Modus Operandi: Dias Negros de Ocultgard escrita por Nemo, WSU


Capítulo 19
O Caminho Mais Difícil - Parte 1




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Se quiser me destruir vá em frente, contudo sempre viverei em seu coração, e no meu também” — Tales para Guardyhan.

 

A energia se dissipou, Tales olhava cansado para Imortus que por sua vez sorriu:

— E logo quando estava te achando mais desafiador do que Alveus...

Bravell, Hadyle e Kay olhavam estarrecidos para seu companheiro, tinham depositado suas esperanças nele e agora...

— Está certo… eu sou o que sou. — Havia certa confiança nessa fala e isso deixava o inimigo inquieto. Ele só pode ser louco, ou fraco como disse Hafnyr. Pensou o homem, de cabelos amarelados e olhos verdes, tinha se regenerado totalmente e agora ostentava sua faceta. Se preparou para uma investida, mas a voz do Valkgard lhe deteve.

— Todo mundo tem uma fraqueza… — falou sério, mas com um sorriso provocante — E a sua é uma única palavra.

— Mentiroso, nenhum Deus avulso ou Elemental, pode intervir em um uma zona de interesse. — disse Imortus rindo da ignorância do Valkgard. — Se acha que seu papai pode salvá-lo, está errado!

— Correto. — respondeu o rapaz dando lhe as costas propositalmente, provocante. — Hadyle, já leu a gênesis desse mundo?

Ela fez que sim, enquanto seus traços desapareciam por conta da fadiga compreendeu as intenções de seu amigo. Os outros demoraram para pegar a ideia, mas fim compreenderam. Imortus por sua vez apanhou a sacola de Hadyle e sua lâmina ao mesmo tempo, não entendia onde o Valkgard queria chegar. Este, cristalizava a energia agora mais negra e com pequenas nuances vermelhas.

Existem cinco elementos de aura base. Cada um corresponde a um Deus Elemental: fogo = Jarn, água = Iryan, vento = Warny, Terra = Karn, e Natureza = Arlyhen. Essas auras são inatas quando despertas, mas a minha está mudando, graças a todas essas experiências negativas em minha vida… está se tornando negra, já não é Elemental, é espiritual, por isso é tão efetiva, sendo assim… minha patrona também é… Olhou de canto para o perplexo inimigo, cujo os dentes estavam a amostra.

— Não quer rever sua irmã mais velha? — questionou Hadyle com ironia na voz. E foi então que Imortus percebeu: Deuses espirituais estão… isentos.

Mortys, senhora da aura negra! — gritou o Valkgard aos céus, energizado pela energia quase negra

Mesmo sem qualquer nuvem o céu pareceu escurecer e enquanto Imortus criava uma brecha para escapar, um vulto negro surgiu se materializando no ambiente, com uma dupla foice, sobre o ombro esquerdo.

— Foi difícil me lembrar dela. — O rapaz coçou a cabeça. Só sei seu nome por que me lembro dos tipos de aura, e do gênesis, mas com tudo que estava acontecendo isso pareceu nublado.

Imortus desapareceu pela brecha que tinha criado, deixando os quatro com sua nova amiga. Dá próxima vez, não haverá uma Mortys, para te salvar… ainda vou te matar, em todas as vidas que você vier a viver!

A fenda se fechou, o vulto observou com seus sinistros olhos vermelhos, os três mortais a sua frente.

Um Humano, uma armadura sem corpo… curioso, e essa garota, existe algo errado com ela, mas nenhum deles me invocou, o que significa… Olhou para trás fitando o rapaz ainda energizado, que acabara de desfalecer, caindo contra o solo. Ele me invocou, feito difícil considerando seu estado, só dominadores da aura negra podem me invocar, e mesmo não sendo um, o fez. Deve ser muito talentoso.

— E então por que me invocou? — questionou a deidade cruzando os braços, enquanto a névoa se desfazia aos poucos, e ela se tornava mais e mais humana.

— Imortus, estava aqui, com esse lugar sobre uma zona de interesse, o único que poderia lidar com ele, seria a senhora. — respondeu o Draghard, tentando se levantar e encarando o capuz a sua frente, podia ver uma pálida mulher, de olhos vermelhos e cabelos longos e negros.

— O malandrinho esteve aqui? Eu vivo dizendo aos três grandes que deveríamos dar um jeito nele. — resmungou Mortys, já sentindo que teria trabalho a fazer — É impressionante que tenha resistido tanto, na verdade vocês são os primeiros que conheço que saem vivos.

Olhando melhor para seu invocador, ordenou, balançando a foice com apenas uma mão:

— Identifique-se.

— Ele é o Draghard, Tales, sua eminência. — falou Hadyle, percebendo a dificuldade que o amigo tinha em se levantar. Mortys por fora não pareceu sentir nada, mas por dentro se sentiu surpreso: O Draghard? O assassino feito pelo Guardy? Então é por isso… é interessante, mas não deveria ter sentimentos, o que significa que se libertou.

— Não posso dizer que é um prazer, mas acho que o que você faz ou deixa de fazer não me afeta em nada. — falou Mortys pensando alto.

— Desculpe, mas não te conheço. — observou Kay, enquanto Mortys se agachava para avaliar os ossos e a carne morta queimada. Hadyle foi para o lado do Draghard, auxiliando a se manter.

— Quanta ignorância. — balbuciou ela, um tanto quanto irritada, removendo seu capuz — Eu sou aquela que rege o Limiar do Ermo, conduzo as almas perdidas para lá, e combato problemas como o idiota que acabaram de enfrentar… (necromancia é? Detesto isso…).

Ela continuou concentrada:

— Resumindo garoto, se não fosse por mim, seu mundo seria um pesadelo. — Ela sorriu convencida — Por isso o que vocês fazem aqui não me importa, só me importa o equilíbrio das coisas.

— E você faz tudo sozinha? — questionou Bravell receoso.

— Antigamente costumava ter ajuda, mas hoje em dia… até um Avulso é mais popular do que eu. — falou olhando para o Draghard, não era um simples olhar, ele enxergava tudo, os pecados, as virtudes, tudo o que foi e é, a alma — O que acha de trabalhar comigo?

— Eu…? Mas por que? — Tales não entendia bem.

— Pensamento rápido, piedade e competência. — disse Mortys frisando bem os pontos. — Não estou interessado em te transformar em fantoche, quero o REAL você trabalhando comigo.

O rapaz pensou em se negar dizendo que deveria voltar para casa, mas antes de dizer isso, Mortys o antecipou:

— Deixo você voltar para casa, pode até viver com sua família, viver sua vida e ainda sim me ajudar. O tempo não ocorre na mesma sincronia entre os dois mundos. — falou a deusa lançando um olhar provocante — E se duvidar da minha palavra podemos fazer um contrato.

Fora de sincronia? Pensou Tales abismado. Isso quer dizer… que não perdi muita coisa, ou talvez… não tenha perdido nada, eles ainda estão lá. Seu coração se encheu de alegria, mas não durou muito, sentiu a aproximação de seu mestre pela mata, não tinha muito tempo.

— Se você remover a tutela de Guardyhan e colocar a sua, o que vai acontecer comigo? — questionou inquieto, Mortys também havia percebido:

— Vai desmaiar. — Sem perder tempo Tales indagou a Kay:

— Onde fica o santuário?

O rapaz apontou para além da ravina, onde o terreno ia descendo até ficar íngreme, em contrapartida se elevando, criando assim uma colina alta. Eles nunca vão passar a tempo. Pensou chateado, uma lágrima vermelha correu por seu rosto, Mortys compreendia o que ele vivia: Se salvar, ou salvar os outros.

— Não posso ficar muito tempo aqui, posso intervir numa zona de interesse, mas não por muito tempo… decida-se. — falou a divindade interiormente com pena do rapaz.

Por que isso… tem que acontecer justo comigo? Essa é a decisão de uma vida inteira… por que não tenho aura para ir com eles… na verdade, se os três atravessarem… minha aura vai zerar. Olhou para o trio a sua frente, e de canto olhou o corpo incinerado de Gadamer, pensou no amor dele por Kay. Já para Hadyle, ele próprio sabia que ela merecia uma segunda chance, uma chance de viver em paz, não sendo mais prisioneira do medo. Por um ínfimo momento, viu seus irmãos no lugar nos jovens, e seu coração se encheu de compaixão, mais do que qualquer outro sentimento.

— O que você está pensando? — questionou Hadyle, recebendo um olhar de “você sabe”, ele se aproximou de Kay e Bravell, junto da alquimista.

— Isso é um adeus. — disse o Draghard olhando para o chão.

— Você vai com Mortys? — questionou Bravell surpreso.

— Eu sou um herói, não sou? — brincou ele, esticando os braços para frente e com dificuldade, seu poder foi se materializando, criando uma distorção um pouco maior que Bravell, mas quase transparente de tão fraca. — Salvar vocês é uma honra para mim, me salvar… fica para depois.

— Venha conosco! — pediu Kay.

— Ele só tem aura para três pessoas. — disse Mortys dando às costas a eles, e aos poucos foi desaparecendo como um fantasma. — Nos vemos mais tarde.

Bravell podia não saber ler mentes, mas observando o significado daquilo, era nítido o que a divindade queria dizer. Sem perder tempo ele agarrou o pulso de Kay e o de Hadyle e os jogou como se fossem moscas, atravessaram caindo sobre a relva macia do alto da colina. A brecha estava instável, mas foi se fechando devagar, enquanto o criador suplicava:

— Vá Bravell, não fique! — O gigante não moveu uma peça da armadura, apenas fez que não com o elmo, o Valkgard então compreendeu, Bravell sabia das consequências. Sem ter como movê-lo, suas últimas palavras a Kay e Hadyle, enquanto o casal chorava:

— Um dia, vou alcançar vocês… — A tosse parecia querer tomá-lo, mas persistiu com a distorção ficando menor. Ao piscar, viu seus irmãos ali, na mesma posição em que os dois se encontravam, pediu ensanguentado e tremendo:

— Só esperem por mim…

A distorção se fechou, e pouco a pouco, Tales foi perdendo a noção de equilíbrio, sendo segurado por Bravell:

— Te peguei!

— Você deveria ter ido também… — falou o Valkgard em tom desanimado se sentando devagar.

— Cometi muitos pecados, errei demais não mereço ser salvo, e nem quero se a primeira pessoa que me viu como algo além de uma arma, morra por mim. — Dito isso, deitou-o na grama fofa, depois indagando:

— Certeza que não tem como escapar?

— Absoluta. — falou o rapaz fitando o céu azul e cheio de nuvens, uma suave brisa aliviava a dor que sentia, por um tempo procurou ignorar a situação e a imaginar um futuro melhor que aquele. E sabendo o que viria, decidiu agir da forma que realmente gostaria.

— Quem é você e o que faz ao lado do Draghard? — questionou uma odiosa voz conhecida, pelo mesmo. “Ah apareceu, apareceu, não pensei que seria tão corajoso.” Pensou o Valkgard.

— Só admirando as nuvens, tem algum problema com isso? — questionou Tales em tom descompromissado. Já que está tudo acabado para mim, quero agir como humano, ao menos no final.

— Eu esperava um pouco mais de seriedade da sua parte. — falou uma imperiosa voz, também familiar. — Deixe-me adivinhar, a missão principal foi um fracasso e a alquimista fugiu, junto com a fórmula? Você só me sabota!

— Gostaria que a última parte fosse verdade. — disse com dificuldade, exibia um semblante desanimado vendo as nuvens irem e virem— Fomos roubados.

— Não tem vergonha em mentir? — questionou Hafnyr. O olhar do Valkgard foi intenso, odiava que o acusassem de algo, mais ainda que o culpado fizesse isso.

— Você está brincando comigo? — indagou furioso, mas sem se dar o trabalho de olhar para ele. — O único mentiroso aqui é você, vazou informações da minha missão para Imortus!

Guardyhan quase teve um sobressalto, mas soube se segurar. Os corpos na vila, e pela floresta… o motivo dele estar tão acabado, tendo um alvo como aliado (Bravell). Com um único aceno de cabeça os guardiões subjugaram o surpreso Elfo:

— O que? Vai acreditar nele tão facilmente assim? É mentira.

— Até que o contrário seja provado, estará sob custódia e você tem minha palavra que se for verdade…j vai pagar muito caro! — Depois se dirigiu a Bravell — Você será julgado e condenado pelos crimes de tráfico, agressão, mutilação e assassinato.

— De acordo.

Por fim, se dirigiu ao rapaz com o olhar cansado, desfalecido:


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