Snuff- Dramione - O Retorno. escrita por Lívia Black


Capítulo 4
IV- Amor.


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente, escrevi esse capítulo completamente bêbada, como a alcoólatra que sou. Espero que, apesar disso, seja satisfatório. Já é meu favorito da fic hahaha



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—Ódio, Hermione. Você me dá nojo.

x-x

O coração de Hermione, que estava morno, como se repousasse em banho-maria, dentro de um confortável caldeirão, foi subitamente arremessado em um pote de neve congelante e trincado em milhões de pedacinhos, conforme Draco soltava seu rosto e o deixava despencar, cabisbaixo.

Ouvi-lo pronunciando aquelas palavras de forma tão real não apenas machucava seus sentimentos, como também ia até o âmago deles, torcia-os e depois sufocava-os. Não conseguiu conter a lágrima que se formou no canto dos olhos e escapou perversa, denunciando seu crime de acreditar no impossível, com as expectativas idiotas que criara. Como fora tão tola? Como podia acreditar que aquilo tinha uma solução?

 Bem, ela acreditara. Mas não ia dar esse gostinho para ele.  

—Eu não esperava nada diferente de você, Malfoy. -Falou, afastando-se dois passos para trás, e voltando a erguer a cabeça com os orbes arregalados de mágoa. Ele havia arrancado toda a esperança dela e a atirado em chamas libidinosas, e não havia cura para uma dor como aquela a não ser a resignação, mas ela não parecia encontrá-la no ar que respirava ou nas palavras que segurava dentro da garganta. -Você também me dá nojo. – Mentiu.

—Eu poderia jurar que até a pouco você esperava algo diferente, Granger.

Havia um tipo de sarcasmo na voz dele tão ácido que quase podia fazer a pele dela derreter.  Ela respirou fundo, pensando se deveria responder da forma que queria. Ela já estava ali, estava chorando e não tinha absolutamente nada a perder.  Não tinha mais porque se conter, como estivera fazendo por causa de Scorpius e de sua decência.

—Você quer mesmo saber o que eu esperava?

—Sinta-se à vontade para expor seus sentimentos. – Ele deu de ombros.- Não é como se eu me importasse com eles, afinal.

—O que você disse que sentia por mim, 13 anos atrás. -Começou, suave como se falasse sobre o tempo e não sobre algo incrivelmente mais pesado na vida dos dois, mas era possível detectar a determinação em sua voz. – Não parecia ser do tipo de coisa que mudava, assim. Nunca.

Ela não mentia quando dizia isso. Uma parte egoísta sua sempre esperou que o loiro continuasse a sofrer, e que não seguisse em frente com Astoria. Secretamente, ela esperava que ele continuasse esperando por ela e sofrendo por ela.  É óbvio que ela não se orgulhava por sentir-se assim, mas não podia evitar seus instintos primitivos.

—Sério? -Ele perguntou, irônico, como se realmente não desse a mínima e estivesse perguntando só por educação.

—Sim. – Ela assentiu. E continuou, mesmo sem saber se devia. -Então por isso eu desconfiei se o sentimento não podia existir ainda, sabe... Apesar de... tudo.

Hermione hesitara. Porque não sabia como nomear o que havia acontecido entre eles. Ela havia, de fato, casado com outro homem na frente do homem que amava. Havia escondido dele a existência de seu filho por doze anos. E voltara com nada além de arrogância e altas doses de orgulho, recusando- se a pedir perdão.   

—Ah, é? E o que você acha que esse ódio é, Granger? – Draco questionou de forma categórica e Hermione balançou a cabeça para os lados, perdida, sem saber do que ele estava falando. Ele ficou a encarando calado por alguns segundos, e ela perdeu a noção do tempo, um estreito nó surgindo no fundo de sua garganta de perguntas engolidas uma a uma.  

Vingança. – Falou simplesmente, depois de muita reflexão.

—Discorra.

— Você não me perdoa por ter escolhido Rony, e me culpa pelo seu sofrimento. Ódio é a sua vingança, e a sua forma de retribuir, pois sabe que me machuca quando fala essas coisas.

—Então, você acha que está ferida, sangue-ruim?

—Estou.

—Acha que esse reencontro está doendo em você?

—É óbvio que sim! -A castanha ficou revoltada, de repente. O que ele pretendia com todas aquelas perguntas sádicas que não levavam a nada, ela não podia saber. -Você pode não acreditar, Malfoy, mas a minha escolha não foi fácil. Foi horrível para mim desistir de nós. Uma parte de mim morreu aquele dia...

Draco não olhava para ela. Seu cenho estava franzido, como se decidisse se devia acreditar ou não no que ela estava falando.  

— É um sintoma. – Ele esclareceu, depois do que parecia ter sido muitos minutos de silêncio.

—Sintoma? -Hermione sabia exatamente ao que ele estava se referindo, mas seu coração não podia perder a oportunidade de ouvi-lo dizendo com todas as letras, após acelerar-se por completo, porque não queria se iludir de novo. Afinal, ele já a havia feito criar expectativas em vão uma vez, e não havia porque acreditar que dessa vez seria diferente. -Sintoma do quê?

Draco a fitou, incrédulo.

—Você não quer mesmo que eu diga, quer?  -No fundo cinza dos olhos dele, Hermione mirava ao próprio reflexo. Parecia pequena, e muito assustada - fraca, diante dos próprios sentimentos.

Ela não sabia se queria que ele dissesse. Ele havia se aproximado sutilmente de novo, seu hálito perto o suficiente para que ela o identificasse como menta fresca. Tudo que poderia vir de novo era mais uma enxurrada de decepções e xingamentos, mas os hormônios que seu hipotálamo liberara pareciam pedir por mais, e ela sabia que não ia conseguir se controlar. Draco Malfoy estava diante dela, afinal, a camisa meio aberta, os cabelos meio molhados e bagunçados daquele jeito peculiar a extremamente cativante. Desde que o revira, notara que os sinais de envelhecimento no rosto dele somente o tornavam mais maduro e incrivelmente....sexy. Ela se lembrava de como gostava daquele tom de proibido que ele tinha, digno de um verdadeiro ex-comensal da morte. Sem se dar conta, todos os pelos de seu braço estavam eriçados. Deitou a cabeça para o lado.

—Quero. -Sussurrou, num grifinório lance de coragem que lhe acometeu.

Draco aproximou-se ainda mais - só mais um centímetro seus narizes poderiam se encontrar.

 -Amor. – Diferentemente dela, ele não hesitou, e nem desviou o olhar. Pelo contrário, aliás, ele a encarava profundamente. – O ódio que eu sinto é só um sintoma do amor enlouquecedor que eu tenho por você, Hermione Granger. E o nojo é o desejo contido de empurrá-la contra esse sofá e tê-la para mim, nesse exato instante.  

Os nervos de Hermione simplesmente pararam de transmitir as informações de movimento e ela simplesmente paralisou, mortificada. A dose de anestesia que seu coração embebido de dor estava esperando simplesmente foi recebida e agora ele pulsava tão frenético, mandando tantas informações ao mesmo tempo, que ela simplesmente entrara em curto-circuito.

Não sabia como reagir.

Draco agora expulsava uma mecha de seu cabelo e colocava atrás da orelha. Seus olhares estavam tão perdidos um no outro que pareciam piscinas cinzas e castanhas a se fundirem. A pele dela estava inteira arrepiada, porque esse era o efeito que o toque dele produzia. Calmo, lento. A respiração que ela há muito havia prendido em seu pulmão finalmente saiu e fez balançar uma mecha dos cabelos loiros dele. Eram loiros-brancos como sóis e a ofuscavam, e ela conseguia senti-los exalar um perfume cítrico e enlouquecedor que pedia por proximidade.

Então ela finalmente soube como reagir.

Colocou seus braços ao redor do pescoço de Malfoy e o beijou profundamente. Beijou como se nunca antes tivesse feito. Como se fosse a primeira vez que seus lábios jamais tivessem se tocado. Como se todos aqueles anos sua boca tivesse sido virgem.  

Era uma sensação simplesmente surreal.

Transcendia tudo que ela sentira nos últimos 13 anos. Como se mil arco-íris estivessem sendo desenhados em sua boca. Ficaram um bom tempo apenas com os lábios grudados longamente, como num longo abraço de reencontro entre dois amigos queridos, exceto que era um beijo entre dois amantes inimigos.

 Draco permitiu que seus braços descessem até as pernas dela, exatamente como tinha prometido, içando-a e envolvendo-a em si se nunca fosse mais soltá-la. A língua dela procurou, desesperada, um espaço para penetrar, e quando encontrou, foi como se adentrasse numa fonte do chocolate mais doce da Dedosdemel. O choque do encontro em suas línguas a deixou mole como manteiga, e se ela não estivesse presa nos braços dele agora, poderia ter desmaiado. Ah, como ela ansiara por sentir aquela sincronia de novo, aquela magia que acontecia sem nenhum feitiço quando podia explorar o céu da boca de seu amante. Se morresse agora, ela não teria nenhuma dúvida de que teria morrido feliz. Sentia-se quente, acolhida, mil fogos de artifício faiscavam em seu cérebro e ela simplesmente estava bebendo na fonte da esperança ardente novamente.

Vorazmente, ele a conduziu até o sofá, onde a depositou sem gentileza.

Não havia nenhum carinho em Draco Malfoy. E era isso o que ela mais gostava nele, em oposição a Rony. O amor dele era violento, desesperado, sempre sedento por mais.As mãos dele pressionavam suas coxas com força, como se elas fossem feitas de borracha e ela não sentisse dor, ou talvez ele as pressionasse assim justamente porque ela sentia dor,  e a castanha poderia jurar que marcas ficariam quando ele parasse de apertá-las.

O beijo ardente finalmente cessara, mas ele não interrompera o contato delirante entre suas peles, porque continuava a beijá-la, dos lábios para o pescoço, e todo o corpo dela estremecia num vício que finalmente estava sendo suprido depois de 13 anos de abstinência. O toque dela era tão inebriante que derretia todo o resto da sala ao seu redor, conforme as mãos dele percorriam de sua perna para dentro de sua saia, indo na direção do clitóris que ele nunca precisava de mais de uma tentativa para achar.

Era um sonho que se tornava realidade.

Mal ela sabia que esse sonho, em breve, poderia virar um pesadelo.

Porque um garotinho encarava a cena chocado do alto da escada da Mansão Malfoy.

Scorpius Malfoy assistia a tudo.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Fantasmas se revelem! Lumos!



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