Amor Perfeito XIII escrita por Lola


Capítulo 46
Sempre errado


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Murilo Narrando

Acordei e vi Kevin ao meu lado. Dei um sorriso espontâneo. Soprei a orelha dele e ele acordou assustado.

— Perdeu a hora diabinho?

— Não, eu quis ficar playboy. – ele fechou os olhos de novo.

— Ficou com medo de me magoar de novo? – comecei a brincar com o rosto dele.

— Você gosta de ser mimado né? – ele perguntou ainda de olhos fechados. – Para de puxar meu lábio. – ele falou com dificuldade. Dei uma risadinha. Mordi sua bochecha. – Meu ombro ainda está marcado, espera passar para você marcar outro lugar. – ri mais ainda. – Você acordou feliz. Nem parece que vai revelar ao pai que tem um caso com a ovelha negra da família.

— Precisava estragar? – suspirei.

— Desculpa. – ele me olhou e me puxou. Sua mão foi dentro da minha camisa e ele começou a fazer carinho em minhas costas. – Vou ir escovar os dentes. Vai dormir mais?

— Não. Vou com você, vamos. – ele continuou com o jeitinho preguiçoso e sonolento. Passei por cima dele e me levantei, tirei a blusa que eu estava, passei desodorante e peguei minha escova de dente, fechei meu armário e peguei meu celular olhando meu cabelo na câmera e o arrumando. Ele se levantou e ficou encostado na cama me olhando.

— Dá. – falei olhando para ele.

— Dá o que? – ele me olhou confuso.

— Sua blusa. – ele pediu explicação com o olhar. – Gosto dela. Quero pra mim. – ele a tirou pela gola e me entregou.

— Vão me encher o saco por andar assim.

— Nem eu deixaria. Toma. – entreguei minha blusa a ele. – Vamos? – ele ficou me olhando depois de se vestir.

— Para de fazer coisas que eu não entendo. Tá me deixando cismado.

— Só quero estar sentindo o seu cheiro na hora que for conversar com ele. – ele pegou meu braço e me puxou, me abraçando.

— Você é a pessoa mais especial da minha vida. – sua voz soou rouca e baixinha em meu ouvido.

— Depois do Arthur, claro. – respondi e ri. Ele se afastou e me olhou de uma forma séria.

— Tá conseguindo ser mais que ele. – seus olhos não saíram dos meus e senti meu coração acelerar. – Por falar nele, acho que ele e sua irmã ainda têm jeito, mas só precisam que mostrem isso a eles... E eu tive uma ideia. Depois que conversar com o seu pai a gente fala sobre isso.

— Tá bom. – sorri. – Você pensando em ajudar... Planejando o bem...  Quem diria.

— Você sabe muito bem o motivo.

— Eu sou sua fraqueza.

— Totalmente. Playboy exibido. – fomos andando até o dormitório dele. Ele pegou sua escova e me olhou com aquela carinha sonolenta e séria.

— Diabo mal humorado. – falei e ele riu. Quando saímos do banheiro, voltamos para guardarmos as escovas e depois nos encontrarmos para irmos tomar café.

— Não sei é uma boa ideia comer antes... – comentei nervoso. – Se ele disser coisas nojentas irei vomitar.

— Faça isso no rosto dele, por favor. – dei uma risada alta com a ideia e ele riu junto.

— É sério, melhor eu ir antes.

— Você vai ficar bem? – nos olhamos.

— Espero que sim. – sorri.

— Mesmo sem poder encostar em você sabe que estou te abraçando né?

— E me beijando. – mordi meu lábio inferior. – Tchau. – ele puxou meu braço.

— Assim que sair de lá vou estar te esperando. – concordei e sorri, indo de encontro ao meu pai, que não estava sozinho.

— Caleb? – perguntei estranhando ele estar com o meu pai tão cedo.

— Estamos no meio de uma conversa Murilo. – meu pai avisou e me olhou com seriedade.

— Fica tranquilo Murilo, pode dizer ao Kevin que já está tudo resolvido. Sem problemas.

— Do que está falando? – entrei no jogo dele.

— Só diga isso a ele, ele vai entender. Vocês estão tão amigos, pensei que ele te contasse tudo. – querendo me colocar contra ele. Não vai ser dessa vez.

— Vou esperar vocês acabarem porque quero conversar com o meu pai.

— É urgente? Caleb disse que vai precisar de mim.

— Já pedi para conversar com você assim? É lógico que é urgente.

— Vamos. – andamos para longe daquele imbecil e eu respirei fundo antes de começar a falar.

— Preferia não conversar aqui no corredor, mas como tem um idiota te esperando logo ali... – ele me olhou insatisfeito. – Tenho uma coisa para te contar.

— Murilo. – Kevin apareceu do nada. Seu olhar me mandava não seguir adiante. – Vem comigo.

— Vai lá com o Caleb, depois eu te conto. – falei para o meu pai que pareceu achar estranho e não era pra menos.

— Que porra foi essa e é melhor me dizer a verdade.

— É melhor não falar nada, pelo menos por enquanto.

— Você está achando que eu sou o que? Um fantoche? Vi ele mandando mensagem no celular, o que ele te disse?

— Murilo... – fiquei mais nervoso do que devia e ele continuava sem dizer nada.

— Não. Não vou fazer parte disso. – ele não deixou que eu saísse e encostou-se a mim me olhando nos olhos.

— Ele ameaçou te machucar caso contasse.

— Ah tá, ele quer ter o prazer de contar?

— Não. Eu fiz o que ele queria e ele disse que não vai falar nada e não quer que você fale. Acho que no fundo ele se sentirá humilhado se todo mundo souber.

— Eu estou pouco me fodendo para o que ele vai sentir.

— Murilo, por favor, não seja tão insensato e nervoso assim.

— Preciso ficar sozinho. – me soltei dele.

Caleb sugava a paz, a sanidade, tudo. Eu e Kevin éramos muito recentes para eu ter que passar por isso tudo, para enfrentar esse monstro e fazer parte dessa guerra. Depois de comer fui para um canto que ninguém me achasse. E quando cansei de me estressar com os meus próprios pensamentos achei um lugar para tentar relaxar um pouco. Já estava entediado daquele lugar, daquela rotina.

— Bater em objetos só vai causar dor em você. – falei ao ver a tal Dani socando a coluna de ferro. Ela colocou a mão no peito demonstrando susto e me olhou.

— Pensei que não tivesse ninguém aqui. O que está fazendo deitado aí? – eu estava em um canto no meio de algumas arvores e quase deitado na terra.

— Fugindo dos meus amigos. E você, por que está tão nervosa?

— Não quero ficar mais aqui! Que inferno!

— Ninguém quer. – ela ficou me olhando. – O que foi?

— Não pode ser coincidência estarmos aqui agora.

— Está sugerindo o que?

— Ah, qual é Murilo. – ela deu um sorriso de inconformada. – Você sabe que estou afim de você.

— Minha cabeça tá cheia agora para esse tipo de coisa.

— Tá mentindo. – ela riu e se sentou ao meu lado. – Você coça o nariz quando mente. Reparei nas aulas ao responder por que não fez as atividades.

— Odeio gente que me analisa.

— Você tá mais mal humorado que eu.

— Porra. – reclamei ao ver os meninos vindo e Kevin estava junto.

— Tá de namorinho aí filho da puta? – Alê perguntou me chutando.

— Tô e estamos pelados, não tá vendo?

— Ele tá bem mal humorado. – ela avisou olhando para eles.

— Se não avisasse nem iriamos perceber. – Kevin respondeu encarando a menina.

— Você é sempre debochado assim? – ela perguntou o desafiando.

— É meu sobrenome. – ela o olhou assustada e se recompôs em um segundo me olhando e para minha boca.

— Sei que é linda, mas pode parar.  – mandei e ela riu.

— Vamos fazer alguma coisa, anda. – olhei com tédio para Yuri.

— Já estou fazendo. Nada. E vou continuar.

— Qual é Murilo, deixa de ser chato.

— Por que vocês precisam de mim?

— Porque você é gostoso pra caralho. – Rafael sentou em cima de mim e segurou os meus braços. – Só saio daqui quando você falar que vai.

— Ah, também quero. – a Dani disse nos olhando.

— Pronto! Mais alguém quer sentar no Murilo? – Alê perguntou com mais tédio que eu. – Caso contrário já podemos ir.

— VAMOS! – Fael insistiu.

— Sai ou eu vou te chutar.

— Ele não quer ir, deixa. – Arthur falou e vi que ele estava estranho.

— Por que você tá fazendo doce?

— Não posso querer ficar sozinho que to fazendo doce?

— Não tá sozinho tá com essa garota aí.

— Essa garota chegou depois e por acaso. - respondi impaciente.  - O que vocês vão fazer?

— Sinuca ou Truco. Anda Murilo. – Fael enfim saiu de cima de mim.

— Levanta. – estiquei a mão para ele e ele me puxou. – Tchau Dani. – sorri para a garota e sai andando com os meninos. Comecei a andar mais devagar que eles e Kevin percebeu, fazendo o mesmo.

— Já sei o que vai dizer, não precisa se dar ao trabalho.

— Que não quero mais ficar com você? – nos olhamos. Ele suspirou. Segurei o sorriso. – Você nunca erra né?

— Nunca mesmo.

— Pois errou feio. – o olhei de lado. – Iria te pedir desculpas pelo meu stress. Não é sua culpa ter o pai que tem.

— Você tá falando sério?

— Eu tô rindo?

— Vem aqui agora. – ele me puxou subitamente para o banheiro perto da sala de jogo ao qual passávamos em frente e se trancou em uma cabine comigo. – Se eu não te beijar depois de você ser tão perfeito eu vou enlouquecer. – dei uma risada antes de ser atacado e após um bom tempo percebi o quanto estávamos correndo risco.

— Eles vão perceber. – murmurei sem fôlego.

— Tá bom. – ele se afastou me olhando. – Quero te pedir uma coisa. – meu semblante mudou sabendo que não seria algo que eu iria gostar. – Não conte nada a seu pai independente de qualquer coisa.

— Por quê? – tentei não ficar nervoso.

— Você gosta de ficar comigo?

— Lógico Kevin!

— Não vamos ficar aqui pra sempre. Aqui conseguimos estar perto um do outro, mas lá fora não vai dar. Você sabe disso. Ele não vai aceitar.

— Não sou a minha irmã, ele não pode me controlar.

— Ele pode. Nem que ele tenha que te bater.

— Meu pai não faria is... – parei de falar e lembrei o que ele já havia feito.

— Não sei se faria, mas ele me odeia, para te manter longe de mim ele seria capaz até de te mandar pra longe. A gente não parou pra pensar no quanto é arriscado.

— Tudo bem. Não vou falar.

— Não vou ficar jogando. – ele avisou enquanto entravamos na sala. – Além de não conseguir parar de te olhar eu preciso saber o que meu pai está tramando. Não fica bravo.

— Não estou. – sorri. – Vai lá. Kevin. – o chamei antes de ele ir. – Não se contamine. – ele piscou e sorriu, me deixando igual um tolo parado.


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