Ebriedade sóbria, abismo e fragmentos escrita por João Antônio G S
Manifesto de amor e insegurança a uma amante nula
O tremor da expectativa estrangula minha ânsia ante a própria expectativa.
Carente tremor
E o anseio de sacia-lo.
Suspiro o toque lento
Olhar vagaroso a sondar o sentimento febril
Contato próximo de dois corpos embriagados,
Tímidos,
Recíprocos.
Mas acalentam-se numa violência carnavalesca
Na pressa de amar e perder-se
— por um instante sequer -
No desejo ardente em ser consumido pelos braços,
boca,
olhos teus.
Que é neles que habito e me entrego:
Onde o eterno retorno impera.
E que é preciso destruir o tempo
Para afogar-me na pele tua
E voltar nunca mais.
Mas também sei, que de tudo isso,
Só me lamenta toda essa potência de desejo
Ter como alvo um rosto em branco
E a expectativa sob a ânsia de uma vontade indefinidamente inconcreta.
Fragmentos #2
I
A caricatura de mim mesmo:
O desembesto onírico
Ilógico
Pesadelo Cartesiano
Náusea Kanteana.
Eis aqui
— E ali -
A faceta insanamente contente:
Que por detrás, jaz exclamação pelo eterno retorno
Internamente pressurizado num remoer agonizante
Daquilo que é febril ;
O exterior desdobra-se como a um envoltório plasmático dum sol,
Precavendo-se em seu colapso derradeiro.
O êxtase:
Pela irracionalidade irrestrita
Almejara racionalidade incondicional
Afinal, somos seres lógicos
Lógicos, Lógicos,Lógicos,Lógicos e lógicos e lógicos
e lógicos e lógicos e lógicos
II
A abstração monetária me devora
E infelizmente eu a adoro
E adoro e adoro e adoro e adoro
E oro e oro e oro e oro
Por sua perenidade
III
Mas aquilo que me devora alhures
é a música
A musa música a musa música a musa música a musa música
Eu danço e olho de canto de olho:
ela dança, não dança e dança, não dança, ela dança, não dança!!!
De canto de olho eu olho…
Agora no futuro daquilo que foi
eu
presente
Ponho-me a pensar penso…
Na corda bamba: meus fios de cabelo
— ou seriam os seus?
E me afogo, me dreno, me destruo, me sinto, te pinto, te grito, eu grito, eu grito, eu grito!
...Em silêncio… O nome
O nome… O nome… Seu nome! seu nome!
Ele me consome
Mas eu sou bobo e espero
...de-ses-pe-ra-da-men-te, de-ses-pe-ra-da-men-te, de-ses-pe-ra-da-men-te
Que me olhe nos meus olhos
E molhe meu coração
Logo te entrego a chave
D’eu enclave
E crave um contentamento
Meu intento, meu invento, meu contento,
Meu alento, meu fomento,
Eu sedento, eu tento
Te invento,
Me invento
É só vento, é só vento, é só vento, é só vento, é só vento,
é só vento, é só vento.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!