Double Trouble escrita por Carol McGarrett


Capítulo 18
Capítulo 18 – Final de semana em família? Sim e não...


Notas iniciais do capítulo

E chegamos ao último capítulo...
Esse aqui é a famosa água com açúcar. Literalmente o final de novela onde todos estão felizes e tem uma festa para acontecer.
Sério...



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Domingo de manhã. Depois da semana que tivemos nada melhor do que curtir a família, descansando até tarde. Fazia muito tempo que eu não dormia até depois das oito da manhã, mesmo em um domingo. E a sensação de poder ficar na cama até esse horário era revigorante.

As duas noites depois que resgatamos Elena, foram, no mínimo diferentes. Jack, que se culpava por não ter resgatado a irmã na hora do incêndio, ficou extremamente protetor com ela. Elena por sua vez, não queria saber de sair do nosso lado. Então tivemos que improvisar. E o improviso resultou com todo mundo dormindo no chão da sala de TV. Mas até que não foi ruim.

Então, estávamos lá, tentando decidir o que íamos fazer durante o domingo, e a opção vários nadas, sugerida por Jack estava ganhando, quando a campainha tocou.

— Quem é a essa hora da manhã? – Jack perguntou aborrecido.

— Não, sei. – Aaron respondeu ao filho, mas não fez menção nenhuma de levantar.

— Deixa tocar – eu disse. – Daqui a pouco vão embora.

Mas não foram. E dessa vez tocaram com mais força.

— Por Deus! Será que quem está tocando essa campainha, a essa hora da manhã de domingo, não tem nada melhor para fazer não?

 - Calma, mãe. – Jack me disse. – Devem ser escoteiras vendendo biscoitos.

Foi aí que Elena se manifestou:

— Tá vendo porque não sou escoteira! Acordar cedo em um domingo para sair vendendo biscoitos E acordando pessoas alheias não é comigo!

— Ainda bem, senão você tomaria muito balde de água gelada na cabeça quando fizesse isso! – Jack brincou com a irmã.

 E a pessoa era insistente. E nós ignorávamos como podíamos. Até que escutamos uma voz:

Emilinda e BossMan eu sei que vocês estão em casa! O carro de vocês está aqui fora. Será que podem abrir a porta. Ainda tá fazendo muito frio!

Penelope estava lá fora. E com certeza não era única.

— Eu não saí de casa a essa hora em um domingo para ser ignorado por aqui. Nós também temos direitos sobre a Elena e viemos reivindicá-los. – Derek continuou.

— Lá se vai nosso domingo atoa fugindo pela janela. – Aaron disse.

— Estamos indo. – Gritei em direção à porta. – Vamos ter que nos arrumar em tempo recorde.

Em cinco minutos estávamos aceitáveis para abrir uma porta e quando o fizemos, uma população de uma pequena cidade invadiu a nossa sala de estar.

Penelope, Derek, JJ, Will, Henry, Michael, Rossi, Spencer e a namorada (!!) foram entrando e se acomodando em frente à lareira.

— Me pergunto quando a primavera vai chegar? – Penelope disse esticando as mãos em direção ao fogo.

— Espero que não demore – JJ falou. –Já estou cansada de sentir frio.

— Eu também. – A então desconhecida namorada de Spencer disse. – Não gosto de ficar encolhida o dia inteiro.

Notei que Elena olhava para a garota com um ar de extrema curiosidade, e, se deixássemos, ela iria fazer da vida da pobre moça um inferno.

Aaron, notando a mesma coisa, chegou perto dela e somente a avisou:

— A senhorita esteve de castigo por algo mais ou menos assim. Não se atreva a constranger a moca, ou vai voltar para o castigo, me entendeu?

 -Alto e claro, papai. Eu só ia perguntar o nome dela! – Minha bebê respondeu.

— Elena, eu não nasci ontem.

— Prometo ficar quieta. Está bem? – Ela disse com um muxoxo.

— E então, Reid, não vai nos apresentar a sua misteriosa, namorada? – Derek trocou o foco do assunto.

— Pessoal, essa é a Maeve. Maeve essa é a minha família. E aquela garotinha ali, você deve manter distância, pois ela morde! – Ele brincou.

— Tio Spenc!! Eu não mordo, Maeve!! Só sou curiosa. E, leva em consideração que ele demorou muito para te apresentar!

A moça ficou um pouco corada, mas levou o discurso de Elena na brincadeira.

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Não é a primeira vez que a equipe invade a nossa casa, mas hoje era como se estivessem comemorando uma data especial. Talvez seria um outro aniversário para Elena, afinal, teve uma hora que acabamos por perder as esperanças de que ela voltaria para nós.

A parte da manhã foi relativamente tranquila, todos se concentraram em interrogar Maeve. Foram tantas perguntas e sobre tantos assuntos que todos chegaram à mesma conclusão. Eles são um casal perfeito.

Então veio o almoço. Dave resolveu cozinhar. Disse que iria preparar sua receita secreta, pois a ocasião pedia algo especial. Mas para isso, ele disse que precisava de uma ajudante e carregou Elena para a cozinha.

— Não quero nem ver a bagunça que essa cozinha vai ficar! – Emily, ao meu lado resmungou.

— Qualquer coisa podemos colocar a Elena para limpar.

— E você, Aaron Hotchner, acha que a princesinha do papai vai limpar? Com certeza ela vai barganhar com alguém para se livrar da cozinha!

— Bem ao estilo da mãe dela – disse ao ouvido de Emily.

Foi aí que escutamos a bagunça.

— Mas tio Dave.... por que eu?

— Porque vamos fazer uma receita especial e só você pode saber a receita.

— E o que vai ser? – Era clara a curiosidade no tom de voz de Elena.

— Você não herdou nenhum pouco de paciência não, menina?!

— Sua culpa! – Emily me acusou.

— Não, é sua herança, Em. Aceite.

Meia hora depois todos foram aceitos na sala de jantar. E, bem, ninguém esperava por aquilo...

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— Tio Dave, o senhor é um gênio!!!! Vai ser a primeira vez que eu vou ter pizza no almoço!

— Então vá lá e comece a preparar a mesa!

Foi exatamente o que fiz, transformei nossa sala de jantar em um típico restaurante italiano. Com toalha xadrez em vermelho e branco. Guardanapos verdes e taças de vinho – que na verdade era suco, pois tem muita criança aqui!

Tio Dave colocou um chapéu de Chef e eu estava devidamente vestida de garçonete. Com uma saia verde, camisa branca e um avental vermelho.

Quando chamamos, foi legal ver a reação de cada um!

Benvenuti nel nostro umile ristorante[1]!— Eu cumprimentei a todos.

— Nossa! Eu amei isso aqui!! – Tia Pen foi a primeira a se manifestar.

Signorina Garcia...

— Haha, eu vou amar isso! Vai ser com certeza um domingo diferente! – Ela disse feliz enquanto eu a mostrava o seu lugar à mesa.

Acomodei todos em seus respectivos lugares e fiz a apresentação do menu. Tínhamos pizzas de vários sabores, inclusive doces!

— Era essa a receita especial que você ia fazer, Rossi? – Mamãe gritou em direção à cozinha...

— Hoje não é sobre a receita, Emily. – Tio Dave disse, saindo da cozinha em sua roupa de chef. – É sobre estarmos todos aqui, fazendo algo diferente do que estamos acostumados.

— Dave tem razão. – Tia JJ disse. – Vamos brindar a isso, então!

— Sim! – Tio Spenc disse.

— A todos nós. Por mais essa oportunidade de estarmos juntos, como uma família! – Tio Dave disse.

— A todos nós! – Falamos ao mesmo tempo.

E o resto do domingo foi entre pizzas, risadas, piadas, um pouquinho de implicância com Tio Spenc e Maeve, e, claro, sorvete! Porque é muito difícil existir no mundo, um soverte como o típico gelato italiano.

Quando ficou tarde, muito tarde, todos tiveram que partir, mas fizemos uma promessa. Pelo menos uma vez ao mês iríamos comemorar a nossa família.

E a próxima parada seria... claramente a mansão de tio Dave!!!

— Mas vamos combinar só mais uma coisa? – Tio Derek disse.

— O que, Morgan? – Tia JJ o olhou curiosa.

— Nada de acordar ninguém às oito da manhã... podemos começar mais tarde!

— Falou tudo, tio!! Eu concordo!

— Se a pestinha aqui concorda comigo.... Nunca mais será às oito! – Ele me pegou e me jogou em seu ombro esquerdo.

— Onde eu descarto esse lixo aqui, BabyGirl? – Ele falou enquanto me fazia cosquinhas...

— Ahn... não sei... será que ainda cabe devolução, por mercadoria com defeito? – Tia Pen falou...

— Essa aqui já venceu o prazo de validade. – Ele foi sucinto...

— Então devolve aos remetentes... não deve valer para mais nada!! - Tia Pen disse entre risadas.

— Então é assim?! Seus vira-folhas!!! – Eu protestei enquanto tentava descer dos ombros do tio.

—  Sempre foi... tampinha.

— Derek Morgan! Como ousa?! – Eu o xinguei.

— E olha só, ela sabe xingar também! – Tia Pen disse. – E eu tenho uma ideia melhor, que tal a descartamos na rodoviária? Talvez alguém leve!

— Mas olha o absurdo!! – Eu tentava me soltar.

— Eu tive uma ideia melhor, mama. Que tal fazer isso aqui? – E tio D me jogou diretamente... dentro da piscina....

— Derek! – Ouvi mamãe gritar com raiva. – Isso não é hora de banho de piscina! Sai logo daí, Elena!

Com muita dificuldade eu consegui sair de dentro daquela piscina gelada. Mamãe me entregou uma toalha e me mandou direto para o chuveiro. Antes que eu entrasse ainda escutei ela ralhando com o tio D:

— Se ela ficar doente, Derek, eu vou mandá-la para a sua casa para que você cuide dela!

Era, simplesmente, mais um dia normal na minha família, ou eu deveria dizer, uma noite?

— Elena! Corre pro chuveiro e se arrume para deitar, amanhã você tem aula! – Papai mandou.

E só um doido não obedeceria às ordens do casal Prentriss-Hotchner.

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—E então?! Fim de semana. – Mamãe começou dentro do carro. – Qual será a nossa programação?

Tínhamos saído da Agência e depois passado em um supermercado. Mamãe queria comprar algumas – muitas – coisas e, agora, finalmente estávamos voltando para casa.

Pensei que nunca diria isso, mas ainda bem. Nunca desejei tanto poder ficar entre as paredes da minha casa, dormir na minha cama e, principalmente, tomar um bom banho. Mesmo sabendo que todos esses machucados vão arder pra caramba.

A viagem foi tranquila, toda aquela anestesia que Ducky me deu parece que ainda está fazendo efeito, e eu tô com mais sono que gato em dia de sol... então praticamente ficamos em silêncio por todo o caminho, mas mesmo em meu estado zumbi, pude notar que de tempos em tempos papai e mamãe me checavam. Acho que a única coisa que eles conseguiram ver foram meus bocejos. Meus muitos bocejos...

Finalmente na rua de nossa casa e, papai solta aquele palavrão.

— Jethro! Pelo amor, olha o exemplo! - Mamãe sibila naquele tom de advertência.

— O que foi? – Perguntei curiosa.

— Veja você mesma. – Papai disse nada contente.

Soltei meu cinto de segurança e deslizei para o meio do banco traseiro. De início eu não vi nada, o excesso de sono não deixou, mas depois, quando os faróis do carro começaram a chegar mais perto da nossa entrada eu notei.

Mais dois carros, exatamente como o que estávamos agora, estavam parados em frente à nossa casa.

Isso só tinha um significado. E fora por isso que papai soltou aquele palavrão.

Nem bem o carro foi desligado, na verdade papai mal tinha encostado o carro junto ao meio-fio quando, dos outros dois carros, desceram: Tony, Ziva, Abby, Tim, Ellie e Ducky. Eu já mencionei que todos eles carregavam mochilas, como se estivessem indo para uma festa do pijama? Não?! Pois é, eles carregam mochilas, sacos de dormir e muitas outras coisas.

Mamãe foi a primeira a descer. Eu, curiosa, abri a porta e fiquei de pé ainda dentro do carro, apoiando na porta aberta, mas com visão total do que quer que iria acontecer ali.

— O que significa tudo isso? – Ela disse com espanto.

— Ora, Jenny. Simples. São nossas coisas, vamos passar o final de semana com vocês! – Ellie disse como se fosse a coisa mais simples do mundo.

Pela primeira vez, vi mamãe ficar sem reação. Já papai, parecia que ele tinha esquecido a boa educação em algum dos muitos campos de treinamentos dos Marines.

— Uma ova que vão! – Ele disse nervoso, enquanto tirava as compras do porta-malas.

— Mas, Chefe! – Tony começou.

Eu estava achando aquilo tudo ótimo. Ainda estava de castigo, não poderia sair para fazer nada, a melhor opção de diversão era com a equipe aparecendo. E eles fizeram exatamente isso. E por isso eu os amo de paixão!

— Vocês vão ficar o final de semana inteiro? – Perguntei animada.

— Alguém ficou feliz com a nossa ideia. – Abby veio correndo até onde estava.

— Vocês vão o que? – Mamãe finalmente disse alguma coisa.

— SIM!!!!! – Eu e Abby gritamos ao mesmo tempo.

— Jethro.... – Mamãe pediu por ajuda.

— O que você quer que eu faça, Jen?

— Não sei... qualquer coisa.

Os dois tinham as carinhas mais desesperadas que já vi!

— Tendo em vista que a Liz ainda está de castigo, nós trouxemos muitos jogos de tabuleiros, um bingo e, claro, um baralho, ela precisa aprender a jogar pôquer com urgência. – Tony disse mostrando a bolsa de viagem onde tudo estava guardado.

— Isso vai ser muito bom! – Eu comemorei.

— Você nem espera para ver o que preparamos. – Ziva disse enquanto seguia para a porta.

Quando entramos, Noemi veio em nossa direção e, falando muito depressa em espanhol agradecia a todos os santos que eu estava a salvo e bem, por fim, quando notou que nem papai nem mamãe estavam conosco, me perguntou:

Donde están o señor Gibbs e a señora Jenny, Liza?

— Acho que em estado de choque lá fora.... – Comentei com ela.

— Mas por quê? - Ela continuou sem entender.

— Bem, todos eles vão passar o final de semana aqui!

Foi a vez de Noemi ficar em choque.

Mas que coisa... que bando de gente que não gosta de visitas!

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Tudo o que eu queria era um final de semana com as minhas garotas. Ainda mais depois de quase perder a Liz. Tinha planejado tudo, iríamos dar uma volta no Jenny por todo o final de semana. Fazia tempos que não curtíamos um final de semana em família.

Só que eu não contava que a equipe iria montar acampamento na minha casa, por dois dias.

Jen estava em choque parada ao lado do carro. Eu não estava aceitando a notícia muito bem...

— Jethro... faça alguma coisa... – ela pediu.

— Fazer o que, Jen? Eles já estão todos lá dentro.

— Mas tem quatro, QUATRO – ela apontou o número com os dedos. – semanas que eles estão vindo direto.

Isso me lembrou o motivo. Eles vieram direto porque a Liz estava de castigo.

— O castigo! – Eu falei exultante.

— O castigo... O que tem o castigo? – Jen me perguntou ainda fitando a porta aberta. Agora era Noemi quem parecia não acreditar na notícia do acampamento de fim de semana.

— Não tem mais motivos para Elizabeth ficar de castigo. Eu vou dizer isso. E eles vão embora. Ficam hoje à noite, mas não por dois dias.

— Ela estando livre, pode sair. O que significa que eles só passarão aqui para pegá-la. – Jen acompanhou o meu raciocínio.

— Isso. E, assim, amanhã bem cedo vamos para a marina.

— E teremos o nosso final de semana. Só nós três. – Ela sorriu satisfeita em minha direção.

— Só nós três. – Eu garanti.

— Fale logo agora que você entrar. Vamos agilizar isso daí.

— Desde quando você é apressada, assim?

— Vai me dizer que a nossa cama não está te chamando também?

Entramos na casa, resgatamos Noemi de seu choque e fomos para a sala de TV. Como pensado, o aparelho estava desligado. Mas, de alguma forma nos últimos cinco minutos, toda a disposição da sala tinha sido alterada para que todos pudessem ajeitar suas coisas e, ainda sobrar espaço para o jogo de tabuleiro que Abby, Ellie e McGee estavam montando.

— Bom, Chefe. Como Liz ainda está de castigo, estamos seguindo as regras... – Tony começou.

— Liz não está mais de castigo!  - Disse direto.

— Eu não estou? – Lizzy ficou entre a dúvida e o êxtase.

O restante da equipe levantou a cabeça e me olhava.

— É verdade, Gibbs? – Abby se levantou com um pulo e já estava parada na minha frente pulando. Suas maria-chiquinhas acompanhando seus movimentos.

— Sim, Abbs. – Jen disse. - Acabou o castigo de Liz. Espero que ela tenha aprendido a lição com esse.

— Com certeza, mamãe.  – A ruivinha disse solenemente.

— O fim desse castigo significa duas coisas... – Ziva disse.

— Sexta volta a ser a noite de filme!  - Tony comemorou.

— E sábado, a noite do videogame!!  - McGee emendou. – O que é ótimo porque eu acabei de comprar jogos novos!

— É, mas podemos deixar isso para a semana que vem... – Ellie comentou...

— Também acho. – Foi a vez de Ziva.

Jen me olhou assustada. “Isso não pode estar acontecendo”!, eu li em seus olhos.

Mas estava.

A equipe oficialmente abriu mão das duas noites para ficarem aqui em casa.

— Seu plano não deu certo, Jethro. Vai dormir aqui na sala, junto com os meninos. – Jen sussurrou no meu ouvido, enquanto ajeitávamos as compras nos armários.

— Isso não é justo! Não foi ideia minha...

Escutamos o início das brigas entre Tony e McGee sobre o controle do jogo, logo, logo seria Ziva xingando sobre as regras esquisitas e Ellie clamando por algo para comer.

Seria um longo final de semana. A única parte boa, era poder ouvir as gargalhadas de Lizzy e saber que ela estava em casa, sã e salva.

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A sexta à noite foi o mais tranquilo dos momentos. Depois de um jantar tão normal quanto era possível quando se tem nove pessoas falando ao mesmo tempo e um cachorro e uma gata pedindo por peticos, o restante da noite foi gasto no jogo de War que Ellie, Tim e Abby estavam montando mais cedo.

A primeira grande confusão veio quando era hora de dormir. Como se tratava de uma noite especial, deixamos Liz ficar acordada até a hora em que ela aguentasse, e, quando ela finalmente escorou em Ice e dormiu por ali mesmo, todos decidiram que também era a hora de dormir.

Foi aí que a bagunça se instalou. Obviamente, Liz iria para o seu quarto, a ideia maluca de Abby de que todos dormissem na sala como se realmente estivessem em um acampamento não iria acontecer. Depois, tendo em vista que tínhamos apenas um quarto de hóspedes, ficou acordado que Ducky iria para lá, porém, no quarto de Liz tem espaço para mais duas pessoas dormirem. E era sobre esse espaço que eles discutiam.

Abby informou que, como ela não roncava, ela era a pessoa mais indicada para dormir lá.

Ziva disse que ela tinha o sono mais leve e estava pronta para qualquer coisa a qualquer momento, por isso, era dela um dos espaços.

Ellie disse que por ser a mais nova, deveria ser dela.

Tony  clamava por seu direito de dormir por lá porque era o agente sênior e, claramente o preferido de Liz entre todos.

— Todos, DiNozzo?

— Não, Chefe. Sou o terceiro na linha de preferência. Claramente ninguém ganha de você e de Jenny. – O italiano tentou se salvar.

Quando McGee tentou dizer os seus motivos para ficar com um dos lugares, Liz acordou.

— Por que todo esse barulho? – Ela disse esfregando o curativo no braço.

— Só estamos decidindo onde vamos dormir, Liz, pode ficar tranquila que daqui a pouco a gente para. – Ellie respondeu.

— Isso me dá uma ideia! – Abby disse por fim.

— Que ideia, Abby? – Perguntei cansada, eram duas da manhã, eu só queria ir para cama.

— Liz decide. – A gótica disse prática, abraçando Bert.

— Eu decido o que? Não tô entendendo nada! – Liz, ainda sonolenta perguntou.

— Quem vai dormir no seu quarto! – Ziva respondeu.

— Achei que íamos dormir aqui na sala. – A ruivinha disse cética.

— Era exatamente o que eu tinha em mente. – Abby constatou.

E dessa vez minha filha não jogou ao meu lado.

— Se for para acabar com essa bagunça, que seja. – Jethro disse. Arrumem isso aqui e silêncio.

— Pode deixar, Chefe. – Tony disse. – McGee, vamos pegar o colchão da Liz!

Em cinco minutos todos estavam em seus respectivos colchões, enquanto Ducky contava um caso que aconteceu com ele há não sei quantos anos atrás.

Eu parei no pé da escada e observei a cena, cinco adultos, uma criança e dois animais de estimação voltados na direção de Ducky, que nesse momento fazia uma versão de avô de todos, não tive como não sorrir. Logo depois Jethro veio em minha direção.

— Sorrindo para o que?

— Para a completa bagunça que está nossa sala.

Ele virou para observar uma última vez e suspirou:

— Muita gente...

— Você imaginou que um dia isso iria acontecer de novo? – Perguntei. Ele sabia ao que me referia.

— Não. Nem quando Liz veio para cá sequer cogitei a possibilidade de que todos eles fossem aparecer por aqui uma vez por mês, quem dirá montar acampamento durante todo o final de semana.

— Mas você deveria ter previsto isto, Jethro. – Disse com suavidade.

— Deveria? – Ele me olhou descrente. – Uma criança não é motivo para tanto...

— Você realmente não vê a figura como um todo, não é?

Ele novamente olhou em direção à sala. Nesse momento Tony dava um tapa atrás da cabeça de McGee que reclamou alto. Depois voltou sua atenção a mim.

— Você montou essa família, Jethro. Foi pegando peça por peça e formou esse quebra-cabeça desconjuntado que é hoje. Da sua amizade com Ducky, o fato de você tratar Abby como sua filha, passando pelo recrutamento de Tony e McGee, a forma como você ensinou a Ziva o real significado de equipe e família, o apoio que você dá a Ellie e a adoção de Liz. Tudo aquilo ali, é você!

— Você esqueceu uma peça. Toda família precisa de uma mãe. – Ele disse e me abraçou.

Eu sorri em sua direção. Era verdade, de uma forma estranha, Abby disse isso há anos atrás, quando eu ainda era diretora da NCIS...

— Pensar que eu quase perdi isso... – Eu suspirei. – Obrigada por mais esse presente. – Eu o beijei.

Ficamos ali observando a nossa “família” por um tempo. Até que o cansaço nos venceu e fomos para a cama. Afinal, o final de semana seria agitado.

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Depois de um domingo agitado, a segunda-feira chegou e, não adiantou em nada eu choramingar, pedir, implorar, ficar de joelhos. Eu teria que ir para a escola.

— Mas manhê! Eu ainda tô machucada! Olha o meu joelho! – Eu estiquei a perna esquerda.

— Eu só vejo um curativo vermelho e mais nada, Elena.

— Eu tô cansada! Ontem foi muito agitado!

— Elena! Você já me escutou.

— Por favorzinho!

— Você ouviu a sua mãe, mocinha. Vai sim para escola. – Papai disse entrando na cozinha e me dando um beijo de bom dia.

— Bom dia para o senhor também. Vocês não vão me dar o direito de recorrer às instâncias superiores? – Eu fiz cara de cachorrinho pidão.

— Elena... - os dois falaram juntos.

— Entendi... não precisa usar os olhares de Agentes Especiais. Só tava conferindo. – Tornei a fazer a cara de pidona, costumava funcionar na segunda vez.

Mamãe me olhou com cara fechada, papai, que lia o jornal apenas levantou o olhar para mim, e aquele olhar dizia tudo.

— Tá bom... tenho que mudar de tática, esse meu olhar de coitadinha funcionava melhor... – Eu pensei alto.

 

Jack chegou e me deu tapa na testa.

— Aceite, Pestinha, você cresceu, isso não cola mais. Vai fazer quantos anos?

— Onze... e você sabe contar...

— Onze... tá velha... daqui a pouco vêm as rugas e os cabelos brancos, que vão aparecer muito mais rápido, já que seu cabelo é totalmente preto.

— Isso não tem graça, Jack!

— Os dois, podem parar! – Papai disse detrás de seu jornal.

— Foi o Jack...

— Se eu tiver que falar o seu nome de novo, Elena, você vai voltar para o seu castigo.

Eu dei um sorriso de anjo na direção de mamãe, como que dissesse que não iria aprontar mais, por hoje...

— Os dois aí podem se apressar. Já estão atrasados! – Mamãe falou.

— Sem carona hoje? – Eu e Jack falamos juntos.

— A boa vida de vocês dois acabou. Voltando à vida normal. – Papai nos alertou.

— Gostava mais de você quando você tinha um segurança. – Jack sussurrou no meu ouvido.

Eu ia responder, mas antes que eu pudesse abrir a boca, papai dobrou ruidosamente o jornal e me encarou.

Eu, definitivamente, odeio segundas-feiras!!

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— Pelo amor de tudo o que é mais sagrado, sai logo desse banheiro, Ziva!! – Tony gritava na porta!

— Se tá com tanta pressa, acordasse mais cedo. – Ela respondeu de dentro.

— Você sabe que não tem só você para tomar banho nessa casa, né?

— Tony, pare de ser dramático! – A israelense sibilou.

E isso eram seis horas da manhã...

— Como é possível que esses dois namorem se eles só sabem brigar? – Ellie perguntou sentada à mesa.

— Esse é um dos grandes mistérios da humanidade, Eleanor. Mas não fique preocupada. Já vi um casal que brigava muito mais do que esses dois. – Ducky respondeu.

— É mesmo? – A loirinha perguntou. – E eles ainda estão juntos? – Ela levou um pedaço de bacon à boca.

Olhei em direção à Jethro, me surpreendendo que ela ainda não soubesse da nossa história, pois isso parecia ser o assunto preferido de todos da MCRT.

— Bem, minha querida, sim, eles estão juntos, mas levou muito tempo para se acertarem. – Ducky respondeu por fim.

— Eu torço para que Tiva nunca entre verdadeiramente nos eixos. – Abby disse enquanto entrava saltitando pela cozinha. – Se isso acontecer, o prédio vai ficar tão sem graça...

Ouvi passos correndo no andar de cima, sendo acompanhados por patas de cachorro, Liz estava descendo, não sem antes...

— Bom dia, Tony! Bom dia Ziva! – Ela gritou em direção ao banheiro.

— Liz, tire a Ziva dali!! – Tony suplicou.

— Eu bem que queria te ajudar, Tony, mas você sabe como é...

— Não sei não...

— Eu tenho amor à minha vida... – Ela respondeu enquanto corria escada abaixo.

— Eu já te disse para não correr dentro de casa. – Jethro alertou a filha, antes mesmo que ela chegasse à sala de jantar.

— Bom dia, pai! Bom dia mãe! – Ela nos deu um beijo de bom dia.

— Bom dia, pessoal! – Ela passou fazendo um high five com McGee e uma dancinha com Abby.

— Bom dia, Liz! – Eles responderam de volta.

— Por que eu não ganhei beijo de bom dia? – Tony reclamou lá de cima. – Eu achei que ainda tinha certos privilégios! – Ele continuou.

—Pelo nosso bem, Liz, vá lá e faça isso. Já não estamos aguentando a choradeira dele por conta do banheiro... – McGee pediu.

Ela não se deu por vencida...- Desce aqui que você ganha...

— Eu vou ter que descer?! Olha a sua idade e olha a minha! Você é mais nova, sobe aqui!

— Ha! Alguém acabou de admitir que é velho! – Ziva cutucou o namorado.

— Você não sai do banheiro e ainda por cima fica me enchendo a paciência, Ziva?

— Tá bom, Tony. Eu subo as escadas, mas você tem que me prometer uma coisa...

— Qualquer coisa, Pimentinha!

— Para de reclamar! Não são nem seis e meia da manhã!!

Depois disso, ficamos em silêncio, temporariamente...

Ziva, finalmente, saiu do banho. E desceu para se juntar a nós à mesa. Tomamos nosso café em paz, já que quem mais fala não estava presente.

Quando Tony, devidamente de banho tomado apareceu no primeiro andar, ele fez duas coisas:

A primeira, se vangloriou do seu estilo clássico e sua roupa. A segunda, reclamou porque ninguém o esperou para tomar café.

— É assim que vocês gostam de mim?

— Tony, por favor, apenas pare. – Ellie pediu, ela era a única que ainda estava na mesa.

— Nem você, hein, Ruiva?

Eu sabia que ele falava de Liz, mas...

— Como é, DiNozzo?

— A Ruiva nº 2! Esqueci que tenho que identificar...

— Eu tenho que levar o Ice e a psicopata da minha gata para passear. Se fosse te esperar, não iria dar tempo. – Elizabeth explicou, pegando a coleira dos dois bichinhos.

— Psicopata... é uma excelente definição para essa gata... – McGee constatou.

— McAlérgico, você diz isso, só porque tem medo do Ice e, principalmente da Ginger, a gatinha é bonitinha, quando está devidamente medicada com o Rivotril dela! – Tony disse de boca cheia enquanto saia para acompanhar Liz. E não satisfeito, continuou – Aposto que essa vizinhança nunca viu ninguém tão bem arrumado passeando com os bichinhos de estimação...

— Tony, por favor... – Liz pediu.

— O que?

— Toma, leva a Ginger!

— Eu não vou ficar cheio de pelo laranja de gato.... Assim não dá, né Liz! 

— Meu Deus, como ele fala.... – Ziva suspirou.

— Hoje ele tá mais do que atacado. – McGee completou.

— Ainda bem que não sou eu quem vai ter que aturá-lo durante o dia...

— Muito obrigado por lembrar disso, Jen.

— Não há de que, Jethro.

Menos de quinze minutos depois, os dois estavam de volta. E o belo terno preto de Tony estava coberto de pelos de gato...

— Eu vou matar essa gata... – Foi o que ele disse quando notou nossas caras de riso e tentava, a todo custo,  tirar os pelos do terno de grife.

— Tudo bem, Liz, pegue suas coisas, ou você vai nos atrasar. – Chamei por minha filha.

— Tô aqui, mamãe! – Ela pulou os dois últimos degraus da escada e parou na minha frente.

— Tem certeza que não está esquecendo nada? – Jethro perguntou para Liz...

— Não... tá tudo aqui... – Ela parou e mentalizou tudo o que tinha que levar, contando nos dedos.

— E isso aqui? – Ele mostrou o cordão que tinha dado a ela no seu aniversário de nove anos.

— O senhor achou?! Achei que tinha perdido! – Ela disse feliz enquanto pegava a joia e abria o delicado pingente, onde havia duas fotos. Uma da equipe e outra minha e de Jethro no dia de nosso casamento.

— Não fui quem achei, foi a Ellie. Agradeça a ela depois. – Ele falou colocando o cordão no pescoço dela.

Quando terminou, ela olhou para a joia e suspirou.- Daqui não sai mais! E obrigada Ellie, por ter encontrado.

— De nada, Pimenta! – As duas se abraçaram.

— E vocês, - Jethro disse em direção à equipe – levem tudo isso daqui. Vejo todos no escritório.

Cada um se despediu de Liz à sua forma e, pensei que nunca diria isso, mas finalmente era segunda-feira!

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— Não dá pra acreditar que já se passaram quatro meses desde que tudo aquilo aconteceu. – Garcia dizia ao reencontrar a equipe da NCIS na entrada do auditório da Escola de Elena.

Quatro meses... quatro longos meses.

A primeira semana de Elena assim que voltou para casa, foi tranquila. Ela dormia a noite inteira, comia bem e conversava normalmente sobre tudo. Mas a partir da segunda semana, tudo o que ela passou foi devidamente processado e absorvido por seu cérebro e corpo. E começaram todos os sintomas do transtorno de stress pós-traumático. Foram noites insones. Medo de ficar sozinha. Medo de sair de casa. Não dormia em seu quarto. Por um tempo ela parou de comer e deixou de ser a nossa Elena. Tudo isso durou dois meses. É claro que teve consequências que eu acho que são permanentes, agora ela tem medo do escuro e não vai dormir se não conversar comigo e com Aaron, mesmo que por telefone. Mas, tendo em vista as primeiras semanas, ela é praticamente a mesma criança. Foi difícil, e às vezes ainda é, principalmente quando ela vê que seria o aniversário de mês do sequestro, mas com a ajuda da equipe, ou melhor das equipes, afinal, a turma da NCIS acabou virando companhia também, tendo em vista que Liz é a melhor amiga dela, ela está superando.

E hoje está aqui. Para sua formatura.

Ela ainda não sabe, mas ganhará um presente.

Espero que goste.

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— Pois é, Penelope, quatro meses. Quem diria? – Abby respondeu ao questionamento da analista do FBI.

Existem coisas que você não quer lembrar, mas é impossível de se esquecer. Há quatro meses achei que tinha perdido a minha ruiva. Mas, graças a coragem dela e de Elena, ela conseguiu nos mostrar o caminho para salvá-las. Foi um alívio saber que Liz estava em casa, sã e salva e sem sequelas físicas graves. Hoje ela tem uma cicatriz no braço esquerdo, e, depois de lutar contra a insônia pelos últimos três meses, finalmente voltou a dormir por toda a noite, mas não superou tudo o que aconteceu, tem horas que eu ainda a pego olhando por sobre o ombro ou até mesmo evitando ir em determinado lugares, fora que passou a ter medo de escuro. Aquele desgraçado tinha deixado marcas permanentes nela.

E hoje, aos onze anos, está na sua formatura do Ensino Fundamental I.  E como disse Jethro, o tempo realmente voou. Logo, logo ela estará partindo para a Faculdade...

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As equipes escolheram os lugares, obviamente sentaram perto, e, até que a cerimônia começasse, os agentes não pararam de falar um único minuto.

Abby e Penelope estavam discutindo qual seria o melhor lugar de onde poderiam gravar tudo, enquanto McGee configurava os equipamentos, Ellie voltava com salgadinhos e Tony e Derek ficavam disputando quem chamava mais a atenção das mulheres, para o desgosto de Ziva.

— Eu juro, Tony, mais uma dessas, e você vai dormir no sofá até que eu diga o contrário.

Foi só assim para o italiano da NCIS ficar quieto. 

Depois de tudo resolvido e de todos devidamente acomodados, a Diretora Jones começou a cerimônia fazendo uma pequena retrospectiva de tudo o que aconteceu no ano letivo.

— Vocês acham que ela lembra da gente? – Ellie perguntou baixinho.

— Você quer saber se ela nos reconhece do dia em que quase quebramos a janela da sala dela, não é? – Rossi resumiu.

— Acho difícil... – McGee disse.

— Mas não impossível. – JJ sussurrou.

— Se ela lembra, vamos saber. – Morgan constatou.

E, enquanto a Diretora falava, ela olhava em direção a todos os presentes, e, subitamente ela parou.

— É, definitivamente, ela lembra! – Tony segurou a risada, fazendo cara de paisagem. Feição que todos copiaram.

Quando Miss Jones continuou, todos caíram na risada.

Uma fileira à frente, estavam sentados os pais. Que não deixaram de notar o comportamento dos amigos.

— Céus, vocês são piores que as meninas! – Emily sibilou.

— Mas Emilinda... vai dizer...

— Psiu! – Jenny advertiu.

— Continuo depois. – Penelope ficou quietinha.

Logo os formandos foram chamados, um a um, em ordem alfabética, eles entraram e assumiram seus lugares no palco.

Quando foi a vez de Elena, dezesseis pessoas gritavam o nome dela. A menina, notando quem eram os malucos, deu um pequeno aceno e ensaiou uma dancinha feliz, parando antes de começar quando notou o olhar do pai.

O próximo nome era de Elizabeth. E as mesmas 16 pessoas fizeram a mesma coisa. Diferentemente de Elena, Liz simplesmente ficou vermelha de vergonha e apenas acenou timidamente para a família.

— Definitivamente Liz tem que andar um pouco mais com a gente! – Penelope constatou.

A analista da BAU não ouviu, mas um muito super protetor pai, sibilou um “definitivamente não” para a fala dela.

A cerimônia seguiu, e, momentos antes de se efetuar a entrega simbólica dos diplomas. Miss Jones pediu a palavra para anunciar um prêmio.

— Como todos sabem, é de praxe que todos os alunos do quinto ano façam uma redação onde recordam os seus anos no ensino fundamental I e suas expectativas para os anos vindouros.

— Redação?! – Emily disse espantada em direção à Aaron.

— Não me diga que isso é uma competição! – Jenny sussurrou para o marido.

— Ah, meu Deus! – JJ não estava gostando da fala da Diretora.

— Isso tá parecendo uma viagem no tempo! – McGee falou.

— Me diga que não vamos começar tudo de novo... – Morgan pediu.

— Então – continuou a Diretora – nós sempre pedimos que os professores do Ensino Fundamental II escolham a melhor redação. E o aluno que a escreveu será contemplado com um prêmio.

— Me fale que isso não está acontecendo. – Ziva disse descontente.

— Então, para anunciar o aluno ou aluna vencedor, por favor, recebam a professora de inglês Miss Calahan.

Uma mulher na casa dos seus trinta e tantos anos subiu ao palco.

Instantaneamente ela agradeceu à acolhida e disse as seguintes palavras:

— Pela primeira vez em quinze anos que leciono nesta escola, nós tivemos dúvidas para escolher somente uma redação.

Assobios de “não” ecoaram pelo auditório.

— E, antes de decidir realmente se era um caso de empate ou não, nós analisamos minuciosamente os textos e chegamos à conclusão de que ambas as autoras mereciam o prêmio.

— Alguém me diga que não são as duas garotas que conhecemos. – Hotch disse em desespero.

— Então, eu gostaria que vocês aplaudissem as campeãs:

— Não diga os nomes que eu estou pensando. – Gibbs pediu.

— Elena Prentiss-Hotchner e Elizabeth Shepard-Gibbs!

Miss Jones, que não ficou sabendo do resultado previamente, quase interviu quando escutou os nomes. Aquilo não poderia estar acontecendo, não com essas duas garotas! Se no concurso de soletrar esse resultado tinha sido um fiasco, na formatura, na presença de todos aqueles pais e familiares, se essas duas garotas fizessem a mesma coisa... Ela pediria demissão do cargo imediatamente.

Dezenove pessoas fizeram exatamente o contrário do restante do auditório. Enquanto todos se levantaram e aplaudiram as garotinhas, as dezenove pessoas se mantiveram sentadas, tampando o rosto, esperando pelo pior.

Aquela devia ser exatamente a mesma cena do concurso de soletrar.

Era um perfeito dejá vu.

Alheias às reações dos familiares e da Diretora da Escola, Liz e Elena se levantaram, desceram os dois degraus e, com carinhas de anjo, caminharam, elegantemente até frente do palco.

Quando pararam ao lado de Miss Calahan, foram agraciadas com o mesmo prêmio, e, quando iriam lhes entregar o microfone...

— Não, não, não... Elizabeth, não se atreva a pegar esse microfone e dizer alguma coisa. – Jenny fuzilava a filha da plateia.

— Elena, pense muito bem no que vai dizer. – Emily encarava a filha.

Contudo, como elas disseram quase cinco meses atrás, elas tinham realmente aprendido à lição. Quando cada uma pegou o microfone foi, realmente para agradecer. Nada mais. E vinte pessoas puderam respirar aliviadas.

Após esse pequeno momento de tensão, a formatura seguiu para o seu final, culminando com as crianças jogando os seus capelos para alto.

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— Vocês não acharam que nós íamos brigar naquele palco, não, né? – Elena perguntava cética.

— Nem por um minuto. – Reid a respondeu.

— Mentira! – Liz o cortou, mesmo que ela estivesse com a cara enfiada na cesta de doces que tinha ganhado. – Todo mundo ficou nos olhando como se fossemos fazer uma doideira!

— Nem acredito nisso! – Elena colocou as mãos na cintura e olhava a equipe da BAU com tristeza.

— Ô mini Hotch, pega leve aí, com o histórico de vocês qualquer um ficaria apreensivo. – Derek tentou amenizar a situação.

— Você não pode esquecer que por uma coisa nem tão gostosa como essa cesta de doces vocês quase voaram no pescoço uma da outra. – JJ disse.

— Estou definitivamente decepciona com vocês! – Elena mantinha a pose.

— Para de drama, Elena! - Emily cortou a filha. – E eles estão certos, vocês duas não nos inspiram confiança para uma competição.

— E você, não vai dizer nada, Elizabeth? – A caçula da família Hotchner chamou a atenção da outra responsável pelo momento mais memorável daquela escola.

— Eu?! – Ela levantou a cabeça. – Não... pra que?

— Como pra que? Qual é! Para se defender! Acorda, lesada! Para de comer doces! – Elena falou em direção à amiga...

— Primeiro, eu não sou lesada. Segundo, eu não estou comendo doces, estou dividindo eles com a equipe da NCIS e, terceiro e mais importante, eu não tô afim de passar o verão de castigo, porque, diferentemente do seu castigo que foi mais curto, eu ainda não esqueci o meu, então... por favor, não me meta nas suas encrencas. Muito obrigada! – E Liz voltou sua atenção para a cesta de doces.

— Sem graça você, hein? E se eu te der metade da minha cesta, você surta comigo? – A morena tentou barganhar.

Elizabeth nem se dignou a responder. Por um lado, por achar inútil discutir com a outra garota, por outro, porque seu pai a olhava com aquela cara de agente que vai interrogar um suspeito e ela sempre respeitou essa cara.

— Sem querer cortar o clima de rebeldia pré-adolescente da Elena, pra onde nós vamos mesmo? – Elanor disse tentando salvar a noite.

— Por que eu não surpreendo que é você, Ellie, quem perguntou isso?  - Elena disse ainda emburrada.

— Porque enquanto a Ellie é a responsável por querer saber onde vamos comer, você é a responsável por surtar sem motivos. – Elizabeth teve a audácia de responder.

Mas a resposta dela nem afetou a amiga.

— Sou dramática mesmo e não nego! Algum problema?

— Todos do mundo, Elena. – Emily cortou a filha, a guiando em direção ao carro.

— Mas até a senhora, mãe?! – A morena perguntou.

— Considere isso o pagamento pelo que você disse durante aquele jogo de pôquer na NCIS.

A garota parou e, vasculhando a memória, não conseguiu entender o que a mãe dizia.

— Mas eu não falei nada! Nada muito estranho, pelo menos.

— Tem certeza, Elena? – Liz perturbou.

— Lá vem você de novo, ruiva. Fica quieta.

— Sua mãe ficou brava porque você pediu a minha mãe para te ensinar a jogar pôquer, e não a ela. - Liz respondeu com um sorriso triunfante.

— Você não fez isso? – Jack entrou no meio da conversa. – Alias, que jogo de pôquer é esse que eu não fiquei sabendo?

— Não comece, Jack. – Elena respondeu ao irmão. - Foi um jogo que eu tive a brilhante ideia de iniciar, que valia muitos doces e que a Sra. Gibbs ganhou... – e voltando para a mãe – Mas foi isso, mãe? A senhora tá brava porque eu pedi para a mãe da Lizzy me ensinar a jogar pôquer? Peraí, não foi por mal. É que eu fiquei encantada com aquele Royal Flush....

— Não me lembre daquele Royal Flush, Elena! Não me lembre daquilo!

— Emily nunca superará aquela derrota. – Derek Morgan disse em direção aos presentes.

— Nem eu... – DiNozzo falou. - Até hoje acho que teve trapaça.

— Tony, você não teme a morte... – Liz falou para o seu agente favorito.

— Por que? Sua mãe foi buscar o carro. Não tem.... Ela tá aqui atrás, né? – Ele constatou tarde demais, só sentiu o tapa, um não dois...

— Sim, DiNozzo eu estou aqui. E você vai ter a sua revanche, é só marcar.

— Me avise quando isso acontecer! – Prentiss entrou na conversa. – Porque eu quero a minha também.

— Eu vou jogar também! – Elena falou se intrometendo.

Todo mundo a olhou.

— Que é? Eu sei jogar! – Ela se defendeu.

— Disso ninguém duvida. Só acho que você não tá preparada para o tipo de pôquer que vai ser! – Rossi disse em direção à sobrinha.

— Pode apostar que estou. Eu tô sempre pronta!! E ganho sempre. – Elena se vangloriou parando na frente de todos com uma pose de vitória.

Mas tinha alguém que não concordava com essa frase...

— Como é que é? – Liz que estava conversando com Abby e Garcia se pronunciou. – Você ganha todas? Não sei desde quando!

— Ai não, de novo não!! – As duas esquipes disseram juntas.

— Essas duas não têm jeito! - É uma encrenca atrás da outra! – Emily suspirou.

— É encrenca em dobro. – Jenny constatou vendo as duas garotas discutirem quem era a melhor.

 

[1] Bem-vindos ao nosso humilde restaurante.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso.
Espero que tenham gostado tanto quanto eu adorei escrever essas duas, e toda a confusão envolvendo as equipes da NCIS e da BAU.
Não podia faltar, no último capítulo momentos de Tio Derek com a Elena e Tio Tony com a Liz, assim como eu tentei trazer um pouquinho dos shipps injustiçados de Tiva, Jibbs e Hotchniss.
Como eu disse no primeiro capítulo, a história foi lida e relida, mas se ficou algum erro, alguma dúvida ou confusão, podem me falar que eu conserto.
Volto com o epílogo já, já!!
Muito obrigada por lerem!!



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