Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 12
Garota Cupido


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta. Bem ou mal, estou conseguindo postar todo domingo. Até gostaria de postar com mais frequência, mas uma vez por semana é o que dá. De qualquer modo, continuamos com nossa história. Boa leitura!



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Ema, colega de sala de Anne, parecia interessada em conversar algo com a mais nova aluna da escola antes da aula começar. Mas o que poderia ser?

—Só quero que você seja sincera - disse Ema - Você...está interessada mesmo no Ian?

“Ah, era só isso”, pensou Anne.

—Está? - Ema insistiu na pergunta.

—Quando você fala interessada quer dizer…

—Interessada romanticamente. Ficar, namorar, dar uns beijos. Você sabe - explicou Ema.

Embora estivesse um pouco surpresa com a atitude direta da colega, Anne responde.

—Não - respondeu Anne rapidamente - Não estou interessada nele nesse sentido. Mas acho que ele está, né?

—Sim. Está - confirmou Ema - Na verdade, ele até pediu minha ajuda para reunir vocês dois como casal.

—O quê? - estranhou Anne - Por que ele te incomodaria com isso?

Era o que Ema precisava para afirmar seu orgulho como a maior cupido daquela cidade.

—Por que sou boa nisso! - disse Ema, sem nenhum constrangimento - Muitos casamentos recentes na cidade começaram com as minhas sugestões.

—Não acha que é muito cedo para falarmos em casamento? - estranhou Anne.

—Você já está terminando o colégio, não está? Ao sair da escola já seria bom pensar com quem irá se casar - disse a garota, com toda a naturalidade do mundo.

“E eu achando que era só o Ian que não estava muito bem encaixado neste século”, pensou Anne.

—Escuta - disse Ema - Sou boa em juntar pessoas, mas também sou boa em perceber se os casais se dão bem ou não. Sua resposta só confirmou minhas suspeitas. Você não parece se dar bem com o Ian.

“Acho que não precisa ser boa observadora para notar isso”, pensava Anne.

—Mas… - continuou Ema - Você também tem outro pretendente.

—Como é que é, garota cupido? Outro? - estranhou Anne.

—Exatamente - confirmou a colega - O Luís, da nossa sala, também parece interessado em você.

—Ah, ele? Tá falando sério? - perguntou Anne.

—Sim. Ele também pediu minha ajuda para aproximar vocês dois - disse Ema, novamente, com toda a naturalidade do mundo.

“Caraca. Se todo mundo pede a ajuda dela para montar os esquemas, ela deve ser boa mesmo, heim?”, pensava Anne.

—E o Luís? Está interessada nele? - perguntou Ema.

—Mas eu mal conheço o garoto! - retrucou Anne - Pelo amor de Deus! Não faz nem uma semana que estou morando nessa cidade!

—Quando se trata de amor, não deveríamos perder tempo - respondeu Ema.

—Olha, acho que vocês tem uma ideia de relacionamento aqui nessa cidade muito diferente do que eu tinha lá de onde vim - explicou Anne - Por mais que seja comum namorar cedo de onde venho, muita gente ainda prefere se dedicar a outras antes de cair de cabeça em algo mais sério. Eu, por exemplo, quero estudar bastante antes de pensar nisso.

—Pretende se dedicar tanto assim aos estudos? - estranhou Ema.

—Quero ser médica - explicou Anne - É meu sonho.

—Ah, entendi - falou Ema, um pouco mais séria em seu tom de voz - A faculdade de medicina mais próxima fica bem longe daqui. Isso é um sinal de que você não vai morar em Vila Baunilha por muito tempo, não é?

—Bem, quero pelo menos terminar o ensino médio aqui - falou Anne - E como é preciso estudar muito, não terei tempo para coisas como namoro.

—Então...não me diga que… - Ema parecia assustada.

—O que foi?

—Se você não quer namorar, então...pretende apenas ficar com os meninos por aí sem compromisso?! - a garota parecia bem chocada.

—Ei, eu não falei isso, o que eu disse é…

—Eu sabia - interrompeu Ema - Vocês, meninas de cidade grande, estão acostumadas com essa vida mais desregrada, não é? Escuta, Anne. Vou te dar um conselho. Não dá para viver assim por aqui! É uma cidade muito pequena. Se fizer qualquer coisa, todo mundo ficará sabendo em menos de uma semana. Não quero que você fique falada por aí.

—Calma - disse Anne, segurando nos ombros da garota - Eu não pretendo me envolver com ninguém por enquanto. Sou péssima nessas coisas.

—Mas...terá que deixar isso claro para os meninos - disse Ema - Eles não vão desistir tão fácil. Conhecendo aqueles dois…

—É. Notei - disse Anne, lembrando claramente das figuras que estavam apaixonadas por ela.

—De qualquer maneira, se precisar conversar sobre suas decisões amorosas, por favor, venha falar comigo. Serei toda ouvidos - falou Ema, com toda a graciosidade que podia emanar.

—Obrigada - agradeceu Anne, sorrindo.

—Ah, preciso falar com aquela menina do terceiro ano - disse ela - Tenho algumas notícias do rapaz que ela gosta. Até mais na aula, Anne.

“Essa menina...é bem popular, heim?”, pensou Anne, enquanto caminhava de volta para o pátio, apenas para tombar com Luciano mais uma vez.

—Ah, você - disse Anne, com um claro tom de desprezo.

—O que foi? - reclamou ele - Vai me chamar de lixo de novo?

—Eu não te chamei de lixo - corrigiu Anne - Disse apenas que se você tivesse algo a ver com aquele incidente no restaurante, você é um lixo. Se a carapuça serviu é porque você tem algo a ver, não tem?

Luciano apenas desviou o olhar.

—Deixa de bobagem - disse ele - Não dou a mínima para o restaurante da sua família.

—Ah, não? - disse ela - Mas você parece ter gostado da comida, não gostou?

—Tá. Admito. O cozinheiro é muito bom, mas a garçonete…

—O quê? O que tem a garçonete?

—Nada. É que como trabalho servindo clientes com o meu pai, sei quando um serviço desses está deixando a desejar.

Anne não conseguia esconder sua raiva.

—Tá. Comecei a trabalhar nisso agora mesmo. Posso não ser a melhor garçonete do mundo, mas não pense que o seu serviço é dos melhores também. Aliás, se você trabalha há tanto tempo nesse ramo, já devia ser um pouco mais eficiente em ser garçom, não acha?

—Na verdade, meu talento nem é ser garçom - retrucou Luciano - Meu verdadeiro talento está na...música!

Ele termina essas palavras mostrando seu violão.

—Música? - repetiu Anne, incrédula - Você?

—Tá estranhando o quê? Por acaso você já me ouviu tocar alguma vez?

—Não, nunca.

—Então se prepare! - disse Luciano - Logo, logo, farei o meu primeiro show de violão na lanchonete do meu pai. Você e sua família estão convidadas, é claro.

—Ah, essa eu quero ver - disse Anne - Pode me avisar. Vou adorar ver se você é tudo isso mesmo.

—Você vai se surpreender! - falou Luciano - Pode escrever.

—Sei - Anne não parecia mesmo acreditar nas habilidades de Luciano.

—Bom, chega de papo. Ainda quero ir ao banheiro antes da aula começar - reclamou Luciano, deixando Anne de lado. A garota não conseguia acreditar como aquele rapaz era irritante. Ao se voltar para o seu caminho, Anne deu de cara com Ema novamente.

—Oi, de novo - disse ela.

—O quê? Já falou com a menina? - estranhou Anne.

—Foi rápido. Mas não pude deixar de ver como você conversou com o Luciano - disse Ema, com um sorriso claro em seu rosto.

—Ah, ele? É um babaca - disse Anne - Ele é meu vizinho. Não fui com a cara dele desde que cheguei aqui.

—Não foi com a cara dele? Eu não diria isso - reparou Ema - Pelo contrário, acho que vocês parecem ter uma boa conexão.

—Eu? Com aquele traste? Você só pode estar zoando comigo! - rebateu Anne.

—Não estou zoando, não! - disse a garota - Como disse, sou boa em reparar nessas coisas. E, sim, acho que vocês tem química.

—Pare de viajar - Anne tentava tirar isso da cabeça dela, mas parece que isso não adiantava muito.

—Sim, vocês tem sim - disse Ema - Minha intuição não falha. Ah, que tudo! Acho que posso contribuir para ter mais um casal feliz na cidade! Pode contar comigo!

Ema deu um beijinho no rosto de Anne e saiu saltitando. Anne, por sua vez, não entendeu muito bem a situação.

—Anne! E aí? - era Kelly, a outra menina da sala que, de certo modo, já tinha feito uma certa amizade com Anne.

—Oi, Kelly. Tudo bem - respondeu a garota.

—O que foi? Tá preocupada com alguma coisa?

—Sei lá. A Ema, da nossa sala. Ela meio que cismou que tenho uma química com o Luciano. Só porque me viu conversando com ele…

Kelly mudou para uma expressão mais séria. Praticamente arregalando os olhos.

—Ah, não, amiga. Não fala isso.

—Nossa, que cara é essa?

—A Ema te shippou com alguém - explicou Kelly - E quando isso acontece...ela não vai descansar enquanto vocês não ficarem juntos.

—QUÊ?! - agora era Anne quem parecia espantada.

—Tudo bem, você pode ignorá-la, mas se prepara. Vai ser muito irritante.

É, Anne não estava nem há uma semana na cidade, mas sua vida já parecia bem agitada...


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Notas finais do capítulo

Sua vida nunca está complicada o bastante. Huahuaha.

Bem, essa Ema foi baseada na personagem Emma Woodhouse, do romance "Emma", de Jane Austen, caracterizada justamente por tentar controlar a vida alheia. Vamos ver no que isso vai dar.

Continue acompanhando e até o próximo capítulo! ;)



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