Ebriedade sóbria, abismo e fragmentos escrita por João Antônio G S
AS POSSIBILIDADES DE SER
Ser ou não ser, eis a questão...
Se não é, outra forma tomou então
Se de outra forma não for,
É porque deixou de ser
Ou
Nunca foi.
Mas se nunca foi
Um dia talvez seja
E, se um dia for
Deixará de ser.
Memória obscura
Por corredores ruas vielas e trilhas
Ando sem mais, nem porquê
Sento nas poltronas cadeiras bancos
Sem mais, nem porquê
Transcorro sem porquê a procura de nada mais
Nada mais salgado
Ou doce
Nada mais colorido
Nada prolongadamente saboroso
Existem apenas recortes, fragmentos, fios finíssimos
De instantes de mais, e um delicioso porquê
Mas há cada vez mais espaço entre os recortes
Fluidos turvos entre os fragmentos…
Erosão das reminiscências, depravação dos frutos seus.
Resistem apenas pedaços da dopamina, serotonina; dispersas no soma.
Sim, constituímos mais que o instante
E, no entanto, provisoriamente, é-me dada apenas essa intrincada sucessão.
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