Double Trouble escrita por Carol McGarrett


Capítulo 13
Capítulo 13 – Sessenta horas de agonia.


Notas iniciais do capítulo

Bem, um resumo...
Emily Prentiss se controlando.
Jenny Shepard rodando a baiana
JJ sendo a voz da razão
Liz e Elena com um plano infalível...
Breve resumo do que está por vir!
Boa leitura!!



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— Alguém me diga que tem algo? Por favor! – Ellie implorava.

A esta altura, quarenta horas já tinham se passado. As fotos das duas meninas estavam em todos os bancos de dados e alertas que existem. Até no noticiário das 22:00 horas, tinham aparecido. E cada vez que eu via aquilo, eu queria correr, gritar, bater em alguém, ignorar tudo isso e apenas me deitar na minha cama, implorando que tudo isso não passasse de um grande pesadelo.

Mas não era. E a prova viva disso era que todos estavam correndo contra o relógio, contra a exaustão, contra todos os pensamentos ruins que passam em qualquer cabeça quando algo assim acontece.

Contudo, não é fácil por mais que JJ, Dave e Spencer sempre vinham me checar, parece que algo está faltando. Parece que EU não estou fazendo o MEU trabalho direito. Minha filha tinha sido sequestrada a mais de um dia e meio, e NENHUMA PISTA tinha sido encontrada. Na verdade, até tinha, mas não levava a lugar nenhum. Abby estava indo a loucura em seu laboratório, PG estava exausta de tanto ficar na frente de uma tela. McGee não dormia há horas, Derek e Tony tinham tomado a frente e estavam interrogando os dois agentes designados como seguranças. Jenny estava ligando para todos os seus contatos, seja lá onde eles estiverem, e já tinha colocado uma equipe da CIA atrás das meninas. Mesmo sem pistas, afinal, ela trabalha na CIA, e eles conseguem achar pessoas escondidas até dentro de um vulcão. E os pais?

Bem, eles, neste momento, estão reunidos com o Diretor da NCIS e o Diretor do FBI traçando o melhor caminho para tentarem manter a investigação de nossas mãos, já que pelos Diretores estamos emocionalmente envolvidos e não podemos continuar.

E eu, bem, eu, Emily Prentiss, acabo de receber um telefonema da minha mãe, me perguntando como eu fui capaz de deixar a minha filha ser sequestrada.

Isso mesmo, Elizabeth Prentiss me ligou para jogar na minha cara que eu sou uma péssima mãe. E, não satisfeita, ainda me perguntou como fui capaz de ser mãe, se eu claramente não tinha capacidade para tal. Eu tinha duas opções sobre essa ligação, ou eu ouvia calada o que ela queria dizer, ou eu explodia de vez e jogava sobre ela toda a minha frustração com tudo isso. Por algum milagre, eu fiz a primeira coisa. E agora estou aqui, sentada na mesa que pertence a DiNozzo, esperando que minhas mãos parem de tremer para poder fazer algo útil.

E pensar que eu tinha tudo pronto, tudo arrumado para tirar a minha menina do país em segurança.

Minha filha. Minha bebê. Minha Elena.

Eu tinha arrepios só de pensar no que poderia acontecer com ela, caso chegássemos tarde demais.

Ouvi vozes exaltadas vindo do andar de cima. Gibbs gritava algo com os Diretores. Eu tinha que admitir, ou ele é muito corajoso, ou é uma besta completa. Mas, olhando por outro lado, creio que ele a equipe, nos dias normais, são os únicos que realmente trabalham por aqui.

Os gritos continuaram e notei que ficavam mais altos, em um átimo, todos do andar de baixo olhavam para a varanda que levava à sala do diretor.

Mais gritos. Ouvi a voz de Aaron também.

Agora eles se acusavam mutuamente. De quem era a culpa. Por que elas tinham sido levadas? Por que justo as duas?

Por minha causa, eu quis gritar, quis tirar alguma reação emocionada de todos à minha volta. Mas eu ainda não conseguia.

Um barulho mais forte, uma porta aberta e vi Jenny e Rossi subirem as escadas de dois em dois degraus. Eu os segui, para encontrar os dois agentes espumando de ódio.

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Enquanto Morgan e DiNozzo interrogavam – ou pelo que parecia, torturavam – os dois agentes que estavam trabalhando como seguranças de Elena e Liz, eu estava tentando controlar o turbilhão de emoções que estava dentro de mim e, ao mesmo tempo, coordenar com o meu time principal uma forma de encontrar esse desgraçado.

Mesmo contra as ordens, eu estava usando um pouco dos recursos que dispunha para encontrar as meninas. E se alguém achasse ruim, eu procuraria os meus contatos no exterior também. Eu tinha ouvido Ziva conversar em hebraico com alguém do Mossad, e, pelo visto, os israelenses, depois de algumas ameaças bem explícitas por parte da agente, resolveram nos ajudar.

 E, entre uma ligação e outra, uma ordem e outra para a equipe que estava na rua, eu escutei. Será que pelo menos hoje, ele não poderia se controlar?

Mas talvez não fosse culpa dele... e, dessa vez não era.

A única reação que tive foi correr escada acima. E quando eu, Rossi, McGee e Emily chegamos no segundo andar, Jethro e Hotch eram a encarnação da fúria.

— Então? – Sussurrei a pergunta enquanto os dois desciam as escadas.

— O caso vai para outro time. – Hotch respondeu sem nem olhar para trás.

— Vai para quem? – Emily parecia que agora explodiria de vez.

— Até onde conseguimos ouvir - antes que ele quebrasse metade do escritório – Hotch apontou para Jethro - parece que para a Unidade de Crimes Violentos.

Fornell.

— Chefe – McGee tomou coragem. – Isso é sério? Mas esse caso é nosso desde o início, eles não podem mudar a jurisdição....

Jethro não respondeu. Apenas olhou para o agente mais novo de sua equipe e assentiu.

O que Vance tinha na cabeça?

Eu só percebi que estava dentro do escritório do Diretor da NCIS quando eu terminei de gritar minhas palavras.

— Hipócrita! Deve ser bem conveniente para você que esse caso passe totalmente para o FBI, não é? Afinal, se as coisas derem erradas, o seu bom nome não será manchado! Você deve se achar muito bom para fazer algo assim. E você – apontei para o Diretor do FBI – deve ter gostado. Assim tirará o título de serial killer do assassino e o transformará em um caso qualquer, que a mídia não quer cobrir.

— Diretora Shepard. – Tentaram me acalmar.

— Não venha com Diretora para cima de mim, Leon. Você sabe muito bem que só conseguiu essa cadeira porque você armou uma cilada para mim! Agora, você vai escutar! Ou eu vou entregar cada um dos seus segredinhos para a mídia! Você vai trazer de volta a esta sala os dois agentes que acabam de sair. – Eu apontei para a porta - Vai devolver-lhes o caso. Vai dar para eles imunidades e meios para capturarem esse desgraçado que já matou CATORZE meninas. E vai fazer isso AGORA! – Eu ordenei.

— E quanto a você – apontei para o outro Diretor – o mesmo e ASAP. Porque senão, pode ser que alguma das suas duas amantes apareça no jornal das dez... e você não vai querer isso, vai? – O ameacei.

— Você não tem tal autoridade, Shepard?

— Não tenho? Tem certeza, Leon? Você tem muita certeza disso? – Eu o fuzilei com os olhos.

— A sua divisão na CIA.

— Ainda é a CIA, e, caso você tenha se esquecido, eu sou excelente em fazer política, mas sou melhor ainda em chantagear as pessoas. Ainda mais com acesso livre às informações que tenho. Então, é muito bom você seguir o exemplo dos seus coleguinhas de calças apertadas e mulheres enfeites e fazer o que eu mandei, ou algo vai explodir bem na cara de vocês, e amanhã vocês serão os EX-DIRETORES de duas Agências Federais. Fui clara?

— Ninguém sabe que você está viva ou que lidera alguma coisa, Jenny.

— O que é ainda mais conveniente, não é? Assim, nunca chegarão em mim ou na equipe que trabalha comigo, mas o dano chegará em vocês. – Apontei para os dois -  Última oferta, pois eu tenho o Presidente na discagem rápida e não vou hesitar em ligar para ele e contar o que sei.

Ninguém mais pegaria esse caso. E, a essa altura, eu pouco me importava se minha carreira na CIA poderia acabar. Eu já tinha caído uma vez, não me importaria de cair duas. Na primeira foi defendendo meu pai e aquele que hoje é meu marido, cair para defender minha filha, não teria problema nenhum.

— Senhores? – Perguntei pela última vez.

Leon foi sensato e pediu que sua secretaria chamasse Jethro e Hotchner. Mas, na verdade nem precisava. Eles estavam na porta, só aguardando o desfecho de tudo isso.

— Vou deixá-los a sós. – Disse sarcasticamente quando me virei para a saída. E, passando pelos dois agentes que minutos atrás tinham gritado tanto quanto eu, acenei positivamente e disse:

— Acho que vocês vão ter o caso de volta.

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Eu tinha acabado de interrogar Anderson e vinha falar com Hotch sobre um detalhe, um grande detalhe que aqueles dois tinham deixado passar. Uma placa de carro.

Acontece que quando eu e DiNozzo entramos na sala do esquadrão, não vimos ninguém ali, pelo menos ninguém da nossa “Força-Tarefa”, todos estavam no segundo andar.

Foi quando ouvimos gritos. Na verdade, só uma voz, exaltada. Gritando e ameaçando os dois diretores que lá estavam.

De início eu não reconheci a voz. Contudo, quando o tom ficou mais brando, mas não menos ameaçador, eu percebi que se tratava de Shepard.

— O que aconteceu para isso estar assim? – Perguntei para Tony que parecia conhecer a mulher melhor que eu.

— Você é o perfilador, Derek. Olhe para a cara de seu chefe e me diga. Só sei que foi algo grande.

Foi aí que escutamos ela dizer, mas verdade mandar era a palavra correta – que devolvessem o caso para nós.

Eu nem sabia que tinham nos tirado o caso.

Quando fiz menção de subir as escadas e acompanhar de perto, Tony já havia subido e aguardava o desfecho da cena ao lado de Ziva.

Cheguei a tempo de ouvir a ex-Mossad dizer:

— Se eles não devolverem o caso para nós, eu juro que dou um tiro em cada um!

— Se precisar de ajuda, me avise. – JJ falou seca.

— Depois de uma ameaça assim, com certeza eles vão devolver. – Tony completou.

E não deu outra. Depois de um minuto de silêncio, ouvimos claramente o Diretor da NCIS chamar pelos líderes das equipes.

Eu estava assustado com isso. Já tinha visto muitos chefes gritarem e ameaçarem outros, mas nesse tom, com toda essa certeza, era a primeira vez.

Hotch e Gibbs entraram e Jenny saiu da sala, e a porta foi fechada.

— É sempre assim, por aqui? – Perguntei para McGee que tinha um estranho sorriso vitorioso no rosto.

— Não, Morgan. Mas por que o susto?

— Ela era assim quando era diretora daqui? – Apontei para a ruiva que saia da sala e parava para conversar com Rossi.

— Mais ou menos. Noventa por cento das brigas que aconteciam por aqui eram iniciadas pelo Gibbs, que nunca batia na porta dela. Ou nunca acatava as ordens dela. Mas uma coisa era certa. Ela sabia lidar com qualquer crise melhor que o atual diretor.

Meneie a cabeça em concordância. E fiz uma nota mental: Nunca mexa com uma agente do NCIS.

Com pouco tempo, os dois voltaram. Mais calmos do que a prévia ocupante da sala.

— O caso é nosso. – Hotch disse.

E, antes que pudéssemos voltar para os atualizar sobre nossa descoberta, ouvi Gibbs simplesmente dizer:

— Você tem noção que ameaçou dois diretores agora, não tem?

— Jethro, não fiz ou disse nada que eles já não tinham dito para mim.

Definitivamente esse caso não acabaria bem.

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  - E então, o que vocês dois descobriram, parecia importante. – Troquei o foco da conversa.

— Um pequeno detalhe que aqueles dois deixaram passar, JJ. – Derek disse a contragosto.

— Que seria? –Eu perguntei.

— Um número de placa de carro, mesma placa, diferentes modelos. – DiNozzo continuou.

— Se fossemos nós dois desde o início protegendo as duas, tinha certeza de que isso não passaria, aliás – Derek continuou acidamente – as duas não estariam nessa situação. E nada disso aqui estaria acontecendo. Mas você não quis nos ouvir, não é Hotch? Seu plano era infalível...

— Derek, por favor, não comece. – Penelope que tinha vindo do laboratório de Abby pediu.

— Está se julgando o melhor, Morgan? Tem alguma ideia agora? – Hotch perguntou acidamente. Derek teve uma péssima escolha de hora pra provocá-lo.

 - Gente, - eu pedi – não adianta brigar agora, por favor, as duas estão sumidas. Vamos focar em achá-las, tudo bem?

— JJ tem razão. – Ellie me acompanhou. – Qual era o número da placa? Podemos rastreá-la.

— Estou a postos, diga e eu vou achar em um átimo. – Garcia disse já na frente de seu notebook.

Hotch e Derek se encaravam furiosamente. DiNozzo também não olhava muito feliz para Gibbs, mas o que poderíamos fazer agora? Rachar as equipes a essa altura só iria prejudicar Elena e Elizabeth.

— TR56WF

— Já está procurando. Vamos ter algo com certeza. – Pen rezou.

Todos olhávamos ansiosos para a tela da TV, já que McGee tinha espelhado o notebook de Garcia para evitar que todos ficássemos amontoados sobre os ombros dela.

— E aí está. É de um Toyota Corolla, preto, licenciado no estado da Califórnia!

— Algum de vocês viu esse carro no dia em foram pegar as meninas?

— Não JJ, não tinha nenhum Corolla. Nem em frente à escola, nem nas redondezas. Mas Dorneget disse que essa placa estava em vários carros.

— Eu vou trabalhar nisso! – Abby gritou correndo até o elevador que levava ao seu laboratório. – É muito bom você vir me ajudar McGee!

— Me esperem! Seis olhinhos investigam melhor! – Garcia correu atrás dos dois.

— Quantos carros eles disseram que eram? – Gibbs finalmente falava algo.

— Não disseram, Chefe. – DiNozzo respondeu.

— Outra informação útil? Algo da hora do incêndio, alguma pessoa estranha?

— Nada Emily. Absolutamente nada. Parece que Anderson e Dorneget resolveram ajudar outras pessoas ao invés de ficarem de olho nas duas.

— Eu posso ter uma palavrinha com eles?

— Eu não acho uma boa ideia, Emily. Não agora.

— JJ, eu preciso. Senão eu vou acertar algum de vocês. Já que os diretores estão fora de cogitação nesse momento.

Shepard não disse nada, apenas encarava o televisor a sua frente com uma expressão vazia.

Então Emily se foi, seguida de perto por Derek.

 - Você não vai, DiNozzo?

— Não, JJ. O que ela quer fazer, é com ela. Eu não vou atrapalhar. – O italiano deu de ombros e continuou – bela ameaça, Jenny. Aquilo lá é verdade mesmo?

— O que você acha, Tony? Sou boa no blefe, mas não jogo com a vida da minha filha, isso aqui não é um jogo e pôquer.

E a sala caiu em silêncio. Eu tinha a opção de ficar lá, ansiosa esperando que a turma do laboratório aparecesse com alguma pista, mas decidi ir ver como Emily estava lidando com a raiva.

—------------

— Beleza, agora que você quase arrancou o meu pobre dedão, o que faremos? – Perguntei para Liz enquanto segurava meu dedo protetoramente.

— Testa a porta. – Ela foi curta.

— Para?

— Para ver se ela fala! É claro que é para ver se ela está aberta, Elena!

— Ok. Não precisa ficar assim!

Caminhei até a porta e muito cuidadosamente tentei virar a maçaneta. Estava, de fato, destrancada. E, Lizzy ao ver isso, correu para o meu lado.

— Vamos sair. - Ela sussurrou. – Uma olhando as costas da outra. Igual a uma equipe SEAL.

— Tudo bem, quem vai na frente?

— Vamos invertendo. Ora você, ora eu.

— Eu começo.

— Tente fazer o mínimo barulho possível. Ele não pode nos ouvir.

Caminhamos alternando a liderança até chegarmos ao final do corredor. A cada porta aberta meu coração pulava uma batida. Minhas mãos suavam e eu queria correr de volta para a falsa segurança daquele quarto imundo. Mas continuamos.

Ao final do corredor, pelo menos para nós, tinha uma sala, que poderia ter sido uma sala de estar, para uma pessoa normal, mas parecia um escritório decrépito, com cortinas rasgadas nas janelas e jornais colados nos vidros.

— Ele está disfarçando a nossa presença na sala com isso. – Sussurrei para Lizzy.

— S-s-s-simm. – Ela gaguejou de volta.

— O que foi? – Perguntei sem olhar para trás, tinha medo da nossa assombração ambulante estar ali.

— Isso. – Ela apontou para um quadro atrás de um móvel.

Fui até lá para ver o que era e, na mesma hora desejei não ter feito. Nele tinha as fotos de uma...duas... treze. CATORZE MENINAS. Todas com olhares assustados, do mesmo modo que os de Liz estavam e que, muito provavelmente, os meus também deveriam estar.

— Loira, afrodescendente, morena, ruiva. – Liz começou - Loira, afrodescendente, morena, ruiva. Loira, afrodescendente, morena, ruiva. Loira, afrodescendente... faltam

— NÓS.... – Eu engoli em seco. – Meu coração disparou. O medo que senti ao descer o corredor em nada se comparava ao que sentia agora. – Nós vamos morrer.

— Vítimas de um serial killer. – Liz tinha a voz de choro.

— Os caras que meus pais prendem.

— Era isso que Tony tinha me dito! Era por isso a preocupação de Tony e nossos seguranças.

— Eles tentaram, mas não conseguiram.

— Esse maluco colocou fogo na nossa escola só para nos pegar! – Por que nós?

— Não sei. Temos que achar uma porta, as chaves, qualquer coisa. Eu não quero morrer. – Chorei.

Mas Liz parecia que não estava me ouvindo. Ela tinha os olhos fixos em uma folha de papel.

— O que é isso aí? Mais alguém?

— Não, um calendário.

— E?

— Já tem mais de dois dias que fomos levadas.

— Eu escutei uma vez meu pai dizendo que depois das primeiras 24 horas, achar a pessoa com vida é praticamente impossível.

— Pela ordem, você é a próxima. – Liz parecia ter entrado em choque e estava agindo no automático. – O que os seus pais te falaram sobre isso?

— Eles sempre seguem uma ordem. Todo psicopata possui uma ordem no caos que é a vida dele.

— Então ele não mataria uma ruiva no lugar de uma morena, não é?

— Acho que não.

— Ótimo. Você vai sair. Vai procurar ajuda. Eu vou ficar. Vou tentar pará-lo, até que nossos pais cheguem! Vou mascarar que você está deitada de costas para ele, como sempre. Nas últimas vezes ele não te incomodou.

— Por que não vamos as duas? Podemos fugir?

— Porque ele conhece o local. Se sairmos juntas, ele vai vir atrás da gente, vai nos encontrar e sabe-se lá o que vai fazer. Ele tem que ser distraído.

— Você é doida?

— Não. Se você ficar e eu sair, ele te mata e vai atrás de mim. E nós duas morremos. Mas se você sair e eu ficar. Ele não vai poder seguir uma sequência. Ele vai ter que caçar outra morena. Você está a salva. E enquanto ele não acha outra, eu também.

Ela tinha razão, mas onde eu estava?

— Mas para onde eu vou?

— Para qualquer lugar que você veja um telefone. Corre e liga para a sua mãe, para o seu pai, para o Derek. Sei lá. Mas faz isso!

— Sim. Mas primeiro tenho que sair daqui!

— Vamos achar uma janela destrancada.

Vasculhamos todo o primeiro andar e não tinha nenhuma janela aberta, mas tinha uma outra saída. A saída do cachorro na porta da cozinha.

— Vai logo. E procura um celular, um telefone. Eu vou arranjar alguma coisa para fingir ser você!

— Tá bom.

— E Elena, se você conseguir ligar para alguém, pede para essa pessoa falar para os meus pais que eu os amo muito? Por favor?

— Eu peço. Só mais uma coisa, o que você vai fazer quando ele descobrir que eu não estou aqui?

— Você já viu Esqueceram de Mim e Enrolados?

— Sim!

— Então, eu vou fazer aquilo! Boa sorte!

E então eu saí para a noite em lugar completamente desconhecido, precisando achar qualquer alma boa que me emprestasse o celular para fazer uma única ligação.

Corri até que minhas pernas cansaram. Já tinha um bom tempo que eu não comia nada, não deveria ter ido longe. Estava tentando não chamar atenção no meio daquele bairro estranho. Entre vários lugares desconhecidos, a única pista que tinha era que estava perto do mar. Podia sentir a maresia e o gosto do sal na boca. Foi quando eu vi um local que me pareceu promissor.

Apesar do nome assustador – Black Pete— ali era o único estabelecimento aberto e com luz que eu via em um bom tempo. Tinha que ter um telefone ali.

Olhei pelo vidro imundo, quase não distinguia as formas lá dentro, estava a ponto de desistir quando escutei o barulho de um telefone tocando. Estávamos salvas. Ninguém negaria uma chamada para mim, não é?

Quando me levantei, uma mão me agarrou pelo ombro. Tomei um susto, e quando me virei, me arrependi na hora.

— Então você finalmente acordou e fugiu?! Me pergunto onde a ruiva está? Ela está por perto? – A voz dele me deu medo, seu rosto ficou gravado no meu cérebro como tatuagem. De todas as pessoas do mundo que poderiam me encontrar, foi justamente ele. O monstro que tinha me pegado.

Eu não tinha como fugir. Então fiz o que qualquer um faria. Eu gritei. Gritei como se a minha vida dependesse daquilo. E dependia.

— SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! ESSE MALUCO ME SEQUESTROU. SOCORRO!!!

Eu esperneava, gritava, chorava. Por fim, chamei pela minha família. Que eu sabia que não me ouviria. Contudo, entre as janelas sujas do beco por onde ele me levava, eu vi uma luz, uma janela foi aberta e uma cabeça, não sei se de homem ou mulher, foi colocada para fora. Ao fundo pude ouvir uma chamada na televisão:

Se vocês viram essas duas garotas, favor entrar em contato com o número que aparece logo abaixo. Sua identidade será preservada”.

Era a voz de Tia JJ! Eles estavam a nossa procura!

Eu tinha ouvido, ele também. E logo em seguida, para evitar que eu gritasse mais alguma coisa, ele apertou forte atrás do meu pescoço e eu não vi mais nada.


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Notas finais do capítulo

Elena é uma garotinha corajosa...
Liz andou vendo filmes demais. (e diga-se de passagem está com o interruptor ligado no modo Jibbs, pq olha...)
Jenny exagerou na dose...
E o que vai acontecer com as duas?
Cenas dos próximos capítulos!
Muito obrigada por lerem e por todos os comentários!!
xoxo



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