Double Trouble escrita por Carol McGarrett


Capítulo 14
Capítulo 14 -Setenta e Duas horas


Notas iniciais do capítulo

Bem, se no capítulo passado Jenny passou dos limites, temos Emily Prentiss sendo badass como sempre, porque ela também pode!
Bem, só sei que Liz andou vendo muito filme e que as E's são corajosas pra caramba!
Se preparem! Capítulo com (muitas) referências a filmes!
Boa leitura!



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— Então os senhores podem me fazer o favor de me dizerem como foi que deixaram passar um detalhe tão importante como essa placa repetida em vários carros? – Eu espumava de raiva.

— Agente Prentiss, eu, quer dizer, nós estávamos fazendo a segurança das meninas, elas requerem muita atenção. Em um minuto...

— Você. Vai. Jogar. A. Culpa. Nas. Duas? Sério, Anderson?

— Mas você, - Eu levantei a sobrancelha. – A senhora sabe o quão difícil é tomar conta da Elena, e a Elizabeth não é nem um pouco diferente.

Morgan que estava escorado no fundo da sala apenas sibilou.

— Eu sei muito bem como Elena se comporta, Anderson, e sei também que Liz não é a mais fácil das crianças, mas era o dever de vocês dois tomarem conta delas, custasse o que custasse. Foi para isso que vocês foram escolhidos. – Eu bati a mão na mesa, para evitar dar um tapa na cara de algum deles.

— Foi tudo muito rápido. Uma hora.

— Eu ainda não cheguei no incêndio, Dorneget. Eu quero saber da placa. Por que não reportaram isso?

— Reportamos agora!

— Que elas já estão sumidas a sessenta e seis horas? Você acha que isso ajuda?

— Abby pode encontrar...

— Abigail, Penelope, Timothy, eles não fazem milagres! Eles estão a quase uma semana sem uma noite de sono descente. E vocês só pioraram a situação. Mas saibam de algo. Nunca mais serão agentes. Antes que isso aqui acabe. Antes que peguemos esse serial killer, vocês serão demitidos, com duas belas cartas de NÃO RECOMENDAÇÃO. E, se as meninas não forem encontradas, ou se algo pior que o sequestro delas acontecer. Eu vou fazer com vocês dois a mesma coisa que fizeram o que aquelas catorze meninas. Vocês vão morrer que nem elas. E tenho certeza que Abby e todos os outros vão encobrir os meus passos, isso se não me ajudarem.

Os dois estavam petrificados em suas cadeiras, e era bom que ficassem assim mesmo.

— Só mais uma coisa, até segunda ordem, de qualquer um dos pais, vocês estão detidos nesta sala. E não adianta reclamar ou clamar por seus direitos. Eles não existem mais. Vocês deixaram as garotinhas erradas escaparem e vão lidar com as consequências. – Eu gritei e logo em seguida sai da sala de interrogatório.

Eu sei que aquele prédio não é o prédio da agência onde trabalho. Sei também que não sou subordinada ao diretor do NCIS – que diretor diga-se de passagem – mas não pude evitar. Era pressão demais sobre mim. Tudo o que eu queria era a minha filha de volta, prender esse unsub e então voltar para casa e passar um mês do lado dela. Dela e da minha família. Mas as chances de vê-la novamente estavam se esgotando.

Quando pisei no corredor já do lado de fora da sala de interrogatório, vi que a porta da sala de gravação se abriu. Sinceramente eu não queria encontrar ninguém. Será que não tinha um canto desse prédio em que eu poderia ficar sozinha e quebrar tudo?

Era Aaron quem saía.

— Me diga que tem uma boa notícia, por favor! – Eu implorei ainda parada perto da porta.

Ele veio em minha direção, me abraçou e disse:

— Eu bem que gostaria, Em. Bem que gostaria. Mas não tenho.

— Aaron... já são mais de sessenta e cinco horas. Nosso prazo final... – Eu o abracei mais forte, precisando de todas as formas que alguém entendesse meu desespero.

— Não me lembre do prazo, Emily. Cada vez que olho no cronometro do celular eu me desespero. Eu deveria ter deixado a Shepard tirar as duas do país.

— Não ia dar tempo. Ele as pegou antes. Ele tem as duas, ele tem a nossa Elena. E... – Eu chorei como há muito não chorava.

Sei que precisava ser forte, minha filha dependia disso, mas eu não conseguia mais manter a calma, a tranquilidade. Ela tinha sido tirada de mim, de nós. E não tínhamos ideia de onde ela estava, se ela estava bem, se ela estava viva...

Aaron me abraçava forte e tentava me confortar, mas era tão difícil para ele quanto era para mim. Elena era a sua garotinha, a princesinha do papai que tinha sido levada. A única menina da família Hotchner e da BAU.

 - O que vamos fazer se....

— Em, não pense ou fale isso. Nós vamos encontrá-la. Ela vai voltar para nós! – Ele me apertou mais forte.

— Mas que Elena vai voltar para nós, Aaron? O que ela está passando...

— Ela é forte, Em. Ela é forte que nem você. Você passou por coisa pior e está aqui. Pense que isso, ela herdou de você!

— Se eu fosse forte o bastante, não estaria aqui, sentada no chão de uma Agência Federal, chorando em seus braços, Aaron, eu estaria lá fora, caçando esse desgraçado.

— Emily, todo mundo tem o direito de desabar de vez em quando. Nisso você não é diferente de ninguém.

— Mas não tem ninguém desabando!

— Tem certeza?

Ele tinha razão, cada um desmoronava ao seu jeito. Não éramos imunes a toda essa pressão.

— Me promete uma coisa?

— Vamos pegá-lo.

— Não é isso. Essa parte eu sei. Eu quero te pedir férias, só nós quatro. Eu você, Jack e Elena. Bem longe daqui. Eu um lugar onde vamos esquecer que isso aconteceu. Ou vamos fingir, pelo menos.

— Vamos para onde você quiser. Mas primeiro temos que achá-la.

Como se tivesse esperando Aaron dizer isso, Abby deu um grito na sala dos agentes:

— PESSOAL, pessoal, pessoal, pessoal. Eu tenho algo.

— Acho que essa é a nossa deixa. – Ele me deu um beijo na testa.

— Sim. Vamos antes que Abby coloque o prédio abaixo.

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Bem, eu estava sozinha nesse muquifo fedido e capenga. Contudo, aqui tinha que ter alguma coisa. Algo que eu poderia usar para me defender desse maluco.

Rodei a casa – se é que isso é uma casa – inteira. E consegui achar algumas coisas interessantes. Ferro de passar, facas, panelas e o melhor notei que tinha uns fios meio desencapados no porão. Ele vai ter uma surpresinha quando descer.

Eu tinha assistido muitos filmes para saber que dava para fazer uma bela armadilha com pouca coisa. Eu não era o MacGyver, mas deveria servir para alguma coisa, principalmente no que diz respeito com ferramentas, não trabalho com papai no porão nos últimos cinco anos atoa... sei fazer algumas coisinhas.

Acabei de desencapar os fios no porão, e deixei que a água começasse a encher o tanque, logo, logo ele transbordaria e a água faria o seu papel de condutora de eletricidade, mas eu precisava de mais.

Subi as escadas, preparei a falsa Elena na cama, e escondi uma faca debaixo do colchão onde estava. Voltei à cozinha e vi se tinha alguma coisa que eu poderia jogar na cara dele. Tipo um spray de pimenta. Não tinha. Mas a pimenta pura servia mesmo. Achei uma frigideira, se tudo desse errado, ele tomaria uma na testa. Se bem me lembro de Ziva dizer, o lugar mais sensível para golpear uma pessoa é perto da têmpora, bem no final da sobrancelha.

Por fim, equilibrei o ferro de passar na porta do quarto, se ele tentasse me seguir para lá, tomaria na cabeça, pois eu passava tranquila, ele não.

Mas eu fiquei distraída com todos os arranjos que não o ouvi chegar, quando dei por mim, ele estava atrás de mim. Sua cara nojenta e toda deformada me olhava com ódio. Grande coisa, quando se convive com as encaradas de Leroy Jethro Gibbs, são poucas as coisas que te assustam, e eu não tinha mais medo dele.

Contudo ele tinha Elena em suas mãos, na verdade, ele tinha acabado de colocá-la sentada no sofá da sala, ela não conseguira fugir à final. E, pelo que pude notar, ele estava com a intenção de....

— Mas eu viro as costas e vocês duas aprontam? Deveria ter notado que vocês eram encrenca! Vou acabar com uma e depois eu parto para você! -  Ele veio tentando me pegar.

Eu não fiz o que ele esperava que era correr ou gritar. Eu o encarei e quando ele chegou bem perto, eu espirrei a pimenta que eu tinha encontrado na cara dele. Sem enxergar ele caiu no chão e eu corri para soltar a Elena com a faca que eu tinha escondido.

— Você conseguiu ao menos telefonar? – Eu perguntei esperançosa

— Não. Mas alguém me ouviu gritar por socorro.

Foi quando eu notei que, quando o monstro caiu no chão, ele deixou um celular cair também.

— Elena!

— Já vi!

— Pega e tenta ligar!

— Ele tá levantando.

— Deixa comigo!

E antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, eu meti a frigideira na testa dele. Se ele desmaiou de vez não sei, mas fez um belo estrago.

Elena pegou o celular e eu as chaves.

— E se ele nos seguir?

— Pelo menos teremos feito uma ligação e eles terão a nossa localização.

— Você quer ligar?

— Liga logo, pouco me importo para quem seja, contudo que venham nos buscar. Aquele corte não vai deixá-lo apagado por muito tempo.

— Liga você!

— Por que?

— Eu estraguei a primeira tentativa!

Nós duas corremos pela noite, enquanto eu fazia a ligação que poderia salvar nossas vidas!   

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— PESSOAL!! Por favor! Corram aqui!

— O que foi Abbs? Me diga que tem algo sobre as placas?

— Melhor do que isso, Gibbs! O celular foi ligado! Eu tenho uma localização!

— Onde? – Tony implorou e vi Derek correr para pegar as chaves do carro.

— Ele continua em Baltimore. Na zona portuária.

— Eu sei onde fica isso. Fiz ronda por lá. – Tony disse com confiança. – Posso chegar lá mais rápido, conheço um atalho.

— Vamos todos. – Rossi chamou.

— Não, esperem! Por favorzinho, esperem! – Pen chegou apressada.

— O que foi agora, PG?

— Emilinda, temos uma informação no disque denúncia.

— Quem era? – Ellie se deixou ter esperança.

— Viram Elena. Ela estava perto de um bar, “Black Pete” em Baltimore. Foi levada por um cara de capuz, mas ele tinha a mão deformada.

— DiNozzo?!

— É na mesma zona portuária da cidade, um péssimo bairro, Chefe. Nesse bar só tem confusão!

— Quanto tempo para chegarmos até lá?

— Normalmente uma hora e meia, Chefe, mas dá pra fazer em menos.

Eles estavam a um passo da porta, quando o celular de Jenny tocou, na mesma hora o sinal de alerta que colocamos no celular pré-pago do suspeito apitou. Ele estava ligando para ela?

Todos pararam onde estavam. Ziva sibilou um palavrão em hebraico, Derek xingou em inglês mesmo. Emily prendeu o fôlego.

Eles tinham visto Elena, mas ninguém sabia da Liz.

— Calma, Jen. Você sabe o que fazer. – Gibbs disse colocando a mão no ombro da mamãe ursa.

Ela respirou fundo e disse:

— Shepard. – Ela atendeu friamente. Colocando o telefone no viva voz.

McGee já tinha o rastreador ligado. Tony as chaves dos carros em mãos e a mochila nas costas. Ziva estava a meio caminho do elevador. JJ parou e colocou as mãos como se estivesse rezando. Emily se aproximou do telefone e ficou parada observando. Hotch logo atrás da esposa apenas aguardando a reação das duas. Derek e Rossi pararam travando o elevador. Mas uma coisa, todos tínhamos em comum. Estávamos prendendo a respiração.

— Mamãe?! – Uma vozinha chorosa e ofegante disse do outro lado da linha.

— Liz!? Liz, Filha, onde você está?

— Não sei, só sei que conseguimos fugir de onde estávamos sendo mantidas presas!

Ela estava bem, ou pelo menos viva.

— Liz, é a Emily, a Elena...

— Eu tô aqui mãe...

As duas estavam juntas! Minhas preces foram ouvidas.

— Liz, nós sabemos que vocês estão em Baltimore. Será que você consegue seguir algumas instruções? Eu posso te mandar até um local seguro. – Tony disse chegando mais perto de Jenny.

A essa altura, nenhuma das mães falava nada.

— Pessoal eu tenho a localização exata. – McGee gritou de frente ao computador.

— Liz, filha, fica na linha, tentem se esconder. Estamos indo. McGee está rastreando o celular que você está usando. – Gibbs orientou a filha.

— Para onde o Tony quer nos mandar, papai? Eu sei que ele conhece Baltimore como ninguém...

 - Eu vou te falando no caminho. Mas vocês precisam seguir exatamente o que eu disser, beleza Pimentinha? – Tony falou tentando acalmá-la.

— Pode deixar Tony! Vamos fazer isso!

E essa foi a última coisa que eu ouvi. Claramente, ouviríamos a chamada toda, mas é que todos se espremeram no elevador a caminho do local onde as duas estavam.

—----------------------

De todas as cidades da região ele escolheu exatamente Baltimore. Melhor para nós. Eu ainda tinha alguns contatos na cidade e poderia colocar todo o Departamento de Polícia atrás das duas.

— Então McGPS, a localização exata?

— Elas estão entre as Docas Secas 8 e 9. Bem no meio delas, Tony. – Tim respondeu conferindo o tablet em suas mãos.

Como éramos muitos nos separamos em quatro carros.  E estávamos conectados em conferência.

— O que vocês conseguem ver daí? Qualquer coisa ajuda, meninas.

— Nada – foi a vez de Elena dizer. – Só dá para sentir o cheiro do mar.

— Tem um nome aqui. Parece que tinha um armazém, não uma peixaria... – Liz disse.

Golden Fish?

— Isso! Que nome brega! – Liz, mesmo em perigo tinha capacidade de julgar o nome do lugar.

— Liz, você vai ter que seguir para o norte. Você sabe encontrar o norte?

— Sim. – Ela respondeu segura.

— Siga a ursa maior, Liz. Eu já te mostrei qual é! – McGee disse.

— Pode deixar. E depois?

— Depois vocês vão chegar até o cais. – Informei. – Vão ter placas mais para frente.

— O cais? DiNozzo você está louco? – Rossi me xingou.

— Eu tenho um contato lá. É um capitão de um barco pesqueiro. Ele é boa gente. As meninas podem se esconder lá.

— Qual é o nome dele? – Liz disse ofegante, claramente elas estavam correndo, e muito.

— Liz... – Elena chamou... Liz.... – Ela chamou mais uma vez, dessa vez apavorada.

Pude ouvir o grito, e tenho certeza que eu nunca mais esquecerei esse grito. O medo. O desespero. A constatação de que não chegaríamos rápido o suficiente.

— MÃE! PAI! TONY! SOCORRO!

— Ele tá usando um moletom vermelho. Manca da perna direita. Tem cicatrizes de queimadura na mão direita e no rosto também. E tem uma tatuagem no lado esquerdo do pescoço! Está escrito... – Elena tentou descrever o suspeito.

— Margareth! E ele tem olhos castanhos escuros, mais ou menos 1,87. É forte...  – Liz terminou.

E as vozes de Liz e Elena se misturaram quando a ligação foi encerrada. Tínhamos perdido a nossa última pista.


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Notas finais do capítulo

Não me matem....
Sem mais comentários.
Muito obrigada por lerem.
Até o próximo!



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