Vampires will never hurt you escrita por manasama677


Capítulo 5
Capítulo 5 - Can you hear me cry out to you?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/779336/chapter/5

Richard van Gloire parecia reconhecer que Helena estava muito aquém dos outros. De maneira discreta e buscando não ofender a noiva, era dado a brincadeiras que mais se assemelhavam a treinamentos. Helena fingia não perceber isso, enquanto realmente treinava em companhia do noivo. Naquele dia, surpreendia o rapaz saltando de uma escada de mais de dez degraus.

— Oops! Eu me rendo...! Não imaginava que minha delicada noiva fosse conseguir pular dessa altura! Isso é fantástico! Algo que nem eu consigo fazer! - mentiu ele, para lisonjeá-la.

— É verdade, Richard?

— Sim! De verdade! Você é muito forte e talentosa! Não é a toa que luta ao lado dos melhores, incluindo a minha pessoa, é claro!

Helena meneou a cabeça. Hoje era capaz de enxergar a mentira nas doces palavras de Richard. Se ela fosse forte como ele dizia, hoje ele estaria ao lado dela, ela pensou. Do nada, outra ideia veio de supetão e atropelou essa lembrança: o que, afinal, se fez do jovem meio vampiro capturado e vendido pelos Martinellis?

— O que fazes, por Deus, que este jantar não sai? - seu tio queixou-se, passando por ela.

— A lenha estava verde, por isso o fogo demorou a acender - ela se explicou, tentando esconder atrás de si mesma o seu modesto arsenal de costura.

Era um dos raros dias de folga da família. A jovem já encarava aquela data com certo dissabor: com o dinheiro da venda do vampiro, o velho Lee Rush havia abordado um mercador para comprar tapeçarias para a casa e vestidos novos para a filha. Bernard e Vincent também ganharam trajes novos, inclusive sapatos, e o próprio Karl se vestia como um barão. Agora ele tinha um relógio novo como o do colecionador. Mas nada tinha sido dado para Helena. Ou melhor: não seria, se Bernard não tivesse convencido a irmã a entregar pelo menos um de seus vestidos antigos. Havia, por coincidência, um que feria mortalmente Angela nas axilas, e que ela não era modesta o bastante para reconhecer que não iria mais lhe servir. Como Helena era ligeiramente mais magra que Angela - não que Angela fosse fora de forma, mas Helena tinha uns dois números a menos que ela - a prenda poderia ser usada sem lhe causar grande suplício. Bernard também entregara à prima uma de suas camisas, e Helena recortava e costurava a peça na esperança de reduzir o modelo e torná-lo mais feminino com alguns pedaços de renda que guardara consigo.

Como as velas haviam sido todas levadas para o salão principal e só lhe restava uma pequena lamparina, assim que caiu a noite Helena percebeu que não conseguiria prosseguir com a costura de seu novo traje. Angela, muito contente, passava de meia em meia hora próxima dela, expondo seus belos vestidos.

— Olhe como é bonito! Como é delicada esta gola alta! E os babados do punho! E estas anáguas rendadas!

De vez em quando, a advertia:

— Cuidado com esta panela! Sei que me invejas e planejas danificar meus novos vestidos, mas meu pai a castigará devidamente se ousares cometer alguma vilania!

— As cinzas do ambiente podem causar danos à tua roupa nova e eu nada tenho a ver com isto - Helena respondeu, aborrecida, ao ver que Angela usava um vestido que ela muito cobiçou com os olhos, rezando para que alguém tivesse a consciência de agraciá-la com ele.

— Vi que este em especial a agradou! Uma pena, meu pai achou que ele combinava mais comigo. E eu não posso contrariar meu querido pai, não concordas?

— Decerto - a isca meneou a cabeça, balançando os cabelos revoltos.

De certa forma, era positivo que aparecesse algum novo tema para distrair sua cabeça com irritações, mas a verdade é que sua mente incansável não parava de pensar no vampiro Arthur Seingalt. Nada, nem sua prima, conseguia se sobrepor ao vazio imenso que a falta de informações sobre ele causava na jovem caçadora. (...)

Helena terminava de estender uma grande toalha na mesa coletiva dos hóspedes e começava a servir os pratos daqueles que preferiam jantar na própria hospedaria.

— Que bom que hoje é a menina de cabelos negros! - comentou um viajante - Não gosto muito da comida da ruiva.

Angela ficou com ódio dessa observação, mas não podia negar que, além de cozinhar melhor do que ela, Helena também a privava do aborrecimento de ter que ir para as panelas. Ergueu bem o rosto e serviu-se, fingindo que não estavam falando dela. Helena viu que a mesa estava cheia, então serviu um pequeno prato para si mesma e foi comer sentada em um tamborete à frente da janela. A conversa seguia alheia aos seus ouvidos, até que alguém tocou no assunto dos vampiros:

— Então os Seingalts são os culpados de toda essa tragédia.

— É uma das mais tradicionais famílias de vampiros. Têm um número espantoso perto de outras famílias de parasitas, e o motivo é porque sempre estão a agregar uma humana nova a seus serviços.

— É um horror pensar que uma de nossas filhas pode se tornar uma deles!

— Ouvi dizer que cada um dos parasitas possui um sem-número de mulheres, por isso nunca acabam.

— Esses sabem como se divertir!

— Não propriamente veem isto como uma diversão, mas imagina quantos úteros eles têm à disposição!

— Mas raras são as gravidezes que vão até o final! Não sabem que as feras sugam as energias das mães desde o ventre?

— O que achas Helena?

Helena, que jantava sem prestar atenção no que diziam, demonstrou surpresa ao ser inserida de repente na conversa.

— Desculpe?

— Perguntávamos o que pensavas acerca de os vampiros possuírem muitas esposas...É uma informação desagradável, não te parece? Eles muito provavelmente não devem valorizar mulher alguma, nem a mais bela.

A isca não estava gostando da condução daquela conversa. A prima, a exemplo de Julius Martinelli, parecia estar insinuando as mesmas coisas. Pensava ela que vacilo teria cometido para que eles se dessem a liberdade de pensar que ela tinha algum envolvimento com o parasita capturado. Por um instante, debateu internamente os dois lados de seu próximo passo: eximir-se de comentar aquele assunto poderia fazer parecer que ela tinha algo a esconder; ofender-se demasiado também.

— Não o sei, Angela. Por que perguntas isso a mim?

Angela sorriu maldosamente, trocando olhares com Julius. Parece que alguém andou trocando confidências acerca de suas suspeitas.

— Eis a vantagem dos corações humanos! - Martinelli ergueu um brinde - Um homem quando se apaixona por uma mulher, permanece com ela por incontáveis anos, dedicando-se somente a ela!

— Acreditas mesmo nisso? - riu-se um de seus amigos.

— Isto parece realmente maravilhoso de ser ouvido, Sr. Martinelli. Contudo, nem todos os homens são assim - observou a caçadora, com ressentimento na voz.

— E os vampiros, Helena? Acredita que eles podem dedicar fidelidade a uma mulher?

Helena baixou os olhos e ocupou a boca com um bocado de comida. Definitivamente, eles sabiam de algo. O que ela estava deixando escapar? Como era possível? Tentando não oscilar os passos nem deixar entrever qualquer nervosismo, a caçadora despediu-se, alegando estar satisfeita com o alimento.

— Preciso acordar cedo amanhã. Com licença, senhores.

O jantar continuou sem que alguém comentasse qualquer coisa a respeito da saída repentina de Helena. Martinelli também se preparava para ir embora, quando Angela veio em seu encalço:

— Estou contente. Percebi que o senhor tem certo interesse em minha prima Helena.

A Julius Martinelli, pareceu ousado demais da parte dela insinuar que ele poderia assumir uma perdida como esposa, mas, julgando que a verdade poderia chocar sua ouvinte, assentiu:

— Já que a senhorita tocou no assunto, de fato a menina me interessa, e muito...já deixei, inclusive, minhas ressalvas a respeito de alguém tão frágil ingressar no ofício da família, e ainda por cima na função que ela exerce.

Angela percebeu que ele tocava no assunto de Helena não ser uma mulher casta, e pigarreou, satisfeita com a direção que o diálogo tomava. Não era verdadeira sua vontade de juntar a prima ao caçador, pelo contrário. Sua intenção ali era plantar a discórdia, fazer com que o pretendente corresse para bem longe.

— Digo-lhe apenas que podes contar com o meu apoio para qualquer investida - mentiu - Sobre Helena ser a isca dos Lee Rush, eu também sou contra isso - mentiu mais ainda - Eu fico até encabulada de dizer uma coisa dessas, mas Helena é uma presa fácil para os monstros. Desde que Richard van Gloire, seu noivo, fora morto em combate, também me parece que ela busca a morte continuamente.

— Ouvi falar dele por alto.

— Era um amigo de infância de nossa família. Ele, sim, era um caçador de vampiros muito capaz. Não à toa, só morreu pelas mãos do líder dos Seingalt, em ocasião que todos conhecemos: protegendo Helena, que não foi capaz de resistir às seduções do monstro. Ela agora parece afeita à ideia de acabar com todos os vampiros do mundo, a começar pelos filhos daquele que encerrou sua felicidade antes de ela ter início. Mas, verdade seja dita, Helena não sabe nem por onde começar.

Martinelli assobiou de forma jocosa ao perceber as reais intenções da ruiva. Deu de ombros e, para seguir gracejando, afetou continuar interessado:

— Talvez Helena apenas precise de um homem que a faça superar esses acontecimentos infelizes.

— Conto com o senhor - disse Angela, contrariada, ao acreditar que seu veneno não surtiu efeito no caçador.

— Eu, pessoalmente, me encarregarei disto. A senhorita pode ficar despreocupada.

(...)

Helena não tirava da cabeça o que seu tio disse, sobre ela manchar a reputação da família. Mentiu sobre ter ido descansar. Na verdade, fugindo pela saída que dava para o quintal, ela rumou para os lados do cemitério mais uma vez. No jazigo do noivo, contava-lhe este mais novo dissabor, assim como lhe confidenciava tudo.

— Oh, Richard! Por que eu não consigo ser forte como os outros? Se essas criaturas não existissem, será que eu conseguiria levar uma vida normal? Ainda que eles todos sejam eliminados, eu não o terei mais comigo. O que farei? Se meu propósito é acabar com todos eles, o que eu farei quando isso acontecer? Qual será o meu futuro naquela casa?

A caçadora sentiu de repente a mesma presença estranha e quase coletiva que havia sentido na mata. A sensação era algo próximo de ser observada por uma multidão silenciosa. Seus olhos percorreram o cenário ao redor, e, recostado a uma gárgula, ela reconheceu outra vez aquele rapaz cujos olhos faiscavam uma luz felina amarelada.

— Então, é esta a pessoa que tu lastimas. “Richard”. Era seu esposo? - ele perguntou, sem se mover do lugar em que estava. Tinha o rosto muito atraente erguido, a imponência natural de uma fera. O corpo esguio e bem vestido dava harmonia ao conjunto; Arthur Seingalt de fato tinha uma presença impactante, e apesar disso demasiado assustadora.

— Você...está vivo.

— Eu fui obrigado a ensinar, da pior maneira, a um colecionador, que não é muito inteligente manter vampiros vivos em casa.

Helena arregalou os olhos, lembrando da conversa que estavam tendo mais cedo à mesa: "Então, os Seingalts são culpados de toda essa tragédia". Era disso que falavam?

— O que...você fez?

— O que faço sempre: eu me defendi dos humanos.

Helena, sem querer lhe dar atenção, voltou novamente os olhos para a sepultura de Richard van Gloire. Arthur avançou em sua direção e agachou-se lado a lado com ela.

— Eu o odeio por cada segundo que a faz chorar.

— Eu choro por ele porque seu pai o matou. Não se esqueça disso.

— Era um caçador?

— Sim, o maior caçador que este mundo já conheceu.

— Então, tu também visitas uma pessoa aqui.

— Do que estás falando?

— Eu disse antes: não és a única pessoa a ter uma perda.

— Não me provoques, vampiro, ou te farei encontrar essa pessoa no inferno antes que imagines.

Arthur não parecia estar disposto a trocar acusações. Balançou a cabeça com graça e leveza, e disse:

— Agora, sinto que somos iguais.

— Quem tu tens enterrado aqui? - perguntou a menina, curiosa. Curvou-se sobre si mesma logo em seguida, imediatamente arrependida por ter expressado qualquer interesse em dialogar com ele.

— Uma mulher...muito jovem. Ela me abraçava e me colocava para dormir em um pequeno caixão...mas eu sempre escolhia ir para a cama dela. Ela dormia comigo e me contava histórias de princesas, cavaleiros e reinos. Ela também brigava comigo quando eu voltava com alguma caça para casa...Ela me acariciava até eu adormecer. Era tão bom!

— Mãe...

— Como?

— Essa mulher...era sua mãe, não é?

— Meu pai, quando nos visitava, a chamava de "humana". Eu a chamava assim, também. Ela detestava...mas eu achava que este era o nome dela. Eu não entendia o que eram os "humanos".

— Minha mãe...eu também me lembro dela. Era frágil e adoecia com muita facilidade. Amava o meu pai mais do que a própria vida. Também era jovem, mas destruída...Ela usava roupas bonitas e maquiagens...trazia homens para casa. Ela sempre dizia que conseguiria dinheiro para encontrar meu pai onde quer que ele estivesse...Indo atrás dele, mudamos de cidade muitas vezes. Ela nunca prestou muita atenção em mim...mas eles sim. Eles me adoravam. Vinham vê-la por minha causa.

— "Eles"?

— Os homens que a visitavam.

— Que estranho. Homens adultos não costumam ter assuntos em comum com crianças. O que vocês conversavam? Brincavam de alguma coisa?

Helena, de olhos baixos, não disse nada.

— Aquela mulher não me deixava chegar perto dos adultos. Dizia que eles eram perigosos.

— Eu queria tanto sorrir como as outras meninas...Mas eles diziam que eu deveria me sentir especial, porque tinha sido a "escolhida"...! Porque eles gostavam de mim...não faziam aquilo com nenhuma outra além de mim...! Quando eu cresci um pouco, o homem que minha mãe dizia ser meu pai também me quis no leito com eles...É horrível!

— Não chore... - Arthur estendeu a mão na direção de Helena.

— ...depois que ela morreu, eu pensava que isso fosse acabar, mas...Oh, Deus! Será este meu único propósito neste mundo?

— Não, por favor, não faça isso...ela também chorava...! Não suporto vê-la assim...!

Helena sentiu-se envolver pelos braços do inimigo mais uma vez.

— Se precisar de alguém para cuidar de você, eu posso fazer isso. Eu posso ser sua mãe, então dormiríamos abraçados e eu leria contos de cavalaria para você. E você nunca teria hora certa para dormir, brincaríamos juntos mesmo depois do pôr do sol...

A caçadora foi dominada por uma súbita vontade de dormir e, recostada ao peito do vampiro, cerrou os olhos. Arthur tirou a capa e a colocou no chão, sentando-se. Convidou Helena a se juntar a ele, acomodando a cabeça da menina sobre suas pernas. Afagando os cabelos da amada, declarou:

— Eu queria poder ficar aqui com você para sempre...por que você não vem comigo?

A jovem se levantou rapidamente, horrorizada:

— Era isso o que desejavas desde o começo? Convencer-me a trair os meus? Colocar meu sangue e meu corpo a teus serviços? Eu nunca farei isso! Nunca sairei do lado daqueles com quem sempre estive por tua causa! Como poderíamos brincar juntos? Estamos em lados opostos! Somos inimigos!

— Suas palavras não parecem convencer nem a você mesma.

— Não há chance nenhuma de eu aceitar sua proposta, vamos encarar a realidade.

— Eu prefiro continuar fugindo dessa realidade se ela for tão cruel para nós dois.

Helena recostou a cabeça ao peito dele mais uma vez, não em um toque sutil; ela praticamente o golpeou nessa aproximação. Arthur, em contrapartida, abraçou-a e a manteve junto dele.

— Isso é abominável. Eu vi você, você matou um homem na minha frente...! Como eu posso achar isso normal? Richard estaria vivo se não fosse seu pai...! E eu estou aqui com você agora, como se não tivesse acontecido nada...! Eu não poderei me perdoar jamais se ignorar tudo isso...!

— Helena, eu sei que não é isso que tu pensas!...Eu também tenho motivos consistentes para odiar teus parentes caçadores...Eu sei o que tu sentes, me sinto exatamente da mesma forma!...

— Não nos compare a vocês, pestes assassinas! Eu os odeio, e a ti muito mais do que todos os outros...! Por eu ter simpatizado consigo por um único instante, por seres tão doce e gentil...por me desejar tanto...

— Eu entendo, Helena. Tu te sentes como se estivesses traindo teu antigo companheiro ao reconhecer que tem sentimentos por mim. Eu também devo lealdade aos meus, e no entanto estou aqui, arriscando-me na mesma medida, exposto ao julgamento de todos. Eu não tenho culpa de ser quem sou. Não consigo evitar, assim como não consigo ignorar o que sinto por você.

— Você ia mesmo...me matar? Se aquele caçador não tivesse aparecido, você ia me matar?

— Eu não consigo me lembrar muito bem do que acontece. É como se outra consciência despertasse. Alguém que faz coisas que eu não faria, que diz coisas que eu normalmente não diria...Acontece de tempos em tempos...e eu não me lembro de trechos da minha própria vida! Sempre temi por tua segurança, por isso não conseguia me aproximar...mas eu não posso mais. A cada dia que passa, são maiores os atos violentos praticados contra mim. Meu tempo se esgota. Eu não queria partir antes que soubesses que alguém a quer bem.

— É mentira! Você só quer me manipular! Eu ouvi o que os caçadores diziam sobre vocês! Sobre suas muitas mulheres! Sobre como as sequestram, as transformam em vampiras, como só as querem para que se multipliquem a seu serviço! Vocês não amam ninguém! Para vocês, feras, as mulheres só valem os filhos que podem dar!

— Por que eu pensaria em algo tão perverso? É verdade que meus irmãos possuem muitas mulheres, mas eu não sou como eles. Tu és a primeira pessoa de quem me aproximo, e estou aqui contrariando as ordens de todos, porque isso não me é permitido. Creia, eu também os temo, mas estou aqui por ti! Não basta?

Helena abanou a cabeça, em negação.

— É mentira! Eu não acredito em você!

Arthur, então, tirou de sua cintura um punhal e o entregou a ela.

— O que é isto? O que pensas estar fazendo?

— Se é importante para ti que alguém pague pelo que aconteceu, eu me entrego em tuas mãos para que faças a tua justiça; leve-me consigo, mas deixe os outros em paz. Me dê ao menos a chance de salvar todos aqueles que quero defender. O que esperas? - Arthur a encarou com impaciência - Não é no meu fim que encontrarias a solução para todos os teus problemas: a crise com os próprios sentimentos, o apreço de sua família, o sucesso como caçadora....?

A menina encarou a arma cedida a ela, pensando em todas as possibilidades levantadas pelo inimigo. Havia um agravante: se descobrissem que ela havia fugido de casa, Helena estaria realmente encrencada. Porém, o retrato das coisas mudaria por completo se ela conseguisse capturar e até assassinar o meia-espécie. Mas, e depois? Quando ser isca funcionava, ela era tratada como uma preciosidade, só que poucos dias bastavam para o andamento das coisas voltar à normalidade e todo o ciclo de desvalorização e humilhação recomeçar. Ela já havia experimentado isso muitas vezes: enfeitiçados por seus encantos, os monstros distraíam-se por tempo o suficiente até que os caçadores os atacassem e os ferissem de morte. Inúmeras foram as vezes em que ela teve que sentir sobre o próprio corpo derramar o sangue gélido de um morto-vivo. Um sem-número de vezes, ela também teve que distraí-los com os lábios para que eles não a tomassem pelo pescoço. Missão bem sucedida: "Graças a Deus que a temos aqui! Muito bem, Helena!" Mas um fracasso, uma fuga, uma morte, caíam-lhe na conta como se os demais não existissem. Gratidão era uma palavra que não existia no dicionário dos Lee Rush, e Helena sabia disso. Eles eram indiferentes ao tamanho do risco que ela corria em cada uma das missões que executava. Em ocasião da morte de Richard, em vez de consolo, ouviu censuras. Acusações de que falhara, de que colocara o rapaz desnecessariamente em risco ao ser encantada pelo patriarca dos Seingalt. Bernard fora o único a se exaltar com os parentes e dizer: "Choramos um companheiro; Helena chora o luto de um amor perdido. Respeitem sua dor." Apesar de tudo, a caçadora os temia e respeitava - eles eram a sua família! Era graças a eles que tinha um teto sobre sua cabeça, e comida. Mas, mesmo assim, não conseguia ignorar a culpa que lhe veio em um assomo definitivo, por ter alimentado por um segundo que fosse a ilusão de conseguir matar aquele adversário em específico:

— Desculpe...! Desculpe...! - agarrou-se à malfadada criatura diante dela, aos prantos. - Não consigo fazer isso, não sou capaz!...

Arthur a confortou entre seus braços e enxugou suas lágrimas. Delicadamente, beijou-a no rosto e os dois, caçadora e presa, sentiram-se envolvidos por aquele silêncio que antecede o gesto que sela o acordo mútuo das almas apaixonadas. No entanto, não tiveram tempo de mais nada. Helena levantou-se de pronto ao escutar atrás dela o ruído de passos, e de mais de uma pessoa.

— Eu sabia que estarias aqui, Helena - disse Angela, vitoriosa, agarrando uma lamparina que iluminava bem os rostos da isca e do meio vampiro Seingalt.

— Que decepcionante, Srta. Lee Rush - disse Martinelli - Achei que fosses ter a prudência de escolher alguém do seu nível. Me contraria que tenha caído tão baixo: uma caçadora que se apaixona pela presa!

Angela deu detalhes de como a encontraram:

— Quando a vi retirar-se, resolvi segui-la. Iria sozinha, mas por um acaso encontrei o Sr. Martinelli no caminho e o convidei a vir comigo! Ah! Eu sempre avisei meu pai que tu eras uma traidora!

— Você não faz ideia do que está acontecendo aqui - Helena tentou se explicar.

Angela deu um tapa em seu rosto.

— Eu sempre soube que você seria um marco negro na história da família Lee Rush!

Helena afagou o machucado, aproveitando o percurso da mão para esfregar a lágrima que descia.

— Não há nada que você possa dizer, não é? Não iria presentear-nos com uma explicação? Onde estão tuas palavras agora?

Arthur avançou na direção de Helena, buscando sua mão.

— Venha comigo!

— O que pensa que está fazendo? Solte-a! - protestou Angela.

O vampiro arreganhou as presas para a filha do caçador, o que a faz recuar.

— Maldito... - rosnou a ruiva.

— Então, o que é isto? - indagou Martinelli - A besta acredita mesmo que irá levar a isca dos Lee Rush? Logo a isca, cuja missão é atrair e distrair os sanguessugas de tua espécie?

— Helena, venha!

Helena alternava olhares entre a fera e a família, sem conseguir concatenar as ideias de prós e contras em sua mente. Ela sabia o que a aguardava no seio da família, mas não na alcova dos vampiros. A caçadora que havia nela sabia apenas de uma coisa: eles jamais a aceitariam, eles a matariam com certeza, por todos os mortos que ela havia conseguido! Na dúvida, regressou ao asilo que já lhe era familiar. Puxou sua mão da de Arthur Seingalt e forjou sua maior cara de espanto. Correu na direção de Martinelli e da prima e, ignorando sua tentativa anterior de se explicar, disse apenas:

— Eu vim para ver Richard e ele ia me atacar!

Arthur Seingalt estreitou os olhos, como se tivesse dificuldade para enxergar. Seu rosto estava crispado de incredulidade.

— Helena?

— Agora, as contas serão acertadas comigo - Martinelli deu um passo para a frente, cobrindo Helena completamente.

— Não vá com eles! - implorou o vampiro.

— Calado, parasita! - Martinelli o socou, fazendo-o ir de encontro ao chão - É de comum acordo entre nossas famílias que esta mulher me pertence - Helena não pôde deixar de boquiabrir-se de surpresa diante desta afirmação, Angela também - Não és mais apenas uma caça, és um adversário pessoal! Não hesitarei em acabar consigo agora mesmo!

— O senhor está enganado! Ela estava inclinada a me seguir! - disse Arthur, que não teve mais tempo de acrescentar qualquer coisa.

Helena gritava para ele calar a boca.

— O que estás a dizer, criatura imunda da noite? Cale-se, que não consinto que fales em meu nome!

— Você ainda não entendeu? - Martinelli colocou as mãos por cima dos ombros de Helena, que rezava para que Angela estivesse acreditando na mentira que ela e o caçador estavam começando a desenrolar - Ela estava apenas dizendo palavras doces para distraí-lo até que eu aparecesse!

— Mas o senhor veio comigo agora! - Angela protestou, sem lhe dar crédito.

— Quem Helena ama de verdade sou eu. É a mim que ela deve gratidão. É sua casa que eu visito todas as noites, a senhorita Angela Lee Rush é testemunha de que faço a corte à sua prima!

— Sou? - Angela contestou, confusa.

Arthur meneava a cabeça, mantendo os olhos arregalados fixos em Helena.

— Não é verdade! Não tenho por que acreditar no que você diz. Helena! Diga a verdade para eles! Fale sobre como planejávamos ir embora, buscar um lugar somente para nós dois...diga...Eu confio em você!

— Se quer confiar nela, confie. É até bom que seja assim - Martinelli sorriu, presunçoso - Uma isca caçadora de vampiros pode fazer tudo o que a função requerer, inclusive mentir para enganar sanguessugas tolos como tu; mas, não se iluda. Uma caçadora de vampiros é sempre uma caçadora de vampiros. Às vezes, podem não agir com decência em prol da missão, mas não se preocupe. Eu me encarregarei de transformá-la em uma moça séria. Helena e eu nos casaremos, mas, para isso, tu deves ser extirpado deste mundo!

Martinelli tomou um punhal e fez um pequeno corte na mão. Arthur ficou sem entender no começo, mas logo seu faro apurado fez o seu papel, tornando-o imediatamente atraído pelo sangue daquele homem.

— Venha buscar, seu monstro - o caçador expôs o ferimento como um adestrador que coordena os movimentos de um cão mostrando um osso.

Helena quis dar um passo para frente, mas a prima agarrou seu braço e a lançou para trás.

— Fique aí!

— O que você vai fazer, Angela?

— Por enquanto, guardar este segredo. Não pensem que eu me deixei convencer por essa história de noivado! Ele tenta ajudá-la, e posso até imaginar o que pedirá pelo próprio silêncio!

Helena cruzou os braços ao redor do próprio tórax, enojada com as suposições da prima.

— Porém, devo acrescentar que, apesar de tua falta de juízo, o Sr. Martinelli parece gostar muito de ti. Se eu estiver certa e ele levar essa afinidade a patamares maiores, poderíamos estudar a possibilidade de torná-la realmente esposa dele. Um homem prestigiado, cheio de posses e solteiro não se acha em qualquer lugar. E alguém em tua situação não pode estabelecer muitos critérios para arranjar um pretendente.

— Não pretendo me casar - Helena disse, acompanhando o entrave entre o caçador e o meio vampiro - Tu o sabes.

— Pois trate de ser muito gentil com o Sr. Martinelli. Eu não serei tão complacente na próxima vez em que a pegar nos braços de um sanguessuga! Eu até acho que tu e o Sr. Martinelli formam um bom par.

Arthur, tentando resistir ao sangue do outro, dava passos para trás. O atual líder do clã Martinelli parecia bastante confiante de sua tática:

— O que há, vampiro? Não quer sangue? No meu tempo, os vampiros não eram assim tão...seletivos. Agora, está na hora de terminar o que nós começamos na floresta! Despeça-se deste mundo, pois não fazes mais parte dele, vampiro imundo!

Julius Martinelli avançou em cima de Arthur Seingalt com o punhal na mão. A fera se desviava dele com presteza, o que irritou o caçador.

— Não tem problema, eu tenho algo de alcance maior - ao término da frase, o suposto noivo de Helena já tinha uma arma de fogo na mão - Esta tem balas forjadas em prata. Acredito que eu não precise explicar os efeitos delas no corpo de um morto vivo como tu!

— Ar...thur... - Helena murmurou, debaixo do olhar atento da prima.

— Nem penses em socorrê-lo.

— Maldito! - Martinelli disparou um tiro, mas Arthur fugiu a um bom alcance e saltou para as árvores que havia ao redor das sepulturas, ocultando-se por completo.

Impaciente, o caçador do outro clã desperdiçou algumas balas, até se dar conta de que a próxima seria a última.

— Sanguessuga covarde! Apareça!

Após passar o olhar em volta infinitamente, Martinelli chegava à conclusão de que o vampiro havia fugido. Estava pronto para solicitar às damas que o acompanhassem de volta até a estalagem, quando sentiu o peso de um homem cair sobre ele. Apesar da dor atroz nos ombros, não vacilou, agarrando certeiramente a criatura pelos braços e atirando-a mais longe do que parecia comum a um ser humano. Seingalt dava com as costas em uma lápide, enquanto Martinelli atirava sua última bala, acertando a tal lápide, mas não o monstro que havia caído sobre ela. Indignado com aquele desfecho, correu na direção da criatura noturna usando sua arma anterior, o punhal. De alguma forma que parecia incompreensível, ele era muito rápido e forte! Em segundos, estava por cima do meio vampiro, ameaçando o seu rosto com a lâmina.

Arthur agarrava as mãos do inimigo, tentando impedi-lo de acertá-lo. Seu golpe de sorte foi que uma coruja sobrevoou a área, produzindo um ruído que distraiu o caçador por um momento inferior a um segundo, mas longo o suficiente para assegurar sua derrota. Seingalt deu um golpe no rosto do caçador, tirando-o de cima de si, e correu para agarrar o punhal que o vitimaria, empunhando-o. Martinelli, surpreso e desarmado, estendia as mãos visando agarrar qualquer coisa que aparecesse em seu caminho, e as pernas davam passos espaçados, como os de um lutador em um ringue antes de dar o primeiro golpe. Sem estar para brincadeiras, o vampiro fazia meias-luas no ar, produzindo ruidosos recortes no nada, que denotavam sua autêntica intenção de matar. Era a vez de o caçador recuar. Angela instintivamente se escondia atrás da prima, tentando ficar invisível o bastante para não chamar a atenção da fera em vantagem.

Martinelli, ao retroceder alguns passos, caía de costas ao chão ao calcular mal uma uma de suas pegadas. Seingalt montava por cima dele, pronto a cravar o punhal em seu coração ou onde fosse possível atingir. E Helena foi tão arrebatada pela certeza de que veria mais uma vez seu amado se tornar um assassino que o impediu, tomando-o pelos ombros:

— Por tudo o que há de mais sagrado, não faças isso! Não diante de mim! - ela implorou - Vá embora! Deixe-nos em paz!

— Agradeço as boas intenções, Srta. Lee Rush - disse Martinelli, erguendo-se - Eu me lembrarei disso.

— Podemos acabar com eles agora, e então fugir! - o vampiro explicou suas intenções.

Apesar de tudo o que passava nas mãos da prima, causou espécie em Helena a simples ideia de matá-la.

— Tome cuidado. Srta. Lee Rush! Ele está fora de controle - Martinelli advertiu, sem estar ciente do que os dois conversavam no breve momento em que Helena arrancou de cima dele o monstro que iria matá-lo.

— Por que me impediu? - Arthur questionou a Helena.

"Julius o machucou uma vez", pensou Helena. "Eu não queria que acontecesse de novo".

— É nojenta a intimidade que tens com este vampiro! Só a posso lamentar - Angela disparou suas acusações à prima.

— Do que está falando? - Helena, incoerente, de alguma forma acreditava que não estava dando margens a suspeitas de que havia sim algo entre ela e a caça - Desejo apenas ajudar o Sr. Martinelli a escapar com vida!

— Eu agradeço, mas de agora em diante o assunto é comigo - disse o rapaz, convencido - Se ficar ao meu lado, não correrá nenhum perigo. Ele jamais me machucaria, não é bom o suficiente para isso.

Arthur não quis acreditar no que estava vendo quando, de forma cortês, o caçador agarrou a mão da isca e delicadamente a beijou. Helena foi posicionada atrás de Julius, como se precisasse ser defendida dele, Arthur Seingalt. Isso o chocou.

— Helena, o que quer dizer isso? - ele cobrou dela uma explicação, mas não obteve resposta.

— Sr. Martinelli, por favor. Não o machuque - Helena pediu.

— Claro que não...afinal, ele vale mais vivo - disse o caçador.

Ela apenas assentiu com a cabeça, rezando para que Arthur, se não escapasse, pelo menos fosse capturado com vida, e sem graves ferimentos. Arthur buscava a amada com os olhos, esperando que ela dissesse alguma coisa. Para desiludi-lo e fazê-lo ir embora de uma vez, antes que as coisas piorassem para o lado dele, Helena segurou o caçador pelo braço e recostou a cabeça em seu ombro. Angela olhava de um em um sem entender nada do que estava acontecendo.

— Malditos humanos - rosnou a criatura, mostrando as presas.

— Deixe o bastardo ir - Helena insistia na sua mentira que ninguém estava acreditando, nem ela - Vamos voltar para casa. Esgotaram-se nossas balas. O importante é que estamos vivos.

Julius Martinelli e Arthur Seingalt nem pareciam ouvi-la. Agoniada, ela juntou as mãos junto ao peito, clamando ao desconhecido que aquilo parasse. Queria perguntar aos dois se eles pretendiam mesmo seguir com o duelo. E a resposta para esta pergunta estava mais do que evidente.

(...)

No castelo dos Seingalts, dois vampiros discutiam a demora de Arthur:

— Aquele meio-vampiro ausenta-se por tempo demasiado quando segue para os lados da metrópole.

— Deve estar tendo problemas com algum caçador de vampiros - disse a mesma irmã de Arthur com que Helena o viu da outra vez - Mas ele vai escapar, ele sempre escapa. De qualquer maneira, ele mencionou que os Martinellis estavam a caminho de Londres, e que ia apurar quantos eram. Ele parecia seguro a respeito dos Lee Rush, mas não tinha dados concretos sobre os tais Martinellis. Sabe de algo sobre eles, irmão?

— Os Martinellis?...Isso não é nada bom.

(...)

Arthur Seingalt e Julius Martinelli brigaram no corpo a corpo por alguns minutos, enquanto Helena tentava interferir e Angela a impedia. A qualquer sinal de que um dos dois poderia perder, a isca tentava avançar, mas recebia o duplo comando – da prima e do caçador – de que se mantivesse afastada da cena do duelo. Num dado momento, o vampiro conseguiu virar a coisa a seu favor, mas na hora de executar o adversário, mais uma vez ele deu ouvidos às súplicas desnecessárias da amada, de que não continuasse a matar pessoas.

— Pare! Você não é um assassino! O Arthur que eu conheci não era deste jeito!

A verdade é que qualquer pessoa mais racional não entenderia de que lado ela estava ali, talvez nem ela mesma soubesse dizer. Nesse caso, é necessário explicar que, no mundo encantado da cabeça de Helena, havia uma alternativa onde a fera ia embora sem ferir ninguém enquanto ela voltava para casa com a prima e o líder do outro clã. Assim, ninguém sairia avariado e a situação não mudaria de posição. Ela voltaria ao conforto do lugar comum, sem precisar fazer grandes reflexões a respeito de uma reviravolta na própria vida.

— Helena! Afaste-se! - Angela gritava, exigindo a volta de seu escudo - Volte para cá!

— Arthur, eu sei que você não é assim...! - Helena avançava, ignorando a prima.

Julius Martinelli estava de cara para o chão com o vampiro montado por cima dele, puxando seus cabelos de modo a ter maior acesso à sua garganta, que a fera ameaçava com o punhal do próprio caçador.

— Silêncio! - rosnou o meio vampiro - O que sabe sobre mim, humana? Maldito seja o minuto em que tomei conhecimento de tua existência!

Helena o entreteve com súplicas e lágrimas por um tempo. Sua atuação convenceria até a prima de que Martinelli era o grande amor de sua vida. Mas, como era de se esperar, ela não estava ali para brincar: com um golpe, tirou Seingalt de cima de Martinelli, podendo agora dizer que também salvara sua vida. O aliado soube aproveitar bem a oportunidade. Ciente de que o monstro havia soltado o punhal, ele mesmo o agarrou, cravando-o nas costas do vampiro.

— Com esta, tu não te regeneras, demônio! A lâmina é forjada em prata! Considere-se morto, praga vil e maldita!

Não era esse o desfecho esperado por Helena, que caiu de joelhos, aos prantos.

— Achavas mesmo que eu não levaria a cabo minha última ameaça? A mim, não me importa mais vendê-lo. Eu exercerei aqui e agora meu dever como caçador, que é abstrair deste mundo o mal, pois ele não nos pode derrotar. O destino de vocês é perder, porque tu és o mal, e o bem sempre vence.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vampires will never hurt you" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.