Beat Again - Quando chama o coração escrita por Val Rodrigues


Capítulo 27
Capitulo Vinte e Sete


Notas iniciais do capítulo

Boa noite...



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Isabella soltou um longo suspiro enquanto voltava de mais uma tentativa frustrada. Seu semblante era cansado e preocupado. Nos últimos dias, eles haviam tentando varias formas de investimento, mas infelizmente todas as tentativas foram em vão.

Jacob a interceptou no meio do caminho.

— Nossa. Você esta horrível. Ele disse olhando-a com desdém. Isabella quis socar seu rosto debochado. _ Como se sente vendo-o perder tudo pouco a pouco?

— Jacob você é... Ela segurou o insulto. Não podia perder o controle.

— Eu disse que ia se arrepender de ficar do lado dele. Mal posso esperar por amanha, para apreciar a derrota do Cullen ao me entregar a Hermia. Isabella passou por ele com passos duros fazendo-o soltar uma gargalhada. _ Ate amanha. Gritou já que ela havia se afastado.

Jacob continuou seu caminho. Seu alvo não era Isabella. Ela apenas sofria pela escolha que fez.

— Seu chefe esta? Jacob perguntou fazendo Alice erguer o olhar do computador.

— Vou ver se ele pode...

— Traga um chá. Disse a Alice interrompendo sua fala e abrindo a porta. Perplexa ela colocou o telefone no gancho de volta e levantou-se sobressaltada para tentar impedi-lo.

Edward ergueu a cabeça percebendo a intromissão. 

— O que você quer aqui? Perguntou vendo-o caminhar calmamente e sentar-se a sua frente.

— Amanha é o grande Dia. Esta pronto para pagar sua divida? Perguntou apenas para provocar. Sabia que eles não haviam conseguido.

— O que você acha? Edward devolveu ciente da provocação.

— Sua expressão me diz que as coisas não estão nada fáceis.  Continuou a provocar. _ Não olhe assim para mim. Foi você quem causou isso tudo. Esta sofrendo por algo que você mesmo provocou no passado.

— Canalha... Edward sibilou.

— Sabia que em uma crise assim no passado seu pai chegou a implorar?  Jacob o interrompeu fazendo Edward encara-lo surpreso. _ Sim. Ele amava tanto esta empresa, seus funcionários que chegou a ponto de se humilhar e implorar. Continuou tranquilamente. _ Por que não segue o exemplo do seu pai? Quem sabe? Talvez possa conseguir mais tempo? Edward sustentou seu olhar em silencio.

Jacob ergueu-se ajeitando seu palito.

— Vai ser divertido ver você implorar. Disse antes de sair.

Edward soltou a respiração que prendia com um grito de frustração. Levou a mão aos cabelos puxando-os na tentativa de pensar em algo, mas nada lhe ocorreu. O desespero o tomava por completo.

— Você esta bem? Isabella perguntou quando percebeu seu estado.

— Há algo mais que eu possa fazer? Ele perguntou. A voz cansada e frustrada. _ Acho que eu devia insistir.

— Edward...

— Pensar em como todos aqueles que eu causei isso se sentiram é difícil demais. É doloroso demais.

— Edward... Tentou novamente.

— Talvez minha única saída seja implorar. Só estando desesperado para implorar, mas o que eu posso fazer? Ele perguntou e ela viu as lagrimas se formarem em seus olhos. _ Sabe o que mais me deixa com raiva? É que não parece que estou lutando contra a Gold Partners. Parece que estou provando do meu próprio remédio. É por isso que estou tão... estou tão irritado agora. Ele jogou a prancheta no chão com raiva fazendo Isabella pular de susto. _ Mas não posso dizer nada, não posso ousar sequer reclamar, por que as coisas que eu fiz e as palavras que eu disse no passado estão se voltando contra mim agora. Mais uma vez suas mãos foram para sua cabeça em sinal de desespero. Incapaz de encontrar as palavras, ela o abraçou e o deixou chorar. Edward apenas ficou la deixando a angustia o tomar e as lagrimas saírem. Ele estava tão perdido, envergonhado, humilhado e se sentindo fracassado que não tinha forças para se importar que ela o visse daquela maneira. Havia fracassado em reerguer a Hermia. Havia fracassado com as 4.000 mil pessoas que depositaram sua confiança nele. Havia fracassado com Isabella. Havia fracassado com seu pai.

Sentindo o peso sobre-humano suas pernas cederam e ele foi ao chão. A clara imagem de um homem desesperado.

— Edward. Isabella tentou segura-lo em vão. O peso do seu corpo era mais do que ela podia suportar. Chorando também ela o abraçou novamente. Suas lagrimas se misturando com as dele. A dor dele sendo sentida por ela. Dois em um.

...............

A manha estava nublada e sem resquício de sol como se fosse um reflexo do humor de Edward.

— Você não me parece bem. Irina comentou quando eles já estavam reunidos na sala da Presidência. Edward a olhou. Sua cabeça latejava e seu peito doía. A falta de sono e de alimentação adequada dos últimos dias pareciam cobrar o seu preço. _ Os negócios andam mal? Ela perguntou quando ele nada disse.

— Já tive dias melhores. Edward respondeu por que não tinha mais nada a dizer.

— Vamos ao que nos trouxe aqui. Jacob falou tomando a frente. _ Chegou o dia Edward. Pague o que deve a Gold Partners ou declare a falência da Empresa. Edward o olhou sentindo peso do fracasso esmaga-lo. _ O que foi? O pagamento não esta pronto? Mesmo tentando esconder Jacob não conseguia disfarçar a felicidade de vê-lo assim.

— Não. Edward respondeu.

— Se é assim não temos escolha. Irina falou fingindo lamentar.

— O que você esta disposto a fazer Cullen? Quem sabe não demonstramos um pouco de misericórdia se mostrar um pouco de esforço e boa vontade. Jacob disse desafiando. Queria vê-lo tão humilhado quanto pudesse.

Edward o encarou. Sentia o sangue correr por suas veias. Queria arrancar aquele sorriso debochado e vitorioso do rosto dele se pudesse.

— O que? Ainda resta um pouco de orgulho ao Presidente Cullen? Riu debochado. _ Como quer ser líder se não sabe se sacrificar? Continuou a provocar.

Edward sabia de suas intenções. Ainda assim sabia que deveria tentar. Aquilo seria o pior momento de sua vida. Nunca havia imaginado algo assim. Mas por aquela Empresa e o que ela representava, estava disposto e se humilhar. Como se soubesse seus pensamentos, Jacob se acomodou confortavelmente na poltrona. Edward ergueu a cabeça e abriu a boca pronto a implorar.

— Desculpe interromper. Isabella entrou tentando se conter.

— Não sabe que é uma reunião fechada? Irina a reprendeu. Isabella a ignorou olhando diretamente para Edward.

— Acabamos de receber uma ligação. A Sra. Candece esta a caminho.

— Quem? A milionária Sra. Candece? Jacob perguntou surpreso.

— Sim. Ela solicitou uma reunião com todos vocês.

— Como isso é possível? Irina perguntou perplexa. Mais uma vez Isabella a ignorou fazendo Irina bufar ofendida.

— Por favor me acompanhe. Tenho algo urgente a lhe passar. Ela pediu olhando diretamente para Edward que deu um pequeno aceno concordando. _ Vou trazer um chá enquanto esperam. Se dirigiu formalmente a eles sem esperar resposta.

— Alice traz um chá para eles, por favor. Pediu já entrando com Edward em sua sala.

— Claro. Alice concordou ainda nervosa. Todos estavam.

— Por que ela esta vindo? Edward perguntou confuso lembrando-se de quando a procuraram. _ Quando a procuramos ela não quis nem ouvir a proposta.

— Eu não sei. Mas espero que esta visita seja um bom sinal. O alivio cobriu Edward parcialmente e ele fechou os olhos respirando fundo. Ele estava mesmo pronto a implorar uma segunda chance pela empresa? Balançou a cabeça não querendo pensar no assunto.

— Se sente bem? Você esta pálido. Ela comentou o observando.

— Eu estou sentindo um monte de coisas. “Bem” não é uma delas. Respondeu sinceramente.

Ela acenou em concordância.

Momentos depois a Sra. Candece adentrava no Prédio. Recepcionadas por Edward e Isabella ela deu um sorriso caloroso e firme. Vestida formalmente, nem parecia a mulher simples que eles viram no dia anterior.

— Seja bem vinda a Hermia. Edward a recepcionou. _ Não esperava a sua visita.

— Me mostre o caminho. Disse apenas. Edward acenou concordando e seguiu para a sala onde Jacob e Irina os esperavam.

Isabella os viu adentrar na sala e silenciosamente implorou que a visita dela trouxesse boas noticias.

— Vamos conversar. Ela disse quando já estava sentada. _ Você. Olhou para Edward. _ Quanto deve a eles? Edward mostrou o valor do contrato que estava na mesa.

Sob os rostos confusos, a Sra. Candece fotografou o contrato enviando a alguém.

— O que a Senhora esta fazendo? Irina perguntou.

— Silencio. Pediu levando o celular a orelha. _ É o presidente do banco? Aqui é a Sra. Candece. Ela esperou a resposta e continuou. _ Acabei de enviar a foto de um contrato de cobrança. Pode depositar este valor imediatamente. Jacob e Irina a encaram perplexos e Edward não conseguia acreditar. Ela estava pagando a divida da Hermia? _ Ah. Eu vou enviar alguém ai amanha. Fale com ele e invista o quanto ele pedir. Ela esperou novamente. _ Obrigada. Agradeceu desligando.

— Sra. Candece... Jacob começou.

— A partir de agora a divida da Hermia pertence a mim. Aconselho que não se envolvam nos meus assuntos. Ela disse firme. _ Se não tem mais nada a dizer já podem sair. Tenho um assunto particular para tratar com o Presidente.

Admirado, Edward percebeu Jacob e Irina saírem sem toda a arrogância que entraram. Ele podia afirmar ate que eles estavam confusos e furiosos.

— Sra. Candece. Muito obrigado. Edward voltou-se para ela. _ Eu não sei como expressar minha gratidão. Ele foi sincero.

Ela o olhou ternamente.

— Você já comeu hoje? Ela perguntou simplesmente. Edward a olhou sem entender. Esperava discutir formas de pagar o empréstimo, não que ela se preocupasse com ele.

— Por que a senhora me ajudou? Ele perguntou direto.

Ela soltou um longo suspiro.

— Quando foi me procurar, eu não sabia que era da Hermia. Se eu soubesse não teria negado o investimento. Ele a olhou ainda mais confuso. Ela deu um pequeno sorriso colocando uma embalagem na mesa a frente deles. _ Eu trouxe isso para você. Seu pai disse que você gostava de caldo igual ao meu filho. Ela disse como se estivesse revivendo uma lembrança.

— Meu pai? A senhora conhecia o meu pai?

— Sim. Ele era um freguês. Ela contou.

— Eu não sabia. Ela o olhou.

— Anos atrás quando eu fiquei viúva, a única coisa que sabia fazer para viver eram caldos como este. Então comecei a vender para sustentar a mim e ao meu filho. Mas eu era ingênua na época e acabei me enrolando em dividas. Sem nenhuma esperança eu estava prestes a cometer uma loucura. Ela revelou com os olhos lacrimejantes. _ Naquele dia seu pai entrou no restaurante e pediu o caldo para viajem. Antes que fosse embora fez uma encomenda de mais 50 para o dia seguinte. Quando ele voltou trouxe um contrato para abrir o restaurante. Meu filho e eu trabalhamos nele ate hoje. Ela sorriu. _ O caldo que o seu pai comprou não valia o preço que ele pagou no restaurante, mas ele argumentou que assim teria um lugar perto para seus funcionários se alimentarem. Foi assim que o meu restaurante ficou conhecido mundialmente. Graças ao seu pai eu não fiz uma besteira naquele dia de desespero e ainda pude criar o meu filho e como você vê as coisas tem caminhado bem.

Edward também tentava segurar a emoção. Mesmo agora as atitudes que seu pai escolheu tomar ainda o ajudavam. O quão injusto ele tinha sido por culpa-lo pelas coisas que deram errado?

— Edward. Agora é minha hora de retribuir. Ela disse segurando a mão dele carinhosamente. _ Não se preocupe com esta divida. Ela já não existe.

— Sra. Candece, o que esta querendo dizer? Edward perguntou com medo de que sua mente estivesse lhe pregando uma peça.

— Isso mesmo que você entendeu. Esta divida não existe mais.

— Mas é um valor muito alto. Ele argumentou sem acreditar.

— Seu pai fez o mesmo por mim.

— Eu não sei o que dizer. Edward confessou. Ela deu um sorriso caloroso.

— Seu pai me fez prometer que lhe daria caldo de graça sempre que fosse ao restaurante. Acho que estou cumprindo minha promessa. Ela deu de ombros tranquilamente. _ Agora você deve trabalhar e batalhar todos os dias para manter vivo o sonho do seu pai. Sei que você pode se tornar um grande homem assim como foi seu pai. Me entende?

Edward acenou. Sim. Ele entendia. Só agora percebia o quão errado estava em julgar os atos do seu pai. Mais que isso, sentia orgulho de ser seu filho e agradecido por poder colher os frutos que seu pai plantou e decidido a plantar bons frutos dali em diante.

A Sra. Candece abraçou Edward ternamente e se despediu fazendo-o prometer visita-la.

Isabella sorriu emocionada quando Edward compartilhou a historia com ela. Alice e Rosalie também. Ricardo escutava a tudo com um sorriso no rosto.

— Amanha vou ao banco acertar o investimento que ela nos concedeu. Mas hoje, vamos para casa descansar. Vocês trabalharam muito nestes últimos dias e eu queria agradecer a dedicação de todos. Obrigado. Eles sorriram contentes com o reconhecimento do chefe.

— Que tal um almoço para comemorar? Ricardo sugeriu fazendo os olhos de Rosalie e Alice brilharem de empolgação. Edward olhou de relance para Isabella e ela também estava sorrindo. Ele sorriu em reflexo.


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