Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 20
Desejo


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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— Você está tão pensativo. – Alícia falou enquanto íamos para os dormitórios.

— Impressão sua. – respondi sem dar importância.

— Sei que sou apenas a garota que você fica, mas não precisa mentir assim.

— Você é sentimental demais. – a olhei por cima.

— Não mais que você. Sabe Arthur... Você tem que abrir o seu coração e me deixar entrar.

— Não sei o que dizer.

— Não diga nada. – ela se aproximou e se encostou em meu peito. – Toda a dor que você vem sentindo agora pode superar. Inicie um novo capítulo, se livre disso de uma vez por todas. Estou aqui para te ajudar nisso.

— Errei com ela Alícia e todos os dias vou me lembrar disso. Não foi culpa totalmente minha, foi um pouco involuntário, parece que era o destino, eu não sei... A única coisa que tenho certeza é que ela nunca vai me perdoar. E não tem como eu fingir que isso não dói.

— Não estou pedindo para fingir, estou pedindo para me deixar te ajudar a superar.

— Sinto que tenho que superar sozinho.

— Não tem, para de tentar ser forte o tempo todo! E você já aceitou minha ajuda a tarde ali em sua cama, não lembra? – ela sorriu grande e ficou na ponta do pé me beijando. Peguei sua cintura e a distanciei de mim.

— Tenho muita coisa para resolver amanhã, vou dormir cedo. Boa noite tá? – ela não ficou satisfeita, mas foi para o seu dormitório.

No outro dia cedo procurei o meu pai e o cobrei ter tirado as drogas que Kevin implantou em minhas coisas, eu não podia nem andar com aquilo por aí, era perigoso demais e não havia para onde correr.

— Tentei Arthur, mas não se some com um volume grande de heroína sem ninguém ver em um dormitório compartilhado. – ele respirou fundo. – Sério, eu não sei como Kevin consegue ser tão articuloso.

— Criminoso agora é articuloso? Pronto. – andei em sua mini sala e lembrei de cada soco que dei naquele idiota e sorri internamente. – Não sei o que vai fazer nem como, mas tem que tirar aquilo de lá, uma hora ou outra ele vai arrumar um jeito de alguém revistar minhas coisas e se for um dos meus tios, eles nunca mais vão me olhar do mesmo jeito.

— Já pensou em usa-las? – ele perguntou como se fosse uma solução viável. – Pelo menos elas vão acabar.

— Por que eu ainda falo com você? – fui abrir a porta e ele começou a falar.

— Estou com a cópia da chave do seu armário, de madrugada vou entrar e pegar, mas antes comece a cavar um buraco bem escondido lá no meio das plantas para podermos esconder isso.

— Por que de repente você achou uma solução? – ele abriu a persiana e olhou pela pequena janela de vidro.

— Minha amante está aqui desde a nossa vinda e agora ela está começando a surtar. Ela é uma pessoa muito ativa e já não aguenta mais estar aqui.

— De novo a historinha da amante, não fode.

— Só porque você não conseguiu nada com a Alice no País das maravilhas não significa que as outras pessoas também não podem ser felizes.

— Você ainda se lembra que é casado? – o olhei com bastante repulsa.

— Você me distrai muito fácil! Enfim, minha... Você sabe... Vou fazer aquilo e você vai prometer não surtar quando eu contar uma coisinha sobre ela que eu não havia dito.

— Eu a conheço?

— Sim.

— E você queria que eu fingisse que ela era minha namorada? Você é doente? Aposto que ela é uma das amigas da sua mulher.

— Não cometo o mesmo erro duas vezes.

— Conta essa porra logo.

— Aquele dia em que eu fui até a universidade ver como você estava, quando eu sai do alojamento trombei com uma mulher linda, sorridente, simpática e ela me perguntou se eu era seu pai.

— Ah claro, porque não estamos nas notas de fofocas sempre, o seu pai não foi o maior cantor, nem meu tio o maior lutador, nem minha tia uma cantora de sucesso e além de tudo a família nem tem um nome que é conhecido pelos negócios! Qual é pai, uma oportunista qualquer te aborda e você leva para o hotel e a torna a sua amante fixa? Na real você nem devia ter isso.

— Ela não é uma oportunista. E ela não perguntou por isso, segundo ela somos muito parecidos.

— Ela não deve ter visto Vinicius ainda. – ele fechou a cara na hora.

— Ela é sua professora. – ele soltou de uma vez como se fosse uma vingança. Fiquei processando aquilo. – Não vai perguntar qual?

— Só tenho uma. Juro que não queria ter que dizer isso, essa mulher deu em cima de mim pra caralho desde o dia que me viu pela primeira vez. – fingi estar pensativo. – Mentira, eu queria dizer sim. – dei um sorriso enorme.

— Por que não pegou? Não curte mais velhas? – ele disfarçou bem o ciúme.

— Eu amo uma garota quatro anos mais nova que eu. Acho que não.

— Minha amante dar em cima de você não é nada perto de Kevin estar com a garota que você ama. – ele usou aquele tom que me dava vontade de cortar a cabeça dele fora.

— Já passei tempo demais falando com você, vou começar a me intoxicar. Pode ir direto ao assunto, quer que eu finja ser namorado dela pra que? Se ela já está aqui.

— Para que ela fique perto de mim. Apresente-a para sua mãe. – ele me olhou e sorriu. - Todos têm problemas. Você me ajuda a resolver o meu e eu ajudo a resolver o seu. Sua mãe sai do seu pé ao ter certeza que não quer mais Alice e eu fico perto de Heloísa.

— Só tem umas coisinhas que você não pensou. Alícia e Rafael a conhecem e sabem que eu e ela não temos nada.

— Fala que sempre tiveram e eles não sabiam, foda-se.

— Estou tentando ter um lance com Alícia, isso vai me atrapalhar bastante.

— Ela come na sua mão. Só diz que se arrependeu depois.

— Você não pode manipular todo mundo do jeito que você quer com os seus joguinhos!

— Já pensou na cara do seu papaizinho Ravi que tanto se orgulha de você ao ver o que você esconde?

— Por que aquele desgraçado colocou um pacote daquele tamanho? – praguejei.

— Porque ele sabia muito bem que seria mais fácil se livrar de algo pequeno. Não subestime o Kevin Arthur, ele está anos à frente de você e até de mim.

— Na falta de caráter com certeza.

— Vai fazer isso por mim, não vai?

— Eu não a vi ainda, então ela deve estar em uma ala oposta a minha, a troque de lugar e vou pensar no que vou inventar.

— Não vai ser preciso. Ela está ciente e pelo que já conheci dela vai se sair bem sem você precisar abrir a boca.

— Ok. – ele não me deixou sair de novo.

— É de mentira tá? Não preciso lembrar.

— Lembre a ela, como eu disse... – dei de ombros.

Almocei mais cedo que todos, pois eu tinha que tirar os lixos e descarregar vários caminhões que chegariam hoje. Era mais complicado que parecia, porque eu tinha que usar a mascara facial inteira e isso me fazia sentir mais calor ainda. Além disso, o caminhão tinha que entrar muito rápido na cúpula e ela só podia ser aberta uma vez na semana, então juntava bastante entrega, eu descarregava com outros dois caras atrás da cozinha, que era como uma cozinha industrial, para comportar o tanto de pessoas.

— E aê. – Murilo chegou e viu o quanto eu estava suado. Tirei a mascara e olhei para ele.

— Sabe que ninguém pode sair lá de dentro quando algum caminhão chega.

— É, as portas estão isoladas. Eu já estava fora antes e não consegui entrar.

— Parece que tem alguma coisa te incomodando.

— Nunca levei Alice e Kevin a sério, mas agora eles estão lá grudados, parecendo apaixonados e eu me pergunto: O que aconteceu?

— Essa paixão sempre existiu Murilo.

— E vocês dois? E o que ela dizia sentir? Não faz nenhum sentido pra mim isso tudo!

— Ela se enganou. É normal com o problema ela ter confundido as coisas.

— Não. Não é isso e você sabe. – um dos caras bateu na porta do caminhão que agora estava fechada e o motorista chamou o responsável para abrir o portão. Coloquei minha mascara em meu primo e no segundo após fechar a porta tirei. – Obrigado por isso. – nos olhamos.

— Olha se veio tentar dar uma de cupido, não vai dar certo. Ontem a noite tentei lembrar Alice de como éramos amigos e nem isso adiantou. Também estou seguindo em frente... Tem alguém na jogada.

— Não fode. Isso é você tentando esquecê-la. Arthur... Se você visse o que eu vi, os dois estavam grudados na cama dele. – fechei os olhos e respirei fundo. - Não vou deixar isso acontecer nesse mundo e nem em qualquer outro. Ele não vai mais usar minha irmã nessa disputa ridícula de vocês dois. – ele saiu insatisfeito por não ter conseguido me fazer falar algo que ele queria ouvir.

Cheguei e ela estava enchendo o regador assim que me viu parecia ter visto um fantasma, evitei ficar perto dela, então fui para a estufa e fiz tudo o que precisava fazer por lá.

— Você tem que... – ela chegou atrás de mim determinada a dar alguma ordem, mas não sei o motivo parou de falar, continuei na mesma posição.

— Seu namorado te impediu de me dirigir a palavra? É a cara dele isso. – ela continuou em silêncio. Esperei que fosse jogar na minha cara que eu é que não queria que ela falasse com ele antes ou me atacasse de alguma maneira. Como ela não disse nada, eu me virei para ver se estava tudo bem. – Você está bem estranha. – conclui ao ver sua expressão.

— Tenho praticamente dezesseis anos, sei o que faço, então não fale das minhas decisões dessa forma.

— Então estão mesmo namorando? – olhei em seus olhos, mas o seu olhar se desviou bem rápido e ela estava estranha daquele jeito de uma forma ainda pior. – O que está acontecendo com você?

— Por que veio pra cá suado desse jeito? Não podia passar no vestiário e tomar um banho? Sua blusa está quase colada em seu corpo, isso é...

— Isso é? – ela não respondeu nada. – Apesar de suado ainda estou apresentável... – me cheirei. – E cheiroso. E se não gosta do meu cheiro o espaço é tão grande.

— Não disse nada sobre o seu cheiro.

— Qual o motivo de alguém implicar com outra pessoa suada se não esse? Está calor e se você não sabe eu estou cumprindo “pena” por bater em seu namoradinho ridículo.

— Ele não é ridículo.

— Ele é lindo.

— O ciúme te deixa grotesco.

— E o meu suor te deixa estranha. – ela voltou a ficar do mesmo jeito que estava quando chegou. – Acabou a conversa? – me virei e continuei o que estava fazendo. E ela não saiu dali. – Fica mais fácil se você for lá pra fora.

— Não quero ir. Na verdade acho que nem consigo. O seu suor... Ele não me incomoda. Ele chama a minha atenção. – ela quase gaguejava. – É tão... Sexy. É horrível dizer, mas, uma parte de mim queria estar te beijando agora.

— E a outra parte? – virei de novo para ela.

— Está machucada demais para poder sentir alguma coisa.

— Escute ela e conseguirá sair daqui. – eu não acreditava em minhas palavras e apesar do meu coração explosivamente acelerado eu precisava daquilo porque eu sabia que depois que esse desejo passasse ela iria voltar a me odiar. E talvez ainda mais.

— Uma última vez... – ela sussurrou após chegar mais perto ainda e passou a mão em minha barriga. Não dava para ser racional assim. Peguei seu rosto com as duas mãos e a beijei com uma necessidade que a assustaria se ela não correspondesse. Peguei suas pernas e coloquei em volta da minha cintura e andei até a bancada de ferro sentando e a colocando em meu colo. Aquilo estava indo rápido de um jeito que eu não conseguia explicar nem controlar.

— Podem nos ver. – ela disse de forma ofegante e olhou para o vidro atrás de nós. Pensei em uma solução e só havia uma.

— Vamos ter que ir para o chão. – falei já imaginando que ela negaria, mas para minha surpresa ela deu um pulo para trás e sorriu, me fazendo descer e a agarrar, a deitando velozmente. Tirei minha blusa em um movimento bem rápido enquanto ela me puxava para ela. Parei um pouco e a olhei. – Por que depois daquilo isso está acontecendo de novo? Pensei que de alguma forma estivesse um pouco traumatizada.

— Não consigo evitar. – ela puxou meu pescoço me beijando intensamente.

— Mas temos que parar. – falei ainda entre o beijo. – Olha como a gente está Alice, olha onde isso vai acabar.

— Quero que seja você. E não ele. – fiquei sem reação. – Provavelmente ele será meu namorado... Tudo o que tínhamos foi destruído Arthur, então deixe que você seja essa pessoa especial para mim. – senti meus olhos encherem de água.

— Se você queria descontar o que eu fiz, conseguiu. – peguei minha blusa e me levantei. – Não tem motivo para você querer que seja eu se vai ficar com ele.

Ainda tinha esse inferno de namoro falso! Não queria sair daquele banho nunca mais. Eu ainda precisaria fazer uma correria antes do jantar.

— É uma parada louca que vocês nem vão acreditar. – contei olhando Rafael e Alícia. – Meu pai conheceu a professora Lis quando foi lá e ele e ela estão tendo um caso. – eles arregalaram os olhos.

— Ela é gostosa pra caralho e linda, ele fez uma boa escolha.

— Ele é CASADO Rafael. – Alícia deu um tapa forte nele.

— Se ele não respeita a esposa eu tenho que respeitar?

— Parem. – mandei antes que eu me estressasse. – O mais bizarro não é isso. – respirei fundo. – Ele quer que eu finja que namoro ela para tê-la por perto.

— Ela está aqui? – a morena perguntou incrédula.

— Era feriado... Eles estavam juntos no hotel, antes da cidade virar um caos.

— Seu pai é louco, você sabe disso né? – olhei para Rafael e dei uma risada amarga.

— Sei há quase dezenove anos. E antes fosse loucura, ele é... Ah.

— E você aceitou isso?

— Alícia eu não tive escolha. Ele vai fazer algo em troca que eu preciso muito que seja feito. E não me pergunte o que é, quanto menos se envolver nas loucuras e jogadas da minha família é melhor.

— Tem a ver com Alice?

— Não. Não tem. Alícia... Sei que combinamos de você me ajudar a esquecê-la  e eu realmente estava empenhado e até bem empolgado com isso, mas eu não posso fazer isso com você e nem comigo. Vou estar me forçando a sentir algo que não sinto e te prendendo a alguém que não poderá te corresponder tão cedo. E eu não quero isso.

— Está me dando um fora?

— Não, estou te protegendo de futuros sofrimentos.

— Sou grandinha, sei me proteger. Mas, se te faz feliz então tudo bem. Não precisa hesitar em me falar se mudar de ideia.

— Farei com certeza.

— Acabaram? – Rafael perguntou parecendo entediado.

— Está amargo assim por que Otávia não quis mais ficar contigo? – perguntei o olhando.

— A desculpinha dela de que não quer se envolver emocionalmente não colou, ela gosta de alguém e você sabe quem é, me conta Arthur.

— Não sei. Mas se eu soubesse e te contasse, qual seria a diferença?

— Poderia entender por que ele e não eu.

— Isso foi... Fofo. – Alícia comentou espantada. – Está apaixonado por ela?

— É... Acho que estou. – ele a olhou por segundos e como estava sentado na cama se deitou do tronco para cima.

— Ela é muito linda, mas não faz seu tipo.  

— Qual é o meu tipo? E o que você sabe disso? – ele levantou a cabeça e a olhou.

— Sei lá... Ela é meiga demais, parece... Que vai quebrar. Ela é a mais delicada das meninas, mais que Alice, por exemplo, porque Alice tem aquele olho de cobra dela que a deixa com um ar macabro e aquele ar de superior, como se todos perdessem tempo de existir, pois ela é a melhor dos seres humanos. Otávia é mais humana, se preocupa com todo mundo, tem um ar angelical... Já vi que ela é um pouco mimada e muitas vezes empolgada e falante e barulhenta, mas... Ela não combina com você.

— Você disse, disse, disse e não disse absolutamente nada.

— E Alice não passa essa impressão. – discordei dela.

— Diz isso porque convive com ela desde criança e está acostumado, eu a conheci há pouco tempo e posso dizer o que eu conclui dela.

— Você realmente conclui muitas coisas, lembro do que disse sobre mim.

— Eu disse as coisas ruins, que era covarde e tal. Mas a boa eu não disse.

— E qual é?

— Você tem o olhar tão doce, dá vontade de guardar em um potinho. – ela falou e suspirou. – Não vou dizer mais nada... Vai virar uma declaração de amor.

— Tenho que ir até minha namorada. – vi a mensagem do meu pai em meu celular. – Vejo vocês daqui a pouco no jantar.


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