Normandia escrita por Valdir Júnior


Capítulo 4
Contratempos




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França ocupada,  porto fluvial de Bénouville, 24 de maio de 1944. 08:30 hora local.

— Capitão, a coisa tá feia! – gritou “Bucky” Barnes.

Ele e Steve Rogers estavam protegidos atrás de um grande container enquanto tiros de fuzil e metralhadora ricocheteavam no chão de concreto e arrancavam lascas de madeira a poucos centímetros de suas cabeças.

— Precisamos sair daqui rápido! – respondeu o Capitão América, gritando também para poder ser ouvido acima do som dos disparos – somos um alvo fácil!

Perto deles, protegidos atrás de alguns tambores de óleo e caixotes e também sendo alvejados, encontravam-se os outros três membros do Comando Selvagem. Diana e o major Trevor estavam abrigados na parte traseira do o utilitário militar que os havia levado até lá.

Momentos antes o grupo chegara à entrada do pequeno porto fluvial no Canal de Caen à la Mer, vindo de uma das estradas vicinais que passavam por Bénouville, quando foram surpreendidos por uma guarnição de doze soldados da  Wehrmacht nazista, apoiada por um tanque panzer (1). Union Jack ainda tentou se afastar acelerando o veículo onde eles estavam, mas os alemães dispararam o canhão do tanque e o projétil atingiu o solo bem perto do pneu dianteiro esquerdo, inutilizando a roda. Eles conseguiram saltar rapidamente  do automóvel, mas ficaram encurralados sob fogo pesado.

Stoppen Sie zu schießen! (Parem de atirar!) – ordenou repentinamente o oficial que comandava o pelotão. Logo que os soldados suspenderam fogo, ele gritou, dirigindo-se em inglês aos comandos americanos - Vocês estão cercados e em menor número. Rendam-se.

Diana levantou-se ligeiramente do seu esconderijo, analisando a disposição da tropa nazista.

— Steve – disse ela para o major Trevor – nós não podemos ficar nesta posição passiva. Vou criar uma distração. Fique preparado para contra-atacar.

Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, a Mulher-Maravilha começou a dar a volta no veículo. 

O Capitão América sabia que o tempo de que disponham para chegar ao barco de resgate que esperava por eles no ponto de extração, a pouco mais de trezentos metros de onde se encontravam estava se esgotando rapidamente e por isso precisavam se desembaraçar com urgência da tropa nazista. Foi quando ele percebeu  que Diana  havia mudado de posição e apoiado as mãos na lateral do veículo. O major Trevor sinalizou com as mãos que eles aguardassem e ficassem atentos aos soldados.

— Minha paciência está se esgotando, americanos! – vociferou novamente o Oberleutnant nazista – saiam agora ou vamos...

Ele não conseguiu terminar a frase devido ao burburinho de exclamações de surpresa e incredulidade dos seus soldados, ao verem o automóvel que eles haviam atingido ser erguido do chão e arremessado na direção do tanque panzer. O veículo capotou três vezes antes de atingir o blindado e explodir, destruindo sua lagarta esquerda e o imobilizando.

Os soldados ficaram momentaneamente paralisados ao verem a mulher alta e de cabelos negros avançar ferozmente ao encontro deles partindo de onde antes estivera o carro destruído.

— Atirem! – ordenou o assustado oficial nazista ante a aproximação da amazona.

Porém neste momento o Capitão América também já havia entrado na luta e as ações dele foram rápidas e decisivas.

Saltando sobre o contêiner, Steve Rogers alcançou o grupo de cinco soldados que estavam mais próximos dele em uma velocidade impressionante. Os alemães ainda tentaram se defender, mas não tiveram a mínima chance. Os disparos das suas metralhadoras ricochetearam no indestrutível escudo estrelado do herói e quando ele os alcançou os próximos sons ouvidos foram os dos golpes, socos, ossos quebrados e gemidos abafados. O último a cair foi o Oberleutnant nazista, posto a nocaute sem vários dentes na boca e com o nariz quebrado.

“Buck” Barnes,  o Comando Selvagem e Steve Trevor também se reposicionaram, conseguindo alvejar o restante dos soldados da guarnição que ainda estavam armados. Toda a movimentação durara menos de cinco minutos e quando terminou não havia ficado sequer um alemão ainda de pé.

Muito bem – disse o Capitão América, olhando em volta  – vamos dar o fora daqui antes que...

Neste momento, porém, um sujeito enorme, com quase dois metros de altura e vestindo um uniforme da divisão panzer, provavelmente o piloto do tanque, saiu de trás do blindado segurando uma pistola Luger (2) apontada para eles.

— Nicht bewegen! (não se mexam!) – disse o alemão, assustado, olhando principalmente para o Capitão América.

Steve Roger segurou as alças do seu escudo com mais firmeza, preparando-se para arremessá-lo, mas isso não foi necessário.

— Deusas, não temos tempo para isso! – disse Diana quase entre os dentes, olhando irritada para o soldado e caminhando firmemente em direção a ele.  

 O nazista, surpreso e assustado, apontou-lhe a pistola e disparou. A Mulher-Maravilha simplesmente levantou o antebraço direito e desviou o projétil com o bracelete. E antes que o soldado pudesse tentar novamente atirar ela se aproximou, mudou rapidamente o apoio do corpo para a perna esquerda e deu-lhe um vigoroso chute com a direita entre suas pernas. O grandalhão bufou, engasgou, revirou os olhos e despencou de cara no chão, como uma árvore abatida, chegando a quicar. Depois se ouviu apenas os gemidos doloridos do sujeito, que parecia estar miando.

— Ui – resmungou Dum Dum se aproximando e recolhendo a arma do soldado – essa doeu até em mim. Os ovos do cara devem estar na garganta dele.

Union Jack deu uma gargalhada.

— Interessante esta sua técnica de defesa – disse o inglês.

— Quem bom que eu diverti vocês. – disse Diana séria -  Agora vamos sair daqui. Temos um barco para pegar.

 

 Referências do Capítulo:

(1) Panzer é uma abreviação de "Panzerkampfwagen", um substantivo do alemão que se pode traduzir como "veículo blindado de combate". Tornou-se sinônimo dos vários tipos de tanques de batalha alemães durante os anos 1930 e 1940. Panzers foram usados em ambos os organismos terrestres que compunham as forças armadas alemãs na Segunda Guerra Mundial: a Waffen SS e a Wehrmacht.

(2) A Luger P08 (Parabellum) foi uma antiga pistola fabricada na Alemanha muito popular durante a Segunda Guerra Mundial, sendo utilizada principalmente pela infantaria do Exército Alemão. Inicialmente utilizava calibre 7.65x21mm, que foi depois modificado para 9x19mm, utilizando o novo cartucho desenvolvido. Este conjugava perfeitamente precisão, velocidade e poder de parada. Estes seriam os dois únicos calibres empregados pela Luger ao longo de sua história.


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