Ebriedade sóbria, abismo e fragmentos escrita por João Antônio G S


Capítulo 12
Maldita seja a bendita memória e Devaneio a um amor morto




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Maldita seja a bendita memória

Desmesura

Noite que ventila o desgostoso bom cheiro da memória

Sob blocos e sobre as folhas mudas de grama

Entre o vento soturno

No que restou do brilho insinuante dum olhar...

Maldita seja a bendita memória.

 

Almejei o entrelaço da matéria por demasiado

Mas pouco,

Nem tanto.

Digo de antemão: romance é uma hemorragia surda, muda e cega.

 

Me é preciso mesura

Mas pouco,

Nem tanto.

E assim, descanso sobre a hybris

Em seu âmago, desejo dela me alimentar

E ser dela seu banquete.

 

Devaneio a um amor morto

A quinta lua renasce em seu pesar no denso

manto negro da abóbada

São suas lanças de prata, ríspidas, quem dispersam o coração?

Ou a insistência reminiscente duma paixão satânica?

 

Esse objeto da persistência, Chronos devora lânguido:

As láceras rompidas de sua vítima

Repousam violentamente sobre seu corpo.

 

O mortal, que esgueira imperceptível  a pele suja

Desse deus estrangeiro,

Fez esquecer o desejo de Eros

— Pecado maior da imanência.

 

Agora, sob a matéria viva que me pulsa

Cessa a libido dos artifícios dionisíacos

E Apollo enrudece perante sua antítese solapada

Como uma flor despedaçada,

jaz ao sabor do porvir sem aroma algum.

 

Enquanto o vento sussurra em meus ouvidos:

— Sim, tudo se redime na calmaria entre as tempestades.

Imploro-lhe que me carregue em sua companhia.

Mas o sopro Zéfiro a romper não ouve,

Não o pode

Traz apenas o recado:

Esse devido Ego roto em devaneio soturno consigo mesmo


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