Double Trouble escrita por Carol McGarrett


Capítulo 17
Capítulo 17 – Enfim seguras.


Notas iniciais do capítulo

Elena e Elizabeth são corajosas para encarar qualquer coisa, com uma nobre exceção...
Penúltimo capítulo.
Espero que gostem... tenham uma boa leitura!



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O alívio de poder ter a minha filha em meus braços era indescritível. Eu sabia que ela tinha muito o que passar ainda. Ainda viria a fase dos pesadelos, do medo constante. Mas ela superaria. Ela foi forte o suficiente para poder fugir e pedir ajuda. Mais corajosa ainda quando, ao ser encontrada, gritar as características de quem a tinha pegado. Ela seria forte para superar isso. Sim superar, esquecer, jamais ela esqueceria. Isso era uma lembrança traumática que ela carregaria para toda a sua vida. Uma lembrança que, infelizmente, definirá a formação de sua personalidade.

Mas eu não queria pensar nisso. Queria saber se ela estava bem o suficiente. Cogitamos levá-la a um hospital, mas lembramos que a NCIS tem seu próprio médico. Elena nunca foi fã de hospitais, uma característica herdada diretamente da mãe, e, poderíamos ajudá-la, pelo menos nesse ponto. Doutor Mallard cuidará bem dela, já que ferimentos aparentes são poucos, alguns arranhões, pequenas contusões roxas e um joelho ralado.

Então, com Derek como motorista e agindo mais como segurança da sobrinha do que como um agente do FBI, estávamos a caminho do Estaleiro pela última vez. Lá ela seria examinada e, depois, a levaríamos para casa. Nunca noventa e seis horas longe dela doeram tanto.

Ela dormia um sono solto deitada tanto no colo de Emily quanto no meu. Um sono até agora tranquilo. Era uma benção poder ver no rosto dela a calma e a constatação de que ela estava salva e segura.

— Foi por pouco, não foi? – Emily disse olhando em direção à Elena enquanto fazia um carinho nos cabelos da filha.

— Sim. Foi. – Não havia outra resposta para dar.

— Eu nunca vou me esquecer do grito quando ela foi levada e do medo estampado no rosto dela enquanto Cory brincava com a arma na frente delas, escolhendo quem ia primeiro.

— Ninguém vai, Em. Mas temos que superar isso o mais rápido possível. Só assim ela superará também.

— Sei disso. Mas a sensação de impotência dos últimos dias ainda me assusta. Eu sabia que tínhamos tudo o que precisávamos para pegá-lo, Aaron, mas nós não conseguíamos fazê-lo. E cada minuto, cada hora que ela ficava em poder dele e eu não fazia nada... Aquilo me comeu por dentro.

Eu não tinha o que responder quanto a isso. Essa sensação de impotência. Eu a conhecia muito bem. Por duas vezes, e era o máximo que eu poderia aguentar. A única coisa que fiz ou abraçar Emily pelos ombros. O pesadelo tinha acabado.

Chegamos no Estaleiro e fomos recebidos por Garcia e uma saltitante Abby. Ambas preocupadas com o estado de todos, mas principalmente das duas meninas.

Após garantir mais de uma vez que Elena estava bem, só precisava ser checada rapidamente pelo Dr. Mallard, as duas nos deixaram passar. Penelope nos seguiu para o andar da autópsia, enquanto Abby ficou esperando por Elizabeth.

Quando entramos no elevador, notei que nenhum dos membros da BAU haviam seguido as minhas ordens, todos eles nos acompanharam até o último subsolo.

— Vocês realmente acharam que depois de tudo isso, iríamos deixar a Elena ir embora sem saber que ela está realmente bem? – JJ falou tomando a frente. – Se acharam são péssimos perfiladores, não acha, Elena? – Ela sorriu em direção a uma meio desperta Elena.

— Sim... péssimos... – Elena disse em meio a um bocejo.

Chegamos à autópsia e Ducky já estava com tudo pronto para nos receber.

— Vejo que a pequena Elena está aparentemente bem. Calma minha criança, não vou te machucar – ele disse quando Elena se escondeu no colo da mãe.

— Ela odeia médicos. – Emily tentou explicar.

— Posso te contar um segredo, Elena? – Ele perguntou baixinho atraindo a atenção da minha filha.

— Pode. – Ela respondeu desconfiada, olhando para Ducky através dos cabelos da mãe.

— Eu também. Por que você acha que me escondo aqui embaixo?

E foi assim que ele conseguiu examinar Elena.

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Direto para o Estaleiro, Tony, o mais rápido que conseguir! – Pela primeira vez em muito tempo, não me importei em entregar as chaves para DiNozzo. – E ela, como está? – Perguntei para Jen assim que me ajeitei no banco de trás ao seu lado, pegando Liz no colo.

— Com dor, com sono, cansada, mas sendo teimosa demais para dormir, não é filha? – Ela alisou os cabelos sujos e embaraçados de Liz.

— Não dá pra dormir com dor. – Liz resmungou.

— Nisso eu concordo com a Pimentinha, Chefe. Não dá pra dormir depois de tomar um tiro, a não ser.... – Tony se intrometeu na conversa.

— A não ser que você queira que eu te jogue do carro e assuma o volante, DiNozzo! – Cortei-o. – Não me faça me arrepender de ter te entregado o carro.

— Mas Chefe, ela tem razão.

— Será que vocês dois poderiam ficar quietos! – Jen sibilou.

Olhei de Jen para Liz e notei que a pequena estava realmente cansada, mas por algum motivo relutava em fechar os olhos.

— Hei, por que não tira um cochilo até o NCIS. Descanse um pouco, pequena.

— Não. Não tô cansada. – Ela rebateu antes que pudesse terminar. – Onde estão Elli, McGee e Ziva? – Perguntou de repente, trocando de assunto e olhando por sob o meu ombro.

Foi aí que entendi. Ela estava com medo. Com medo de ficar sozinha.

— Estão no carro logo aqui atrás, Lizzie. Eles vão ficar nos seguindo até o Estaleiro.

— E o pessoal da BAU?

— Eles estão um pouco à nossa frente. Mas não se preocupe, vamos chegar logo, logo na  Sede! Nossos carros e motoristas são melhores que os deles. – Tony fez contato com Liz pelo retrovisor e piscou pra ela.

— Beleza, então. – Ela se ajeitou no meu colo, mas mesmo assim ela não tentou dormir.

— Lizzy, filha, são duas horas de viagem, você pode dormir. – Jen tentou novamente.

— Mas mãe!

— Nós vamos estar aqui quando você acordar. Prometemos para você. Agora feche os olhos. Você precisa disso. – Sussurrei no ouvido dela. – Seu braço vai doer menos se você parar de pensar nele.

Ela ainda lutou contra a exaustão por uns bons dez minutos, mas o ronco contínuo do motor e o carinho que Jen fazia em seus cabelos, venceram, e ela, finalmente dormiu.

— Descarregou Chefe? – Tony perguntou ao volante.

— Sim, Tony. Dormiu.

— Teimosa ela... tentamos de tudo do lado de fora da casa. Me pergunto quem ela puxou?

— DiNozzo, se você quiser terminar essa viagem sem uma concussão, melhor ficar quieto.

— Sim, Madame Diretora. – Ele sorriu debochado.

— Depois não venha reclamar que a cabeça está doendo, DiNozzo, você mereceu esse tapa. – Eu disse para ele com um sorriso.

E o restante da viagem foi em silêncio.

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 Ducky realmente é uma pessoa abençoada. Só ele, mesmo usando um jaleco branco, para conseguir arrancar risadas de Elena enquanto a examinava e tratava de seus machucados.

— Vai querer um curativo colorido, Elena?

Ela olhou para o seu joelho esquerdo que tinha um grande arranhão.

— Vou sim... quais cores o senhor tem?

— Todas!

— Mas como o senhor tem isso aqui? Não tem crianças nesse prédio!

— Você não tem ideia de como esses agentes são piores que crianças, minha pequena.

— Não consigo imaginar a Ziva com um curativo rosa!

— Ela prefere o preto. Mas, e você?

— Vermelho!!

— Um curativo vermelho saindo. – Palmer disse, fazendo como um mágico ao tirar um coelho da cartola.

O curativo vermelho foi colocado no joelho e as recomendações foram feitas.

— Ela tem uma pequena concussão na parte de trás da cabeça. Nada para se preocupar. Mas se ela sentir qualquer enjoo ou muita sonolência, é melhor levá-la ao hospital, fora isso, esses arranhões menores não deixarão cicatriz, mas têm que ser limpos com água e sabão. E o do joelho esquerdo, trocar o curativo duas vezes por dia pelo menos nos dois ou três dias que seguem.

— Muito obrigada, Doutor Mallard. – Agradeci ao gentil médico.

— Não há de que, Emily. Ela vai ficar bem. Agora recomendo que todos vocês descansem. Foi um caso pesado para todos.

— Ducky – Elena chamou ainda sentada na mesa de “exame” - Todo médico que eu vou me dá um doce, aqui não vai ter não? – Ela disse sem vergonha nenhuma.

— Elena! Comporte-se.

— Mas me comportei, mamãe, por isso perguntei.

— Mas é claro que tem um doce para você aqui. Tome. – Ducky entregou um pirulito imenso para ela. – Só não se esqueça de escovar bem os dentes, e não exagerar nos doces!

— Ah! Pode deixar que não vou.... vi como a Lizzie ficou enjoada depois que comeu um monte!

— Boa garota. Agora vá descansar. – Dr. Mallard fez um carinho nos cabelos de Elena e a ajudou a descer da mesa.

— Obrigrada, Ducky! Valeu Jimmy!

— De nada Elena. – O assistente disse. – Tenham um bom descanso!

— Vocês também... – Nós dissemos.

— Um pouco cedo para dizer – Dr. Mallard falou – Elizabeth vem aí e ela é ....

Não ouvi o restante, mas pude imaginar quando escutei a falação dentro do elevador.

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Tony nem tinha parado o carro quando Abby avançou para a porta de trás e foi abrindo-a.

— E como ela está? Me diga que ela está bem! Ouvi que ela tomou um tiro...

— Calma Abbs. Ela só tá dormindo. E o tiro não foi sério!

— Santo Espectrômetro! Ela vai ter uma cicatriz! Tadinha! – Ela ainda pulava bloqueando a porta.

— Abbs... precisamos levá-la até Ducky.

— Sim! Sim!! É claro que precisam... o pessoal da BAU está lá agora... – E ela não se moveu....

— Hei, Abbs... Jenny está pedindo com educação para você dar um espaço para que ela possa descer do carro. – Tony disse rindo!

— Mas é claro! – Ela deu dois passos para trás e eu pude finalmente descer do carro e pegar Liz nos braços de Jethro.

Quando finalmente consegui pegar minha filha, Abby, Tony, Tim, Ziva e Ellie nos escoltaram até a entrada do prédio.

— Mas eu tenho certeza que ela vai ficar bem! Ela é forte! Vocês viram o chute que ela deu em Cory? – Ziva, mais uma vez tentava convencer uma muito descrente Abby de que Liz se recuperaria.

— Mas ela ainda está dormindo.... – Abbs choramingou...

— Abbs, ela relutou em dormir por um tempo... só fechou o olhou depois que garantimos que estaríamos perto dela quando acordasse. – Jethro tentou, pela última vez tranquilizar sua analista forense favorita.

— Tadinha da nossa mascote... deve ter ficado com tanto medo, sozinha lá...

— Pode ter certeza de uma coisa, Abby, medo foi a última coisa que vimos no rosto dela quando entramos naquela casa... – Tony disse.

Entramos no elevador, e bastou as portas fecharem para que Elizabeth acordasse.

— Onde estamos? – Ela perguntou meio grogue.

— No elevador dentro da NCIS. – Jethro respondeu com carinho.

— Ah... vamos pra sala do esquadrão, né? – Liz respondeu escondendo o rosto no meu pescoço.

— Não, ruiva, vamos te levar para o Ducky dar uma olhada em você...- Jethro continuou com toda a paciência.

Isso bastou para que ela acordasse de vez:

— O DUCKY?! – Ela se assustou.

— Sim, temos que dar uma olhada nesse seu braço...

— Não! Ele já tá ótimo pai! Não precisa do Ducky fazer nada não!! Foi exatamente o que o senhor falou, era só dormir! – Ela tentava a todo custo descer do meu colo e alcançar os botões do elevador.

— Elizabeth! Se eu não te conhecesse, diria que você está com medo. E a senhorita vai sim, ser examinada pelo Ducky. – Jethro a pegou no colo enquanto ela tentava se esgueirar para trás de Ziva.

— Não precisa! Eu tô ótima! Olha só, posso mexer os braços em todas as direções! – E a tentativa de levantar o braço machucado falhou lindamente.

As portas do elevador se abriram, revelando toda a equipe da BAU esperando do outro lado.

Elena parecia ótima. Estava no colo do pai, tinha um curativo vermelho no joelho e chupava um pirulito, quando nos viu, disse:

— Oi gente!!! Que bom ver vocês!! Olha, eu ganhei um pirulito por bom comportamento!

— Que bom Elena! Pelo visto você está bem! – Ziva disse.

— Eu tô ótima! Só tenho esse curativo no joelho.  – Ela esticou a perna esquerda para nos mostrar, com orgulho, o curativo. - E, ah, Ziva, muito obrigada!

— Pelo que, pequena?

— Pela Fuga de Jersey! – A morena disse animada.

Todos olhamos para a israelense, que olhava para a Liz que tinha os olhos arregalados e as mãos estendidas em claro sinal de rendição.

— Não há de que, eu acho... – Ziva respondeu em dúvida.

— Aqui, quando você for treinar a Liz em combate mortal israelense, me ensina também? Quero aprender alguns golpes!

Todo mundo encarou a tampinha da BAU em um silêncio absoluto.

— Que foi?! Falei alguma coisa errada? – Ela perguntou desconfiada.

— Não, Elena. Nada não, tá na hora de ir.  – Derek tomou a frente e entrou no elevador, tentando esconder a risada.

— E a Liz? Ela parece meio assustada. Tá tudo bem com ela? – Emily perguntou.

— Eu tô ótima, Sra. Hotchner, era exatamente isso que eu tava falando com todo mundo quando o elevador abriu...

— Ah! Elizabeth! Até que enfim você apareceu. Vamos dar uma olhada nesse seu braço...  – Ducky apareceu na porta da autópsia.

Ele nem tinha terminado a frase e Liz havia corrido em direção às escadas.

— Alguém acabou de fugir. Medo de médicos também? – Hotch deu um sorriso na direção da fujona.

— Não Hotchner, medo de agulha. – Jethro respondeu. E voltando a atenção à filha:

— Elizabeth Sherpard-Gibbs, se você não aparecer na porta da autópsia nos próximos cinco segundos, você nunca mais vai ver aquele seu tablet ou celular. E muito menos vai colocar o rosto para fora no verão.

— Boa sorte para vocês! – Hotch e Emily saíram rindo.

— Obrigada. – Agradeci à BAU – Nos vemos lá em cima.

— Qual é, Lizzie? Vem cá! – Tony chamou. – Não é como se você estivesse infectada com a Peste Negra!

— Anthony DiNozzo! – Ela xingou enquanto aparecia. – Era para você estar do meu lado, não contra mim, seu falsiane!! – Ela bufou.

— O que é um falsiane? – Ziva pareceu confusa.

— Um amigo da onça, uma criatura que você acha que vai estar sempre do seu lado, e quando você vira as costas fala mal de você ou troca a sua amizade por outra. Resumindo, é a definição desse agente que se julga muito especial, que está parado bem aqui!

— Essa foi boa, Liz! – McGee comemorou.

— McPuxa-Saco fica quietinho aí que o assunto é entre a Pestinha Ruiva e eu. – Tony disse.

— Na verdade, o assunto é entre eu e Elizabeth – Ducky interveio. – Tenho que limpar esses machucados e dar uma olhada nesse braço. E antes que comece, minha criança, não, você não está nada bem. Agora para dentro!

— Até você, Ducky, meu amigo. – Liz choramingou.

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— Bem, vejamos, seus joelhos só precisam de uma boa esterilizada. Senhor Palmer, você pode cuidar deles, vou dar uma olhada na cabeça dela enquanto isso... Mas vejam só... temos um galo bem grande aqui...

— Ducky! Tá doendo! – Ela choramingou quando ele tocou o em seu couro cabeludo.

— Onde conseguiu esse? – Ele tornou a questionar.

— O maluco bateu na minha cabeça com um taco de beisebol. – Liz respondeu brava.

— Taco de beisebol?! – Tony e Tim falaram ao mesmo tempo, mas só Tony teve a coragem de continuar – Seu pai já foi nocauteado por um...

— DiNozzo... – Jethro o alertou.

— Já calei, Chefe. Mas o nome Diane não te lembra nada não, Tim?

— Tony... – McGee o censurou.

Ducky parecia alheio ao que acontecia, pois continuava com o seu exame.

— Não é nada grave, mas qualquer coisa, recomendo levá-la ao hospital para uma avaliação mais completa. – Ele constatou após examinar o local. – Vai ficar dolorido por um tempo, então sabem o que fazer. E agora, vamos para o braço.

Ducky cuidadosamente desenrolou o curativo que Gibbs havia feito e observou o lugar.

— Temos que esterilizar primeiro, mas não é tão grave quanto parece.

— Isso significa que eu não vou ter que levar pontos? – Liz Perguntou animada.

— Não. Significa que não é grave, e você vai, sim, ter que levar pontos, Liz. Senão vai demorar muito mais para fechar e pode inflamar.

— Vai ser aquele adesivo, né Ducky? – Ela pediu com esperança.

— Receio que não. Sr. Palmer, por favor, traga as ferramentas necessárias para a sutura.

— Não... – ela chorou na mesa.

— Lizzy não comece... –Jethro advertiu.

— Eu não gosto de agulhas, pai. Isso vai doer.

— Vai doer se você não ficar quieta. Agora deixe o Ducky trabalhar. – Eu ordenei, porque se deixasse por conta dela, Ducky não faria os pontos.

Desde o momento da picada da anestesia até o último nó do último ponto – foram somente cinco – Liz não parou de gritar.

— Interessante....  – Tony disse quando Liz finalmente parou de chorar – Enfrenta um doido varrido igual a um leão, mas chora igual a um bebê quando vai tomar pontos.

— Leoa, Tony. Leoa. – Ellie corrigiu.

— Leão! Olha como tá o cabelo dela, armado igual a uma juba de leão. A cor já combina, né? – Tony continuou.

Se Liz não tivesse arremessado a vasilha onde, anteriormente, estava a linha e a agulha para a sutura, na cabeça de Tony, eu mesma teria feito.

— Foi um péssimo comentário, DiNozzo! – Ziva sibilou.

— Ai... qual é.... sabem que é verdade! – Ele se defendeu. – E doeu, Liz!

— É bom ter doído mesmo! Foi pra isso que eu o arremessei.

— Tá virada em Jibbs hoje, menina? – Ellie perguntou.

— Ellie, se você preza pela sua vida, apenas pare. – Liz a intimou séria.

A loirinha da equipe, que só para variar comia um pacote de salgadinhos, olhou a sua volta e concordou com um aceno de cabeça.

— Pronto, tudo ajustado. Só precisa tomar cuidado com o curativo do braço. Troque-o todos os dias, até que tiremos os pontos. – Ducky orientou.

 - Muito obrigada, Ducky. – Liz agradeceu e foi em direção aos elevadores. – E agora?

— Agora?! Vamos para casa! – Eu disse.

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O pesadelo tinha acabado. Elas estavam de volta e em sua melhor forma, ou tanto quanto o cansaço – para Elena – e a anestesia – para Liz – deixavam.

Estávamos finalizando os últimos ajustes sobre os relatórios finais e como íamos explicar o que aconteceu dentro daquela casa, quando as duas garotas, que estavam sentadas embaixo da tela de plasma, ao lado da mesa de Tony, perguntaram em uníssono:

— Onde estão Anderson e Donney?

— Eles estão onde deveriam estar. – Morgan respondeu direto e sem detalhes.

 - Derek Morgan, onde eles estão? – Elena levantou e perguntou ao agente, com as mãos na cintura.

— Foram demitidos. – DiNozzo respondeu por fim.

Foi a vez de Liz se levantar e, ao invés de caminhar para o lado de Tony, foi para perto do pai e, muito seriamente perguntou:

— O senhor mandou o Donney embora, pai? E o senhor, agente Hotchner, mandou o Anderson? Por quê? O que eles fizeram?

— Foi mais para o que eles não fizeram, Elizabeth. – Hotch a respondeu.

— O senhor não tá achando que foi culpa dos dois, né pai? – Elena disse.

Eu e o restante não estávamos acreditando no que estava acontecendo bem diante de nossos olhos.

— Elas estão defendendo os dois? – Spence sussurrou no meu ouvido.

— Com toda certeza! – Respondi.

— Inacreditável! – Rossi riu ao meu lado. E eu sempre achei que Elena seria promotora.

— Não ache que o DNA dela é para acusações, David!

— Não, JJ, não acho... mas isso é novidade. Quero só ver como esses dois chefões vão se virar com essas duas clamando pela liberdade dos seguranças.

Voltamos nossas atenções às duas e foi até engraçado.

— Pai, me escuta, o Donney não teve culpa. Não dava pra enxergar nada dentro daquele corredor. E a gente mal respirava. Quando dei por mim, estávamos muito atrás e não conseguimos chamá-los. Tinha muita fumaça! – Liz começou.

— Ficamos sem saber onde estávamos, e, de repente, apareceu um funcionário da escola. Ele tava com o mesmo uniforme que os zeladores e faxineiros usam, e ele nos indicou um caminho. Uma saída. – Elena continuou a narrativa.

— Só que não era saída. – Liz finalizou.

— E ficamos trancadas. Tentamos de tudo, começamos a fazer barulho, gritar, mas ninguém respondia. – Elena terminou.

— Depois acordamos dentro daquela casa. – Elizabeth falou por fim.

— Tá vendo, eles não têm culpa! Não merecem perder os empregos por isso! – Elena bateu o pé e encarou o pai.

— Donney está até se preparando para ser agente sênior. É injustiça manda-lo embora. – Liz defendeu o agente.

— E Anderson também! Ele não tinha que me proteger sendo que eu quase fui a responsável por ele quase ser demitido uma vez. Mas mesmo assim ele aceitou o cargo. Pai, traga ele de volta! Ele é um bom agente!

Hotch e Gibbs ficaram olhando espantados para as filhas. Assim como Derek e Dinozzo. Acho que os dois não gostaram da concorrência na preferência das duas não.

— Vocês já assinaram a carta de demissão? – Liz perguntou aos dois – Por que, se não, é muito bom que os dois possam voltar para trabalhar depois do final de semana.

Foi impressionante como Liz usou o mesmo tom de voz da mãe... definitivamente uma miniatura dela.

— Isso tá ficando muito bom, não está JJ? – Ziva disse a meia voz.

— E como!! – Eu ri olhando para as duas que encaravam os pais.

— Vocês não prenderam os dois, não, né? – Elena chegou à conclusão.

Ninguém respondeu. E elas olharam horrorizadas para todos nós.

— Sob qual acusação e crime eles estão sendo mantidos presos?  -Liz perguntou.

— Porque se não tiver nenhuma, é uma prisão ilegal. – Elena terminou.

Elas estavam certas. Nós sabíamos disso. Mas mesmo assim doeu ouvir da boca de duas meninas de 10 anos.

Na mesma hora Derek e DiNozzo rumaram para a sala de interrogatório. Voltaram cinco minutos depois com os dois agentes.  

— Vão para casa descansar. – Gibbs ordenou.

Os dois fizeram menção de entregar os distintivos aos respectivos chefes, mas foram detidos de fazê-lo pelas duas garotas.

— Vocês não são ex-agentes e nem estão sendo demitidos. – Elena impediu Anderson de continuar.

— Voltam ao trabalho na segunda-feira. – Elizabeth finalizou.

Os dois não estavam entendendo nada.

— Vão logo antes que os chefes mudem de ideia. – Tony disse mal-humorado.

— Mas, eu achei... – Anderson começou.

— Resumindo a história - Derek disse.  – Vocês dois possuem ótimas advogadas. – Ele apontou para as meninas.

Anderson olhou descrente para Elena e Dorneget foi logo agradecendo à Liz.

— Não tem que agradecer, Donney! Você fez o seu trabalho. – A ruivinha disse.

— Eu te devia essa, Anderson.... depois do xingo que você tomou da Strauss e do meu pai... Não paga tudo, mas espero que possamos nos dar bem daqui pra frente... – Elena se explicou.

Os dois agentes, ainda um tanto assombrados com a reviravolta, saíram agradecendo e despedindo de todos.

— Nunca mais eles vão querer participar de qualquer esquema de segurança. – Ziva disse em voz alta.

— Não mesmo. – Ellie complementou.

— E então? Estamos liberados? – Perguntei – Porque eu ainda tenho meus dois bebês para tomar conta.

— Vão logo. Voltem na segunda. Depois das nove. - Hotch disse.

— E a gente, Chefe? Vamos ter um final de semana prolongado também?

— Vão antes que me arrependa. Tchau DiNozzo.

Depois dessa, não ficou ninguém na sala.


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Notas finais do capítulo

Ducky é tão fofo que até quando nós, meros mortais o colocamos em uma fic, ele continua com a mesma personalidade!
Já imaginaram Ziva dando aulas de defesa pessoal para a Liz e para a Elena? Pobre Tony... seria a cobaia!
Donney e Anderson continuam com seus empregos e as duas pestinhas, se não virarem agentes, podem ser advogadas!!
Muito obrigada por lerem!!
Até o próximo!
xoxo



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