Honra & Fúria - Interativa escrita por Thiago


Capítulo 9
Capitulo VIII




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775942/chapter/9

Ponta Tempestade

Robben Durrandon havia se isolado o máximo que pode naqueles dias, desde que tinha ancorado seu navio na Baia dos Naufrágios. Ele havia cumprimentado os pais e esteve presente na recepção da comitiva de sua irmã que tinha retornado do Jardim de Cima.

Porém, o segundo príncipe não queria receber as palavras de apoio e consolo dos lordes vassalos de seu pai. Afinal para ele todos aqueles rituais fúnebres deveriam ser algo discreto e familiar, como a maioria das famílias nobres fazia. Mas eles eram realeza, por conta disso que eles não tinham o privilégio de desfrutarem de um pouco de respeito em seu luto.

Ainda assim, Robben Durrandon não fugira daqueles com quem havia se esbarrado em Ponta Tempestade. Ainda que tivesse se mantido longe das atenções, não é como se tivesse negligenciado a sua família ou mesmo não houvesse se despedido de sua irmã. Havia sido chocante e revoltante saber a maneira como ela havia feito aquilo. A maneira como tinha ceifado a sua própria vida de maneira tão violenta, um simples salto e ela cairá para a morte.

Revoltava-lhe e ele sentia o seu sangue ferver em fúria. Tanto era sua revolta que suas mãos estavam com calos mais recentes, logo após sessões de pratica até a exaustão naquelas últimas semanas. Ocupar sua mente ajudava-o a lidar com a frustração e com suas falhas, além de fazê-lo preparar-se para o dia glorioso em que mataria Deryn Arryn.

Ele agora estava no cortejo fúnebre a sua irmã sendo que ele era um dos responsáveis por escoltar a carruagem que a levaria até o cemitério. Do outro lado, seu irmão mais velho seguia em silêncio e mais carrancudo do que era o usual. Ambos vestiam o mesmo manto negro em luto a Reyna.

Foi naquele momento em que chegaram ao cemitério de sua família, encontrava-se em uma dos desfiladeiros a beira mar no sentido oposto ao de Ponta Tempestade. Cerca de duas horas de cavalgada em um dia bom, o que era naquele caso. Era um verdadeiro insulto a memória de sua irmã que o céu encontrava-se tão belo. Uma mórbida ironia, porém ele tentava não pensar muito em algo tão simples.

A sua mente simplesmente estava divagando, talvez fosse o vinho que havia tomado antes de montar ou quem sabe fosse simplesmente seu esforço emocional tentando mantê-lo calmo. Ou simplesmente, ele por fim havia aceitado a perda e assim concluído o circulo de seu luto.

Eles desmontaram de seus cavalos e juntos pegaram a mortalha da irmã, acompanhados de mais quatro cavaleiros de honra que haviam se voluntariado para participarem das cerimonias fúnebres.  Sendo os seguintes voluntários: Sor Alden Estermont, Sor Orys Morrigen, Sor Gerold Selmy e Sor Lyonel Swann.

Após terem deixado os portões do castelo juntos, Robben tinha pensado como cada um daqueles jovens cavaleiros das Terras da Tempestade lhe parecia uma escolha mais adequada como prometidos de Reyna, nenhum deles quebraria o coração dela. Todos pareciam cumprir com os juramentos da cavalaria.

Os seis cavaleiros seguiram pelo caminho tortuoso enquanto carregavam o caixão da princesa, esculpido em madeira de carvalho negro. A frente do cortejo seguia o velho septão que servia ao septo real de Ponta Tempestade. O ancião vinha entoando os cânticos tradicionais para aquela ocasião desafortunada.

Por fim, chegaram à cova já previamente aberta e o caixão foi devidamente colocado ali a exatos sete palmos debaixo da terra. Cada um dos cavaleiros em negro se dispersou, sendo que ambos os príncipes seguiriam para juntos de seus pais e irmãs.

Robben colocou-se ao lado de Shireen, a sua irmãzinha caçula e colocou seu braço ao redor dos ombros da pequena. Sentiu seu pequeno e magro corpo se aconchegando junto do dele, sendo que como um bom irmão foi que ele a acolheu em um abraço reconfortante. Queria lhe sussurrar algumas palavras de apoio, porém a sua atenção foi desviada para outra pessoa em questão.

Foi o momento em que Florian Gardener dera um passo a frente e todos voltaram seus olhos para todos, em suas mãos havia um singelo buque de flores coloridas e discrepantes umas das outras. O jovem herdeiro de Jardim de Cima, pronunciou-se diante da família de sua noiva e lhes mostrou a oferenda antes de começar a proferir qualquer palavra.

— É uma tradição na Campina, que uma moça seja enterrada junto de sua flor favorita. Na esperança de que sua alma se acalente e se alegre com a companhia póstuma. Sei que as tradições das Terras das Tempestades são diferentes das minhas. Assim como sei que muitos de vocês me veem como um estrangeiro sulista. E isto é verdade. – disse Florian dirigindo-se a todos ali presentes – Mas com o meu casamento com Princesa Myra Durrandon se aproximando, devo confessar que meu apresso por suas pessoas cresce. Reyna era uma garota doce, eu não conheci o suficiente, mas ainda assim sua morte me impactou. Meu coração se compadece com o sofrimento da família de minha noiva. Da minha segunda família.

Robben sentiu por alguns momentos a vontade singela de ir até Florian Gardener e socá-lo. A tradição era bastante clara e distinta, três discursos deveriam ser feitos e apenas três pessoas estavam autorizadas a fazê-lo, sendo o pai, o marido ou um irmão e o filho.

Reyna havia falecido como uma donzela e dessa maneira as únicas pessoas que deveria estar se pronunciando eram o pai e a irmã deles, que havia pedido a permissão de Ian para dizer as palavras finais em seu lugar. Porém, o Rei Dorian Durrandon parecia não encontrar-se ofendido com a intromissão do agregado. Do contrário, teria o interrompido assim que começou.

Aquilo só não parecia o certo afinal o que Florian estava fazendo era algo que contrariava todas as crenças de seu povo sobre os rituais finais. Ele queria dizer que sua irmã não precisava daquelas estúpidas flores, que ela já tinha sua harpa para faze-lhe companhia no sétimo céu. A harpa branca feita de madeira de represeiro, a mesma que Robben tinha encomendado de um artesão em Porto Branco na primeira vez em que visitara o Norte.

— Tão jovem e tirada de nós tão cedo... – continuou Florian enquanto se ajoelhava em frente a sepultura aberta - Eu sei que posso estar sendo inoportuno, que não é a tradição de vocês... – Era como se o Príncipe da Campina estivesse adivinhando os pensamentos de Robben e provavelmente de outros nobres das Terras da Tempestade. - Que últimas palavras sejam ditas por alguém de fora da família. Mas ainda assim, eu me sentia inspirado a fazê-las. – Então depositou o buque de flores coloridas sobre o caixão negro. - Trago a Reyna, as mais belas flores que Jardim de Cima pode oferecer.

Robben por um momento percebeu que aquelas flores provavelmente tiveram que vir envasadas, era a única explicação para que não tivessem murchado e definhado desde que a comitiva do príncipe havia deixado Jardim de Cima.

O esforço e a dedicação eram bons, a intensão também teria sido boa em outra ocasião, porém a questão era que Robben sentia-se ofendido com tudo aquilo. Perguntou-se porque Myra não o havia impedido e tirado aquela ideia tola da cabeça de seu noivo.

— Eu não tinha conhecimento de qual delas seria sua favorita, mas tomei a liberdade de trazer cada uma delas para assim acalentar seu coração que sofreu tanto em vida. – continuou Florian - São as cores do arco-íris, iguais aos que eu vi enquanto vinha para cá em minha carruagem. Um deles que enfeitou o céu com suas cores após a terrível tempestade. – E então se afastou retornando para junto de seu tio, Sor Patrek Tarly.

— São belas palavras, Príncipe Florian. – manifestou-se Dorian Durrandon então retornando para a frente e tomando as atenções para si – Meu coração em dor lhe agradece pelo carinho e zelo prestado com a minha família. Sinta-se abraçado como um de meus filhos. – Em seguida voltou-se para seus vassalos e familiares que o rodeavam – Um pai não deveria passar pela dor da perda de um filho. Muitos aqui têm a consciência de como é doloroso e eu agora me uno a vocês em compadecimento. E agradeço por virem prestigiar a nossa despedida para Reyna.

Dorian então se voltou para a sepultura de sua filha e seus olhos pousaram na estátua esculpida em mármore negro que havia sido depositada ali. Uma representação não muito fiel da beleza de Reyna, sendo que isto valia ser salientado. Porém, Robben não poderia culpar o escultor afinal fora um trabalho feito às pressas.

— Eu me lembro de quando meus filhos nasceram. – contou Rei Dorian Durrandon - Me lembro de cada nascimento em que estive presente. Eu não pude estar presente no nascimento de Reyna, como muitos de vocês sabem. Eu estava fora em uma caçada, afinal eu estava comemorando o meu Dia do Nome. E desde que eu tinha idade, eu costumava comemorá-lo ao praticar um dos meus passatempos favoritos. Eu queria ter ficado em casa naquele dia, se eu soubesse... Eu teria ficado.  – ele virou-se para sua esposa – Queria ter ficado com você e estado lá para Reyna, porém isto é algo que irei me arrepender eternamente.

Robben sorriu para as palavras do pai, afinal era aquele o verdadeiro discurso que importava ser ouvido. Um homem que estava falando com o coração e compartilhando com as pessoas o seu amor para com sua família.

— Meu filho Ian na sapiência rara para um garoto de sete anos... – continuou Rei Dorian, então  apontando para seu herdeiro como se ninguém ali realmente soubesse de quem ele estava falando. – Pediu que eu fosse avisado assim que as contrações de sua mãe começaram. Quando eu retornei a Ponta Tempestade, minha esposa já havia trazido a esse mundo nossa primeira filha. Muitos pais, não amam os filhos na mesma intensidade que as filhas... Porém, eu sei que eu amei minha garotinha de todo o coração. E ela, foi o maior presente de Dia do Nome que eu poderia ter recebido. E nunca mais sai para caçar nessa data porque desde então, eu e Reyna comemorávamos esse dia juntos. Não era apenas o meu Dia do Nome. Agora era nosso, porém novamente torna-se apenas meu e isto parece tão errado.

Ele desviou os olhos da face da estatua de mármore e depositou ali, uma pena negra de corvo. Então ficou a fitando por alguns segundos parecendo tão imenso em pensamentos, porém Robben imaginava que ele estivesse dizendo suas palavras finais apenas para Reyna. Porque ninguém precisava ouvir. Ele então voltou seu olhar para todos.

— Nenhum pai quer passar por essa situação. – disse Rei Dorian - Nenhuma donzela deveria ceifar sua própria vida, porque teve seu coração partido. É simplesmente trágico que coisas assim aconteçam. E muito obrigado a todos por terem vindo mais uma vez, o apoio de vocês para com a minha família é o que eu preciso para me manter forte.

Então se retirou indo para junto de sua esposa, ambos ficaram lado a lado e Robben pode ver quando sua mãe entrelaçou os dedos com os de seu pai. Myra Durrandon aproximou-se da sepultura enquanto era seguida por Naia de Norvos, a mestre de música de Ponta Tempestade. A estrangeira trazia em mãos uma harpa dourada enquanto Myra tomava a frente e se dirigia os presentes.

O fim da tarde ia se esvaindo e assim o sol ia se pondo oeste, desaparecendo por detrás das colinas e florestas vertiginosas de carvalhos da região. Os guardas de Ponta Tempestade começaram a acender de tochas para que pudessem iluminar o cemitério. Logo um ar mais intimista a meia luz tomou o local.

— Sei que não é usual, mas eu não tenho um discurso para ser feito. – disse Myra e naquele momento Ian pareceu surpreso – As palavras que eu poderia dizer não são o suficientes além de que eu já me despedi de minha irmã em privado enquanto velava seu corpo no septo. O que eu trago aqui para a ocasião, nada mais é do que uma das canções favoritas de minha irmã. Reyna amava música, ao lado dela compusemos essa canção que para muitos é desconhecida. Porém, eu espero que apreciem.

Ela fez um sinal para Lady Naia que começou a dedilhar as cordas de sua harpa. Logo, um som melodioso se impôs de sua voz. Robben se sentiu arrepiar com o som daquela melodia e o entoar angelical de sua irmã.

 

Não importa o quão densa é a escuridão

Não importa o quão forte é a tempestade

Não importa a lua vermelha em sangue

 

A noite logo irá terminar

A noite logo irá terminar

 

Limpe a tristeza

Limpe as lágrimas

Cante o pesar de seu coração

 

A noite logo irá terminar

A noite logo irá terminar

 

Pois toda noite fica quieta

E toda lua fica azul

Além da escuridão, irá vir algo novo.

 

O sol nascerá em breve

O sol nascerá em breve

O sol nascerá em breve

 

Robben Durrandon pode escutar algumas pessoas fungando e ver alguns olhos lagrimejarem, mesmo pode ver Lady Ellyn Tarth e Lady Kari Estermont chorando sem nenhum pudor, ainda assim eram damas graciosas mesmo em meio às lágrimas. Ambas eram consoladas por seus irmãos.

Mesmo Florian havia derramado uma lágrima frente a apresentação de sua noiva e novamente Robben sentiu-se tentado em repreende-lo. Porém, dessa vez seria pela demonstração clara de fraqueza diante de olhos alheios. Robben Durrandon mesmo havia sido destroçado pela canção, ainda assim mantinha-se firme e forte em seu lugar.

Logo a sepultura foi fechada, a terra cobriu tudo e por fim haveria apenas um considerável amontoado de terra fofa por ali. A maioria das pessoas se dispersou e seguiu em direção aos seus respectivos caminhos, enquanto Robben aproximou-se para fitar a face de sua irmã na estátua.

— Não faz jus a ela – falou Ian aproximando-se do irmão – Eu sei, ela era mais bonita do que isto. Mas foi o melhor que o melhor escultor das Terras da Tempestade pode fazer. Ainda assim, ainda não é o bastante.

— Sim – disse Robben – Ela agora descansa ao lado de nossos avós e tio. Bem como ao lado de todos os nossos antepassados, porém ainda assim ela vive dentro de nós como uma parte que nunca vai nos deixar. Ao menos, é isto que as pessoas dizem não é verdade?

— Sim, isso é verdade. – respondeu Ian – Eu sei que é, mas a dor da perda por vezes sufoca as lembranças felizes que mantemos da pessoa. Chega a um ponto em que você simplesmente se acostuma e passa a não falar mais dela. Mas não deixar de pensar, como bem sabe.

— Sim, agora eu sei. – falou Robben depositando a mão sobre o ombro do irmão mais velho – Eu queria ter passado mais tempo com a Reyna. Três anos de diferença nos fizeram próximos um do outro. Mas a verdade é que eu sei que poderia ter sido um irmão melhor na infância.

— Você implicava muito com ela – respondeu Ian parecendo saudosista – A fazia chorar com as suas brincadeiras bobas. Mas vocês se entenderam quando ficaram mais velhos e ela sabia que você a amava.

— Daria tudo para retornar anos atrás e dar uns bons tabefes no moleque tolo que eu fui – disse Robben – Eu era terrível com ela, mas mesmo assim... – Ele fez uma pausa - Ela nunca se vingou de mim. Myra por outro lado... – Ele pode notar um fantasma de um sorriso brilhar nos lábios de seu irmão, porém viu-o se conter. Afinal, Ian parecia ter desaprendido a sorrir desde a morte de sua filha. – Você viu o florzinha, não? Tenho pena daquele pobre garoto que terá que desposar nossa irmã.

— Ele é o noivo certo para a garota errada – observou Ian encarando a estátua da irmã – Teria sido diferente se nosso pai houvesse oferecido a mão de Myra para o Ninho da Águia. Pelo que bem sei, nossa irmã teria se livrado daquela dama de companhia rapidamente.

— Atirando-a da Porta da Lua – disse Robben enquanto pegava seu cantil e arrancava a tampa com os dentes – Não duvido muito. – Ele deu um gole generoso de vinho em seguida ofereceu-o ao irmão.

— Não. Obrigado.  –  respondeu Ian enquanto via o irmão dando mais uma golada longa. Então, voltando o seu olhar para a estátua da irmã, enquanto deslizava os dedos pela face de pedra. - Eu a encontrei, você deve saber... Tê-la em meus braços, foi como se eu relembrasse tudo o que aconteceu no passado. Uma parte a mais de mim morreu com a nossa irmã... E eu sinto que cada vez mais deixo de ser quem eu sou. 

— Você pelo menos terá boas histórias para se recordar dela. Eu tenho algumas, mas não são suficientes. Deveria ter passado mais tempo em casa... – disse Robben – Com a Reyna. Sido mais presente para ela e quem sabe assim eu não me sentiria tão estranho. É como se eu tivesse falhado com a nossa irmã.

— Você não falhou – disse Ian – O que você está sentindo é o pesar do luto. Por mais que tenha perdido nosso avô e o nosso tio, não é como se não estivéssemos preparados para isso. Estamos falando de nossa irmã. Da menininha que costumava chorar quando você se machucava ou que te defendia quando papai te repreendia.

— Ela chegou a mentir por mim uma vez – falou Robben – Para me proteger. E ela nunca foi tão corajosa quanto naquele momento. Nossa irmã... – Ele fungou um pouco - Reyna era uma benção em nossas vidas. Nós nunca veremos alguém como Reyna Durrandon.

— Nunca – respondeu Ian depositando a mão no ombro do irmão – Estou feliz em vê-lo, irmão. Saber que retornou para casa, para que pudêssemos estar todos reunidos nesse momento de dor. Obrigado por ter vindo. 

— Eu também, meu irmão. Eu não poderia me perdoar se não retornasse para Ponta Tempestade para junto de vocês... Para o lado dela uma última vez que seja. – disse Robben. E sem dizer nada, ambos compartilharam um abraço diante dos olhos vazios da estátua sepulcral de Reyna Durrandon.

Eles permaneceram ali por alguns minutos, com Robben sentiu-se como um garoto novamente enquanto abraçava o seu irmão. Ambos agora eram homens feitos cada um com os seus quase dois metros de altura. 

Robben sentiu-se abalado demais, sendo que pela primeira vez em muito tempo deixou-se desabar nos braços do irmão. E as lágrimas que não havia derrubado desde que pusera os pés em Ponta Tempestade, finalmente vieram.

— Esse deve ser os efeitos do vinho – riu Robben tristemente – Eu não deveria estar chorando assim na sua frente. O que você vai pensar do seu irmão mais novo? Que ele é só um garotinho chorão.

— Você nunca foi um garotinho chorão – disse Ian – Você geralmente fazia outros garotinhos chorarem. E eu tinha que te proteger para que eles não machucassem o meu irmãozinho magrelo de boca grande. – Ele fez um carinho fraternal nos cabelos do irmão – Então, eu estou estou aqui para você. Eu sei o quão forte se tornou ao longo dos anos, meu irmão. Você provou a todos nós do que é capaz na última guerra. 

— Eu irei matá-lo – prometeu Robben encarando o irmão nos olhos – Eu irei matar Deryn Arryn, o Desonrado. Arrancarei o seu coração ainda pulsando de seu peito. 

— Sim, você irá. – disse Ian firmemente – Eu deixarei que você maneje sua espada. – Ele agora encarava o irmão nos olhos e pegando seu rosto com o seu foi que uniu as testas um do outro - Tem a minha benção para tal feito. Eu não desejo a vingança, eu desejo a justiça... 

— Justiça? Não, justiça apenas os sete deuses podem conceder para aquele quebrador de promessas - disse Robben enquanto se afastava do irmão e limpava os vestigios de lágrimas de seu rosto - Justiça? Não, ele está longe de merecer algo assim. O que nós buscamos, é vingança. 

— Não, eu irei julgá-lo diante de nossos homens. - disse Ian - E então, você será a minha espada. Eu o julgarei e você o executará, diante dos deuses eu faço essa promessa a ti, meu irmão. Apenas aguarde para que estejamos juntos nesse momento. 

— Você quer deliciar-se com a morte daquele principezinho? Quer me ver sujando minhas lâminas com o sangue nobre dele enquanto você dá a última palavra? - disse Robben enquanto sorria - Oh, meu irmão. Você realmente quer me fazer a acreditar que não irá se ver feliz em condenar aquele homem a morte? 

— Apenas faremos justiça pela nossa irmã que se foi - disse Ian. 

— Não, você não está em busca de justiça - respondeu Robben - Mas se quer continuar mentindo para si mesmo enquanto cumpre a nossa vingança, que seja. Se isso te fará dormir melhor a noite, por mim tudo bem. 

— Você irá mantê-lo vivo caso o encontre e só irá matá-lo em minha presença? - questionou Ian - E caso eu o encontre, eu irei fazê-lo meu prisioneiro enquanto aguardo para que você se junte a mim. 

— E caso um de nós morra? Caso eu acabe morrendo, você não terá o seu executor... Então, fará você mesmo o serviço sujo? - questionou Robben - Você irá matá-lo com suas próprias mãos? - Ele voltou-se para encarar o mais velho - Sujará seu martelo com sangue real? 

— Se necessário sim - disse Ian - Se eu encontrar com ele em batalha e tivermos de nos enfrentar também. Eu não sei se posso prometer que eu irei poupa-lo durante a batalha. Você sabe que eu perco o meu controle as vezes quando começo... - Ele fez uma pausa - a esmagar pessoas com o meu martelo. 

Robben deu um meio sorriso enquanto bebia um gole a mais de seu vinho. Sim, Ian tinha um lado obscuro em seu coração que o fazia por vezes perder a consciência e ser dominado pela raiva que reprimia em seu interior.

As pessoas contavam as histórias dele durante as batalhas, de como ele esmagara cabeças de cavaleiros dentro de seus elmos com marteladas fortes e como havia aberto grandes rombos nos peitorais de soldados de infrondaria. Havia sido um erro que Ian tivesse ido para a guerra poucas semanas depois de ter perdido sua esposa e filha.

Isso poderia ter o matado caso ele tivesse se entregado ao luto ou o fortalecido para que lutasse para sobreviver. Seu irmão, havia conseguido desviar toda a sua raiva para as batalhas e tornou-se assim uma força da natureza destrutiva. 

— Nesse caso, guarde os restos quando terminar - falou Robben - Quero mijar sobre o cadaver podre daquele defunto. Você não pode me negar esse prazer, não é? - Riu. 

— Mas a promessa se mantém - disse Ian - Se você o capturar com vida então espere por mim que eu farei o mesmo. Teremos que dar ao homem um julgamento para que sua morte seja justa e honesta. E não seja vista como a morte de um prisioneiro. 

— Você ainda me culpa pelo que aconteceu - respondeu Robben.

— Aquilo foi desnecessário, Robb. - disse Ian - Você poderia tê-lo poupado e o trazido de volta para seu acampamento. Teria nos feito com que muitos problemas futuros não tivessem acontecido. 

— Eu mirei na perna dele - disse Robben - Não tenho culpa se o infeliz me atacou quando eu me aproximei para recapturá-lo. Agi por instinto e então coloquei um fim naquele infeliz. 

— Não adianta conversar com você, não é? - disse Ian - Você não entende que pós fim a um prisioneiro valioso. Nosso pai poderia ter vencido a guerra ali se não fosse por você. 

— Eu não me arrependo de nada - disse Robben - E se você quer saber? Eu não tinha motivos para esconder essa morte de ninguém. Eu queria que as pessoas soubessem que eu matei Harrold. Mas para proteger essa estúpida promessa de casamento, eu me mantive calado. 

— Era o minimo que você poderia fazer - respondeu Ian.

— Claro, aqui estamos nós de novo - disse Robben - Discutindo mesmo do lado do túmulo da nossa irmã. Você sempre vai me dizer onde errei e como deveria agir. Mas você não entende que não é o rei ainda. 

— Eu não quero brigar - respondeu Ian suspirando enquanto passava as mãos pelos cabelos - Não hoje. Eu quero me acertar com você, Robb. Você não entende que nós podemos nunca mais nos reencontrarmos no momento em que partirmos para a guerra? 

— É, você tem razão. - disse Robben - Só, tente não ser tão babaca comigo que eu não serei um escroto com você. Deixe o passado onde está, porque não importa mais os erros que eu cometi. Você acha que meu arrependimento conta para alguma coisa? Não, assim como as minhas desculpas também não contam.

— Se você pensa assim - respondeu Ian - Não vou contrariá-lo, mas por favor não vá cometer nenhum erro nessa guerra. Da última vez, nosso pai conseguiu calar e impedir que as circunstâncias da morte do príncipe se espalhassem. Do contrário, provavelmente ele teria de deserdá-lo para agradar o Rei Arryn. 

 - Eu não vou te prometer nada - disse Robben - Porém, farei o meu melhor para não fazer nada que possa me causar dor de cabeça com você ou nosso pai. Já me bastam as que tenho por conta das ressacas, então ter alguém para me relembrar das merdas que faço certamente é algo que acaba com o meu dia mais ainda. 

...

Uma chuva fina e fria caía naquela noite, deixando os muros e muralhas do castelo cobertos por um véu de névoa característico. A Rainha Eylinor Morrigen encontrava-se no interior da carruagem ao lado de sua filha, Myra Durrandon. A princesa fitava o momento em que se aproximavam dos portões de Ponta Tempestade.

A carruagem fez o seu lento caminho descendo a estrada pedregosa que dividia a Mata de Chuva. Dois guardas montavam a frente deles, cavaleiros vestindo armaduras em cavalos robustos. Ambos igualmente portavam os estandartes da Casa Durrandon. Os cervos negros em fundo amarelo se encontravam encharcados nas lanças que os cavaleiros carregavam encostadas em seus ombros.

Atrás da carruagem real, vinha o restante do cortejo fúnebre composto por mais seis carruagens e dezenas de cavaleiros montados. Elas haviam se sentado de frente uma para a outra, permanecendo em um silêncio meticuloso.

 - Shireen deveria estar aqui dentro conosco – falou Myra – Está garoando lá fora. Ela pode ficar doente e nós não queremos isto por agora, não? O estado emocional dela pode piorar as coisas e fazer com que... - porém, ela foi interrompida pela mãe. 

— Seu pai queria passar um tempo com sua irmã mais nova – respondeu Eylinor – E ele sabe que em um momento como este é importante que um rei demonstre aos seus vassalos do que é capaz. Ser forte como a tempestade. É o que ele tem que aparentar ser.

— Como tem que ser - disse Myra sorrindo tristemente - Meu pai é um exemplo de homem para ser admirado e exaltado. A coroa lhe cai bem e ninguém pode negar isso. Ele conquistou as pessoas em tão pouco tempo de reinado. 

— Porém, ele ainda continua pensando como um pai. E assim, ele esta trazendo sua irmã para o seu amparo. - falou Eylinor - Recordo-me de quão decepcionado ele ficou ao perceber que eu estava dando a luz a uma terceira menina. – Ela serviu-se de vinho e em seguida estendeu outra taça a filha.

— Ele ama Shireen – respondeu Myra – Pode não passar tanto tempo ao lado dela, mas ainda assim eu não o vejo como um pai ruim. – Ela ajeitou os cabelos e sua postura - Para nenhum de nós. Sempre soube guardar um tempo para a família.

— Sim, o Dia do Pai. – respondeu Eylinor - É o dia na semana que seu pai reserva para passar ao lado de vocês. O quão generoso e atencioso, não é mesmo?  Querida, por favor. – ela riu - Homens de maneira geral... – Ela suspirou compadecida - Preferem herdeiros varões, como bem sabe. Mesmo os camponeses preferem filhos no lugar de filhas, porque são braços fortes para ajudar na colheita e na lida diária. Seu pai queria mais garotos, por conta disso tentei até quando pude lhe garantir que a sua descendência estava assegurada.

— Você fez a sua parte, minha mãe. – disse Myra – Nós somos o legado de nossa família. Eu quero dizer, meus irmãos são este legado. Infelizmente, a vida não é justa e eu serei apenas aquela que trouxe uma aliança entre a Campina e as Terras da Tempestade. 

Ela tentava ser modesta, afinal não queria demonstrar o quão orgulhosa estava de sua posição. A rainha de um reino vizinho, um posto bastante decente para si e certamente de extrema importância para o futuro reinado de seu irmão. 

— Dois meninos e uma sequência de garotas... – falou Eylinor ignorando as últimas palavras da filha, certamente já estivera tão acostumada com os truques dela que não se importava muito em demonstrar qualquer especie de compaixão ou comparecência. – Acredite, Myra... Quando lhe digo que ele nunca superou completamente.

— Ainda assim, você não deveria se sentir mal por isto... - falou Myra - Nosso pai nunca demonstrou qualquer especie de receio para comigo ou as minhas irmãs. 

— Sua irmãzinha, não estava em nossos planos até porque decidimos que depois de você não teríamos mais filhos. - respondeu Eylinor enquanto agitava o vinho em sua taça - Porém, isso serviu para que eu constatasse o meu status de rainha, você vê? Filhos notavelmente belos e saudáveis, cinco gestações tranquilas sem muitos problemas.

— Eu não entendo aonde essa conversa quer chegar, mamãe. – disse Myra se fazendo de desentendida. Ela entendia aonde sua mãe queria chegar com tudo aquilo. Só não queria admitir para si mesma o que estava perto de acontecer. Sobre o sermão que receberia de sua mãe, como previu no momento em que decifrou aquele olhar dela lhe encarando durante o discurso de Florian. – Não compreendo o que suas palavras querem dizer.

— Oh, realmente? – falou Eylinor – Bem, vejamos. Uma das razões pelas quais provavelmente a Campina voltou seus olhos para nós quando quiseram uma princesa para seu herdeiro... – Ela deu uma golada de vinho – Eu sei que você não está feliz com o seu casamento eminente com Florian Gardener. Porém, você fará sua parte. Irá se casar com esse rapaz sonso e lhe garantirá que sua linhagem prevaleça bem como a aliança de nossos dois reinos.

— Sim, eu sei dos meus deveres. – respondeu Myra Durrandon com aspereza – Eu sei, o que deve ser feito. Minha irmã também sabia, mas deixou seu coração envolver-se romanticamente com o herdeiro do Ninho da Águia. Não cometerei o mesmo erro. – Ao que a garota recebeu um tabefe estalado vindo da mãe. Por alguns segundos a garota perdeu a fala frente ao inesperado ato. – Mma... Mãe?

— Você não vai insultar a memória de sua irmã – disse Eylinor com seriedade enquanto massageava a palma de sua mão agora tremula – Não mais. Eu posso ter errado na criação de Reyna, mas ainda assim você saiu-se melhor do que ela não lhe dá o direito de sobrepor-se pedante sobre ela.

— Não era a minha intensão, senhora. – respondeu Myra enquanto fitava o chão da carruagem e sentia seu rosto queimar na área em que havia sido atingida – Eu não queria parecer prepotente. – Ela com a mão livre, limpou os olhos que começavam a marejar.

— Não, mas você é... – falou Eylinor enquanto erguia o rosto da filha pegando-lhe pelo queixo e fazendo assim que ambas tivessem contato visual uma com a outra. – Eu sei que você sempre se sentiu rebaixada por sua irmã... - Ela analisava o rosto da filha como se procurava qualquer vestígio de corte ou ferimento em sua pele alva - Ela era a mais velha que você então zelava por um status melhor. Você lutou e conseguiu ser notada e vista. Eu te admiro por isso, Myra. Você provou-se ser minha filha mesmo. Ser sangue do meu sangue.

— Obrigada, mamãe. – disse Myra – Eu fiz o que pude para...

— Eu não te dei autorização para falar. – cortou Eylinor ao que a garota calou-se. Então, ela soltara o rosto da princesa e agora fazia um carinho na face antes atingida pela agressão. – Quero dizer, você e eu somos iguais. Olha para mim, acha que eu cheguei aqui por que meu pai tinha alguma grande influencia ou ambição?

— Meus avôs eram melhores amigos – respondeu Myra – Todos sempre ouviram falar de como Argos Durrandon e Robert Morrigen lutaram juntos na guerra contra os dorneses. Uma amizade nascida no calor das batalhas das Montanhas Vermelhas...

— Tolice – disse Eylinor – Argos teria casado Dorian com alguma das garotas da Casa Connington. Eram os planos mais certos de acontecerem. Porém, eu cheguei até meu pai e fiz minha parte. – Ela serviu-se de mais vinho - Porque eu soube jogar conforme as cartas que eu tinha. Fui enviada para a corte e provei-me a donzela mais competente para desposar o príncipe herdeiro. Convencer o meu pai de que o único destino que a filha dele merecia era de ser rainha um dia.

— Eu sei aonde isso quer chegar, minha mãe. – falou Myra recobrando sua compostura antes abalada – Perdão se eu falhei com a senhora de alguma forma. Eu tenho tentado fazer a minha parte em cumprir o meu compromisso.

— Mesmo? Não me iluda com sua falsa obediência, minha querida. – disse Eylinor – Essa dissimulação e visão comportada. Não apagam seu menosprezo por sua irmã e as desculpas que se seguiram. O pior de tudo, é que isso nem ao menos foi usada da maneira correta. Você deve sempre proteger a sua família e estar ao lado dela para o bem ou para o mal.

— Eu sinto muito se soei que estava ofendendo-a – disse Myra – Estava apenas expondo minha opinião. Terei mais cuidado com as minhas palavras de agora em diante, minha mãe. Prometo-lhe que isso não tornará a se repetir.

— Eu sei que apesar de tudo, você amava Reyna. – respondeu Eylinor – Assim como ama os seus outros irmãos. Mas a verdade precisa ser dita, minha querida. Por mais que as vezes você possa não concordar com as decisões que eles tomam, você tem que deixa-los trilhar seu próprio caminho. E caso eles cometam um erro, não venha tripudiar sobre eles.

— Fala como se a Reyna não tivesse... – disse Myra – Ela estaria melhor se estivesse no Ninho da Águia? Se estivesse perto o suficiente para poder conquistar o seu posto ao lado de Deryn Arryn? Eu não sei, mamãe. Eu tenho pensado que talvez devêssemos ter intercedido a favor dela.

— Sua irmã era uma garota sensível. A perda da sobrinha lhe atingiu de uma maneira que não esperávamos. – falou Eylinor – Enviá-la para longe de casa poderia acabar piorando seu emocional.

— Eu também sofri pela perda - disse Myra - Elenei também era a minha sobrinha. Eu também chorei quando ela se foi e estive ao lado de Ian tanto quanto Reyna.

— Não da mesma maneira - disse Eylinor - Não na mesma intensidade.

— Ainda assim, a senhora não respondeu a minha pergunta. - respondeu Myra - Sobre a Reyna no Ninho da Águia. Por que isto nunca aconteceu? 

— O seu pai nunca confiou completamente nos nossos vizinhos. - respondeu Eylinor - Ele temia que mesmo sendo uma hóspede abaixo do teto deles, Reyna poderia correr algum perigo. Lembre-se que Harry Arryn falecera em confronto contra os soldados de seus irmãos enquanto tentava ser recapturado após uma fuga. Uma filha por um filho... – Ela tomou mais um gole de vinho - Este era o temor de seu pai.

— Mamãe... – falou Myra – A senhora tem alguma coisa haver com a decisão de meu pai em propor a paz e trégua dentre os reinos através dessa união. Ou minhas suspeitas estão discrepantes?

— Eu dei a luz a três filhas – respondeu Eylinor – E eu prometi a mim mesma que me esforçaria para dar uma coroa para cada uma delas. E com isto, eu pretendo consolidar alianças vantajosas para o nosso reino. Alianças comerciais e marciais, eu quero que as Terras da Tempestade prosperem e assegurar que o reinado de seu irmão seja promissor.

— A senhora foi bem atenciosa em pensar em cada um de nós – disse Myra de maneira displicente e educada – São sonhos muito altos, minha mãe. Uma aliança se foi, mas a outra permanece.

 - Sim, realmente permanece. – respondeu Eylinor – Mas isso não depende só de mim. – Ela girava o vinho dentro de seu cálice – Você vê? – Ela então estenderia a mão livre para a sua filha e pegaria a dela junto da sua - Eu só quero o melhor para vocês...

— Eu só tenho a agradecer a senhora por isto – disse Myra.

— Então, me agradeça sabendo jogar. – disse Eylinor – Você não suporta o fato de que esta longe de sua casa e isso se reflete na maneira como tem sido invasiva no tratamento com o seu noivo. Eu sei que não o ama, mas sejamos sinceras e verdadeiras aqui... Amor é para plebeus. E o amor dentre nobres apenas se dá com aqueles que têm o nosso mesmo sangue e por vezes nem isso é um atestado comprovado de que seremos amados.

— A senhora está dizendo que eu preciso mudar meu jeito com o Florian? – disse Myra – Como eu deveria fazer isto, minha mãe? Ele é tão diferente do restante dos garotos com os quais convivi durante a minha vida toda? Mais novo do que eu... – ela ressaltou - Mais emocional do que eu.

— Bem, eu não posso segurar sua mão para sempre – respondeu Eylinor – Apenas quero que saiba que é o seu dever como princesa assegurar essa aliança com a Campina. Sem o apoio deles, as nossas chances nessa guerra são um pouco menores do que o esperado. Devemos nos manter próximos de nossos aliados mais leais.

— E o que a senhora está sugerindo nesse caso, minha mãe? – perguntou Myra, porém já suspeitava da resposta que iria obter. Ela então estendeu o seu cálice até então vazio e sua mãe lhe serviu.

— Vocês se casarão antes do previsto. – disse Eylinor – E você irá garantir ao Jardim de Cima um novo herdeiro. Já que eles tão prontamente estão enviando o deles para lutar em uma guerra que não tem nada haver. Uma prova de lealdade por outra.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!