Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 6
Alucinação


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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— Você está estranho. – falei e vi que ele olhou discretamente em volta.

— Se você lesse minhas mensagens saberia o motivo. – ele me olhou e desviou o olhar. Olhei para cima e segurei a risada, pegando meu celular no bolso em seguida. Li as mensagens, resumidamente a garota que eu peguei tem namorado e ele estava atrás de mim. – Não vou apanhar por sua causa, que fique claro.

— Preciso lembrar que quase perdi meu carro ontem por causa de você? Pior! Quase levei um tiro.

— Deixa de ser exagerado.

— Chega aí loirinho. – um cara estranho com roupas largas chegou e chamou Fael. Fiquei acelerado pra caralho, com certeza era o namorado da mina ou algum amigo. Rafael se levantou e foi até ele. Os caras que estavam jogando com ele pareciam nem ligar para o que acontecia. Rafael e o cara pareciam conversar civilizadamente. Que porra era aquela?! Cheguei até eles para ouvir a conversa.

— Quem é você? – o cara perguntou me olhando com maior expressão de filho da puta do caralho.

— Eu sou o amigo dele!

— Ahhh, então é tu?! - o cara levantou o peito pro meu lado. Ele era pouca coisa maior que eu.

— Não, pô. Era outro cara loiro, já te falei. – Fael disse olhando para ele.

— Então sai fora, bonitão. É assunto nosso. - ele me empurrou.

— Vai te foder, caralho. O que foi que ele fez? - ele ficou me xingando e perguntando que satisfação ele devia pra mim, mas Fael decidiu explicar.

— Ele é amigo de um cara que tem namorada e ela o traiu com um porra loiro na festa que estávamos ontem.

— E o que a gente tem a ver com isso? – não deixei de meter marra, porque eu sabia muito bem como funcionava com cachorro grande, você jamais podia abaixar as orelhas.

— Viram ela saindo do quarto da dona da festa que estava com esse bosta aqui. – ele explicou.

— Você tá vendo que ele não sabe, porra? Ele já teria falado. Sai fora, cara. Tá abordando o cara errado. E outra, ninguém tem culpa de chifre alheio, só a namorada do seu amigo. Arrebentar a cara de quem ela ficou não vai fazê-lo deixar de ser chifrudo.

— Lindo o que você disse, mas vacilão merece apanhar. – ele voltou a olhar Rafael. – Se souber de alguma coisa, me fala. – ele empurrou o peito de Fael que quase caiu.

— Volta para o seu alojamento e não conversa comigo até amanhã. – ele disse e saiu andando. Não entendi foi nada. Ele realmente achava que a culpa era minha? O que aquela garota fazia sem o namorado em uma festa? Ah, que se foda. Voltei para o meu quarto e acabei dormindo. Como era sábado a noite, recebi várias mensagens de Aline e até uma ligação que não atendi. Passei o domingo todo descansando e estudando. Na segunda Fael me abordou bem na entrada.

— Qual é parça? – ele passou o braço em meu ombro e eu tirei.

— Sai fora. – falei e continuei andando.

— Que porra é essa Arthur?

— Vai se foder Rafael. – o deixei falando sozinho e andei mais rápido.

— É sério, cara. Você só faz merda quando tá sem mim. Por que não procurou saber se a mina namorava? – eu nem olhava para a cara dele. Entramos na sala e a aula começou. Fael insistiu mais um pouco para que eu conversasse com ele, mas eu ia xingar pra caralho se abrisse a boca e ainda não era a hora. Era segunda e consequentemente havia aula de cálculo.

— Qual é Arthur, diz o que tá pegando. – ele pediu mais uma vez. Não aguentei.

— Vai tomar no cu, Fael, que porra! – falei um pouco alto demais.

— Isso faz parte da matéria? – a professora perguntou um pouco séria. Minha boca secou. Eu odiava ser chamado a atenção. E até então isso raramente havia acontecido.

— Perdão professora Heloísa. – falei vermelho e nervoso.

— Pode me chamar de Lis. Evite que esse tipo de situação ocorra novamente.

— Claro. – Fael me olhou sem entender nada. Parece que respeito e obediência realmente não fazia parte do cotidiano dele Fiquei pensando na Alice, como éramos iguais nesse ponto... Dificilmente ela fazia algo que os pais desaprovassem. E agora ela estava indo para o motel com Kevin. Isso tudo era mesmo uma merda.

Já eram umas cinco horas da tarde, eu estava de saco cheio de tanto estudar. Estava me dando uma angústia sem controle. Resolvi ir tomar uma cerveja no bar que Alícia trabalhava. Não podia chamar o Fael, estávamos sem clima nenhum entre a gente. Mas pelo menos eu a teria para conversar. Quando cheguei a encontrei arrumando as coisas. Havia uns sacos grandes pretos de lixo perto dela. A lixeira ficava do outro lado da rua.

— Quer ajuda? – perguntei e ela sorriu.

— Braços fortes sempre são bem vindos. – ela respondeu e então levei os lixos em duas idas. Quando voltei ela se sentou em uma das mesas que havia acabado de limpar.

— Vim aí tomar uma. – falei me sentando e suspirei.

— Parece que você precisa de alguém para conversar. Se quiser que seja eu, estou disponível.

— Só queria me distrair. Conte algum caso legal para mim, por favor.

— Só se você prometer contar outro depois de mim. – aceitei e sorri. Ela contou sobre o desastre da sua primeira tentativa de aprender a andar de bicicleta e em como os tombos eram engraçados. Contei um episódio em que minha mãe me fez ficar atualizando um site durante mais de três horas para acompanhar o lançamento de um perfume caríssimo e limitado e bem na hora que lançou acabei dormindo e não comprei. E então ela contou mais um. E eu outro. Os nossos casos não terminavam nunca. Dali, contamos sobre nossas vidas, ficamos um bom tempo conversando, o assunto não acabava. Ela sorria de um jeito que me deixava melhor.

— Foi muito educada a sua resposta para a professora hoje. Você é sempre assim?

— É claro que não. Também tenho os meus defeitos e erros. E sou grosso e mal educado. Mas tento não ser.

— Sabe Arthur... Queria te dizer uma coisa, mas não sei se temos intimidade suficiente. – ia vim merda, com certeza.

— Pode falar. – sugeri com um pouco de receio.

— Primeiro me responde quem é a garota que segundo Biana você ama. – vai se foder, eu não ia contar porra nenhuma pra ela. Já havia falado de Alice para Fabi e Fael e já era demais.

— Por que eu te contaria? – perguntei a olhando.

— Porque eu te contei toda a minha vida.

— Eu não pedi. – ela pareceu bastante surpresa.

— Eu... – sua voz tentava sair, mas falhava.

— Você contou porque quis Alícia. – dei de ombros. Ela parou de me encarar. Olhou pra um ponto que parecia não existir. O olhar dela parecia muito perdido, e ela abraçou o próprio corpo, como se sentisse frio. Finalmente ela resolveu falar.

— Você é igual aos outros caras, né? – ainda sem olhar para mim.

— Igual como?

— Não tratam uma garota como ela realmente merece. – me levantei e fui embora. Não estava afim de ter aquele tipo de conversa. Não naquele momento. Demonstrei um mínimo de consideração pela garota e ela já começou a me cobrar coisas. As luzes do meu quarto estavam acesas, Fabiana ainda devia estar acordada. Já era noite e tudo o que eu queria era ficar ouvindo músicas nos fones deitado em minha cama. Quando estava chegando perto do alojamento, vi o cabelo loiro do Fael. Ele estava sentado no degrau da frente. Assim que me viu, fez sinal com a cabeça. Eu me sentei ao lado dele. Ficamos sem falar nada uns minutos.

— Não sei por que você está puto comigo. Já pensei bastante e não consegui entender. Então se você puder me ajudar e disser o que está acontecendo.

— Você me mandou não conversar contigo.

— Mas só até o outro dia. E foi porque eu estava nervoso e com medo de apanhar por sua causa.

— E eu enfrentei homens armados por sua causa. A porra da consideração que você diz existir entre a gente é unilateral.

— Desculpa cara.

— Já se arrependeu de verdade? – ele ficou calado. Bufei. A rua do prédio do meu alojamento era bem iluminada. Enquanto a gente conversava um casal parou na esquina, reparei que a garota tinha o cabelo liso castanho com reflexos dourados. Iguais ao de Alice. A altura e peso das duas também pareciam semelhantes.

— Você não sabe, mas eu já apanhei demais. Os caras na minha cidade são cruéis. Não queria pagar pra ver com aquele corno. – o cara que estava com a garota a pegava de jeito e eu comecei a imaginar que Kevin pegaria Alice da mesma forma. – Duvido que ele iria encarar nós dois juntos, mas... – continuei olhando fixamente o casal. E a minha raiva foi só crescendo junto com minha imaginação. Não iria deixar Kevin ter Alice nem fodendo. - ...ele pode ficar atrás da gente e isso não seria legal. – o cara começou a beijar o pescoço da garota enquanto ela falava algo em seu ouvido. – Mas se você quiser a gente o enfrenta assim mesmo. – o amasso do casal só esquentava e o meu corpo também, eu me senti todo queimando por dentro. Meu coração já estava acelerando pra caralho e minha garganta fechada. Meus olhos começaram a doer, bem no fundo. Comparar Alice e Kevin àquele casal era demais pra mim. – Ou a gente pede para Alícia mandar umas fotos nuas para ele em troca de paz.

— MAS QUE PORRA RAFAEL! – exclamei nervoso e o peguei pela camisa. Minha cabeça estava girando e a gente começou a se socar pra caralho. Não tava entendendo mais porra nenhuma, só precisava socar alguma coisa, e o Fael estava ali. Não sei por quanto tempo aquilo tudo durou, mas quando finalmente entendi onde eu estava, vi o Fael com a boca sangrando, enfiando as mãos no próprio cabelo, como pra se recompor. A gente respirava ofegante pra porra.

— Que porra é essa Arthur? Ficou maluco? - ele fez sinal de quem não entendia, como se eu estivesse ficando louco e eu ainda estava me sentindo muito mal. - Cara, calma lá. Tu tomou ácido? Não é brincadeira agora, to preocupado contigo, eu…

— Você só fala merda cara!

— Do que tu tá falando, caralho? Tá brigando comigo por causa de mina? Só porque eu falei da Alícia?

— Não, cara! Você sempre se fode pra todo mundo. As pessoas tem sentimento.

— TU ME DEU UM SOCO POR CAUSA DE MULHER ARTHUR! Não sei como funciona com você, mas de onde eu vim os amigos não se batem por mina nenhuma. – parti pra cima dele de novo, mas ele se defendeu.

— Você tem que superar a sua prima, cara! Por causa dela você sempre está tenso o tempo todo! E agora tá afim da idiota da Alícia. Que merda. Sabia que era perfeito demais pra ser verdade, seu ponto fraco é mulher.

— Não tenho ponto fraco nenhum!

— Tem sim. Você é um bosta que briga com seus amigos por causa de mulher. Como se valesse mesmo alguma porra. Essa Alícia aí, cara, você não sabe nem da metade.

— Sei sim, porra. A garota não merece o jeito que é tratada. E ela pensa que sou igual a você agora! –ele riu. Riu alto. Alto demais. E eu tentei lhe lançar outro soco.

— Ser iludido pela sua prima eu entendo, mas ALÍCIA Arthur? Até eu já comi essa Alícia.

— Tu acha que come todo mundo.

— Eu comi, depois ela me mandou até um videozinho pornô.

— Ela o que?

— Você acreditou naquela história babaca que ela amava o irmão do cara e ele fez aquilo por vingança? Ela é uma vadia.

Fiquei ali parado por uns minutos. Estava difícil respirar. Minha cabeça estava doendo pra caralho e meu ouvido estava zunindo. O puto do Fael tinha me dado um soco bem na orelha. Sentia gosto de sangue na boca.

— Pensa bem antes de trocar os amigos por buceta, Arthur! 

O casal já tinha sumido. Eles devem ter visto quando comecei a brigar com o Fael e se mandaram.

— Elas te fodem, cara! Te fodem pra caralho! - ele gritou indo embora.

Continuei ali enquanto ele ia. Logo ele dobrou a esquina, e eu continuei parado, como se não estivesse em frente ao meu alojamento. Parecia que eu não tinha lugar nenhum pra ir, e realmente não tinha. Nenhum lugar onde eu me sentisse bem, pelo menos.

Quando vi aquele casal e os comparei a Alice e Kevin, pensei de verdade em voltar para o bar da Alícia pra gente continuar conversando. Senti até vontade de contar pra ela sobre aquilo tudo pra ver se melhorava. Enquanto a gente conversava e ria, eu nem me lembrava desse tipo de coisa, desse sentimento forte e intenso que sentia por Alice. Quem sabe ela fizesse passar. Que nada. Era só mais uma vadia, e daquelas que sabiam mentir. O Fael é um afetado egoísta, mas ele não mentiria pra mim. Não esse tipo de coisa.

Me deitei na cama, assim como eu queria. Resolvi que ia esquecer a cena do Fael me esperando, do casal e da gente se socando. Ia pular essa parte. Eu teria voltado do bar da Alícia, e deitado aqui, tipo to agora. Mas o gosto de sangue na minha boca não me deixava esquecer. Botei o fone de ouvido, apertei play, e a música que tava tocando antes continuou.

“Você não faz ideia do que causa em mim
Acho isso engraçado, falando a verdade
Acha que tudo que eu digo é a maior sacanagem
Mas, se soubesse da metade, iria entender
Hoje eu acordei e me bateu maior saudade
Igual todos os dias longe de você
Minha cabeça criou algo a mais sobre você
Ainda busco nelas sua personalidade.”


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