Ebriedade sóbria, abismo e fragmentos escrita por João Antônio G S
Sem título #1
Ao caminhar pela relva sutil
Não te engane com o brio das flores
Pois caminha em campos de terror
Solos vis embebidos em sangue, suor,
(o pouco que resta do) amor, ódio, náusea..
Sobre esse firmamento rimos o riso
Formamo-nos ao peso daquilo que corre em memória;
Sobre nossas peles, arrastadas pelo tempo
A reclamar vosso sufocamento; não há nenhum sinal absoluto do porvir.
O silêncio guarda a absurdecência invisível:
Por debaixo das unhas da mão em afago
Resiste o resíduo dum assassinato
E o vento - sussurrando-me palavras incógnitas - carrega, à longinquidade,
O suspiro e o brado ignóbil.
Eis! Esta boca ao meu lado me pergunta
E essa orelha me cobra resposta:
Aut caesar, aut nihil
— isso elas esperam -
Mas como posso lhe educar?
Quando no tocante a mim,
Ensinaram-me as violetas velhas
As rosas despedaçadas
A paciência (em trucidar) das dionéias
O vício das orquídeas;
O cerrado, cuja a gravidade
Obtusa e enrudece seus dedos toscos e orgânicos
O repouso do gato de olhos abertos
Ou o cupim: completamente torpe; ceifa numa primavera
O aeon de uma mastro de lenho: partindo dos céus,
Ele vocifera a tombar ignorante
Como a massa tonelar da avalanche arrasando
As escarpas sólidas dum braço rochoso disrupto no manto terroso.
Em tudo isso, remoendo in absurdum a condição própria da existência,
Guarde pois, aqui, a lição de como posso ser-lhe sábio: repouso no imponderável.
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