Amor Perfeito XIII escrita por Lola


Capítulo 45
Sem ter que me esconder


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Murilo Narrando

Kevin sumiu a tarde toda. Aquilo já estava me deixando inquieto. Estávamos todos sentados na arquibancada depois de jantar, eu estava deitado no colo de Alice e ela fazia carinho em meu cabelo. Eu estava de olho fechado ignorando a conversa de Fabiana e Aline ao meu lado.

— Eu te liguei e mandei mensagens. Onde você estava? – ouvi a voz de Arthur perguntar e me levantei na hora, ele estava em pé em frente a ele.

— Vamos conversar. – senti a tensão no ar. Caleb. Sempre o Caleb. Ele não dava a porra de um minuto de paz ao Kevin. Eles saíram andando e eu senti muita vontade de ir atrás deles, mas me contive.

— O que acabou de acontecer aqui? – Fabiana perguntou me olhando. – Ele chegou você ficou... Diferente. – ela falou baixo.

— Nada. Estava preocupado. Os dois ainda estão se entendendo.

— É eu sei. Arthur me contou muitas histórias lá na universidade. Mas Murilo... Eu sou muito boa em ler as pessoas e as situações. Entendi o que aconteceu e... Como é possível?

— Você está entendendo tudo errado. Cheia de maldade porque você é assim. Não tenho culpa das coisas que passam em sua cabeça.

— Saber que ele estava aqui fez você despertar de uma forma que só despertamos quando vemos quem...

— Cala a boca. – a interrompi.

— Ele não é alguém legal Murilo. Não faça isso com você mesmo. – vi que seus olhos estavam cheios de água. – Tenho tanto sentimento por você, pela gente.

— Não existe a gente Fabiana. – fui para dentro, agora nervoso. Encontrei os dois que pararam de conversar assim que me viram. Passei direto.

— Murilo. – Kevin me chamou e eu ignorei.

— A gente se assustou com alguém vindo Murilo, não paramos porque era você. – Arthur explicou e eu continuei andando lentamente. – Caleb sabe de tudo. – congelei. – Agora talvez o seu pai já saiba. Kevin fez o possível e impossível para reverter, mas você conhece o demônio.

— Provas? – me virei para eles.

— Acha mesmo que precisa? Era questão de tempo ele entender tudo. Vocês dormem grudados, vivem juntos, ele vira uma onça se ele te ameaça... Além dos olhares e reações que ele pode ter percebido. É algo que não tem como esconder de alguém como ele.

— Mas de alguém como meu pai sim. Vou negar. Ele vai acreditar em mim.

— Daí vocês dois não vão poder ficar juntos mais porque vai confirmar. – olhei para Kevin, ele estava encostado a parede e encarava o nada.

— Como foi? – fui até ele. – E você não pretendia me contar? Por que chamou o Arthur invés de mim? Isso se trata da gente. – ele me olhou e os olhos dele me transmitia uma frieza que eu não gostei nada de ver.

— Ele entende e sabe o que eu passei hoje.

— É uma tortura psicológica muito grande Murilo. Ele estava acostumado, mas agora ele não é mais assim. Até Caleb dizer que era isso que ele sabia demorou horas. Ele fez chantagens, ameaças... Ter um pai preconceituoso deve ser horrível, agora ter um pai que usa o fato do filho ser gay para fazer com que ele faça o que ele quer é o abismo. Ele sabe que é a sua primeira experiência, que o seu pai não está nada preparado para isso e que seria uma revelação complicada. Como Kevin não vai fazer nada que ele quer, contar ao seu pai é só o começo. Ele vai acabar com ele.

— Alguém tem que para-lo.

— Como? Ele parece imbatível.

— Denuncio-o por abuso emocional. Olha como Kevin está.

— Teríamos que esperar sair daqui e mesmo assim não teríamos como provar nada.

— Filme a próxima sessão de tortura dele.

— Ele vai saber contornar. Ele sempre sabe. Vai ser gasto de energia atoa. Kevin já tem uma prova imensa contra ele, se tudo desse certo ele ficaria anos na cadeia, mas sabemos que não é bem assim que funciona e também ele não consegue usar. Querendo ou não é a merda do nosso pai. Isso é complicado.

— Não quero ser assim. – olhei assustado para Kevin. Sua voz mudou completamente. – Estou indefeso. Exposto. Desprotegido. Totalmente fraco. Absolutamente lerdo. Quero voltar a ser o que eu sempre fui. Eu poderia ter resolvido aquilo em dois minutos. Ou teria sido bem mais cauteloso antes. – dei um passo para trás assustado.

— É isso que ele faz com você! Essa merda toda. Ele não te quer com Murilo. Ele não quer que sejamos amigos. Ele não te quer tomando as próprias decisões, quer te controlar. Como sempre foi.

— Você não sabe de nada.

— Você acha que o controla Kevin. Ele deixa você pensar assim para que se sinta poderoso e continue ao lado dele.

— E é pra onde eu vou voltar. – ele olhou o relógio em seu pulso. – Ainda dá tempo de eu impedi-lo de ir até Vinicius.

— Ele te deu um tempo?

— Deu. – ele iria ir, mas eu não deixaria.

— Se ele não contar eu conto. – falei e ele me olhou. – Uma hora isso vai ter que acontecer. Que seja o quanto antes.

— Não. Você ainda não sabe direito o que está acontecendo com você.

— Conversamos sobre isso Kevin. – suspirei. – Eu sei. Sinto algo por você que nunca senti por ninguém. Quero ficar com você. E mais importante, quero te ver sem ter que me esconder.

— Vamos ir dormir galera. – o pessoal entrou passando por nós. Alice parou e nos olhou querendo entender o que acontecia.

— Você acha que o papai vai surtar com a gente? – perguntei e apontei com a cabeça para mim e Kevin.

— Não. Ele é compreensivo Murilo. Se quiser eu vou com você para te ajudar. Talvez ele fique bem assustado, mas é de se esperar. Você sempre foi...

— KEVIN! NÃO! – ouvi Arthur gritar e vi que Kevin mexia em seu celular. Peguei o aparelho e vi a mensagem enviada ao pai dele. “Não faça isso. Irei conversar com minha mãe amanhã.”

— O que você vai conversar com sua mãe?

— Vem. Tudo que preciso agora é deitar ao seu lado e esquecer isso. – andei ao seu lado sabendo que eu teria que me esforçar muito essa noite para tirar de dentro dele toda a amargura que o pai conseguiu encravar em seu peito.

Alice Narrando

Fiquei observando Kevin e Murilo saírem. Dei um suspiro apaixonado.

— Eles são fofos.

— Sim, são. – Arthur concordou. – Quem diria que a gente deixaria de ser os mais fofos. – ele me olhou e sorriu. – Você está bem? – balancei a cabeça positivamente. – Queria ter perguntado antes, mas achei que era melhor dar um tempo a você.

— Aquilo foi... – engasguei. Não tinha palavras para descrever tê-lo beijado.

— Esquece. Acontece. É um longo caminho... Vão existir obstáculos.

— Você ter feito o que fez e ontem ter reagido inicialmente daquela maneira me fez ter a certeza que vou poder contar com a sua ajuda.

— Ah, você ainda não tinha essa certeza? – ele perguntou com um sorriso e uma voz de deboche. – Estou sinceramente magoado.

— Palhaço. – sorri de volta. – Vou ir dormir.

— Boa noite. – ele me puxou de lado e beijou o topo da minha cabeça. – Até amanhã. – assim que ele saiu eu vi que ele além de estar tranquilo quanto a minha decisão de esquecê-lo, ainda preservava nossa amizade e o carinho entre a gente. Acho que isso era bom. Mesmo que eu tenha muito medo. 

Quando acordei não imaginava que o dia seria tão agitado. Vi que estava quase todo mundo tomando café. Peguei minha bandeja e me sentei.

— Bom dia neném. – Soph falou e sorriu. Comecei a prestar atenção na conversa deles.

— Por que você está de bom humor assim? – perguntei baixo a ela.

— Yuri não olha mais para Larissa. Observa. – ela respondeu mais baixo ainda.

— Já era hora né?

— Vamos lá pra fora com eles? – ela me chamou quando acabei de comer. Assim que comecei a andar fui para o lado de Kevin.

— Cadê meu irmão? – perguntei estranhando ele estar sozinho.

— Conversando com o seu pai. – nos olhamos. – Preferi manter distância, só vou atrapalhar mais ainda.

— Vou lá. – afirmei preocupada e iria me virar, mas ele me segurou.

— Não. Deixa os dois. É melhor.

— Tem certeza?

— Tenho. Ele não vai querer te olhar e lembrar esse momento.

— Vem cá casalzinho. – Alê nos chamou e riu. Rafael falou alguma coisa que não deu para escutar e Arthur o arrastou até a gente.

— Olha... – ele chegou perto dele e o olhou com muita raiva. – Eu estou fazendo isso tudo para não falarem do que eu sinto e ela me esquecer, só que não vai adiantar muito se você ficar insinuando as coisas o tempo todo.

— Tá bom, mas no meu ponto de vista seria bem mais legal invés de você fingir que é gay o seu irmão aqui – ele apontou para Kevin. - e o seu primo assumirem tudo e começarem um namoro e você e a princesinha do reino amarelo pararem de drama e ficarem juntos. Daí quando saírem os quatro pagarem cerveja e pizza pra mim. Porque o amor deixa as pessoas felizes. E felicidade faz com que...

— Vai para o inferno. – ele saiu andando indo para dentro do abrigo.

— Por que ele está tão estressado? – perguntei e olhei para Rafael e depois para Kevin.

— Ele só quer te esquecer. Às vezes é bem complicado manter a sanidade. – suspirei e olhei para Kevin depois dele me dar a resposta. – Não se sinta culpada, tá?

— Tudo bem. – fomos até o pessoal e pelo menos consegui me distrair e pensar um pouco menos em Arthur.


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