Ebriedade sóbria, abismo e fragmentos escrita por João Antônio G S


Capítulo 11
Carnaval em gravidade e Fragiles et existia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775620/chapter/11

Carnaval em gravidade

 

Enquanto escrevia um outro soneto

Embriagado pela tristeza

O carnaval inteiro passa pelos meus flancos

 

Agora, essa massa, um tanto quanto ridícula

Oscilante de frequências agudíssimas

Funde-se com minha índole grave

Gravíssima ademais

trivial inclusive

 

A banda segue

Engulo seco o último gole frio do café

Sim, eis pois essa tarde brasileira.

 

Fragiles et existia

Se não me é possível rir o riso

Me sobre destilar o fel.

Quando me subtraída a companhia,

Repouso tíbio ao solapsismo.

 

Me tirando o véu de cogitar o afeto 

Resiste o inominável:

Inrrompe súbita o ofuscamento da libido.

Ao esgotar o interesse pela alteridade

foge-me uma fração de humanidade.

 

Vejo a beleza, sinto-a e a contemplo antes de tudo

No entanto, ela escapa, quase instantânea

Como um líquido vital escorre dum cálice lacerado.

 

Divagação tal; vomito através do horizonte;

Anunciei o passado e o que se apresenta como instante.

E é pouco

O porvir me transpõe à aformidade de um oceano oculto

E o limite da linguagem poda qualquer explanação de expressão verossímil ab origine

No mais, saibas ainda, que não posso me despir em todo desses vícios de signos

— Aliás, creio que sequer alguém o pode -

Então, resta que tudo aqui enclausura a fragilidade emergente na imanência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ebriedade sóbria, abismo e fragmentos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.