Choices escrita por Caqui Cullen


Capítulo 2
Choices - Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Olá, mais um capitulozinho para vocês.
Lembrando que plágio é crime e que os personagens não me pertencem



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Afonso encontrava-se concentrado em seu trabalho de uma forma surpreendente, causando estranheza até mesmo em Cássio, que revezava olhares entre os guardas, o lugar que trabalhava e o ex-rei, que acertava as marretadas de uma forma que claramente não seria possível sem uma injeção de raiva ou adrenalina na corrente sanguínea e o ex-comandante da guarda real poderia apostar que no caso do amigo, era a primeira opção.

Afonso nem mesmo notara que um dos capatazes que fiscalizavam o trabalho na pedreira da morte se aproximara e lhe chamara outras duas vezes, somente conseguindo ouvi-lo na terceira e juntamente com uma ameaça de açoite se ele o acertasse com a marreta.

O moreno voltara sua atenção ao homem, com o rosto livre de qualquer expressão diante da ameaça e perguntou-lhe o que desejava. 

O ex-rei imaginara qualquer tipo de coisa que o capataz poderia dizer-lhe, menos que alguém estava ali, naquele inferno, para visita-lo e que essa pessoa era sua noiva, Amália.

Com um suspiro, ele soltou a marreta no lugar e se pôs a seguir o homem em direção a uma tenda afastada, quase toda oculta por uma parede de pedra.

Percebeu que dois guardas estavam de prontidão em frente a tenda e mais dois, mais acima, de onde poderiam ter o vislumbre de alguém que tentasse fugir pela parte traseira.

Voltou sua atenção ao homem que falava consigo, informando-lhe que ele tinha apenas meia hora diante da noiva e que depois disso, voltaria para busca-lo. 

Assentindo, ele encaminhou-se para o interior da tenda e deparou-se com uma figura coberta por um capuz de cor azul marinho que ele conhecia muito bem, que não pertencia a Amália, já que o dela era vermelho.

Quando a figura se virou em sua direção, teve a confirmação de seus pensamentos ao cravar seus olhos nos brilhantes de Catarina.

Antes de qualquer manifestação por parte de algum deles, ela despiu-se do capuz, dobrando-o delicadamente para repousa-lo na cadeira mais próxima e Afonso pegou-se analisando a morena a sua frente.

Ela trajava um vestido delicado, com um corpete branco trabalhado a mão, com alças pequenas parecendo pequeninas asas, deixando seus braços desnudos e livres para movimenta-los.

Na parte de baixo, o tecido era mais leve, esvoaçante, movendo-se conforme a princesa se movimentava. Afonso não pudera segurar o ínfimo sorriso ao notar a cor das saias do vestido, que muito se assemelhava a uma das cores de Artena.

Sabia que a princesa era corajosa a ponto de arriscar-se a ir até aquele inferno para ajuda-lo, mas jamais imaginara que ela iria representando seu reino, mesmo que de forma singela, podendo se passar por qualquer nobre, de qualquer grau, não sendo claramente reconhecida como uma princesa herdeira. 

Sim, de fato, Catarina era extremamente inteligente.

Voltou sua atenção para o rosto dela quando a mesma emitiu uma pequena tosse para sinalizar que já estava pronta para terem uma conversa. Antes que pudessem de fato começar, ela apenas levantou uma das mãos, com o indicador elevado, pedindo-lhe um minuto, e então começou a falar:

— Antes de começarmos Afonso, quero apenas dizer-lhe algo. Sinto muito por ter utilizado o nome de sua noiva para conseguir um momento com você. Espero que entenda-me, pois era necessário para que suspeitas não fossem levantadas antes da hora. Seria demasiado estranho uma princesa herdeira, prisioneira de um rei, vir visitar o irmão do mesmo, sem haver nenhum vínculo e sendo este seu inimigo declarado. Fora a única forma que encontrei de não levantar suspeitas e aproveitar o fato de que estes guardas não me reconhecem como Catarina.

— Catarina, não se preocupe com isso. Entendo bem a sua motivação. O que me intriga não é isto e sim como você conseguiu chegar até esta pedreira sem que Rodolfo desconfiasse.

Com um pequeno sorriso, a princesa resumiu os fatos:

— Bem, isto na verdade foi bem mais fácil do que eu achei que seria. Não se ofenda Afonso, mas Rodolfo é uma pessoa fácil de ser manipulada. Apenas lhe disse que faria uma visita a um orfanato afastado das terras do castelo, como forma de passar conforto para as crianças e para que o povo possa ver que não há inimizade entre os soberanos, muito embora a maioria perceba que ele me mantém como prisioneira. Ele então, de bom grado me cedeu uma carruagem e dois guardas, estes que eu sei que são leais a mim e que não aguentam mais os desmandos de Rodolfo.

Tentando não se sentir ofendido por ela ter chamado seu irmão de manipulável, embora ele soubesse que sim, ele o era, Afonso apenas soltou um suspiro e indicou a ela uma segunda cadeira presente no interior da tenda e Catarina seguiu de bom grado, sentando-se de forma despreocupada, porém ainda mantendo a postura característica de princesa que ela possuía.

Cravando os olhos castanhos nos misteriosos olhos negros da morena, Afonso tomou a palavra:

— Bem Catarina, deve ter consciência de que dispomos de pouco tempo para conversarmos, então sejamos claros e objetivos. O que você deseja exatamente ao me ajudar, além dos motivos óbvios?

Mantendo a expressão neutra, a princesa se recostou o mais confortável que poderia naquela cadeira simples e com as mãos dispostas cruzadas em seu colo, ela apenas manteve o olhar preso no ex-rei, encostado em uma mesa e com os braços fortes cruzados, esperando uma resposta.

Antes de responde-lo, no entanto, Catarina pegou-se analisando o belo homem a sua frente e mesmo estando trajando as roupas gastas e largas características daquele inferno, sujo e suado, ela o considerava um dos homens mais belos que tivera o prazer de conhecer. Voltando a se concentrar, ela iniciou as suas explicações:

— Bem, confesso que alguns de meus motivos são exatamente bem óbvios, se pararmos para pensar – vendo que ele assentiu, entendendo o ponto em que ela queria chegar, ela continuou: - No entanto, Afonso, não tenho mais nenhuma motivação para lhe oferecer ajuda além desta: eu não desejo, assim como os demais, que Rodolfo permaneça no comando de Montemor. Ele definitivamente não é um bom rei, e nem mesmo você pode negar isso.

Com um suspiro resignado, sendo tentado a não querer admitir que ela possuía razão, graças ao pouco que ele pudera observar, o ex-rei começou a tentar amenizar a situação:

— Catarina, sei que as ações de Rodolfo foram infundadas, mas algo de útil ele deve ter feito durante seu pouco tempo de governo. Sei que ele é um príncipe mimado, mas ... – Afonso nem mesmo terminara seu discurso, pois em um rompante, Catarina levantou-se da cadeira e fechou a distância entre os dois, mantendo seus corpos praticamente colados e olhos nos olhos. 

Por ser mais alto que ela, a princesa precisara elevar um pouco a cabeça para que seus olhares se cruzassem e conversassem entre si e com determinação, ela se pôs a falar:

— As ações dele foram infundadas? É isto que você acha? Pois acredite, Afonso, eu possuo a certeza de que Rodolfo nem mesmo pensa para ter ações infundadas. A única coisa de útil que seu irmão fez neste tempo comandando Montemor, uma das mais poderosas nações da Cália, além de usa-la para tomar covardemente meu reino e causar a morte de meu pai, fora jogar o nome e a linhagem dos Monferrato na mais suja lama dos porcos, fazendo o reino de maior poder militar e bélico se tornar uma piada aos olhos dos demais. Sabe a outra única coisa útil que seu irmão mostrou a todos?

Vendo que ele balançava a cabeça de forma negativa e usando este tempo para retomar o fôlego roubado graças a quase inexistente distância entre os dois e a fervorosidade que ela utilizava para expressar-se, ela continuou:

— Que ele é uma pessoa arrogante, egoísta, que não ama a ninguém e que todos para ele não passam de peões com um propósito a ser cumprido e que após isso, merecem apenas ser descartados. O Rodolfo que conhecíamos não existe mais Afonso, pois é só você dar poder a um homem para conhece-lo de verdade. O príncipe que eu conheci jamais voltaria seu exército ou levantaria sua espada contra meu reino ou contra mim. O príncipe que eu conheci jamais forçaria meu pai a travar uma guerra infundada e fazê-lo padecer com uma lâmina atravessada em seu coração, sem que eu nem mesma pudesse chorar sua partida ou enterra-lo da forma gloriosa que ele merecia. O príncipe que eu conheci jamais me faria uma asquerosa proposta de casamento apenas para conseguir realizar seus caprichos e tentar me subornar com meu próprio reino. O Rodolfo que eu conheci jamais me faria prisioneira por não conseguir ter o que deseja. Ele sempre fora desta forma, nós é que não víamos ou não queríamos ver. Eu simplesmente não suporto mais passar meus dias trancada naquele castelo sem fazer algo para mudar esta situação e eu só vejo uma única saída: você deve voltar ao trono e ser o rei que eu sei que você nasceu para ser.

Catarina, após falar todas aquelas palavras, continuou olhando fixamente para o homem a sua frente que a olhava de forma admirada e entendedora, seu hálito quente indo de encontro ao seu rosto, fazendo a princesa desejar sentir o gosto dos lábios do ex-rei ao menos uma vez.

Tentando se concentrar, ainda com a quase inexistente distância, ela voltou a se pronunciar:

— No entanto, Afonso, Rodolfo não está planejando tudo isso sozinho. Ele é ganancioso e ambicioso, isso não podemos negar, mas ele não possui uma mente de estrategista. Enquanto eu explorava o castelo e descobria algumas passagens secretas, não pude deixar de ouvir o que os funcionários dizem as escondidas. Algumas camareiras, enquanto se encaminhavam para os quartos de hospedes para realizar a limpeza, comentaram que viram uma figura feminina saindo dos aposentos de Rodolfo ao raiar do dia. Infelizmente, não a reconheceram, já que ela trajava um capuz que elas não puderam identificar a cor.

Vendo que ele a ouvia atentamente, ela pousou as mãos nos antebraços do ex-rei, a fim de se firmar. Ele desviou os olhos momentaneamente para o movimento, arrepiando-se com o contato das mãos quentes e delicadas da princesa em sua pele.

Tentando voltar a atenção para seu rosto, ele obrigou-se a prestar atenção ao que ela dizia:

— Alguns dias após isso, ouvi desta vez alguns guardas conversando, enquanto caminhava por dentro do pequeno labirinto do jardim do castelo. Eles, obviamente, não perceberam minha presença. Eles comentavam que o rei chegara em um entardecer, acompanhado de uma mulher de cabelos cor de fogo, cobertos por um capuz negro e adentraram o escritório, com o mesmo ordenando que ninguém o interrompesse. Os guardas presumiram que seria a mesma pessoa que as camareiras viram. Você sabe o que isto significa, não sabe?

Com um brilho de entendimento no olhar, ignorando intencionalmente a parte em que ela dizia que a mulher possuía cabelos cor de fogo, juntamente com um de divertimento ao notar o quão animada ela estava com a possibilidade, ele apenas anuiu com a cabeça, expondo em palavras o que ambos pensavam:

— Nós temos que descobrir quem é esta mulher. No entanto, possuímos um enorme problema, Catarina.

Vendo-a adquirir uma expressão de questionamento e arqueando a delineada sobrancelha, ele tratou-se de explicar:

— Eu estou confinado neste inferno que chamam de pedreira e não poderei fazer muita coisa para ajudá-la a descobrir quem é a mulher que está de conluio com Rodolfo. A não ser que você conheça alguma forma de me tirar daqui, eu realmente estarei de mãos atadas.

Abrindo um pequeno sorriso, Catarina desceu uma de suas mãos para uma espécie de bolso presente na saia de seu vestido que Afonso nem se dera conta de que existia e a viu puxar de lá um pequeno saco cor de terra com uma pequena fita dourada amarrando a extremidade superior do embrulho e depositá-lo em sua mão esquerda.

Confuso, ele apertou o pequeno saquinho entre seus dedos, e a encarou arqueando a grossa sobrancelha, repetindo seu gesto em uma pergunta muda, que ela logo tratou de responder:

— Dentro deste saco há uma quantidade satisfatória de moedas de ouro. Use-as com sabedoria para convencer alguns dos guardas para que facilitem a sua fuga daqui o mais rápido possível. Procure aliados e pessoas em que possa depositar o mínimo de confiança para escaparem deste inferno. Enquanto isso, aproveitarei o meu status de prisioneira naquele castelo para que eu possa descobrir mais informações que possam ser úteis para você e tentarei também descobrir quem é a mulher que está com Rodolfo.

Preocupado com o papel que a princesa desempenharia, ele não pôde deixar de fazer-lhe um pedido:

— Catarina, eu só lhe peço que tenha cautela e que seja cuidadosa. Se Rodolfo descobrir o que estamos planejando contra ele, eu não quero nem pensar no que ele pode tentar contra você e no que eu seria capaz de fazer caso ele ousasse feri-la.

Com um pequeno sorriso, ela apenas lhe respondeu:

— Não se preocupe, Afonso. Eu serei bastante cuidadosa e discreta em minha investigação. Agora, eu que lhe peço uma coisa. Não demore, não sei por mais quanto tempo eu ou o povo poderemos aguentar as atrocidades e o autoritarismo de Rodolfo. Sinto que morro mais um pouco a cada dia que tenho que ficar dentro daquelas paredes de pedra, sem poder reconstruir meu reino tão devastado ou sem poder ir visitar o túmulo de meu pai. Por favor, nós precisamos de você.

Então, neste momento, os olhos negros focaram diretamente no interior nos olhos marrons, como se pudessem ler o que se passavam dentro de sua alma e Afonso de forma alguma duvidaria que sim, seria possível ela decifrar seus pensamentos e descobrir que ele queria provar daqueles lábios e descobrir se eram tão macios quanto aparentavam. 

De forma inconsciente, a princesa de Artena umedecera os lábios com a ponta da língua, atraindo imediatamente o olhar de Afonso para aquele ponto. Voltando a olhar em seus olhos, ele buscava a confirmação que tanto ansiava e quando a encontrou, não se fez de rogado.

Largando o pequeno saquinho, que caíra em um baque surdo no chão, ignorado pelo casal, o ex-rei envolveu a cintura da princesa com um de seus braços, colando seus corpos e com a outra mão envolveu seus cabelos, mantendo sua cabeça firme.

Sem esperar mais nenhum segundo, ele uniu seus lábios em um beijo ardente, possessivo. 

Naquele instante, seus pensamentos nublaram. Não existia Amália, Rodolfo, a guerra, a pedreira, os guardas lá fora. Não existia nada além do sabor dos lábios da princesa, adocicados, e do quão bem o corpo dela se encaixava ao seu, como se houvesse sido moldada especialmente para ele.

Colou ainda mais os corpos, de forma que ele em outro momento julgaria impossível, enquanto Catarina enlaçara seus finos braços em seu pescoço e ele a içava por sua cintura, deixando-a da mesma altura que ele.

Após alguns segundos que para ambos pareceram serem horas, ela quebrou o beijo em busca de oxigênio, que poderia se fazer desnecessário naquela ocasião, e ao sentir os lábios de Afonso em seu pescoço, distribuindo pequenos beijos pela extensão do lugar, Catarina não conseguira e nem mesmo tentara segurar o gemido baixo que escapara por entre seus lábios.

Ao registrar o som, Afonso sentiu o aperto em sua calça começar a aumentar, visto que o pequeno e tímido gemido da princesa havia atingido um ponto crítico em seu corpo.

Antes que ele pudesse se pronunciar sobre algo, ela sentira a animação crescente do ex-rei e migrando sua boca, agora inchada e avermelhada graças ao beijo intenso, para o ouvido do moreno, ofereceu-lhe uma pequena mordida e sussurrou:

— Faça-me sua, Afonso. Meu corpo clama por você, ele responde somente a você. Não sei o que o destino nos reserva, então, faça-me sua. Seja meu primeiro e último homem. Eu preciso de você.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso babes



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