um L-1 pode causar em alguém, fisicamente e psicologicamente. Seus olhos sangraram.
—Olhos não deviam fazer isso.
—Eu sei. -Tocou o ombro dela. -Mas não se preocupe, você está bem.
—Vou estar melhor longe daquele garoto estranho. Ele podia ter explodido meu cérebro.
—Não tenho certeza de que isso é possível.
—Bem, não vou ficar por perto para testar.
—Certo. Bom, eu estava falando com o Capitão e ele nos deu quartos. O seu é do lado do meu. Vou te mostrar onde é e no caminho você pode me contar mais sobre esse encontro com Thale.
—Você é insistente.
—Sim, eu sou, sim. A vovó número três dizia isso o tempo todo. -Ivy suspirou.
—Pelo jeito ela estava certa.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Thale é meu personagem favorito de Nightflyers, então ganhou bastante destaque na fanfic.
Por enquanto é isso.
Até mais.
P.S.: Entrem no grupo, tento sempre manter os leitores informados por lá. Link no meu perfil.