Modus Operandi: Dias Negros de Ocultgard escrita por Nemo, WSU


Capítulo 16
Renascimento Incerto


Notas iniciais do capítulo

Olá! Perdão pelo atraso ^^
Agradeço imensamente a SQ e ao Melvin pelos comentários excelentes ^^



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Está tudo bem! Eu estou aqui por vocês... para mostrar que são seres frágeis, corruptos e odiosos, o universo deveria me agradecer por livrá-los dele” — autor desconhecido.

 

— Os envolvi justamente quando estavam mais apreensivos, foi fácil distorcer sua percepção de tempo e de espaço. — sussurrou Anazak — E não me moveria tanto.

— Por que está fazendo isso? — questionou Gadamer.

— Porque acredito numa coisa, acredito que posso fazer dessa nação um lugar melhor…

— Mentiroso. — provocou Kay.

— Nunca disse que seria melhor para vocês. — Ele riu, encarando o receio em seus inimigos — No começo pensei em transformar esse lugar para todos, mas hoje vejo que estava errado, nem todos são dignos de viver em meu reino. No fim minha justiça vai prevalecer.

— Você acha que isso é justiça? — indagou Gadamer, tentando ganhar tempo. Daquela vez, ele nos salvou, é improvável, mas ainda existe a chance… de acontecer de novo.

— Acho que pessoas são tolas, indecisas, sujas e com fraco julgamento. Eles precisam ser guiados por algo superior, justamente por serem incompetentes. Porque acha que existem Deuses, afinal?

— Eu presumo que é para dar esperança e conforto nas horas difíceis. — falou a voz metálica atrás de Anazak.

— Finalmente… — Negativo já ia ficando confiante, mas ouvindo o resto da frase ficou confuso — Mas espera, o que você disse?

Bravell, se limitou a cruzar os braços, se concentrando em sua mente e impedindo as investidas mentais de seu irmão.

— Nós devíamos ser unidos! — disse a armadura, apontando com seu braço direito para ele, em seguida contemplando o mesmo erguido, com a marca impura incrustada ali — E é isso que eu ganho por ser seu parceiro? Você me usou!

— Ora, o que aquele desgraçado, fez com você? Ele está te manipulando irmão! — bradou Anazak indignado.

— Nunca obriguei Bravell, a fazer nada. — falou a figura no topo da árvore, olhando furioso para Anazak — Somente, dei o suporte necessário para sair do seu controle e pensar por si próprio.

Bravell foi se aproximando, enquanto Anazak entrava em desespero, seu irmão era virtualmente imparável. Sem alternativas lançou uma torrente com ambas as mãos em sua direção, o empurrando alguns centímetros para trás. Aproveitando essa oportunidade Kay agarrou seu mestre e saiu do local, liberando Tales, para a ação.

Ele pousou e foi ao encontro de Anazak pela direita, este por sua vez com o braço direito, lançou um jato de água, somente para que o ataque adentrasse numa brecha na frente do inimigo e ressurgisse pela esquerda do próprio Anazak, atingindo-o em cheio e desequilibrando totalmente sua defesa.

Meu poder… não é apenas uma arma, eu não sou apenas uma arma, posso proteger em vez de matar. Pensou Tales constatando uma feliz verdade. Eu não sou uma arma… sou o que escolho ser.

O quase afogado impuro, tentou se levantar, mas duas mãos metálicas, envolveram seu colarinho e o suspenderam no ar:

— Quando começamos isso tudo, você e eu iriamos criar um novo reino. Iriamos fortalecer nosso povo para que ninguém sofresse como nós, para que ninguém se esquecesse dos caídos e do nosso orgulho. Então por que? Eu concordava com você!

— Por que, você não percebia o que eu percebia, você se esqueceu que te chamavam de abominação? Se esqueceu das noites em que você choramingava por ter feito esse acordo? — Anazak continuou com uma voz fria— Você é fraco… sempre lhe faltou culhões, por isso fiz você esquecer de tudo isso, para suavizar seu sofrimento e o meu.

— Mas você deveria ter…

— Você sequer sabia o que era melhor para você, tomei as decisões mais difíceis, por nós. Tudo o que EU fiz, foi por nós… — Anazak fitou Tales enraivecido — e agora você me traiu, por que passou um pouquinho de tempo com esse lixo… está vendo como não sabe de nada!?

Bravell não sabia se soltava seu irmão, ou jogava-o ao abismo.

— O poder existe para servir, como vocês originalmente tinham em mente, mas a partir do momento que você Anazak, — falou Gadamer, com dificuldade — serviu-se do poder, foi onde que perdeu completamente a razão. Algo que é usado para benefício próprio nunca tem como servir os interesses dos outros.

— O que faremos com ele? — indagou Kay furioso — Ele matou a Hadyle! Desviamos fazer ele pagar na mesma moeda!

Tales ignorou Kay foi até a borda do barranco, observou que abaixo do mesmo não haviam grandes indícios de queda, procurou nas ramagens e árvores da beirada.

— Ela se jogou, está morta. Só vale procurar pela fórmula. — observou friamente o prisioneiro.

Um largo sorriso se fez, na face do Draghard, ele imediatamente materializou sua corrente, e jogou para a alquimista, oculta nas ramagens bem abaixo:

— Ei, Hadyle, pode relaxar, é só pegar que eu te puxo — disse ele com vivacidade. Isso aqui está com cara de final feliz… e eu farei de tudo para que aconteça! Pensou Tales, descendo a corrente.

Sua corrente era uma ferramenta de ratificação, o resultado de um pesado treinamento para materializar um objeto de aura, firmando um contrato com condições, entre ele e a divindade patrona, no caso Jarn.

Duas mãos femininas saíram do meio das folhagens e agarraram a corrente, ao sentir que poderia puxá-la, ele o fez, sem grandes dificuldades, mas na metade, ele e quem o acompanhava percebeu algo errado.

Bravell por sua vez, pensava no que fazer quanto Anazak, mas quando viu a moça, arremessou o irmão contra o solo em um baque surdo, e foi auxiliar o Valkgard. Puxando mais rapidamente, enquanto este, tentava impedir que a corrente batesse contra o barranco, pois se o fizesse, ela cairia.

Hadyle segurava com todas as forças na corrente, mas algo estava errado, ela não respondia, parecia tonta, enquanto lágrimas vertiam de seus olhos, suas mãos lentamente perderam a força, e quando ela parecia cair Tales apanhou sua mão, puxou-a com e com cuidado a depositou sobre a relva.

Sua dor era visível, mas parecia delirar, checando sua temperatura, percebeu que ardia em febre. Examinando-a, seus apurados olhos, perceberam duas perfurações no tecido, na região da barriga, instintivamente o puxou para cima, vislumbrando duas terríveis incisões no local.

Observou mais de perto, eram perfurações de presas retrateis e o cheiro era forte. Veneno de Crucyatos… maldição. Pensou friamente, procurando não transparecer emoção para não apavorar os presentes.

— O que ela tem? — questionou Gadamer, se aproximando.

— Algo ruim… mas tenho uma solução. — disse ele apanhando a bolsa da alquimista, com muito cuidado, retirou uma caixa e de dentro um frasco.

— O que vai fazer? — questionou Bravell incrédulo. — Você me disse que isso era ruim.

— O veneno é fatal, se não aplicar, ela morrerá. — falou ele trazendo a verdade à tona. — Existe uma pequena chance de sucesso, mas talvez tenhamos sorte e vou tentar fazer algo da minha parte.

— Pode dar certo. — falou Gadamer — Ela disse que a fórmula dá o resultado de acordo com o tipo de pessoa que se é, ela tenta manter a imagem quase fiel, de você… o melhor de você, sua alma.

Para o Draghard aquilo foi um choque, não esperava por algo assim, aquilo fazia florescer sua esperança, sua crença de que não era um monstro.

— Ela pode estar errada. — falou Anazak desperto e debochante — E pode virar um monstro… assim como ele… aposto que quando isso acabar, vai me matar assim como todos os outros.

 

 

 

Mentalmente

 

E então, como vai ser?” Riu a programação acorrentada em frente a um trono de pedra negra, na qual uma figura a observava imperioso. O espectro se remexia lentamente, para afrouxar às correntes. “Vai salvá-la e condenar tudo, ou deixá-la morrer? E se salvar ela… que destino ela teria? O que mudaria?

Você não faria nada ou pior a mataria pessoalmente, então não venha com falsos sentimentos para cima de mim.” Disse Tales frio, enquanto as correntes se apertavam cada vez mais. “Então já que não vai me ajudar… não fique em meu caminho.”

Parece… que não é tão bonzinho assim”. A programação disse de forma engasgada, já que uma das correntes apertava sua garganta. “Você é… cruel… que belo herói.

Cada um dos grilhões se apertava mais e mais, impossibilitando sua fuga, enquanto ela se desesperava mais e mais.

Não, estou fazendo o necessário para que você não tome o controle do meu corpo e mate meus…” Ele fez uma pausa, não sabia o que Hadyle, Kay, Gadamer ou até Bravell eram. “Será que estou tão desesperado por laços assim?” Ele riu consigo mesmo. “Vou fazer isso, por que estou cansado de ver pessoas morrendo não podendo fazer nada! Se existir algum problema, lidaremos com ele”.

 

— Tales? — A voz de Kay, ressoou por sua mente, e ele voltou a si, já com o frasco destampado próximo a boca dela.

— Você tem certeza do que vai fazer? — questionou Gadamer. O rapaz fez que sim, respondendo enquanto derramava o líquido perolado nos lábios entreabertos da alquimista.

— Sei que os nossos objetivos são meramente destruir ou pegar a fórmula, mas ela já sofreu demais e precisa de ao menos uma chance. — Ele olhou para Anazak — Para se arrepender e mudar seu destino.

— Tolice, ninguém muda tão facilmente, os velhos vícios ficam… — começou Anazak.

— Ninguém disse que a redenção é um caminho fácil. — Gadamer interrompeu — O arrependimento é o primeiro passo, o desejo de mudar é o segundo, tomar o caminho mais difícil e humilde, é onde a maioria desiste.

Ele se recostou na árvore, onde tinha se escondido:

— A vida é realmente algo engraçado.

Bravell até pensou em contar dos cadáveres e dizer que seus homens provavelmente estavam mortos por algo, mas todos pararam quando a aura da garota começou a se emanar. O soro estava demorando fazer efeito, por conta do veneno, uma vez que o combatesse, se agregaria ao DNA e o aprimoraria. A ferida pelo bote emitia uma fumaça negra, o tecido se reconstruía lentamente.

Sua opaca aura se intensificava e nesse momento Tales também liberou a sua, a aura vermelha vivaz, estava mais escura do que antes, mas não reparou nesse detalhe, enquanto a garota começava a arder e a gritar devido a queimação.

Ele tocou sua testa e deixou sua aura fluir pelo corpo dela, se misturar com a dela, pois tinha uma hipótese: Se seleciona quem é parecido comigo e se eu sou o material original, existe uma chance grande de eu mascarar, ou facilitar o processo, só espero que não tenha efeitos colaterais em mim ou para ela.

A aura de tons agora verdes se misturou com a escarlate e o processo deu início, Hadyle no começo pareceu querer ter convulsões, mas não durou muito, seus ossos começaram a estalar e foi perceptível notar um aumento em seu tamanho, seus músculos eram visíveis, mas nada espetacular, a partir daí tudo foi se suavizando e ela perdeu a consciência.

Ela pode se tornar uma Berseker ainda. Pensou Kay, apreensivo.

E por fim, a marca característica se formou em seu ombro direito, tal qual seu semelhante, sua aura cessou e passou a respirar tranquilamente.

— Será que deu certo? — questionou Bravell.

O Draghard deixou de emitir sua aura, limpou a testa e caiu para trás exausto:

— Foi difícil, o fluxo de energia dela, ora era intenso demais, ora desvanecia e eu tinha que ficar me adequando constantemente para não matá-la. Espero que tenha dado certo.

Após um tempo a armadura viva decidiu expor suas inquietações:

— Vocês não estão achando estranho…que nenhum dos meus subordinados, fora esse caído, voltou? Eu e o Tales voltamos ao vilarejo antes de virmos para cá…


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^



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