Modus Operandi: Dias Negros de Ocultgard escrita por Nemo, WSU


Capítulo 17
Hora do Reencontro




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O egoísmo pode ser o pior dos venenos” — Autor Desconhecido

 

 

Após o relato de Bravell, eles decidiram se mover, mas ainda havia uma dúvida: O que fazer com Anazak?

— Podemos acabar com o desgraçado aqui mesmo. — sugeriu Bravell, fitando o cabisbaixo irmão.

— Eu acho melhor não… — disse Tales — Ele já está derrotado, acabou para ele… não que seja inocente, mas nessas condições matá-lo seria covarde, não tem como se defender.

Espero nunca cometer esse erro novamente. Pensou cabisbaixo.

— Então vão me levar com vocês? — Ele sorriu irônico.

— Não, você vem conosco por vontade própria, ou pode ter sua alma sugada. — respondeu Gadamer apontando o polegar para a floresta.

— E se tentar qualquer gracinha, vai ser deixado para trás. — avisou Kay, enquanto o céu nublado dava indícios de uma leve garoa.

Tales tomou fôlego e disse, encarando o capanga caído:

— Vamos esperar esse cara inconsciente acordar, e aí seguimos viagem, rumo a…

— Ao santuário. — respondeu Gadamer, percebendo a dúvida de Tales. Continuou certo de que arrancaria um sorriso do rapaz:

— Se chegarmos lá, nem mesmo Guardyhan vai poder te achar, você pode tornar Alayhin seu responsável… pode ficar sobre sua proteção, e voltar para casa. — E isso de fato, converteu seu rosto pensativo em surpreso, foi impossível não sorrir esperançoso. Mas a expressão desapareceu havia uma grande pergunta em sua mente, uma que o agoniou desde sempre.

Então com toda a humildade que poderia, fez o que todos fazemos quando sentimos um fardo muito grande, compartilhamos:

— Acham que minha família… vai me temer…por ser isso?

A chuva caiu e ninguém teve uma resposta concreta, afinal nenhum deles teve uma família concreta. Foi então que sentiu uma emoção muito grande, compaixão, mas que não era sua.

— Acho, que… se eles realmente te amam, vão entender. — disse Hadyle, desperta, sua fala saiu emocionada. Anazak até pensou em quebrar o momento, mas sabia que quem era a maior preocupação do Valkgard, eram seus irmãos, Hugo e Ana. E nesse momento, ele próprio se questionou.

O rapaz agradecido confirmou com a cabeça. Bravell, pegou o subordinado e colocou no ombro esquerdo, enquanto Gadamer se apoiava em Kay, o enfraquecido Tales, se apoiava na também Valkgard. E atrás dessa tropa ia Anazak, cansado e ferido por dentro.

Gadamer em seu interior, sabia que a presente ameaça não era o único problema a se temer, pois os Guardiões, e o próprio Guardyhan estariam ali para saber do Valkgard e da fórmula. Alayhin, já tinha saído do conselho, mas não poderia se teletransportar para o local, do mesmo jeito que Guards também não. A região era uma zona de interesse divino e nesses casos, eles não podiam fazer isso, somente ir para um lugar próximo e de lá seguir a pé. Isso era vantajoso por um lado e horrível por outro, pois assim não poderiam pedir ajuda para nenhum e receberem essa ajuda de forma imediata.

Apesar das discordâncias, voltaram para a vila para que todos tivessem uma pequena noção do cenário atual, Anazak foi o menos abalado pela visão, já tinha visto aquilo antes.

— Vocês não tocaram nos cadáveres, certo? — questionou Hadyle para Tales.

— Não, imaginei que pudesse ser contagioso. — respondeu desconcertado.

— Vocês fizeram certo, já vi isso antes, bem lentamente na verdade, a minha teoria sobre a doença da caveira, estava certa afinal. — Kay teve um sobressalto, o que uma coisa tinha haver com a outra?

— Não é uma doença natural, pois é gerada por um único individuo, o paciente zero, está vivo quando deveria estar morto… é também quem espalha essa peste sobre nós. Uma divindade caída e derrotada por Guardyhan. — Ela contou séria, mas com um ódio ardente percorrendo seu coração.

— Qual o nome dele ou dela? E por que diabos está fazendo isso? — questionou Bravell curioso, olhando para a face alva da alquimista, sendo permeada pelo vento quente da tarde.

— Se vocês mencionarem esse nome em voz alta com emoção no coração, ele vai saber e nos encontrará. — barrou Gadamer se exaltando um pouco no principio, mas depois falando com a voz mais calma — E isso vai ser um problema grave, estamos todos desgastados precisamos de um descanso.

Então quer dizer que esse tempo todo… meu povo foi condenado pelos caprichos de uma ex-divindade odiosa? Todo o nosso sofrimento, foi por sua causa? Constatou Kay também irado. Eu vou te partir em dois, desgraçado.

— Nós vamos mesmo saquear um vilarejo cheio de gente morta? — questionou Tales não muito conformado.

— Vamos precisar. — falou Anazak apalpando seus próprios ferimentos. Dessa vez sua voz saiu fria e racional.

Após a inspeção rápida, conseguiram frutas, pães, e peixes, além de uma ou outra coisa consumida ali mesmo. Aproveitaram para pegar alguns tecidos, como cobertores e roupas para Hadyle, Kay e Gadamer.

A primeira efetuou a troca, pois suas roupas estavam justas e curtas, tinha crescido de muitas formas, adotou uma bota de couro pardo, uma calça marrom escura com vários bolsos, uma camisa de linho cinzento e a capa dos caminhantes para completar.

Kay e Gadamer trocaram somente de camisas e calças optando por algo mais rústico, não podiam pegar muito, pois era ainda sim roubo. Já Tales permaneceu com a mesma roupa, se livrando da capa negra e suja de sangue, gostava de mobilidade.

 

 

 

À noite

 

Após comerem e descansarem o grupo dos sete seguiu para o noroeste, como indicado por Gadamer, mas da tarde para a noite um temporal se ergueu na região e eles tiveram que buscar abrigo numa caverna próxima.

— Me diz, por que virou escravista? — questionou Tales, para o único sobrevivente dos homens de Anazak, isso enquanto juntava lenha.

— Por… por que quer saber? — O rapaz negro tentou não soar ofensivo.

— Curiosidade, não me conformo com dúvidas. — Após dizer isso emitiu uma rajada concentrada de fogo na madeira, para que mesmo um pouco molhada se mantivesse acesa, iluminando o ambiente irregular do local.

— Eu era pobre… e você sabe a vida é complicada… — Ele tinha medo de ser reprendido.

— Ele entrou recentemente, essa é a primeira e considerando tudo, a última operação dele. — respondeu Bravell, intervindo — Fizemos tudo de forma errada… deveríamos ter seguido por outro caminho e quem sabe nada disso fosse necessário…

— Fale por si mesmo… — interrompeu Anazak em tom de superioridade — Eu faria tudo de novo se preciso... não sou fraco como vocês, que desistem na primeira dificuldade.

— Sim, agora vou falar por mim mesmo! — respondeu Bravell furioso ameaçando pegar a espada. Mas a rizada de Hadyle quebrou o clima de tensão.

— O que há com ela? — questionou Gadamer para Kay, este deu de ombros: Desisti de entender as mulheres a muito tempo.

— Eles são mais fortes que você. — Hadyle tentou se recompor, mas falhou — É que você é meio patético, dizendo que não é fraco, justamente porque é fraco, te falta bom senso, entendimento e vive se escondendo atrás de mentiras. Eu já fui assim.

Anazak, gostaria de saltar no pescoço da garota, mas ela não era uma simples garota agora, e ele também não gostaria de desafiar Bravell, ou qualquer um daqueles homens.

— Infelizmente, essa é a realidade dele. — falou Tales agora perto da entrada, estava contemplando o céu escuro, sentindo o vento gélido e úmido da chuva.

O Valkgard deu um passo para fora de modo que a fina chuva caísse sobre ele, ignorando totalmente Anazak. Queria sentir a chuva, pelo menos mais uma vez.

— Ei, volta para dentro. Você vai ficar doente assim! — alertou Kay indo até ele.

— Você cresceu garoto. — respondeu o Draghard, de olhos fechados. — Agora relaxe, é por pouco tempo e não fico doente com facilidade.

— O que vai acontecer comigo? Depois que tudo isso terminar? — questionou o escravista.

— Você será levado a julgamento, junto com Bravell e Anazak, considerando que não cometeu um delito grave até agora, vai ficar preso por um tempo e depois será solto. Bravell ganharia pena de morte… mas é imortal, suspeito que vocês dois serão forçados a serviço comunitário.

— E eu? E o Draghard? — questionou Anazak preocupado.

— Você vai ser morto, com certeza. — disse entre os dentes Kay.

— E por que aquele desgraçado não? Ele matou mais do que eu! Matou até meus homens! Ele deveria…

— O caso dele é diferente, ele não teve escolha! Sei que abrirão uma exceção, por que não tem precedentes… — Hadyle, procurou defendê-lo, sabia que fora da caverna, um semblante triste e inconformado consigo mesmo existia e ela tentou confortá-lo.

— Ele não precisa ficar aqui e ser julgado. — falou Gadamer — Pode voltar pra casa e levar a vida...

Seria bem mais fácil. Ele voltou para a caverna. Mas prefiro o caminho mais difícil… eu era a flecha na ponta do arco, ainda fui eu… matando aquelas pessoas, inocentes ou não… e mesmo que não fossem inocentes… não tenho o direito de fazer algo assim. A vida é passageira, essa é a razão de ser tão preciosa. Sei que no fundo, mereço morrer da pior forma possível.

Para que possa viver novamente, da forma mais digna possível, preciso disso. Eu quero me redimir e aliviar o peso que carrego comigo… por que se não, serei como Anazak, mentindo, fugindo da verdade, de mim mesmo e dos meus sentimentos.

 

Mentalmente

 

E quanto a mim? Vai me deixar aqui?” Questionou a programação.

Só se eu precisar.” Ele olhou inquisidor, enquanto a forma negra e aterrorizante, se moldava em algo mais humano, uma forma que ele conhecia muito bem.

Pare…”

A forma que foi ganhando tons, era de sua colega de classe.

O que acha? Não fiquei bem assim?” Ela sorriu maliciosa.

Uma ilusão desse nível não vai ter qualquer efeito sobre mim.” Seu pensamento saiu completamente frio, algo de gelar a alma.

Se um dia eu sair daqui… vou matá-la, vou matar cada um deles. Grave isso muito bem.” Ela disse mordaz. “Você nunca vai poder ficar perto deles, vou me assegurar de sempre manter o medo da rejeição, e do descontrole”

Por que?”

Porque agora, entendo, meu motivo de existir... não é para servir a Guardyhan... só me sinto verdadeiramente viva, quando coloco um fim em outra existência. A vida é preciosa, não é? Eu existo para lutar apenas por mim mesma, amar somente a mim mesma e matar todos além de mim.”

Neste caso, você é minha responsabilidade… eu lidarei com você.” Soou a imperiosa voz do Valkgard.

Não pode me matar… você sabe que não, afinal só tem força para me restringir, para tentar me matar, você precisa me libertar… mas e o resto? E se eu ganhar? Definitivamente, será uma longa existência juntos… posso levá-lo a completa insanidade!”

Ou posso mudá-la, ou matá-la, se precisar chegar a isso.” Ele foi incisivo.

Não me deseja ver morta? Eu matei aquelas pessoas… sou parte do seu problema.” Ela provocou, sentindo as correntes se apertando. “Aceite, você é um ser amaldiçoado, se não tivesse vindo salvar um amigo… não seria um monstro agora”.

Então acho que devo me orgulhar, por ser o monstro que não abandonou seu amigo”. Seu rosto era sereno, não haviam dúvidas quanto a isso. Uma corrente negra circundou o pescoço do ser enegrecido e de vibrantes olhos azuis, enquanto ele voltava seu interesse para o mundo real.

 

 

 

Aproveitando a fogueira, Hadyle e Kay começaram a preparar alguns peixes, que tinham arranjado no vilarejo, como já estavam salgados e preparados, eles somente os espetaram e o assaram próximos a fogueira. Tales por sua vez pegou um peixe da bolsa, espetou-o, ficando próximo do fogo, Gadamer, e o Escravista fizeram o mesmo.

Foi uma refeição silenciosa, ninguém falou nada, Bravell ficou na entrada da caverna, já Anazak ficou de fora, naturalmente. Percebendo isso Tales, espetou mais um peixe e assou enquanto mordiscava o seu. Hadyle fez o mesmo com outro.

Por fim chamou o subalterno de Anazak e pediu para que ele levasse o peixe ao ex-chefe, o rapaz assim o fez e relutante Anazak aceitou. Já Tales tinha um problema em mãos, ainda estava com fome, seu metabolismo era acelerado e aparentemente os peixes haviam acabado, pois muitos já tinham comigo.

— Quer a metade? — indagou a ela, lhe estendendo uma metade cortada de seu peixe.

Ele pensou em negar, mas ela interrompeu essa tentativa, sorrindo gentilmente:

— Sei que está com fome.

Hesitante aceitou a oferta, agradecendo com um obrigado calmo, por fim apanhou o pedaço e tratou de aproveitá-lo. Ao fim da ceia, deitou por cima de um fino tecido da vila, adormecendo pouco depois.

Isso deixava uma grande pergunta no ar, quem ficaria de guarda? A mais improvável pessoa se ofereceu.

— Descansem, eu fico de guarda. — falou Bravell postando-se perto da abertura da caverna. Os caminhantes não quiseram aceitar esse fato tão facilmente. Era aparente que contestariam.

— Considerando que você não precisa dormir e a maioria de nós está desgastada, acho uma boa opção. — falou Hadyle se levantando e batendo de leve em seu ombro — O Draghard confia em você, então também irei, se se sentir sozinho pode me chamar para conversar.

Não guardo ressentimentos contra você. Pensou ela, em seguida fuzilando Anazak com um olhar intenso. Kay e Gadamer perceberam isso.

Então, isso são laços? No fundo estou contente com essa consideração, me sinto parte de algo... pelo menos estou próximo disso. Acho que aos poucos Tales, suas ideias parecem mais realidade do que puro idealismo.

Anazak por sua vez se mordia por dentro, tentava mentir para si mesmo que aquela “confiança” era para manipular seu irmão, mas sabia que era um sentimento verdadeiro e isso o chateava.

O rapaz ajudante permaneceu ao lado de Bravell, no começo do primeiro turno e eles conversaram. O nome do rapaz era Khadaf, após a morte da mãe, se uniu aos Escravistas por falta de opção financeira. Isso era algo que Bravell não estava acostumado, nunca tinha se interessado em saber do nome ou da vida de um subordinado, para ele, eram apenas pessoas distantes.

— Bem, acho que depois você poderia se unir aos caminhantes, eles acolhem os menos favorecidos. — falou a voz metálica. — Não é uma causa ruim… e acho que você tem futuro.

— O senhor acha mesmo? — questionou o rapaz.

— Apenas dê seu melhor, se der certo agradeça aos deuses, se não der você vai aprender alguma coisa, eu acho. — Bravell, não sabia se expressar muito bem, mas aquilo era a resposta alternativa que ele deveria ter dado a Anazak, naquele dia, se arrependeu e buscou algo melhor, mas nunca chegou a dizer isso ao irmão. Após um tempo o rapaz adormeceu e Bravell ficou sozinho, fitando a escuridão.

— Você não é um sujeito ruim afinal. — falou Gadamer, ficando do lado dele, seus machucados estavam melhores, apesar de ainda doerem.

— Olha… se for sobre aqueles socos mais cedo… me desculpe, agi mal com você… imagino que esteja doendo.

— Sim, está. — falou Gadamer rindo não gostava muito de climões — Mas saber que você está se achando ajuda a minimizar a dor, está fazendo as grandes perguntas? Quem sou eu? E porque estou aqui? O que realmente quero?

Ele maneou a cabeça respondendo:

— Não que eu tenha mudado de lado totalmente, só estou confuso... até que eu tenha as respostas que procuro, quero observá-lo. — Ele olhou para o Draghard — Ele podia ser eu... e eu poderia facilmente ser ele, quero saber até onde ele vai… para saber até onde posso alcançar.

 

 

 

No outro dia

 

Antes do raiar do sol, todos se preparavam para sair da caverna, estavam silenciosos, cada um deles. Mas algo incomodava Hadyle, estava curiosa sobre algo em Tales:

— Como você veio pra cá? Digo… você é de Midgard. Por que? — Ele por sua vez se virou para ela, com um olhar entristecido.

— Por meu amigo, Rod. — Ele disse se lembrando da tarde onde tudo aconteceu:

Inicialmente éramos apenas dois espertalhões na nossa formação estudantil, tínhamos muito em comum e por isso nos apoiávamos, mesmo com nossos problemas. Em uma tarde nós andávamos pela propriedade do tio dele, o ano estava terminando e cada um iria para o seu canto.

Percorríamos a mata como sempre, e caminhamos até uma bela clareira nela, o clima sempre foi ameno no local, e por isso era ideal para trocarmos ideias sobre o futuro. Política, cinema, literatura, biologia, história e nossas próprias vidas, mas nessa tarde as coisas estavam diferentes, havia algo na clareira. Um estranho arco de pedra com símbolos até então desconhecidos. Rod se aproximou com cuidado e começou a observar o arco, ele dizia que era um tipo de achado histórico. Eu por outro lado tive um dos meus acessos de tosse. O que me lembro é de ver nove colunas dispostas ao redor, cada um com um nome, cada um com uma cor diferente, mas o arco em si detinha todas as cores misturadas, junto com o que pareciam ser runas.

Rod passou perto do epicentro do arco em suas observações, e foi onde o portal se ativou, meu amigo tentou se afastar, mas foi tragado, desapareceu pedindo por ajuda. Como podem imaginar minha situação não era das melhores, estava sozinho naquela mata, pensei em pedir ajuda, mas e se… o portal sumisse? Como ele ficaria? Como eu ficaria, o que eu diria a irmã dele? “Oi seu irmão infelizmente foi abduzido por um portal, eu vi, mas não fiz nada, tá vendo como sou um grande amigo?”.

Eu tinha muito a perder… mas estava morrendo não iria ter muito tempo com os meus familiares, fiz o que achei certo por ele, e por mim.

— Sinto muito. — falou Kay em tom pesaroso, encontrando algo bom no fundo — Mas você ganhou uma nova vida, nem tudo foi ruim.

O rapaz concordou com a cabeça, mas ficou em silêncio.

— Mas se o portal estava escondido. — falou Gadamer tentando construir — Uma pessoa o encontrou e o usou antes de vocês aparecerem.

— Alguém com grande habilidade mística. — sugeriu Hadyle pensativa, sua mente apontou para uma pessoa de seu passado, ela sempre vinha pensando nisso, mas nunca considerou algo relevante. O mago que usava magia para ganhar a vida, coisa incomum já que quem dominava bem a aura quase sempre estava bem escalado na sociedade, então por que ele não estava? A menos que ele não fosse dali e não quisesse ou pudesse se encaixar, quem era ele afinal? De onde ele vinha?

Ela se manteve calada enquanto o assunto morria por ali e cada um procurava se levantar para retomar a marcha.

 

 

 

A tarde do outro dia

 

Ser uma Valkgard tem suas vantagens, afinal. Pensou Hadyle. Se a antiga eu, andasse esse tanto já estaria estirada no chão, a resistência física não só foi aumentada, foi otimizada. O Gadamer, seria um problema para a locomoção, mas ainda bem que o Bravell se ofereceu para carregá-lo nas costas, mas confesso que Tales e o garoto estão com um passo devagar.

O dia estava nublado, o grupo seguia com espíritos mais elevados do que no dia anterior, mesmo com a história de Tales, eles haviam dormido bem e comido igualmente bem, além do destino final muito perto. No ritmo que estavam e com o terreno limpo da ravina não demoraria muito para entrar na área dos caminhantes e serem escoltados por profissionais.

— Vocês acham que aquela coisa desistiu de nós? — indagou Anazak, arquitetando algo.

— Dificilmente. — falou Kay o olhando de canto — Mas é bom ter esperança.

— Vocês realmente vão me entregar? — Ele soou amedrontador.

— Se estiver pensando em fazer algo idiota. — falou Bravell, virando para ele com o punho cerrado — Tire isso da cabeça!

— Já que vou morrer mesmo, e meu sonho também irá… — Ele foi se afastando do grupo e sussurrou uma palavra com todo o ódio que poderia. A palavra que mesmo não conhecendo bem, temia.

Um raio negro esverdeado caiu diante deles criando um clarão imenso que por alguns momentos cegou a todos, revelando depois uma macabra figura.

— Invocaste-me?


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