A Aranha na Teia escrita por Elvish Song


Capítulo 16
Dyatlov Pass


Notas iniciais do capítulo

Será miragem??? Naaaaooo, eu voltei mesmo!!!

Desculpem a demora, mas estou fazendo três turnos diários, meu celular ainda tinha quebrado, me fazendo perder o acesso da conta do nyah. Agora já normalizou, e voltei correndo para vocês!!! Espero que ainda gostem de mim, rsrs.

Sem mais enrolação, vamos à história!!



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— DE NOVO!

    A voz da Orientadora se fez ouvir uma e outra vez, incitando as meninas a continuar. As jovens de dez a treze anos combatiam em duplas designadas aleatoriamente, forçando seus pequenos corpos ao absoluto limite. Via-se o suor escorrendo por suas peles, encharcando as camisetas e calças de tecido barato como se houvessem saído de uma ducha ainda vestidas, algumas já de membros trêmulos, muitas delas sangrando por cortes no rosto, arranhões e narizes quebrados. A cada rodada, trocavam os pares e recomeçavam até ouvirem novo comando de troca, ou até que uma das duas não conseguisse mais se erguer.

    - Assustada, Reclusa? - Natalya sorriu de canto ao se deparar com a filha biológica da Orientadora, a garota que estava ali não por habilidade, mas porque fora entregue pela própria mãe para servir à Rússia. - Vai chorar, quando eu te arrebentar? - A garota morena, mais velha, tinha expressão de raiva, e atacou primeiro com uma série de ganchos aos quais Natalya se esquivou habilmente.

    - Vou te colocar no chão, Romanova. Ninguém mais vai te considerar a favorita!

    - Precisa me acertar, primeiro! - A menina de doze anos girou para trás e acertou com força o peito da oponente, cujo braço se enrolou como uma serpente em seu tornozelo, tentando quebrá-lo ao se jogar para o chão. Mas Natasha conhecia o truque, e se deixou levar, girando junto com a oponente. Suas pernas se envolveram no pescoço da outra, apertando com força, ignorando os socos que aplicava em suas costas. - Desiste, Reclusa!!!

    - Esse não é meu nome!!! - A menina morena usou sua força para bater a oponente no chão várias vezes seguidas. O barulho da cabeça ruiva contra o piso parecia dizer que ao menos um osso fora quebrado, mas a menor não afrouxou o aperto, estreitando-o até sentir a outra vacilar e parar de lutar. Nessa hora, inclinou-se para frente e rosnou perto do ouvido da rival:

    - Enquanto ficar tentando me superar, só vai envergonhar a si mesma. Nunca vai ganhar de mim.

    Enquanto Natalya se erguia e limpava o sangue que começara a escorrer para seus cabelos, Nadya retomou o fôlego e se levantou, odiando o olhar severo e repreendedor da mãe, que a censurou asperamente:

    - Dia após dia Natalya mata você. Começo a me perguntar se você seqier terminará o treinamento, descuidada e desleixada desse modo.

    Não havia punição mais amarga do que ver a própria mãe claramente preferindo a infame menina ruiva, a arrogante, insubordinada e dissimulada Romanova, que armava cenas para parecer a melhor de todas as alunas, e constantemente tinha os superiores nas palmas das mãos, enquanto ela, que se esforçava ao limite e devotava plenamente ao país e à SV, era relegada sempre ao segundo lugar.

    Do outro lado da sala, Natalya já fazia dupla com outra menina, mal ligando para o ferimento na cabeça... Selvagem, violenta e totalmente imprevisível, é o que a mais nova era... O rostinho angelical por trás da franja e das trancinhas era apenas mais um engodo. Séria, falsamente disciplinada e ansiosa por quebrar todas as regras que pudesse, sem ser pega... Mas diante dos superiores, mantinha a fachada de aluna impecável. Por tudo que era sagrado, Nadya jurava a si mesma que ainda mataria a colega, não importava o que tivesse de fazer. Um dia ainda superaria Natalya do modo mais doloroso e humilhante possível, para fazê-la pagar por todas as vezes em que a envergonhara. Ia mostrar a todos a verdade: ela era a melhor.

*

    Natasha se esgueirou agilmente pelo espaço estreito sob o chão, junto às tubulações da fiação; os discos explosivos estavam bem fixos, e ela se encontrava sob as grades do nível de alojamentos. Precisava causar o caos fora do andar-alvo, para liberar o caminho no nível prisional, onde já localizara os cientistas; Tony e Steve simulariam a invasão, enquanto ela e Clint seguiriam para remover os amigos das celas, deixando que Thor e Hulk cuidassem do problema lá fora. Simples, a priori… Mas isso era apenas o começo do plano.

    Com cuidado, Romanoff bateu sobre o comunicador em Morse: havia cronometrado o tempo de patrulha dos corredores, e assim que a próxima ronda se encerrou, a espiã saiu de seu esconderijo e correu em se ocultar no shaft do elevador, travando o mecanismo que movia os cabos. Mais um toque em Morse, e pressionou os botões para ativar as detonações; em dez segundos ouviu os apitos típicos, e todo o andar tremeu enquanto uma cratera era aberta no chão!

    - Sinal verde, meninos. - A assassina ouviu o ribombar de pés no andar logo acima e em direção a seu esconderijo, mantendo-se absolutamente imóvel na escuridão, os fios ruivos delatores ocultos sob um capuz negro, indiferenciável das sombras enquanto passavam por ela com armamamento pesado; tão logo o trovejar diminuiu, Natasha rolou para fora do abrigo e escorregou para sob o piso pela abertura causada pela explosão. Conseguia ouvir os gritos e disparos, e o som dos lasers da armadura de Tony, assim como o escudo de Steve ricocheteando em paredes e corpos enquanto a espiã avançava para o andar inferior, tão rápida quanto uma serpente. Botas pesadas bateram logo acima de si, fazendo-a se imobilizar na expectativa de não ser vista, logrando seu intento. Os próximos metros foram dolorosamente lentos, porém o trabalho de Tony e Steve progrediu bem o bastante para tomar toda a atenção enquanto escorregava pelo vão para o andar inferior.

        Ninguém que entrou em seu caminho chegou a ver o que acontecia, antes de ser atingido pelos Ferrões ou balas da espiã. Clint estaria cobrindo o outro lado, agora, e encontrar-se-iam no acesso secundário pelas galerias de evacuação de emergência. Normalmente eram lacradas por portas triplas de aço blindado com cinquenta centímetros de espessura, mas Tony Stark hackeara o sistema com alguma ajuda de Natasha, em cujo pulso agora brilhava um diminuto monitor que lhe dava pleno acesso aos controles. E foi com eles que atravessou cada barreira, avançando cada vez mais nas profundezas do abrigo, rumo à ala prisional.

    - Clint, onde você está? Entrei no corredor 6. - Sussurrou no comunicador, abaixando-se velozmente para evitar uma bala. Correndo na direção dos quatro atiradores, saltou e envolveu as pernas no pescoço do primeiro, balançando o tronco e derrubando-o contra o próximo. Ato contínuo, seus pés tocaram o chão e sua mão se fechou sobre os dedos que agarravam uma pistola: com um giro certeiro, a bala atravessou o portador da arma, ao mesmo tempo em que a pistola da russa disparava um projétil entre o capacete e o colete do último. Em cinco segundos, todos estavam no chão, mortos. Uma expressão firme dominava as feições da mulher, que se encaminhou para a próxima passagem, quando um impacto violento a atingiu pelo lado, arremessando-a na parede com tanta força que o ar escapou de seus pulmões num gemido estrangulado. Caindo ao solo, ela rolou para aliviar o impacto e se colocou sobre os pés, espantada ao ver o garoto de cabelos com raízes escuras e pontas descoloridas diante de si, encarando-a com ferocidade. Pietro Maximoff.

    - Não me viu chegando? - Ele perguntou com leve sarcasmo, ainda confrontando a espiã.

    - Você é outro prisioneiro, garoto. Está defendendo quem te escraviza. - ela não baixou a guarda: o adolescente era tudo, menos inofensivo. Sabia por experiência própria que os jovens eram os combatentes mais ferrenhos.

    - Nós escolhemos estar aqui, e vocês estão invadindo! - O garoto avançou contra ela novamente, porém a menor velocidade, de forma que Natasha logrou agarrar seus pulsos e torcê-los para o lado, levando o velocista a colidir pesadamente contra a parede; ele caiu, e de pronto Romanoff o imobilizou sob si, chamando por Barton no comunicador. Contudo, antes que a chave de pescoço deixasse o menino inconsciente, um violento choque de pura dor percorreu o corpo da espiã, cujo aperto enfraqueceu e permitiu ao moço escapar. Várias ondas de agonia quase incapacitaram a mulher, que se forçou a virar o corpo, o que lhe permitiu vislumbrar a garota de cabelos castanho-avermelhados cujas mãos brilhavam em escarlate,

    - Fique longe dele. - A menina rosnou, as luzes em suas mãos vacilando e se apagando. Ante a falha nas habilidades da moça, o irmão correu em sua direção, pegando-a nos braços e correndo. Natasha se apoiou momentaneamente na parede e gemeu com as dores remanescentes:

    - Isso aí. Corra enquanto pode, pirralho... vai ter troco. - Ela se obrigou a ficar em pé quando ouviu o som de passos, mas foi um alívio ver a figura Clint, que se apressou em correr para o seu lado.

    - Você está legal? Seu comunicador silenciou.

    - Os gêmeos Maximoff estão aqui, a garota me acertou, deve ter dado uma pane. - Mais passos, agora às dezenas, se fizeram ouvir. - E a gente tem companhia. Corre.

    Natasha olhou por sobre o ombro ante os alertas de "eles estão aqui", "andar dos laboratórios invadido" e "estão na mira", lançando então um olhar cúmplice para Barton, o qual segurou sua mão e, com um giro poderoso que aproveitou toda a energia cinética da corrida, fez a parceira deslizar pelo chão em direção aos perseguidores, enquanto ambos disparavam. A russa escorregou por entre os três primeiros e acertou em cheio os pés do quarto soldado, alvejando-os com precisão nos poucos pontos falhos de suas coberturas à prova de balas, antes que a flecha de Clint se alojasse direto no colete de outro dos inimigos, liberando uma cortina de fumaça que deu a Romanoff a chance de rolar para o lado e escapar aos tiros, antes que a fumaça se incendiasse em explosão que derrubou quase todo o grupo.

    A dupla seguiu pelo corredor, fazendo todo o barulho possível: se já haviam chamado a atenção, então chamariam a de todos. O plano corria perfeitamente, e Barton cuidou de explodir mais cortinas de fumaça atrás de ambos, encobrindo a imagem dos assassinos quando Natasha levantou a grade para o subsolo do pavimento. Num deslizar ágil, ambos caíram pelo longo túnel, rolando quando seus pés atingiram o chão. Acima, a grade foi puxada e uma peça diminuta caiu entre ambos, fazendo-os disparar em direções opostas, abaixando-se apenas a tempo de não serem pegos em cheio pela explosão! Tossindo e engasgando com a fumaça e poeira, Natasha se virou e chamou pelo amigo, separado de si por um largo rombo aberto no piso, que mergulhava direto até dutos e porões de manutenção, muitos metros abaixo:

    - Clint?! Clint, você está bem?!

    - Estou inteiro, mas não vai durar. Tem gente vindo para cá. - Apesar do tom calmo, ela podia perceber a apreensão do amigo, e se avizinhou da cratera.

    - Idem. Conseguimos cruzar a vala? - Puxando as pistolas, ela vigiou ambos os lados, protegendo as costas de Clint enquanto o arqueiro se abaixava para examinar.

    - Negativo. O chão está instável, só podemos subir ou descer. Sai da borda, Tasha: isso vai desmoronar. - Descer estava fora de cogitação: as chances de serem soterrados eram quase totais. Subir os tornaria alvos móveis. Lutar era a única opção viável. - Ok, agora é como Budapeste.

    - Você ainda fala errado: é "Budapexxt".

    - Não, é Budapeste. - Ele riu e se virou de costas para o piso explodido, confiando que Natasha cuidaria do próprio lado. - Thor, Hulk, estamos com problemas, caras. Se mostrarem essas figuras lindas aqui embaixo a Nat dá um beijo nos dois.

    - É muito descaramento...

    - Se disser que eu beijo, eles nos deixam morrer, de vez! - Barton atirou nas figuras que se aproximaram pelo corredor. Duas, depois três, depois mais duas... Usando os escombros à guisa de esconderijo e cobertura, mostrava todo o seu talento de franco-atirador. De seu lado, Romanoff se movia agilmente para evitar as balas, de um nicho a outro, de trás de um bloco rochoso para outro, e de volta ao anterior, seguindo ao terceiro, as pistolas iluminando o corredor como lampiões, poeira subindo do chão e paredes, onde a pedra era pulverizada pelos projéteis, a meros centímetros de ambos os agentes.

    - Quando diziam que você era muito boa, não estavam exagerando. - Uma voz feminina se fez ouvir, vinda dos dutos de cimento pelos quais os Vingadores haviam descido anteriormente, e novos disparos foram efetuados contra ambos, agora do lado oposto. Alguns acertaram em cheio a barriga de Natasha, não penetrando devido ao colete à prova de balas, enquanto dois projéteis rasgaram superficialmente a perna de Clint. E para Natasha, foi um choque reconhecer uma das quatro atiradoras: cabelos pretos e com franja, presos em trança; traje tático similar ao seu, com o símbolo da ampulheta vermelha... Nadya. E ladeando-a, três meninas que teriam entre quinze e dezessete anos, se tanto... Todas com a insígnia da HYDRA bordada em escarlate nos ombros. Aterrissaram depressa e com desenvoltura em ambos os lados - Reclusa e a jovem de cabelo castanho no lado de Natasha, a menina loura e a garota de pele negra e cabelos pretos indo atrás de Clint. - Há quanto tempo, Natalya.

        - Você não quer fazer isso, Reclusa... - Era só o que faltava! Jovens Widows... Ela matava seus antigos manipuladores, e Nadya resolvia recriar o projeto?! - Você e eu fomos criadas naquele lugar, essas meninas são...

        - Sempre tentando enrolar e ganhar tempo! - Nadya atacou com enormes facas, golpeando a antiga rival, que se esquivou com habilidade e devolveu magistralmente, seu calcanhar fazendo contato com o queixo da outra.

        - Isso não mudou, Nadya. Ainda sou melhor que você. - Se iam jogar, Natasha não deixaria que a outra tivesse a estabilidade mental a seu favor. - Poupe-se o constrangimento de perder para mim na frente das mais jovens.

        - Continua a mesma arrogante, covarde e fraca que sempre foi! - As facas cortaram o ar a menos de um centímetro do rosto da espiã, que precisou recuar e quase ao mesmo tempo saltar para evitar a rasteira da garota mais nova.

    - Menina, pare! Você é só uma criança, ela está te usando! Vai acabar morta, e ela não vai hesitar por isso.

        - Ao contrário de você, Lara sabe a quem deve lealdade. - A raiva da russa mais velha não a deixaria ponderar o ridículo da situação, ou o perigo para suas alunas. Ela via apenas a mulher a quem odiara por décadas, e a própria determinação em matá-la! - Onde estão suas habilidades, agora, Natasha? - As duas mulheres se engalfinharam em um combate feroz, quase rápido demais para acompanhar com os olhos. Lara, a menor, tinha pouco espaço para agir, cuidando de manter a ruiva sempre ocupada, quando esta tentava se afastar e ganhar terreno, ou parar e olhar para Clint, a fim de verificar o parceiro. A menina era jovem, porém muito boa. Uma Widow, de fato, e cada gesto seu evocava memórias que Romanoff preferiria não possuir. Como um espelho mais jovem de si mesma... A determinação, a frieza, os movimentos eficientes e diretos como os de uma máquina!

    Combater duas Viúvas ao mesmo tempo exigia o máximo de concentração de Natasha, especialmente quando não queria machucar a criança; mas o que dissera a Nadya era verdade: a outra não tinha como se comparar a ela. Porque, sendo a filha da Treinadora, a garota tivera privilégios. Privilégios que a haviam tornado mais fraca, mesmo que igualmente habilidosa. Se ela treinara porque ansiava por ser a melhor, Natasha aprendera pela necessidade de sobreviver, e nenhum instinto é mais forte, nem qualquer ensinamento se arraiga mais intensamente do que os promovidos pelo instinto de sobrevivência. Assim, cada gesto de ataque e defesa, cada chute, giro, soco e contragolpe estava gravado praticamente no DNA da Widow ruiva. E foi graças a isso que a mulher mais velha acabou no chão, sangue escorrendo de sua boca quebrada, gritando ordens no comunicador enquanto Romanoff se voltava para a adolescente em movimentos ágeis, as posições de combate de ambas quase um reflexo perfeito uma da outra. Isso estava errado. Era apenas uma garotinha, pouca coisa mais velha que Lucy!

    Antes que a mais moça pudesse de fato se defender, Natasha avançou com golpes que aprendera não por técnica, mas experiência, trapaça e contato com inúmeros estilos diferentes de combate, e em menos de um minuto a tinha dominada sob si, prendendo-a em uma violenta chave de pescoço, imobilizando a menina.

    - RENDA-SE, GAROTA! EU NÃO QUERO TE MATAR!

    Porém, Lara continuou lutando, ainda que definitivamente sobrepujada. Sua luta se interrompeu apenas quando três tiros perfuraram seu torso, que estremeceu em dor e choque quando a espiã ruiva a soltou, perplexa, encarando de modo incrédulo a rival morena no chão, cuja arma fumegava após os disparos. A adolescente caiu lentamente ao solo, seus joelhos se dobrando enquanto as mãos pressionavam o abdômen, incapazes de estancar o sangue... Natasha se ajoelhou junto da jovem, tentando interromper o sangramento, mas compreendeu de imediato que não havia salvação: a artéria se rompera, e jorrava em quantidades absurdas. Não houve tempo para fazer qualquer coisa!

     Do outro lado, as outras duas meninas haviam se esquecido de Clint, em desespero pela colega baleada, e Reclusa usou o caos para se erguer; Romanoff se esquivou dos disparos contra si e logrou um chute no peito da ex-colega, derrubando-a na cratera. Pelos sons, a queda se interrompeu com os ganchos do cinto da outra Widow, e a próxima coisa que Natasha viu foram dois novos destacamentos de doze bloqueando ambos os lados do túnel. Se ficassem ali, as chances de morte subiam exponencialmente. No chão, a pequena Lara já estava além da consciência, e as garotas Widow usaram seus ganchos para atravessar a vala, esquecidas da luta ao tentarem socorrer a outra, chamando-a com desespero. Partia o coração da mulher ruiva, mas sabia muito bem que o desespero se tornaria raiva assassina, e não havia mais condições de continuar lutando, ali! Com seu gancho, a espiã se reuniu a Clint, e a dupla se jogou pelo enorme duto explodido. Melhor encarar apenas Nadya, do que um esquadrão inteiro e duas jovens Viúvas em plena fúria!

    *

    Reclusa escapara, e Clint e Natasha não haviam sido capazes de fugir indefinidamente: algemados de mãos e pés, encontravam-se no escritório do general comandante da base militar, rodeados por soldados com armamento e proteções pesados.

    - Os Vingadores ficaram ousados demais. Mas você nunca foi um exemplo de saber quando parar, Romanova.

    - Essa era a ideia, não era? "Só a missão importa." - Para a russa, aquele era exatamente o lugar em que devia estar. - Meus amigos estão dando muita dor de cabeça?

    - Eles se reunirão a nós, em breve. O semideus e a fera verde. Stark e Rogers, por outro lado, não se incomodaram em desertar vocês. Previsível. Agora... Eu tentaria arrancar informações de você, mas ambos sabemos que não funciona, então, vamos ver o quanto sua programação foi corrompida. Tragam o arqueiro.

    Natasha tentou se levantar, empalidecendo e xingando horrivelmente em russo, mas três pares de mãos a mantiveram no lugar, dois em seus ombros, um em seus cabelos, enquanto ela se debatia como um peixe numa rede.

    - Poupe-se o constrangimento de tais reações, Natalya, e suporte como uma russa. Você está acima disso. - A lâmina brilhou na mão do oficial, quando Clint foi forçado a ajoelhar diante dele, debatendo-se furiosamente, e o modo como abriu a pele arrancou um grito abafado do agente. - Uma simples toxina, capaz de confundir o cérebro e causar dor alucinante com um simples arranhão. Afinal, para que desperdiçar um bom soldado? Ele só precisa da doutrinação adequada. Assim como você, dorogaya. É tudo sobre perspectiva.

    - Cacete, Nat, eu achava que sua versão original era ferrada da cabeça, mas essa galera... - Hawkeye trincou os dentes e reprimiu um uivo com o próximo corte, as veias das têmporas saltando ante a brutalidade das descargas de adrenalina que a dor desmedida causava. Cada simples arranhão era como ter ácido derramado em seu corpo, ou deitar em brasas quentes! Ele não queria imaginar como seria um corte real... Mas antes em si do que nela. - A Rússia já foi mais metódica do que torturar aleatoriamente.

    - Rússia? Isso é muito maior que apenas a supremacia russa, rapaz. Isso é sobre controle. É sobre dobrar a vontade humana pela dor. É sobre fazer o que quiser com um Vingador, porque eu posso. Hail Hydra.

    Romanoff teria dito algo, desesperada por livrar o amigo daquilo - deixar Clint se machucar nunca tinha sido o plano!!! - quando as luzes do lugar piscaram diversas vezes, antes de estabilizar, e a voz de Stark se fazer ouvir:

    - Iron Man para Romanoff: se você e o Gavião acabaram de brincar, eu já gravei a confirmação. Podemos dar o fora?

    - Tony, você está adiantado. Não tiramos nenhuma informação maior, ainda! A gente já sabia que eram da Hydra. - Secretamente, queria dar um beijo em Stark, pelo timing.

    - Relaxe, meu amor: a missão já foi cumprida. Agora, que tal dar o fora daí? As bombas estão armadas. - O sarcasmo gotejava da voz do milionário.

    A perplexidade causada em todos foi tudo de que a dupla precisava: com um salto ágil, Natasha passou os braços por sob o corpo e se livrou, golpeando primeiro os agentes que a continham. O pulso eletromagnético que Tony adaptara nos Ferrões desabilitou a trava digital das algemas, libertando a espiã, que em dois segundos tinha quatro soldados por terra. Ao mesmo tempo, Barton passara as mãos para diante do corpo com um movimento flexível que rotacionou seus ombros de modo impensável - crescer em um circo tinha suas vantagens! - e, trocando golpes com o homem mais velho, arrancou-lhe a lâmina de barbear, cravando-a uma vez na barriga do oponente.

    - Divirta-se, puto sádico. - Com mais um gesto a navalha estava em seu bolso, para que a toxina pudesse ser analisada por Banner e Stark, e o agente tratou de lidar com sua própria parcela de inimigos. O fogo cruzado cuidou da maioria, enquanto outros tiveram crânios e colunas esmagados pelos chutes violentos e disparos precisos da dupla, até restarem apenas os dois em pé. O ribombar de botas do exército deixou claro haver reforços a caminho, mas foi sobrepujado pelo som de explosões, seguidas de um relâmpago e, enfim, pela porta sendo escancarada com violência.

    - Thor, você é um colírio, amigo! - Clint brincou, arrumando a aljava nas costas. Como estão os outros?

    - Jane e os outros já estão no jato. A distração de vocês funcionou bem, agora precisamos sair.

    - E o Hulk?

    - Ainda na superfície. Os dardos tranquilizantes do Dr Banner estão no quinjet. - Com um brandir do Mjölnir, a cobertura da sala explodiu, abrindo uma passagem para o lado de fora. Mais um golpe, e a cratera se tornou grande o suficiente para os Vingadores atravessarem, Natasha e Clint se segurando ao colega quando este se impulsionou para o ar, aterrissando dentro do quinjet. Como uma bala, Natasha se fez aos sedativos desenvolvidos por Banner para derrubar o Hulk, e se impulsionou para fora da nave em plena decolagem. Com tempo para checar o rastreador, esse mostrava a posição do Hulk como sendo na orla, perto das guaritas de defesa: o uniforme branco permitiu à Widow se afastar do caos de neve provocado pela decolagem do quinjet, invisível na bruma branca até atingir a cobertura vegetal, onde o rastro de destruição lhe dizia claramente aonde ir.

        - Romanoff, volta pro jato. Chamamos a atenção do Hulk e o fazemos nos seguir para longe. - Tony orientou da nave, mas a espiã tinha outra idéia.

        - Temos vilas próximas, não podemos arriscar. Qualquer coisa, ele vem atrás de mim.

        - É exatamente o que não queremos!

        - Então você ou um dos caras fortes pode descer e me ajudar a segurar o grandão. - Ela se ocultou atrás  de um pinheiro quando uma rajada de tiros quase a atingiu. 

    - Não está fácil, aqui! Barton está no piloto, Thor e eu estamos protegendo o quinjet! - Mal havia dito tais palavras, o Hulk passou como um borrão,  agitando uma árvore jovem como se fosse um taco de baseball e eliminando o atirador. - Desço aí, já.

    Natasha correu de seu esconderijo em direção  à orla, onde agitou os braços e gritou para chamar a atenção do Hulk. A fera a encarou com interesse, parando por um momento,  antes de começar a seguir a mulher ruiva, que recuou agilmente para o meio das árvores,  sem chegar a correr, o que despertaria os instintos de caça do ser. Como esperado, ele a seguiu, farejando e rosnando, mas não chegando a atacar. Foi mais e mais para o meio da floresta, até conseguir visão clara da mulher,  que manteve as mãos baixas e rente ao corpo, enquanto também se abaixava.

        – Sou eu, grandão. Lembra?

        A fera se adiantou, farejando, e Romanoff se manteve como se petrificada, imóvel, esperando por uma aceitação do gigante para poder se aproximar. Se tudo  saísse ao controle, alvejaria a esclera do Hulk  com  a ampola de sedativos desenvolvida por Banner, mas não ainda.

        A agressividade do Outro Cara reduziu e quase desapareceu,  o reconhecimento em seu semblante aliviando a expressão furiosa, pelo menos até o momento em que, com um tapa extremamentr rápido e forte, a criatura a arremessou para longe. A espiã bateu dolorosamente num tronco e caiu em meio à neve, tendo tempo apenas de ver o corpanzil esmeralda atacar em pleno ar um helicóptero cujos disparos teriam ferido fatalmente a espiã,  não  fosse a reação de Hulk.

            - Certo... Ainda é melhor que ser explodida.

            Abençoado soro da Black Widow, que foi a unica coisa impedindo sua coluna de ser esmagada, Romanoff se ergueu e abrigou atrás das raízes da árvore, protegida dos disparos. A próxima coisa que viu foi o brilho vermelho da armadura de Tony, o qual a levou de volta ao quinjet.

            - o doutor! - Ela gritou acima do barulho do vento, enquanto a ports fechava.

            – Thor o está atraindo para longe, antes que seus ex-amigos sirvam a gente em pedaços bem fritos. Sermos uma delícia não nos torna uma boa opção de churrasco. Barton, tire a gente daqui.

        Com sangue escorrendo pelo flanco, a espiã se afivelou aos bancos de trás,  olhando cuidadosamente para os três cientistas perto de si: assustados, com ferimentos leves, mas vivos. E se Selvig sobrevivera a ter Loki em seu cérebro,  e Jane Foster suportara dentro de si uma força ancestral, de acordo com os relatos de Thor, então ficariam bem. Era só questão de tempo. Hydra não teria quebrado suas mentes, pois era exatamente do que precisavam, e todo o resto o tempo podia consertar. Sua preocupação, agora, voltava-se para a informação mais perturbadora do dia: Nadya não apenas estava viva e atuando, mas treinando – e matando – garotas pouca coisa mais velhas que Lucy, ampliando o legado macabro da Sala Vermelha. Podiam ter sido bem sucedidos no resgate, mas as coisas haviam se tornado infinitamente mais pessoais. Conhecia Nadya, e a outra viria novamente atrás de si, mesmo se isso matasse todas as suas pupilas.

        Enquanto voltavam para casa, durante os procedimentos de examinar e prestar primeiros socorros aos amigos,  e mesmo depois de Banner voltar ao normal e se juntar a eles, a imagem fixa na mente de Natalya era a da jovem Lara, o peito aberto por balas, afogando-se no próprio sangue por ter  sido incapaz de sobrepujar Romanoff. O livro de Natasha estava vermelho, hoje, e era com o sangue daquela menina.


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Notas finais do capítulo

É isso, gente!!! Vou começar a fazer capítulos por volta de 4000 palabras, para facilitar a leitura e para aumentar a frequência de postagens!!
Obrigada de coração a todo mundo qie está acompamhando!!!! Vocês são demais!!!!



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