Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 7
Desenterrando velhas mágoas


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Acordei de madrugada e não consegui mais dormir. Fiquei olhando para o teto branco sem graça. Era tão diferente da minha casa. Olhei para o lado e Fabiana dormia. Com os olhos fechados e a respiração suave daquela forma ela até parecia menos intensa e mais delicada. Lembrei das vezes que vi Alice dormir. Era algo que eu não teria a oportunidade de ver de novo. Ou teria. Não sei. Foda-se também. Eu já não devia mais pensar nisso.

De repente meu celular despertou e eu tinha que levantar. Hoje eu teria uma aula na parte da manhã. Fiz um café na cafeteira elétrica e desenrosquei a pequena fitinha de aço encapada de branco do pacote de pão de forma e peguei uma fatia. Ao abrir a geladeira que era comum a nós dois vi todos os potes etiquetados, coisas de Fabiana. Peguei a queijeira e parti um pedaço de queijo, me sentei e tomei meu café vagarosamente.

Cheguei a aula e vi o meu lugar ao lado de Rafael vazio. Ele ouvia música em seu fone e parecia nem notar que eu havia chegado. Não quis ver se Alícia estava por lá. A aula passou como se eu tivesse apertado o botão do controle pra adiantar o filme. Ainda bem. Entrei e saí da sala sem falar com ninguém. 

Esperei Fael na saída. Má ideia. Quem surgiu saindo foi a Alícia. Que ótimo. Ela parou do meu lado esperando que eu dissesse qualquer coisa, o que não aconteceu. Ela resolveu tomar a iniciativa.

— Ei. – ignorei completamente.

— Aceita um cigarro, Arthur? – aceito que você suma da minha frente.

— Valeu.

Ela continuou ali, e a presença dela já estava começando a me incomodar. Vi o Fael do outro lado da rua, acenei pra ele. Assim que ele viu Alícia, me mostrou o dedo do meio e seguiu pela outra calçada. Ótimo. Agora o viado estava achando que eu tava de boa com ela.

 Sabe, Arthur, sobre ontem…

— Não teve ontem, Alícia. – aquilo já estava começando a me irritar.

— Do que você está falando?

— Não teve ontem, e nem anteontem, e nem nenhum dia que eu tenha falado contigo. – acendi um cigarro e traguei fundo pra ver se me acalmava. Ilusão.

— Por que tu tá dizendo essas coisas?

— Pensa um pouco.

— Eu não sei…

— Nunca sabe. - eu ainda não estava olhando pra cara dela.

— Arthur me diz o que tá acontecendo.

— Eu sei por que você não gosta de Rafael.

— Porque ele é um…

— Ele não é muito diferente de você, Alícia.

— Olha, eu não sei o que ele te disse, mas…

— E eu não trato as garotas como elas merecem. Trato como elas pedem pra ser tratadas.

— Porque eu já transei com seu amigo estou pedindo para ser tratada de forma rude?

— Não. Porque você omitiu o fato de ter transado com ele. E ainda lhe enviou um vídeo que anula totalmente toda a pena que senti de você pelo erro anterior das fotos.

— Pelo menos para uma coisa isso tudo serviu, agora você sabe que pode confiar mais nele que em mim. Mas acho que isso não era uma dúvida pra você.

— Ainda bem por isso. Ele já deletou o vídeo?

— Sim. Se preocupa?

— Não o suficiente. – fui embora, era o melhor que podia fazer. Passei a tarde toda estudando e a noite eu fui para as aulas que havia no horário.

— Quer dividir umas Eisenbahns? – ouvi a pergunta antes que eu saísse da sala ao final da aula. Olhei para Rafael pensando se aceitaria ou não. A melhor cerveja já feita na história da história do muno das cervejas do universo da galáxia toda. Eu beijaria a boca do cara que a inventou. Ela não era amarga como a Heineken e nem aguada como as nacionais. Ela era inexplicavelmente saborosa. Eu sorri como não sorria há algum tempo. Eu tinha que admitir que gostava de Rafael e queria estar com ele. Eu tinha que aceitar esse pedido e a noite tinha mesmo que ser boa. Andei com seus braços em volta do meu ombro e estava pronto para qualquer coisa.

Escolhemos um bar que não fosse o que Alícia trabalhava. Não sabíamos se ela iria pegar hoje já que havia acabado de sair da aula, mas era bem possível e então era melhor nem arriscar.

— Que olho vermelho Arthur. – Fabiana disse ao chegar após um tempo que já estávamos bebendo. Segurei a risada, meus olhos já estávamos lacrimejando. Olhei para Fael e não aguentamos, soltamos as risadas de uma só vez.

— Vocês fumaram. Tem mais aí?

— Tem mais o quê? - ela estava com uma cara muito engraçada, puta merda! A menina que estava conversando com ela e com Alícia no dia festa chegou e nos cumprimentou.

— Para onde ele foi? – ela perguntou ao ver Fael sumir. O filho da puta já tinha se mandado. Não pode ver mina no pé dele que some, parece viado às vezes. Tá certo ele. Quanto menos ela tiver ligando pra você, melhor. Essa garota estava meio doida com ele mesmo. Melhor evitar.

Fiquei com as duas bebendo e conversando. Fabiana tinhas umas experiência tão loucas para contar que eu achava o Rafael quieto perto dela. A outra garota não falava muito, mas depois que puxou um com Biana pelo menos ela ria. Descobri que o nome dela era Isabela, mas isso não era relevante. Quando decidimos ir para o alojamento eu já estava bem bêbado. Tive certeza disso quando comecei a conversar com meu próprio celular. E exigia que ele me respondesse.

Elas se despediram quando chegamos e eu decidi fumar um cigarro lá fora. Gosto do frio que fica de madrugada nessa época do ano que faz um calor do caralho durante o dia. Ouvi uns passos logo atrás de mim. Nem me preocupei em olhar pra trás. Achei que já tivesse passado o efeito da maconha, mas o pouco que restava foi misturado com a bebida e eu fiquei daquele jeito.

Como não chegou ninguém conclui que eu estava ouvindo coisas. O que já era de se esperar. Observei a rua e estava completamente vazia, sem nenhum casal. Isso era ótimo. Não queria ter mais uma alucinação de Kevin e Alice juntos. E acabar socando quem não tinha nada a ver com isso.

Por falar nisso lembrei do Rafael. O desgraçado sumiu sem nem dar tchau. Ele que ficou no prejuízo, pagamos as cervejas antes e ele não tomou nem a metade.

— Arthur... – ouvi uma voz feminina. Não podia estar escutando coisas tanto assim. Fabiana se materializou ao meu lado. – Tentei dormir e não consegui.

— Acho que você tentou bem pouco. Estou aqui há menos de cinco minutos.

— Não. Já faz quase meia hora. – a olhei espantado. Que se foda também. Mas que porra, eu só queria ficar ali brisando sozinho. Fiquei calado para ver se ela desistia de conversar e voltava para o quarto para tentar dormir de novo. – Amanhã vai fazer um mês que moramos juntos... – aquilo não me cheirava bem.

— Mas que porra é isso, caralho? E daí que tem um mês que moramos juntos?

— Você fica agressivo quando bebe muito. – ela constatou, mas não parecia assustada. Ouvi sua risada abafada. – Queria te propor uma coisa.

— Não vou pra caralho de outro alojamento nenhum. Eu to bem aqui. Se quiser se mude você. – ela riu mais ainda.

— Sabe... Eu sou bonita, não sou? Sou uma pessoa legal. Não há nenhum problema comigo, há? – somente o fato que tu fala demais.

— O que caralho isso tem a ver com morarmos juntos?

— Quero transar com você! – ela disse rápido demais, mas apesar disso e apesar do meu nível de álcool, eu consegui entender.

— Só ficou mais confuso.

— É que acho que temos intimidade o suficiente. E o melhor que não vamos nos apaixonar. Você tem o seu grande amor guardado e eu sinto mais atração por garotas...

— Por que não transa com uma então?

— Preciso acabar com essa tensão sexual que existe entre a gente. Eu te vejo sem camisa todos os dias e quando você volta da corrida suado... Arthur só transa comigo.

— Isso não vai ser estranho? A gente vai continuar se vendo todos os dias.

— A loira dona da festa disse que você manda bem e ainda disse que quem faz como você não tem sentimentos. A única coisa que pode deixar esquisito é sentir algo. Se não vamos sentir... – ela deu de ombros concluindo sua explicação. – Acho mesmo que você só vai sentir algo pela garota que está tentando esquecer... – conforme ela falava, eu ficava olhando a boca dela se mexer, mas nem ouvia o que saía de lá. Apesar de morarmos juntos a ideia até que não era das piores. Na real, isso poderia até evitar fazermos besteiras quando a carência batesse.

— Já teve uma amizade com benefícios?

— Acho que sim. Mas não durou muito. Não soubemos fazer isso direito.

— Quer que eu te mostre?

— O quê?

— Como funciona.

— A amizade já temos. Como funcionariam os benefícios? – ela ficou me olhando nos olhos, bem fundo, com um interesse incomum. – A gente vai ser igual a um casal sem termos um compromisso e darmos satisfações?

— Não. – dei uma risada. Sorri para ela. Parecia tão durona e era tão inocente. – Vamos ser iguais a dois amigos sem termos envolvimento e com sexo quando um dos dois precisa.

— Isso parece imoral.

— Quais foram às palavras que você chegou aqui dizendo? Deixe-me lembrar... Ah, sim. Quero transar com você!

— Mas não foi uma critica. – ela sorriu grande. – Amei a ideia. – ela chegou mais perto, pegou o meu cigarro e jogou fora. Acompanhei o movimento de sua mão e depois a olhei de volta e a puxei para mais perto, iniciando um beijo. Ela vestia uma camisola e só agora reparei nisso. Isso era bom, seria fácil de tirar. Ou nem precisaria. Encostamos na parede e eu levei um susto quando notei que ela estava sem calcinha. – A ideia é nem irmos para o quarto. – ela explicou ao ver a dúvida em meu olhar. Ia ser difícil fazer alguma coisa em pé com o meu nível alcoólico, mas eu daria o meu melhor. Voltei a beijá-la e ela encaixou sua perna direita em meu quadril. Beijei o pescoço dela enquanto massageava os peitos. Eram bons, tamanho mediano. Ela era bem branquinha. Desci pelo seu corpo devagar, beijava cada parte. Olhei para o rosto dela pra ver o que ele me dizia e ela estava de olhos fechados, sorrindo, um tanto ofegante. Pude notar ao me aprofundar mais que ela além de lisa estava preparada até demais. Pensei que, porra, se ela estava contando tanto que ia dar logo pra mim, isso já era de se esperar. Deve ser foda ser mina e ter as respostas do seu corpo bem mais lento que os dos caras. Sabia um pouco por ter muitas amigas.

Tudo correu bem, foi gostoso. Não fiz nada de mais, até porque estávamos na rua. Ela tinha um corpo bonito, apesar de não ser como eu gosto. Alias, apenas uma era como eu gostava. Quando terminamos, saí de dentro dela e me ajeitei, jogando a camisinha fora.

— Deve ser um alivio saber que agora eu não vou te abraçar por trás e nem querer dormir de conchinha.

— Se fosse o caso eu sentiria que estava fodido.

— Não relaxe tanto. Ainda posso te amar.

— Amor de pica? – perguntei e dei uma risada.

— Vamos ir dormir idiota. Amanhã de tarde nós dois temos aula. – fiz o que ela sugeriu e ao entrar eu dormi em um segundo. Normal. Eu estava bêbado, cansado e tinha acabado de gozar. Não tinha força pra mais nada. Gostei muito de Fabiana não querer conversar. Eu não sei por que as minas insistem em ficar conversando contigo depois do ato, quando você só quer dormir. Acho que elas não entendem quanto esforço é pra gente. Foda-se, dormi gostoso e bem rápido.

Quando acordei, a Fabiana ainda estava lá. Levantei, meu corpo estava todo dolorido, e eu estava cheirando a álcool. Se minha mãe me visse assim com certeza ela teria um troço.

O relógio do meu celular marcava quase 1h da tarde. Se eu não tomasse um banho rápido e saísse correndo perderia a primeira aula. Então tratei de levantar em um pulo. 

— Bom dia. Ou melhor, boa tarde. – ela disse enquanto eu saia do banho.

— E aí. – ela estava enrolada em sua toalha e entrou para também tomar banho depois de mim.

— Me dá uma carona? – ela quase gritou já fechando a porta. – Se não vou me atrasar mais ainda.

— Dou, claro. Não demora. – desci depois que me arrumei e fiquei a esperando perto do meu carro. Menos de dois minutos ela chegou abafada.

— Valeu mesmo. – entramos. – Por ontem também. – sorri para ela.

— Não tem de quê. Pode me usar sempre que tiver vontade. – ela riu alto. – É só tu fazer aquelas coisas que eu te disse, e não vai ter erro. Não se apega e nem se envolve. Logo tu pega mais experiência e aí vira automático. – estacionei e descemos.

— Olá. – Alicia nos abordou assim que acionei o alarme do carro. Fabiana sorriu um pouco tímida e se mandou.

— Ela deve estar mesmo com pressa. – comentei ainda observando a loira se afastar.

— Acho que isso tem outro nome. – ela disse, seca pra caralho. –Foi bom pra você? Tiveram a mesma química da amizade na cama? - não consigo nem explicar a cara que eu fiz quando ouvi aquilo.

— Por que esse tom de raiva?

— Por que... – ela ficou sem palavras.

— Eu não me importo contigo, cara. Se transou com o meu amigo. Se a sua história é verdade ou mentira, você me traz dor de cabeça, que é a última coisa que estou precisando agora.

— Você é como todos os outros.

— Eu nunca te falei que eu era diferente.

Ela sorriu, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas e ela ficava cada vez mais vermelha. Isso é foda, quando qualquer garota começa a chorar. Parece que elas fazem só pra te manipular. Eu não sou nenhum psicopata sem sentimento pra simplesmente ignorar esse tipo de coisa. Pelo contrário, eu tinha sensibilidade. Foi sendo sensível que consegui entender Alice. Mais uma vez pensando nela, como de costume. Isso não mudava não importa que eu caralho eu fizesse. 

— Eu sei como é. – quando ela a boca, as lágrimas escorreram. Contive o ímpeto de ir até ela e secar seu rosto com os meus dedos. – Você tem um pai que traiu sua mãe.

— De que porra você tá falando?

— É o seu pai, não é? Você não age assim atoa. Você não faria as coisas que você faz se ele não tivesse magoado a mulher que você mais ama nesse mundo, a sua mãe. Você não suporta se envolver com alguém porque não quer correr o risco de ser como ele. Aposto que está cansado de evitar ter sentimento por alguém.

— Aposto que você quer dar pra mim, por isso fica pesquisando sobre a minha vida. – quem sabe ela não se ofendia e me deixava em paz.

— Você daria mais valor para as garotas se o seu pai...

— Só cuida da sua vida. Se você abrir a porra da sua boca para falar comigo de novo, eu...

— Você não vai fazer nada. Você não quer ser igual ao seu pai. – minha garganta se fechou. Como eu odiava quando isso acontecia. – Eu não ligo de você ter ficado com a Fabiana, nem de estar me tratando desse jeito agora ou ainda de me ofender ao saber que já fiquei com Rafael. Pode pensar o pior de mim, eu realmente não me importo. E sabe por quê? Porque eu gosto de você Arthur. E não é do cara bonitão que tem um carro zero. Gosto do que você é por dentro, da forma como hostilizou Rafael desde o inicio por me tratar mal. Gosto mesmo de você. No maior e melhor sentido que isso pode ter.

— Então esqueça. – sai e deixei ela sozinha. Ela continuou chorando enquanto eu dei as costas. Aquilo me partia o coração, mas a minha cabeça estava girando pra caralho e dali a pouco eu ia começar a chorar também. Ela não tinha que falar nada dos meus pais, não era da conta dessa filha da puta. Ela não tinha que falar comigo, pra começar. 

— Pena que você é um covarde. - ela gritou, já longe.

Voltei das aulas e fiquei no meu quarto, deitado do mesmo jeito de sempre, olhando para o mesmo teto de sempre. Não tinha fome, nem sono, nem nada. Mesmo as dores no corpo de antes, já tinham passado. O quarto estava tão vazio, tipo eu. Tive a sensação de que se o teto caísse sobre a minha cabeça, as coisas melhorariam.


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