Beat Again - Quando chama o coração escrita por Val Rodrigues


Capítulo 19
Capitulo Dezenove


Notas iniciais do capítulo

Boa noite.
Mega feliz com o comentario que recebi. kkkk.Obrigada ISamaralibra.
Muito obrigada tambem aqueles estao acompanhando em seu cantinho. voces estao convidados a aparecer, curtir, comentar e compartilhar, se quiserem, claro.
Bjs.
Otima leitura.



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O dia começou agitado para os trabalhadores da Fabrica. Com a noticia da aquisição e o fechamento iminente da Empresa, todos estavam posicionados estrategicamente carregando cartazes e faixas em sinal de protesto.

Edward também acordou agitado. Enquanto se arrumava se lembrou das palavras de Isabella na noite anterior. Balançou a cabeça terminando de ajeitar a gravata em frente ao espelho.

Com o celular em mãos discou o numero dela. Era hora de encerrar aquilo de uma vez.

— Bom dia Sr. Cullen. Atendeu em sua voz profissional, porem um tanto ansiosa que Edward não deixou de notar.

— Bom dia. Preciso que vá a Fabrica Central buscar o relatório de finanças atualizado para mim.

— Claro.

— Obrigado. Ele ia desligando quando ouvia sua voz do outro lado a chama-lo. _ Sim.

— Você pensou sobre o que conversamos ontem?

— Não há o que pensar. Respondeu apagando qualquer rastro de esperança que ela pudesse ter. E desligou com um suspiro. Ricardo que o acompanharia aquele dia, virou a cabeça para ele.

— Algum problema? Ele ia responder quando Irina surgiu toda contente a cumprimenta-los.

— Edward amanha o Presidente vai fazer uma visita a Fabrica Central. Cancele seus compromissos e acompanhe-o. Ela sugeriu.

— A Fabrica esta em greve total. Não vamos conseguir entrar.

— Não estará mais. Ela disse tranquila.

— Como assim?

— Não soube? Jacob ficou sabendo da chegada do Presidente e ficou de resolver o problema.

— Do que você esta falando? Edward perguntou em alerta.

— Nada deve atrapalhar a visita do Presidente. Amanha eles não serão mais um problema. Ela consultou o relógio erguendo os olhos para ele. _ Eles devem estar cuidando do problema neste exato momento.

Edward sabia como isso era resolvido e não seria nada bom. Em um protesto como aquele, eles com certeza iriam usar de violência amedrontar e fazê-los desistir. E Isabella estava bem no meio do furacão.

— Edward. Aonde você vai? O presidente esta chegando... Irina ficou a gritar, mas ele não a ouvia mais. Em alta velocidade, ele dirigia pelas ruas, implorando silenciosamente que ela estivesse bem. Mesmo dirigindo, tentou ligar para o celular dela no viva voz só para ouvir a voz da caixa postal.

— Droga. Esbravejou sentindo o medo e a angustia crescerem.

Apertou o volante tentando manter o controle de si mesmo e do carro, que passava pela estrada um tanto vazia para o horário.

Dois ônibus chegaram de surpresa na Fabrica. Homens encapuzados, munidos de porretes começaram a quebrar as coisas e rasgar as faixas. Assustados, os trabalhadores perceberam tarde demais o que estava acontecendo. Um tumulto e gritaria preenchiam o local. Pessoas correndo para todos os lados enquanto eram alvejadas. Isabella percebeu o exato momento em que um homem atingiu o Sr. Moura que tentava apaziguar a situação e correu para ajuda-lo gritando por socorro.

Edward desceu do carro correndo os olhos pelo lugar tentando encontra-la percebendo o caos. Ele a encontrou segurando a cabeça de alguém já que estava de costas e não percebeu quando um homem se aproximou.  

— Isabella. Ele gritou seu nome tarde demais. Ela conseguiu ouvi-lo gritar e virou se para vê-lo. Sentiu o impacto e algo quente escorrer de sua cabeça pela testa. E depois a escuridão. Teve um vislumbre de Edward correndo em sua direção, antes de ser engolida pela escuridão.

Edward correu para ampara-la e começou a gritar ordens aos homens encapuzados que reconhecendo-o rapidamente recuram voltando ao ônibus e fugindo.

Ambulâncias foram acionadas e Edward se viu entrando em uma delas com uma Isabella desacordada. Nas horas seguintes, houve um alvoroço no hospital para atender os feridos enquanto Edward permanecia ao lado dela. Ele podia ouvir as vozes de fora, sabia que muita gente da Fabrica estava ali, mas simplesmente não conseguia erguer os olhos dela, deitada, imóvel, com a cabeça enfaixada pela pancada.

— Como ela esta? Ricardo perguntou entrando no quarto. Ele havia corrido para o hospital assim que descobriu o que tinha acontecido.

— O medico disse que não foi grave. Ela pode sentir dor e tontura por alguns dias, mas vai se recuperar. Ele respondeu estranhando sua própria voz. Estava abafada e vacilante, como se nem ele mesmo acreditasse em suas palavras.

— Por que não vai tomar um ar? Você esta precisando. Ricardo aconselhou percebendo seu estado. Edward estava pálido e com o olhar fixo nela.

— Quero estar aqui quando ela acordar. Respondeu somente.

— Ela vai se assustar se te ver assim. Respire um pouco, beba uma água e volte. Insistiu. Edward o olhou considerando a alternativa. Realmente, não sentia-se bem.

— Fica de olho nela. Pediu.  

Quando deixou o quarto, Edward sentiu outra parte da realidade o atingir. Estava tão preocupado com Isabella, que não deu atenção a quantidade de pessoa feridas que estavam ali. Pessoas engessadas, machucadas, com curativos pelo corpo. Famílias que chegavam abraçando seus entes queridos e chorando. Rostos amedrontados e preocupados.

— Como ousa vir aqui? Alguém gritou percebendo sua presença.  Edward reconheceu o rapaz. Era o mesmo que havia se descontrolado e tentado agredi-lo em um outro momento. _ Será que você se considera um ser humano? Tem muita gente ferida. Esta feliz agora? Gritou tentando avançar.

— Calma rapaz. Ricardo pediu se colocando na frente de Edward tentando mante-los a distancia com o próprio os braços e o próprio corpo.

— Quem mandou serem tão teimosos? Edward revidou. Ricardo lançou-lhe um olhar de esguelha alertando- que não era um bom momento para discutir. _ Por que se lutar por algo impossível? O que significa esta empresa para vocês? Gritou de volta ignorando a advertência silenciosa de Ricardo.

— Porque? O Sr. Moura levantou respondendo e os rostos se voltaram para ele. _ Para viver como um ser humano, para ter respeito e dignidade. É por isso que lutamos.

— Acham que podem ganhar esta luta? É melhor desistirem de uma vez. O tumulto cresceu tornando praticamente impossível que Ricardo os segurassem longe de Edward. O Sr. Moura também ajudava pedindo calma, mas eles estavam desesperados, com medo e sem esperança, tornando difícil agir com sensatez.

— Parem. Parem todos. Isabella que havia acordado com os gritos, se interpôs.

— Isabella. O Sr. Moura surpreso e preocupado.

— Chega, por favor. Pediu se colocando entre ao lado de Edward. _ Ele não é o responsável pelo que aconteceu. Eu sei por que estava com ele antes disso tudo. Ele não mandou aquele grupo para nos atacar. Por favor, vamos todos nos acalmar. Ela pediu sentindo uma tontura a atingir. Tudo nela doía. Edward a segurou no mesmo momento.

— Você não devia ter levantado. Ele falou ignorando todos a sua volta. O silencio tornou-se palpável.

— Estou bem. Murmurou. Edward a olhou indignado.

— Não esta. Você precisa ficar de repouso. Disse levando-a de volta ao quarto de observação. _ Se sente melhor?

— Sim. Só fiquei um pouco tonta. Respondeu devagar.

— Porque se exaltar assim? No que estava pensando? Esta me ajudando enquanto esta doente?

— Não estava ajudando. Retrucou. _ Só estava dizendo a verdade.

— Você acredita que realmente não fui eu? Perguntou analisando seu rosto.

— Não me mandaria vir para a Fabrica se soubesse que isso ia acontecer. Ela respondeu convicta. _ Prometi a você. Vou te ajudar e te proteger. De alguma forma, ela conseguia enxergar a bondade dentro dele.  Edward a olhou e seus olhos pareciam demonstrar confiança, uma confiança que ele sabia que não merecia.

Eles se olharam em silencio por alguns instantes. Edward sentia um turbilhão de emoções que ele desconhecia ate o momento.

— Hoje você veio para me salvar não foi? Obrigada. Agradeceu realmente grata.

— Você me deixa tão... ele balançou a cabeça sem saber como concluir.

— O que vai fazer? Ela perguntou sorrindo. _ Você é tão fofo. Como faria algo de tão ruim assim? Ela brincou querendo quebrar a tensão.

— Quase enlouqueci vendo você assim hoje. Sussurrou. Ele a olhou. _ Não precisa agradecer. Mas por que esta me protegendo?  Tudo da errado quando estou com você. Minha vida ficou difícil por sua causa.

— Sinto muito... ela sussurrou.

— Sabe da importância do dia de hoje? Ele continuou como em monologo, soltando um longo suspiro. Sim. Ela sabia da importância do dia de hoje. Um leve sorriso nasceu nos lábios delas.

— Preciso sair um pouco, esta bem? Ele disse beijando sua mão. Isabella acenou concordando.

— Claro.

Edward deu uma ultima olhada para ele antes de sair.

Edward dirigiu sem rumo. Parou o carro quando percebeu onde estava. Toda a destruição do dia estava ali, algumas pessoas ainda recolhiam o que podiam. Ele pode ver a tristeza e a derrota nos ombros deles.

Respeito e dignidade. Era isso que estava sendo arrancado daquelas pessoas. Concluiu com pesar.

Irina entrou com passos firmes e pesados. Edward podia jurar que seu salto iria perfurar o piso de sua sala.

— Você ficou maluco? O que aconteceu para que sumisse daquela maneira ontem? Ela esbravejou.

— Tive um imprevisto. Ele respondeu após levar tomar um longo gole de café. Não havia conseguido dormir o que acarretou em aguda dor de cabeça.

— Imprevisto? É só isso que tem a dizer? Perguntou com incredulidade. Percebendo que ele não iria dar mais detalhes continuou em seu tom aborrecido. _ Que seja. Desta vez eu consegui te dar cobertura. Disse ao Presidente que você estava doente, por isso não pode recebê-lo e nem comparecer ao jantar. Edward acenou em silêncio fazendo a fúria dela aumentar.  _ É bom que apareça hoje. Ele está esperando que você o acompanhe para a Visita na Fábrica. Vamos fechar logo esta negociação, você parece precisar de novos ambientes. Disse e saiu da mesma forma que entrou.

Edward encarou a porta que ela bateu nervosa. Não podia culpa-la totalmente. Em todos os anos que trabalham juntos na Gold Partners nunca havia tido problemas com exceção de agora.

Levantando-se, pegou suas chaves e dirigiu para espairecer. A reunião com o Presidente da Gold Partners aconteceria em poucas horas, exatamente no mesmo horário da Reunião na Hermia para a eleição do novo Presidente. 

Parou em frente ao hospital. O doutor o olhou preocupado ao vê-lo ali.

— Edward. Algum problema? Perguntou se aproximando.

— Na verdade sim. Eu estou enfrentando o maior dilema de minha vida. Revelou sem rodeios. O médico acenou e com a mão indicou que caminhassem levando os para o jardim que ficava em frente ao hospital.

— O que aconteceu? Ele perguntou quando estavam sentados em um banco.

— Hoje eu preciso tomar uma importante decisão. Do tipo que vai mudar o rumo de minha vida totalmente. Não sei o que fazer. Admitiu em voz alta. _ Minha cabeça diz uma coisa, mas este coração diz outra. O que vou fazer doutor? 

— Precisa decidir qual caminho seguir. Edward o olhou. 

— Sei disso. Devolveu angustiado. _ Desde pequeno aprendi a viver assim. Meu estilo de vida me permitiu que eu me protegesse. Não olhar para os lados, não perceber quem estava ao meu redor. Focar em um objetivo e não parar até alcançar, fazendo o que fosse necessário para que isso acontecesse. Ele soltou um longo suspiro antes de continuar, aquela angustia consumia suas forças. _ Eu vivi anos acumulando ódio em meu coração e usando como combustível para as minhas ações, mas agora pela garota que faz o meu coração bater tenho vontade de me tornar alguém melhor, de proteger o que ela protege, de sonhar os sonhos dela e realiza-los. Finalizou olhando para o medico que o ouvia atentamente. _ Mas este não sou eu. É apenas um sintoma não é? Vai passar em algum momento. 

Percebendo o conflito interior em que o jovem paciente a sua frente estava, o medico se condoeu.

— Edward, vou confessar algo que talvez te faça pensar que eu sou um médico meio charlatão. Edward o olhou confuso. _ Eu acredito em Deus e acredito em milagres. Revelou com sinceridade. _ E eu acredito que este coração te escolheu.

— Doutor... Edward falou agoniado. Suas palavras não ajudavam.

— A situação agora é outra. O alvo de sua vingança se foi. Agora você tem coração novo, novas pessoas ao seu redor. Edward agora você tem um novo mundo. Você pode seguir em frente, mas precisa decidir que homem vai se tornar de agora em diante. Este coração é seu tanto quanto sua razão. Seja qual for a decisão que tomar, será totalmente sua. Você é livre. Disse a ele tocando seu ombro e orando internamente para que aquele jovem rapaz encontrasse o Caminho.

Edward precisou de um momento para absolver suas palavras. Mesmo agora enquanto Ricardo dirigia o carro que os levava para a reunião com o Presidente da Gold Partners ele não conseguia parar de pensar.  Recostando a cabeça sobre o encosto do banco e de olhos fechados, ele pode ouvir mais uma vez a voz do medico em sua mente. Este coração é seu tanto quanto sua razão. Você é livre. Precisa decidir que homem vai se tornar de agora em diante.

Edward abriu os olhos. Uma centelha queimava neles.

— Vamos voltar. Disse convicto percebendo que estavam bem próximos ao local de encontro com o Presidente.

— Como é? Ricardo perguntou o olhando com surpresa.

Edward o olhou.

— Vamos para a Hermia. Ele foi mais especifico. Ricardo levou um segundo para compreender suas palavras.

— Certo. Disse com um sorriso animado fazendo o retorno com o carro. Edward também sorriu ao perceber o apoio silencioso do amigo. Ricardo trabalhava com ele há anos. E mesmo Edward não sendo uma pessoa fácil na maioria das vezes, ele sempre esteve com ele. Pegou seu celular tomando as providências necessárias para sua decisão. 

Pela primeira vez, ele estaria no escuro. Refletiu por um momento. Sentia ansiedade, ate medo pelo desconhecido, mas não conseguia se arrepender de sua decisão.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que voces acharam? O coração de Edwrad foi amolecido?
Bjs meus amores. Ate a proxima.