Ebriedade sóbria, abismo e fragmentos escrita por João Antônio G S
Carnaval em gravidade
Enquanto escrevia um outro soneto
Embriagado pela tristeza
O carnaval inteiro passa pelos meus flancos
Agora, essa massa, um tanto quanto ridícula
Oscilante de frequências agudíssimas
Funde-se com minha índole grave
Gravíssima ademais
trivial inclusive
A banda segue
Engulo seco o último gole frio do café
Sim, eis pois essa tarde brasileira.
Fragiles et existia
Se não me é possível rir o riso
Me sobre destilar o fel.
Quando me subtraída a companhia,
Repouso tíbio ao solapsismo.
Me tirando o véu de cogitar o afeto
Resiste o inominável:
Inrrompe súbita o ofuscamento da libido.
Ao esgotar o interesse pela alteridade
foge-me uma fração de humanidade.
Vejo a beleza, sinto-a e a contemplo antes de tudo
No entanto, ela escapa, quase instantânea
Como um líquido vital escorre dum cálice lacerado.
Divagação tal; vomito através do horizonte;
Anunciei o passado e o que se apresenta como instante.
E é pouco
O porvir me transpõe à aformidade de um oceano oculto
E o limite da linguagem poda qualquer explanação de expressão verossímil ab origine
No mais, saibas ainda, que não posso me despir em todo desses vícios de signos
— Aliás, creio que sequer alguém o pode -
Então, resta que tudo aqui enclausura a fragilidade emergente na imanência.
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