Amor Perfeito XIII escrita por Lola


Capítulo 29
Pedido


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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— O que ele aprontou? – Ryan perguntou para Arthur.

— Seja o que for é algo tão sujo o quanto o pai.

— Dizem que ele está envolvido com prostituição. – Murilo falou baixo.

— Como assim? – Soph perguntou curiosa. Ele pegou o celular e digitou algo.

— Prostituição, substantivo feminino, atividade institucionalizada que visa ganhar dinheiro com a cobrança por atos sexuais e a exploração de prostitutas. – ele olhou para ela. – Quer mais? – ele voltou a olhar o aparelho. – Meio de vida principal ou completamente...

— Para amor. – Aline o cortou. Ele a olhou assustado. Na verdade todos olharam. – Acho que já estou bebendo demais.

— Ela é fraca para bebida né? – ele perguntou para Tuh.

— Jamais dê vodka a ela. Uma vez vomitou meu carro todo. – ele deu o ultimo trago e jogou seu cigarro fora, sentando mais perto da gente.

— Vamos explanar o motivo de eu ter bebido tanto? – ela perguntou o desafiando.

— AEEEEEE! GOSTO ASSIM! – Rafael gritou batendo na parede de pedra atrás de si.

— Ele deve ter brochado. Prefiro voltar ao assunto da prostituição. – Sofia reclamou.

— Vamos falar então. – Rafa concordou. – Conta direito essa história. – ele cutucou meu irmão que estava ao seu lado.

— Ele não brochou. O que também eu não estranharia se acontecesse... – Aline continuou sem limites. – Já que a cabeça dele é totalmente e completamente tomada por alguém. É uma obsessão. Foi no dia que me dei conta disso.

— Sexo não ajuda muito. – Rafael disse e a olhou. – Eu enfio droga nele. Funciona.

— E a prostituta? – Ryan perguntou segurando a risada. Ele só queria fazer raiva mesmo.

— Conta aí Murilo o que você sabe. – Soph pediu acalorada.

— Não sei de nada. Os caras comentam que ele faz esse tipo de coisa. Alguns dizem que ele alicia até menor, o que é um absurdo. Mas não acredito que essa segunda parte seja verdade.

— Ah, eu acredito. Espero qualquer coisa dele.

— Todos sabem que ele mexe com sujeira. Ele sempre esteve no hotel desde criança para ficar perto do pai e sempre ficou com os funcionários e em todo canto e lugar. Ele é esperto demais, mais que eu se isso é mesmo possível. – meu irmão contou concentrado. – Cada vez que ia crescendo ia adquirindo mais esperteza e maldade. Ele fornece drogas caríssimas e até medicamentos para os empresários riscos que hospedam no hotel e faz “cardápio” de acompanhante de luxo, mas essas são todas maiores e muito lindas, as mais bonitas da cidade. A última conversa que eu ouvi é que ele tem até um esquema de armas e eu já o vi fazendo pontes.

— Por que ele faz isso tudo? – Fabiana perguntou assustada. – A família dele tem dinheiro.

— Não é pelo dinheiro. É pela adrenalina. – Ryan contou e se calou. – Vocês nunca entenderiam.

— Pode até ser parte pela adrenalina, mas o motivo mesmo ficou claro aqui. – Arthur falou parecendo entediado. – Ele quer chamar a atenção.

— Se assim fosse ele não faria nada escondido.

— Era questão de tempo Caleb ficar sabendo. – ele concluiu agora pensativo. – Se bem conheço o meu pai aqueles dois agora estão negociando como tudo continuará sendo feito depois que a cidade normalizar e quanto lucrarão. – ele suspirou.

— Da mesma forma que seu amor te deixa louco o seu ódio por seu pai te deixa cego, ele nunca faria isso. – Aline opinou. E eu já estava começando a ficar cansada de ouvir a voz dela.

— Vou ir deitar. – me levantei e ele me olhou. Estava com vontade de abraça-lo ou dizer que ele deveria esquecer o pai e o irmão. Mas eu não conseguia. Talvez o fato de termos nos beijado e agora termos que fazer isso escondido, tenha feito com que mudássemos nossa postura, parece que agir como antes é estranho ou dá medo. Medo de sermos fracos e acabarmos nos beijando, até mesmo sem querer ou medo de perceberem alguma coisa. Mas e se percebessem? Quem não devia perceber era o meu pai e não nossos amigos. Dei um passo para frente, mas desisti e fui para dentro e subi para o meu quarto.

— Filha. – minha mãe entrou quando eu já estava de pijama escovando os dentes. – Vim te dar boa noite, estou acabada. Seu pai já está dormindo. Tá muito pesado isso tudo e agora essa maldita doença está se alastrando ainda mais!

— Calma mãe, não vai acontecer nada e logo estaremos protegidos.

— É. Isso. – ela suspirou. Depois me deu um beijo e se foi.

— Boa noite tia. – Otávia disse entrando enquanto minha mãe saia.

— Já veio dormir? – perguntei estranhando. Ela não era de dormir muito cedo.

— Não. – ela sorriu. – Mas terei que vim daqui a pouco. Meu irmão pediu que eu dormisse em sua cama porque nosso cabelo é parecido e você dormir com ele lá em cima.

— Que? Ele é louco? E amanhã? Se alguém me ver descendo?

— Não vai ver. Leva roupa para trocar e diz que subiu e ninguém viu.

— E se meu pai falar: “Acabei de abrir a porta do seu quarto e você estava dormindo”.

— Você diz que era eu, que você havia acabado de se levantar e estava no banheiro. E diz que ele tá doido e sai andando. Quanto menos se explicar e se importar melhor.

— Ah... Não sei Otávia... – falei com muito receio.

— Para com isso. A gente não sabe como as coisas vão ficar daqui pra frente. Tem que aproveitar. Você não gostou tanto de ficar com ele?

— Sim, muito. – sorri. – Tá!

— Vou lá e falar com ele que deu certo, subo e você sobe. – ela sorriu grande e saiu quase correndo. Peguei minha roupa e fiquei esperando ansiosamente por Otávia.

— Desculpa a demora. – ela apareceu parecendo ter acabado de sair de uma crise de riso. – Rafael é muito engraçado. Foi uma luta para achar as caixas dos colchões e a cada uma que Arthur olhava e não era ele fazia uma voz de narrador de leilão e dizia não foi dessa vez, leiloada.

— Ele não é engraçado, ele é retardado.

— Anda, vai. Ele já está lá. – ela me empurrou para sair do quarto. Subi rápido e quando cheguei ele estava enchendo o colchão do Rafael. Coloquei minha roupa em cima da mala e sentei esperando ele acabar. Não demorou quase nada. Ele largou a bomba de ar no chão mesmo e veio pra cima de mim me jogando na cama.

— Arthur... – tentei falar alguma coisa para impedi-lo, mas nada adiantou. Ele me beijava como se não tivéssemos nos beijado há algumas horas atrás. Eu poderia tentar escapar, mas seus braços me seguravam firmemente. Quando me vi livre pensei que conseguiria me mexer ou até mesmo o empurra-lo, mas não, a sua boca me prendia mais que seus braços e agora sua mão deslizava por todo o meu corpo. – Rafael pode... – tentei falar um pouco desesperada.

— Ele só vai vim quando eu mandar mensagem. – tive a força que eu precisava para o empurrar com força. – Enlouqueceu? – ele perguntou sem entender nada.

— Vou voltar para o meu quarto. – falei me levantando.

— Se toda vez que você ficar brava comigo der um showzinho e sair correndo vai ficar mesmo difícil.

— Showzinho?

— Por que você é assim comigo? – ele me olhou parecendo magoado. – Eu tenho que adivinhar o que você pensa. Comigo você briga atoa. Quando você está com Kevin só vejo sorrisos.

— Talvez porque a sinceridade dele me faça sorrir. Você não é sincero.

— O que eu fiz Alice?

— Isso de avisar ao Rafael quando ele pode subir. É porque suas intenções são... Eu não consigo nem dizer. – ele ficou um bom tempo me olhando e agora que a raiva passou eu comecei a me sentir idiota.

— Pode ir. – ele falou e parou de me olhar. Por um segundo pensei em ouvir meu orgulho, mas eu não podia fazer isso.

— Desculpa. – falei baixo.

— Só fiz isso pra gente ter mais privacidade, jamais iria fazer alguma coisa contigo.

— Mas também... Do jeito que a gente está indo... A gente tem muita química e quando eu te beijo parece que algo vai explodir dentro de mim e eu não consigo me conter e... – fui falando cada vez mais rápido. – As coisas fogem do controle. – ele chegou mais perto.

— Isso é culpa minha. Vou me controlar mais. – ele me deu um beijo doce bem rápido. – Não podemos nos beijar por muito tempo, primeira regra. – ele me olhou e sorriu. – Vem cá, vamos ficar deitados, você parece querer conversar. – deitei em seu peito e ele começou a fazer carinho em meu cabelo.

— Por que sua mãe insistiu tanto para você dormir com Alícia? – ele respirou fundo.

— Porque ela sabe da gente, subiu e nos viu... Ela acha que você vai me magoar. Que o seu sentimento vai passar por não poder virar amor. E, além disso, lembrou que tem o seu pai e que ela vai ficar do lado dele.

— Por que você não me contou isso antes? – me sentei o olhando.

— Deita aqui. – ele me puxou de volta.

— Não ia te contar. Eu li os lábios de Kevin. E ele está tentando fazer inferno, então se eu não contasse iria aumentar a ideia em sua cabeça que eu não mereço sua confiança.

— Ele não está tentando fazer inferno, de alguma forma ele sabia ou imaginou e quis me alertar.

— Quis te alertar? E por qual motivo?

— A gente vai discutir de novo? – ele ficou um bom tempo em silêncio.

— Tudo que é bom na minha vida o Kevin tenta tirar de mim. Você é a melhor coisa. – eu notei que era difícil para ele falar aquilo.

— Não vou deixar isso acontecer. – selei nossos lábios. Sem premeditar começamos um beijo. Ele tentou me afastar em pouco tempo. – Gosto disso, gosto muito da nossa química. – sussurrei.

— Eu te amo demais. – nos beijamos e eu fiquei aliviada do meu surto não ter deixado o clima pesado entre a gente. Não podia duvidar das intenções de Arthur, não tinha nem como fazer isso.

Dormimos juntos, agarrados e mesmo sendo perigoso, ainda era o que eu precisava. De manhã, depois de tomar café eu estava sentada batendo papo com o pessoal e vi Arthur chegar trazendo Alícia no colo. E ela parecia bem, apesar de pálida e um pouco fraca. Aquilo me deixou instantaneamente nervosa. Os adultos foram correndo ver como ela estava enquanto Fabiana dizia algo sobre nem precisar ser carregada, mas Arthur não conseguir dizer não para ninguém. E a minha raiva aumentava. O resto foi até a sala também. Fiquei onde eu estava.

— Ela saiu do hospital na cadeira de rodas então achei melhor que ela não entrasse andando. – ele se explicou chegando perto de mim. Não respondi nada e ele ficou mexendo na minha blusa. - Psiu.

— E vai passar o dia aqui a carregando para todo lado? – perguntei e o olhei.

— Não.

— Não quero você perto dela.

— Não vou ficar. Você não viu o que eu disse a minha mãe? Vou ajudar no que ela precisar, mas vou evitar ter contato.

— Daqui a pouco tá fazendo alguma vontade dela de novo. Fabiana disse que ela sempre consegue o que quer.

— Então vai ser a primeira vez que ela não vai conseguir. – continuei insegura. – Vou lá. – ele apertou meu queixo suavemente e deu um pequeno sorriso. Vi que sua vontade era me beijar e sorri de volta.

— Não entendo como você sendo uma ex cantora famosa e o seu marido o maior boxeador da história e vocês usam lava louça! – minha tia Luna exclamou insatisfeita. – Sei que você acha legal ser dona de casa, já que trabalha meio período por isso, mas cunhada, não dá!

— É isso aí que vai ser sua sogra. – Kevin falou baixo ao chegar ao meu lado.

— Em comparação com sua mãe ela até que não é nada ruim. – ele me deu aquela olhadinha de lado e depois demos uma risada porque era a pura verdade.

— O que você aprontou? – o olhei, ele pareceu não entender. – Seu pai ontem.

— Se eu te contasse teria que te matar. – ele riu e eu não aguentei e ri alto.

— Frase de filme. Não vale. – fiz careta. A mãe dele se aproximou da gente.

— Keke liga pra mim para o seu pai e... – ele a interrompeu bruscamente.

— Não me chama de Keke. E não vou ligar pra ninguém. – ele disse e saiu.

— Sabia que ele agiria assim. – ela sorriu. – Se eu pedisse para ele nos deixar a sós ele não deixaria. – dei uma risada. Eles eram bem parecidos. Cheios de artimanhas.  – Preciso falar contigo. É muito sério, é um pedido.

— Pedido? – a olhei sem entender.

— Por favor, não se afaste dele, ele se comporta melhor quando você está perto. – olhei em seus olhos. Ela parecia realmente desesperada.

— Não sei se isso é mesmo verdade.

— Posso te garantir. Sou a mãe dele, sei o que estou dizendo.

— Gosto do Kevin... Mas às vezes ele me assusta com a brutalidade dele.

— Sei disso, ele também assusta a mim. Mas ele tem um bom coração e dentro dele parece que só tem lugar pra você. – fiquei calada sem graça. – De qualquer forma pense com carinho em meu pedido.

— Não vou me afastar dele. – sorri.

— Muito obrigada. – ela me abraçou rapidamente.  Ajudei minha mãe com o que precisava e depois fiquei conversando com as meninas, em volta de Alícia.

— Oi. - Kevin se sentou ao meu lado na varanda. – Ficar aqui está me deixando mal acostumado, lá em casa não tem café da tarde da vovozinha e todas essas coisas. – dei uma risadinha. – É impressão minha ou comigo você sorri mais e quando tá com meu irmão as coisas são mais tensas?

— Não começa. – tirei o boné dele. Ele bagunçou o cabelo e sorriu.

— Agora vou ter que tirar uma coisa sua... – vi em seu olhar que não estava brincando. Comecei a correr e ele veio atrás. Depois de algumas voltas ele me agarrou por trás. – Só pra você saber eu roubaria um beijo. – me virei rapidamente e olhei em seus olhos. Ele pegou seu boné em minha mão. – Mas eu te respeito. – sorri grande. – Linda.

A noite chegou e com ela muita coisa estranha. Quando vi Arthur descer para jantar com o nariz e os olhos vermelhos eu sabia que ele tinha chorado. Queria perguntar o que estava acontecendo, mas primeiro ele estava comendo, depois todos foram lá pra fora e ele sumiu com Murilo. Voltaram alguns minutos depois, o olhei e queria chama-lo para sentar ao meu lado, mas ele já chegou pegando um cigarro com Ryan e indo para o canto. 


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