Pokémon - Luz do Amanhecer escrita por Benihime


Capítulo 3
Precipitando eventos




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Na manhã seguinte Serena acordou cedo para ensaiar. Ao chegar na sala de ensaios reservada para as participantes do concurso, notou alguém lá dentro sentada no canto mais distante com as costas apoiadas contra a parede e os braços em torno dos joelhos.

— Me desculpe. — A jovem gaguejou, sua timidez mais uma vez tomando conta. — Eu não sabia ...

— Tudo bem. — Uma voz familiar a interrompeu gentilmente. — Não me importo de ter companhia.

Serena se aproximou devagar, notando que os olhos da mulher mais velha estavam vermelhos e inchados.

— Há quanto tempo está aqui?

— Algumas horas. — Foi a resposta — Por quê?

— É só que ... Bem ... Você parece exausta.

Calista a encarou por um segundo, então seus lábios se curvaram em um sorriso tristonho.

— Ash tem sorte de ter uma namorada assim. — Declarou com carinho. — Você é uma boa garota, Serena.

— Namorada?! — Serena sentiu suas bochechas esquentarem enquanto seu constrangimento aumentava. — Não, ele não é meu namorado!

— Mas você gosta dele. — Calista deu uma risadinha, numa zombaria amigável. — Eu vi, não adianta tentar negar.

Serena agora estava completamente constrangida, com o rosto escondido entre as mãos e as bochechas em chamas.

— Tem razão. — Admitiu enfim, seu sussurro abafado pelas palmas de suas mãos. — Eu gosto do Ash.

Calista mais uma vez riu de seu constrangimento, mas Serena não se importou. A zombaria dela era agradável, quase como se fossem velhas amigas. A jovem loira simplesmente deslizou pela parede até estar sentada ao seu lado, com o rosto ainda escondido entre as mãos.

— Já contou a ele? — Calista inquiriu.

— Não! — Serena ergueu o rosto rapidamente, em pânico só de pensar. — Não posso fazer isso!

A morena descansou a cabeça contra a parede. Seus olhos verdes demonstravam quase a afeição de uma irmã mais velha.

— Você não mudou nada, Serena. — Ela declarou ternamente. — Sempre foi uma coisinha tão tímida.

Serena a olhou mais atentamente, sentindo uma memória começando a se agitar. Borrada a princípio, mas ganhando nitidez conforme se concentrava. Aqueles olhos verdes eram estranhamente familiares.

— Nós ... Já nos encontramos antes, não é?

Calista assentiu com um sorriso malicioso nos lábios. Ainda provocando-a.

— No acampamento de verão. — A irmã de Ash confirmou. — Mas posso entender por que você só se lembra do meu irmãozinho. Embora jamais vá conseguir entender o que você viu nele.

Serena subitamente fez a conexão, revendo aqueles olhos fantásticos em um rosto mais jovem, muito mais suave. Calista havia mudado muito ao longo dos anos, mas parecia ainda ter a mesma personalidade amigável da adolescente que havia sido quase uma irmã mais velha para Serena durante aquele verão.

— Hey! — O chamado arrancou a jovem loira de seus pensamentos. — Você veio aqui para ensaiar ou só vai ficar aí sentada?

Serena se viu sorrindo enquanto Calista se punha de pé e estendia uma das mãos para ajudá-la a levantar também. A garota aceitou o gesto sem hesitar.

— Podemos ensaiar juntas se você quiser. — A mais velha propôs. — O que me diz?

— Sim! — Serena praticamente pulou de alegria. — Eu adoraria!

E as duas ensaiaram. Horas mais tarde Ash, Clemont e Bonnie sentaram na plateia, ansiosos para o começo das performances. Mais duas pessoas se juntaram a eles: Dehlia Ketchum e professor Carvalho.

— Mãe! — Ash exclamou, surpreso. — O que faz aqui?

— O professor Carvalho me convidou. — Dehlia respondeu. — E é claro que eu não podia desperdiçar a chance de ver meu filhinho.

Ash revirou os olhos, mas havia um sorrisinho satisfeito em seus lábios. Enquanto isso, nos bastidores, duas garotas espiavam por detrás das cortinas.

— Ah, meu deus! — Serena arfou. — O professor Carvalho está aqui!

— O que?! — Calista exclamou, oscilando entre surpresa, prazer e horror. — Tem alguém com ele?

— Aham. É uma mulher.

Calista apressadamente se aproximou para olhar por cima do ombro de sua amiga, então recuou. Seu rosto expressava uma determinação sombria, do mais puro aço.

— Aquela ... — Sua voz quase não demonstrava emoção, embora a expressão em seus olhos contradissesse essa impressão. — Aquela é a minha mãe. Sinto muito, Serena. Não espere vencer esta noite.

Serena não se assustou com aquela declaração. Ao invés disso, ficou preocupada. Ela se aproximou, tomando uma das mãos da amiga entre as suas num gesto de conforto.

— Caly ... Qual é o problema? O que aconteceu?

Calista levou alguns segundos, mas enfim relaxou. Sua mão apertou de leve a de Serena antes de se soltar e recuar um passo, esboçando um sorriso.

— Não dá tempo de explicar agora. — Foi sua resposta. — Desculpe, Serena. Não precisa se preocupar comigo. Estou bem agora. Sério.

A garota loira relaxou e esboçou um sorriso aliviado para a mulher mais velha, satisfeita com sua resposta. Por enquanto, pelo menos.

— Quebre a perna, Caly. 

— Você também, loirinha.

Serena foi a primeira a se apresentar. Apesar de sua insegurança, o carisma da jovem fez a plateia cair a seus pés.

Calista se apresentou por último. Dehlia não a reconheceu de imediato, mas de repente arfou e agarrou o braço do professor Carvalho para manter seu equilíbrio.

— Aquela é ...

— Calista. — O homem completou, olhos fixos na jovem que dançava com um orgulho quase paternal. — Ela está muito bem, não acha?

— Sim. Sim, ela está linda. — A mão livre de Dehlia descansou em sua barriga, enquanto seus olhos se mantinham fixos em Calista. — Minha linda menininha ...

A performance acabou e chegou a hora dos resultados. A morena foi declarada vencedora por maioria dos votos. Ela e Serena voltaram para os camarins para trocar de roupa. Quando retornaram ao salão, foram imediatamente cercadas. Algumas garotas cumprimentaram Serena pelo segundo lugar, outras queriam conselhos de Calista.

Corada de constrangimento, a morena se deixou ficar para trás com o pequeno grupo de fãs. Não se sentia muito à vontade com toda aquela atenção. Nunca havia sido seu forte. Mas era necessário. Não muito depois ela foi salva por Ash, que se aproximou com um enorme sorriso.

— Wow! — Ele exclamou. — Uma performer! Eu não esperava por essa. Bom trabalho, mana!

— Performer no meu tempo livre, pirralho. — A jovem declarou jocosamente, para divertimento geral. — Sou uma treinadora, e forte o bastante para acabar com você em uma batalha.

— Há! Isso nós ainda vamos ver.

Calista riu, bagunçando ainda mais o cabelo do jovem com uma das mãos. Ela se despediu rapidamente do pequeno grupo de fãs que ainda a cercava, dirigindo a cada uma um sorriso cheio de charme.

— Veremos, maninho. — Ela disse em voz baixa, enquanto se afastava com seu irmão mais novo. — E ... Estou feliz que tenha vindo assistir.

— Foi muita sorte termos decidido vir aqui esta noite. — O professor Carvalho disse ao se aproximar do casal de irmãos. — Calista, sua performance foi uma bela visão. Fiquei muito impressionado.

— Obrigada, professor. — A mulher sorriu, corando levemente de satisfação. — Significa muito para mim. Falando nisso ... Gostaria de tomar sorvete? Ash, Serena, vocês também estão convidados.

Serena e o professor Carvalho recusaram o convite, mas Ash aceitou com entusiasmo.

— Certo, maninho, somos só nós dois. — Calista brincou após a separação do grupo. — Vamos arrumar alguma encrenca!

— Calista, espere!

Calista paralisou ao ouvir a voz da mãe, seu corpo inteiro se tensionado como uma mola. Suas mãos se fecharam em punhos e voltaram a se abrir em um movimento convulsivo involuntário.

— Ash. — Ela disse, sua voz mais uma vez fria como gelo. — Vá indo na frente, por favor. Nos encontramos lá. Você não precisa ouvir nada disso.

— Sem chance! — Ele exclamou, teimoso como sempre. — Eu quero saber. Não sou mais criança, Caly. Além do mais, tenho o direito de saber do que se trata.

— Certo, seu garoto teimoso. Não diga que eu não avisei.

A mulher então se virou para encarar a mãe, seu rosto completamente transformado. O sorriso charmoso de momentos atrás dera lugar a um olhar frio, duro e ameaçador. Dehlia se encolheu levemente ante aquela expressão tão óbvia de ressentimento. Mas a expressão foi logo suprimida por um rosto completamente sem emoção. A morena era boa em controlar seus sentimentos. Exteriormente, pelo menos.

— Está bem. — Calista praticamente rosnou, mantendo a voz baixa para não ser ouvida pelas pessoas ao redor. — Diga o que quer e vamos acabar logo com isso.

— Eu ... Só quero conversar.

— Depois de tudo o que aconteceu?! Agora você quer conversar?

— Calista, por favor. Você não entende. Se me deixar explicar ...

— Não ... Mãe. — Calista cuspiu a palavra com desprezo. — Agora é tarde demais para explicações.

Antes que algo mais pudesse ser dito, as luzes se apagaram. Pessoas gritaram de pavor e tentaram deixar o auditório, mas as portas estavam fechadas. Trancadas pelo lado de fora.

— Qual é o problema? — Uma voz feminina zombou. — Com medo do escuro? Bem, esse é o menor dos seus problemas. Entreguem seus pokemon agora ou ... Preparem-se para encrenca.

— Encrenca em dobro. — A voz de um homem jovem completou.

— Ah, não. — Ash murmurou com enfado. — De novo não.

Até mesmo Pikachu soltou um longo suspiro, frustrado ao ouvir as palavras já familiares. Para a surpresa da dupla, foi Calista quem avançou primeiro.

— Jessie! — Ela gritou, furiosa. — Que merda! Lá vem você de novo, sempre estragando tudo!

— Calista? — Jessie estava obviamente surpresa. — É mesmo você?

— Conhece eles, Caly? — Ash perguntou, estupefato.

— Ah, sim. Conheço. Infelizmente.

A mulher de cabelos cor de rosa ficou sob o pequeno raio de luz que entrava por uma das janelas, parando na frente de Calista. Mesmo na luz fraca, sua expressão era legível, partes iguais de surpresa e prazer.

— Não achei que nos veríamos de novo.

— Eu não disse? — Foi a resposta. — E agora é melhor você ir, Jess.

— Não até pegarmos o que viemos buscar.

— Não vou permitir. — A morena declarou. — E você sabe muito bem quantas vezes conseguiu me vencer.

— A terceira vez é a da sorte, queridinha.

— Até parece. — Ash interferiu. — Vocês não vão conseguir nada aqui.

— O que você está fazendo aqui, pirralho?

 

Pikachu saltou para o chão, suas bochechas já faiscando de eletricidade em preparação para explodir aquela dupla mais uma vez.

— Certo, Pikachu: Relâmpago!

Pikachu obedeceu, disparando um Relâmpago poderoso contra o Gourgeist de Jessie. Não foi realmente efetivo, mas serviu para enfurecer o pokemon adversário.

— Posso me juntar à festa? — Calista inquiriu zombeteiramente. — Vamos lá, IceFire, é sua vez!

IceFire saiu de sua pokebola com um rugido poderoso, avançando para se postar ao lado de Pikachu.

— É isso aí! — Calista exclamou. — Pronta? Morra no fogo! Lança-Chamas agora!

Mas Gourgeist desviou do ataque e revidou com uma Bola das Sombras. O tempo pareceu desacelerar enquanto Calista via a esfera sombria chegar cada vez mais perto, como se em câmera lenta.

Não! Jessie pensou, em pânico ante o erro que cometera. Ela não!

Calista viu o rosto horrorizado da outra mulher enquanto ela gritava para Gourgeist parar ... Ouviu uma segunda voz, muito mais familiar, gritando seu nome ...

A morena fechou os olhos, se preparando para o impacto que nunca veio. Ao invés disso, sentiu uma cauda poderosa atingir suas pernas, tirando-lhe o equilíbrio, facilitando a tarefa das mãos que a empurraram para fora do caminho. Algo firme envolveu seus pulsos, pondo-a de pé antes que pudesse atingir o chão. Mas, mesmo assim, ela não se atreveu a abrir os olhos.

— Calista! — Ash chamou. — Rápido, mana, me ajude aqui!

Foi o tom de urgência na voz de seu irmão mais novo que a fez encontrar energia para abrir os olhos. Ele amparava Dehlia, que tinha um ferimento enorme na barriga. Sangue manchava sua blusa azul clara.

— Vá com IceFire. — A morena ordenou. — Leve-a para o hospital. Agora.

— Você não vem?

— Não, eu vou ficar e lidar com esses perdedores.

— Certo. Pikachu, fique com ela.

Pikachu assentiu e pulou no ombro de Calista. Ash acenou para os dois.

— Voe mais rápido do que a luz, parceira. — A morena disse para sua pokemon, que assentiu. — Mantenha-os a salvo. Agora vá!

Ash montou em IceFire e a Charizard levantou voo, passando através do teto de vidro com um Lança Chamas. Calista então se virou para Jessie.

— Ela pode morrer. — Sua voz não tinha emoção, apenas uma dureza de aço. — Eu podia ter morrido.

— Não era para atingir você! — Jessie protestou freneticamente. — Não era para ninguém se machucar de verdade.

— Bom ... Agora você vai.

Calista escolheu outro pokemon: um Lucario. Ele usou um Sabre de Osso e nocauteou Gourgeist com três poderosos hits.

— Se afaste, Kyle. — A irmã de Ash ordenou. — Agora é entre você e eu, Jess. Prepare-se para encrenca.

Mas ela não teve tempo de atacar, pois um par de fitas se enrolou em seu braço direito, contendo o movimento.

— Já chega! — Serena declarou, surpreendendo a morena com seu tom imperioso. — Essa não é você, Calista. Você é melhor do que a Equipe Rocket.

— Serena, fique fora disso!

— Não. Eu não vou deixar você fazer isso.

As fitas do Sylveon de Serena ainda seguravam seu braço, e Calista tremia de raiva. As duas jovens se encararam, num momento de tenso impasse.

— Está bem. — A irmã de Ash cedeu finalmente. — Você escapa hoje, Jess, mas Serena não vai me deter uma segunda vez. Ninguém vai. Fique fora do meu caminho.

Sylveon soltou o braço de Calista, que se virou para seu Lucario. Como se um pedido silencioso tivesse sido feito, o pokemon assentiu e disparou uma Esfera de Aura nas portas, arrombando-as.

— Vamos. — Calista instou. — Vamos dar o fora daqui.

Serena agarrou sua mão, puxando-a consigo. A menina era surpreendentemente forte, ou talvez apenas estivesse determinada. De qualquer forma, Calista se viu sendo arrastada por sua amiga. As duas não pararam até percorrerem várias quadras.

— Você está bem? — Serena perguntou enfim, parando e se voltando para a irmã de Ash. — Se machucou?

— Não, estou bem.

— Que bom. Então vamos voltar.

As duas garotas voltaram ao centro pokemon. Apesar da hora, havia muitos treinadores reunidos no salão principal. Alguns haviam estado no concurso, outros provavelmente haviam acordado com a confusão feita pelos treinadores apavorados que voltavam.

— Vou tentar ligar para o Ash. — Calista declarou.

— Certo. Quer o número?

— Quero. Obrigada.

Serena lhe passou o número de Ash, que a morena rapidamente discou em seu celular, e então se afastou em busca de um lugar para sentar enquanto Calista falava com o irmão.

— Ash! — A mulher exclamou assim que ele atendeu. — Como está a nossa mãe? Vocês chegaram a tempo? Você está bem?

— Ei, calma. — Ash disse, soltando uma risada nervosa. — Estou bem. IceFire nos trouxe a tempo. A mamãe está inconsciente, mas vai ficar bem.

— Graças a Arceus! — Calista suspirou de alívio. — Quer que eu vá passar a noite com ela?

— Não, tudo bem. O professor Carvalho disse que vai ficar. Eu chego aí daqui a pouco.

— Está bem. Se cuide, irmãozinho.

— Você também. E ... Caly? — O rapaz hesitou por um breve momento. — Valeu por me apoiar. Foi bem maneiro.

— O prazer foi meu.

— Certo, te vejo depois. Tente dormir, mana.

— Vou tentar. Até mais, Ash.

Eles desligaram e Calista se juntou a Serena em um sofá. As duas se sentaram bem próximas, a garota se aninhando contra a mulher mais velha. A descarga de adrenalina devido aos eventos da noite ainda não se dissipara, e ambas estavam em estado de alerta máximo.

— Pensamentos demais para dormir? — Calista indagou.

— Mais ou menos. Não consigo parar de pensar ... Que poderia ter sido você.

— É, eu sei. Ela vai pagar por isso, pode ter certeza.

Serena não respondeu, apenas descansou a cabeça contra o ombro direito da morena. Pikachu, que estivera empoleirado no ombro esquerdo de Calista, desceu e se aninhou no colo das duas amigas, aparentemente sem se perturbar com nada do que acontecera. As jovens ficaram em silêncio por algum tempo, cada qual envolta nos próprios pensamentos.

— Serena ... — Calista enfim falou. — Seus irmãos conseguiram sair?

— Ah, sim. Clem e Bonnie saíram bem antes de nós. Devem estar dormindo. Eu ... Eu voltei quando não consegui te encontrar.

— Bom, obrigada, loirinha. Eu te devo uma.

— Faria o mesmo por mim.

As garotas sentaram em silêncio novamente. Serena adormeceu, mas Calista continuou acordada. Ash não voltou até depois da meia noite.

— Eu te disse para ir dormir. — Ele repreendeu assim que a viu, sem se importar em cumprimentá-la. — Você não precisava esperar.

— Não consegui. — A morena admitiu. — Então ... Nossa mãe está bem?

— Está. O médico disse que ela vai acordar em alguns dias. Talvez mais, mas ... Ela vai se recuperar. Isso é o que importa.

Calista assentiu. Ash pegou Pikachu no colo e sacudiu o ombro de Serena para acordá-la.

— Caly ... Tem alguém te esperando lá fora. — O jovem disse. — É melhor você ir vê-la.

— Certo. Boa noite Ash ... Serena.

Ambos disseram boa noite enquanto Calista saía. IceFire a cumprimentou com um meneio do longo pescoço assim que a jovem pisou do lado de fora do centro pokemon.

— Obrigada, Fire. — A morena abriu um leve sorriso ao se aproximar. — Não posso te agradecer o suficiente por hoje.

Em resposta a Charizard encurtou a distância restante entre elas, engolfando Calista em um abraço com suas enormes asas, nivelando seus olhos aos dela. A jovem descansou a testa contra o focinho da pokemon, evolvendo seu longo pescoço musculoso com ambos os braços.

— Sempre posso contar com você, não é? — Disse carinhosamente. — Agora venha cá. Descanse, minha amiga. Você merece.

Ela colocou a pokemon de volta na pokebola, então voltou para dentro para tentar conciliar o sono.

Enquanto isso, Ash e Serena estavam juntos no quarto dele. A garota parecia nervosa, embora mal conseguisse manter os olhos abertos devido ao cansaço.

— Então ... — Ash começou. — O que você queria me dizer?

— É sobre Calista. Você notou que ela ... Ela está diferente?

— Claro. — O rapaz riu, imperturbável como sempre. — Ela está mais velha. E daí?

— Não, não é isso. — Serena respirou fundo, então deixou as palavras saírem. — Depois que você saiu ... Ela quase matou Jessie. 

— E daí? — Ash deu de ombros. — Por que ela não terminou o trabalho?

— Porque Sylveon e eu a tiramos de lá. — A garota revelou. — Ash ... Se não estivéssemos lá, Calista a teria matado.

— Você não tem certeza disso. — Ele rebateu com total confiança. — Minha irmã não é assassina. Ela teria recuado.

— Espero que tenha razão, Ash.

— Está com medo? — Serena assentiu. — Não fique. Tudo vai dar certo. Vem, pode ficar aqui se quiser.

— Eu ... Eu ... Eu não quero incomodar.

— Bobagem. — O garoto riu. — Você nunca me incomoda.

Os dois deitaram juntos na cama, conversando aos sussurros. Antes que qualquer um deles notasse, haviam caído no sono.


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