Ele Ainda Está Aqui escrita por Karina A de Souza


Capítulo 5
Aqueles que foram o Doutor


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao último capítulo.



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Havia muitas pessoas falando ao meu redor quando acordei, mas suas vozes pareciam abafadas, como se eu estivesse ouvindo-as debaixo da água. Era um pouco assustador.

Me mexi, tentando levantar, mas meu corpo parecia pesado.

Uma mulher de cabelos loiros e longos se aproximou, segurando minha mão e ajeitando um tubo preso ao meu braço.

—Está tudo bem. Está tudo bem. Você está segura agora. -Olhou por cima do ombro, havia outra mulher falando, mas ela estava mais longe de mim e eu não conseguia ouvi-la. A loira voltou a me encarar. -Nós vamos desligar agora, precisamos saber a extensão dos ferimentos. Sinto muito, isso vai doer.

Houve um puxão em algum lugar, então uma onda de dor me atingiu com tudo. Meus braços doíam, meu peito, minha cabeça, minhas pernas, meu quadril... Era como se eu tivesse sido pisoteada.

O que aconteceu? O que aconteceu?

Uma imagem dourada apareceu acima de mim, e algumas partes ficaram vermelhas, as partes que doíam em mim.

—Tudo bem. -A loira disse, ainda segurando minha mão. -Acabou agora.

Então um líquido dourado deslizou pelo tubo no meu braço e eu apaguei.

***

Eu não reconhecia aquele quarto. Esse fato me deixou muito incomodada. Onde é que eu estava? Conseguia lembrar das mulheres em volta de mim numa sala estranha, mas havia mais que isso... Por que eu tinha ido parar lá?

Ergui minha mão direita. Tinha um tubo ainda no meu braço... E sangue seco nas minhas unhas. Ergui a outra mão, havia uma cicatriz na palma dela.

Me sentei, agitada. O que eu estava esquecendo?

—Você devia estar repousando. -Ergui a cabeça, o Mestre se aproximou. -Como se sente?

—O que... O que aconteceu?

—Jessica...

—O que aconteceu? Eu... Não consigo lembrar... -Olhei em volta. -O que...

—Está tudo bem agora.

—Mas não estava, estava?-Ergui a mão esquerda, exibindo a cicatriz. -Isso não estava aqui antes. O que aconteceu?

Flashes invadiram a minha cabeça. O banheiro. Zebediah. O espelho quebrado. O medo.

—O que houve depois?-Sussurrei, movendo o olhar para o Mestre.

—Você devia descansar agora.

—O que houve depois? Onde está o Doutor? Onde ele está? Por que você não me dá respostas? Eu não quero ficar aqui. -Tentei ficar de pé.

—Jessica, não. -Me segurou. -Você tem que ficar aqui.

—Eu tenho que ajudar o Doutor.

—Nós vamos fazer isso. Mas não agora.

Mexeu numa máquina ao lado da cama, mais líquido dourado veio pelo tubo, e eu voltei a dormir.

***

ALGUNS MESES ANTES

—Eu sonhei com o Doutor ontem à noite. -Comentei, fechando o casaco e caminhando ao lado do Mestre no jardim. Estava tão frio que tinha geado na noite anterior, e a grama estava um pouco branca.

—E...?

—Ele parecia triste. Ele está triste, onde quer que esteja agora. Eu acredito que sonhos são mais do que coisas aleatórias na nossa cabeça, eles significam algo.

—Os seus cientistas já não explicaram os sonhos?

—Eu sei que é mais do que imagens criadas pelo nosso cérebro adormecido. Sonhei com as estrelas e planetas desconhecidos uma vez. Então conheci o Doutor na semana seguinte.

—Coincidência.

—Não acho que coincidências existam.

—Você acha muitas coisas.

—E isso é uma coisa ruim? Sabe mais o que eu acho? Que você se preocupa com ele. Com o Doutor.

—Isso é tão absurdo...

—Não é. Qualquer cara que se considerasse um vilão jamais teria ajudado o Doutor. E foi o que você fez. Agora está aqui, tentando me ajudar a voltar pra ele por que sabe que ele está mal e precisa de alguém. Você está o ajudando.

—As coisas precisam de equilíbrio. Quem vai tentar me impedir de dominar ou destruir o mundo se o Doutor estiver sentindo pena de si mesmo em algum buraco no fim do Universo?

—Acho que você mesmo, seria uma boa resposta. -Olhou pra mim. -O Doutor me contou, você já tentou tantas vezes...

—Quer mesmo falar disso?

—Não, quero falar sobre o que está acontecendo com você. Tem uma mudança aí e eu posso ver mesmo que finja que não está lá.

—Nem todas as pessoas mudam.

—Talvez. Mas você já mudou antes, não mudou? Do bem para o mal. Por que não pode mudar de novo?-Parou de andar, fiz o mesmo, colocando as mãos nos bolsos do casaco.

—É preciso querer mudar, antes de tudo.

—E você não quer? Não acha cansativo essa coisa de correr pelo universo apenas destruindo, dominando, e trazendo o caos...?

—Não, por que é uma coisa divertida.

—Eu não acho que acredite mais tanto assim nisso. Ou não estaria gastando seu tempo na Terra ajudando uma garota humana a encontrar seu amigo. -Suspirou.

—Como é que o Doutor aguentava você?

—Do mesmo jeito que você me aguenta.

—Depois de tudo o que passou, você acha que está vendo algo acontecer, mas não há nada. Está vendo o que quer ver e precisa se agarrar a isso. O seu melhor amigo se transformou no seu pior pesadelo e agora você está sem nada. Eu não estou “mudando", Jessica. Você que quer que eu mude.

—Lembre do primeiro dia em que surgiu na TARDIS, dizendo que queria ajudar. Lembre de como as coisas foram entre nós e depois lembre do nosso último dia lá em Nova York. Eu não estou vendo coisas. Eu estou vendo você. E se isso te assusta... A sua nave está bem ali. -Cruzou os braços.

—Acho que no fim das contas você não viu quem foi que mudou. -Franzi a testa.

—E quem foi?

—Você mesma.

***

AGORA

—Bem vinda de volta. -Pisquei algumas vezes, até o rosto da mulher não ser apenas um borrão falando. Ela era familiar... Era a loira que tinha segurado minha mão. -Como se sente?

—Bem. Eu preciso ver o Doutor.

—E também precisa de repouso.

—Por favor. -Suspirou.

—Tudo bem. -Entendeu a mão, me ajudando a ficar de pé.

—Que lugar é esse?

—Um lugar de cura. O Mestre foi sábio em trazê-la aqui. Nossa medicina é uma das melhores.

—Parece que é mesmo. Eu me sinto... Muito melhor, como se nada tivesse acontecido. -Saímos do quarto.

—É bom ouvir isso. Estávamos preocupadas com seus ferimentos e as possibilidades.

—Possibilidades?-Olhei pra ela.

—Bem... Sequelas, consequências... Essas coisas. Nada de anormal num caso assim.

—O Doutor... Ele está aqui também, não está?

—Está. O Mestre o trouxe também... Seu amigo precisa ter a mente curada. Do corpo nós já cuidamos.

—Do corpo?

—Ele tinha um corte no rosto, causado por algo afiado. -Olhei para minha mão esquerda, a cicatriz estava sumindo.

—Fui eu. -Franzi a testa. -Eu o feri... O espelho... Mal consigo lembrar.

—É normal. Você passou por algo terrível.

—Por que tenho a sensação de que não estão me contando tudo?

—Eu realmente não sei dizer.

Abriu uma porta. O quarto era muito parecido com o meu. O Doutor estava lá, deitado, mas aparentava estar inconsciente.

—Ele está bem?-Me aproximei da cama, sentando e segurando a mão dele.

—Ele estará, em breve. -Uma mulher mais velha respondeu, entrando no quarto. -É bom vê-la de pé, querida. Você realmente tinha vontade de viver, isso é importante para alguém se curar por completo.

—O Doutor... Vocês podem ajudá-lo?

—Fizemos o que podíamos. É a vez dele agora.

—Acha que ele não quer viver?

—Eu não disse isso. Há uma segunda pessoa na cabeça dele. Esse que chamam de Zebediah. Apenas uma mente deve prevalecer. Mas há duas.

—E então?

—Se o Doutor quiser ser aquele que vive, deverá encontrar o caminho de volta... Antes que Zebediah o faça.

—Ou...?

—Ou ele deixará de existir. -Olhei para o Doutor.

—Eu quero ajudá-lo.

—Imaginei que diria isso. -A encarei. -Você realmente se importa com ele. Mais do que com si mesma.

—O que posso fazer pra ajudar?-Deu alguns passos para frente.

—Você pode ajudá-lo a achar o caminho. Mas caso se perca, com ou sem ele... Não haverá nada que possamos fazer.

—Há alguma boa notícia?

—Ainda não. Mas haverá caso fiquem bem, os dois. -Se aproximou, colocando as mãos em volta da minha, que ainda segurava a do Doutor. -Você já se perguntou como é a mente dele?

—Não consigo nem imaginar.

—Não irá precisar. Vai testemunhar em primeira pessoa.

Então eu não estava mais naquele quarto, segurando a mão do Doutor.

A paisagem era, em grande parte, avermelhada. Não havia casas ou construções próximas. Eu estava no meio do nada. Não. Eu estava na mente do Doutor.

Girei no lugar, olhando em volta.

—Doutor!

Sem resposta.

Comecei a caminhar, atenta à qualquer coisa que pudesse aparecer. O que havia na mente de alguém? Memórias... Ela própria... Pensamentos?

Uma garota loira em um vestido rosa apareceu, sorrindo e acenando, então despareceu como se fosse névoa. Ela não foi a única. Enquanto caminhava, outras pessoas apareceram, todas, provavelmente, haviam feito parte da vida do Doutor. Uma mulher ruiva, dizendo algo sobre não se “amigar”. Uma outra, negra e de cabelos lisos, mostrando uma aliança, orgulhosamente. Um casal passou por mim, ambos com roupas dos anos sessenta. Algumas crianças. Um homem mais velho, com um terno, parecendo feliz, mas de repente havia tristeza em seu rosto. Uma garota num vestido antigo de baile, os cabelos loiros bem presos. Um homem num casaco longo e azul, com um sorriso enorme. Uma garota loira com uma arma, dizendo algo que eu não conseguia ouvir...

Todas aquelas pessoas eram memórias... E fantasmas. Parece que não era a TARDIS que os tinha, afinal de contas.

—Que lugar é esse?-Murmurei, erguendo o olhar para o céu. Não parecia nenhum planeta que eu tinha visto.

—Gallifrey, é claro. -Movi o olhar para o menino ao meu lado. -Onde mais seria?-Revirou os olhos. -Humanos...

—Doutor?-Balançou a cabeça negativamente.

—Errou, bem feio, aliás. -Começou a se afastar.

—Mestre?

—Finalmente. -E desapareceu como os outros.

Fiquei um tempo parada, encarando o lugar onde ele esteve, então balancei a cabeça como se para espantar pensamentos, e voltei a andar.

—Doutor!-Sem resposta, mais uma vez.

Outras pessoas foram aparecendo no meu caminho e sumindo. Uma mulher de cabelos enrolados em seu traje branco e estranho. Uma mulher de cabelos castanhos com algo que podia ser um cachorro de metal. Um homem com traje do exército. Três adolescentes, dois garotos e uma garota.

Nenhum rosto me era familiar. Mas eles eram o passado do Doutor, e eu não sabia tanto assim sobre ele.

—Doutor! Doutor!

Nada. E se fosse tarde demais? E se ele não estava mais lá?

Parei de andar, cansada. Por favor... Me deixe ajudá-lo...

Um arrepio passou pelo meu corpo. Tinha algo errado. Me virei, dando de cara com Zebediah.

—Você está aqui. -Recuei.

—Onde mais estaria?-Perguntou.

—Em lugar nenhum, que é exatamente de onde veio. Vá embora. Desapareça!-Olhou em volta.

—Está falando comigo?

—Vá embora e nos deixe em paz!

—Sabe, você parece ótima para quem estava sangrando no chão de um banheiro, sua vadia desgraçada...

—Que coisa horrível de se dizer. -Um homem interrompeu, aparecendo ao meu lado, com sua jaqueta preta. -Nós não gostamos disso.

—Eu concordo plenamente. -Outro disse, era um homem mais velho, de cabelos brancos. -Não é educado dizer essas coisas à uma senhorita. -Outros homens se juntaram à nós, todos mais velhos. Deviam ter uns dez ou onze. Quem eram eles? Não pareciam lembranças...

—Acho que deve ir agora. -Se virou pra mim. -Nós o manteremos ocupado.

—Quem são vocês?

—Nós somos o Doutor. -Abri a boca para questionar, mas ele foi mais rápido. -Você precisa ir. Encontre quem está procurando. -Assenti.

—Obrigada.

Me virei e continuei andando, parando apenas uma vez para olhar para trás, vendo todos aqueles que foram o Doutor, se unindo contra aquele que jamais foi.

Andei por mais um tempo, até não ver mais ninguém atrás de mim. Mais pessoas de lembranças apareceram, sumindo em suas formas de névoa. Apenas duas delas eram familiares. Uma foi o Mestre. Parecia um pouco diferente daquele que eu conhecia, mas era ele, em sua fase de político. O outro rosto conhecido era Lynn.

Parei de andar lentamente, observando-a. A camiseta preta, os cabelos negros em tranças de boxeadora, um pouco bagunçadas. Ela parecia assustada. É claro que parecia, era como o Doutor se lembrava dela... Como Zebediah se lembrava dela.

A garota desapareceu.

—Jessica?-Me virei, o Doutor se aproximou devagar. -Jess?

—É você!-Corri até ele, abraçando-o. -É você.

—Como... O que está fazendo aqui?

—Você precisava de ajuda. -Me afastei para encará-lo. -E eu sempre vou ajudá-lo quando puder. Está tudo bem agora. Você só precisa... Acordar.

—O que aconteceu?

—Coisas das quais você não teve culpa alguma. Está tudo bem. Nós estamos bem.

O som familiar da TARDIS interrompeu a conversa e ela se materializou na nossa frente. As portas abriram e uma garota saiu. Tinha os cabelos bem curtos e parecia muito jovem. Outra lembrança.

—Vovô!-Exclamou, abrindo um sorriso. -É hora de ir agora. -Desapareceu lentamente.

O interior da TARDIS se iluminou como um sol, nos fazendo proteger os olhos.

—Acho que isso é um convite. -Murmurei. O Doutor segurou minha mão, então entramos na nave.

***

Quando despertamos, no quarto hospitalar, eu mal tinha acreditado que tudo tinha dado certo e havíamos nos livrado de Zebediah para sempre.

É claro que o Doutor possuía inúmeras perguntas, mas o Mestre e eu não quebramos nosso acordo, e fomos convincentes ao mentir, afirmando que algum tipo de forma alienígena perigosa havia entrado na TARDIS e mexido com a cabeça de todos nós e nos salvamos por pouco. O Doutor acreditou, mas eu imaginava que isso só havia acontecido por que ele queria acreditar em nós. Inconscientemente, ele sabia da presença de Zebediah. Porém, não era algo que ele gostaria de aceitar.

—Como se sente?-Perguntei, andando ao lado dele. O Mestre vinha atrás de nós, silencioso demais, mas eu não acreditava que ele iria aprontar algo.

—Bem. De verdade, eu me sinto bem, como não me sentia há...

—Um ano?-Olhou pra mim.

—Acho que sim. Não é algo que eu goste de lembrar, mas aconteceu. Você lidou bem com isso, acho que eu devo fazer o mesmo.

—E você vai, eu sei que vai. Se precisar de espaço... Bem, a TARDIS é grande, talvez a gente nem se esbarre nela.

—Você vai ficar?

—É claro que vou. Eu não posso te deixar sozinho. Nós somos praticamente casados, meu amigo. Na alegria e na tristeza, nas aventuras ou no tédio... -Sorriu. -Estamos juntos nessa. -Olhou discretamente por cima do ombro.

—Estamos. Mas quantos de nós?

—É uma excelente pergunta. -Deixei o Doutor ir na frente, para acompanhar o Mestre. -Você vem com a gente, não vem?

—Bem, eu vou precisar de uma carona. -Respondeu. -Minha TARDIS ainda está lá em cima.

—Mestre...

—Há coisas que precisam ser explodidas e mundos à serem dominados. -Cruzei os braços. -Jessica...

—Você devia vir com a gente. Seria divertido e faria bem ao Doutor, não só à ele. -Parei de andar, ficando no caminho dele.

—Você vai ficar bem sem mim.

—Eu estava falando de você também. Não precisa ficar com a gente pra sempre. Fique o quanto quiser. Dias. Semanas. Meses... É a sua escolha. Mas fique. -Respirou fundo.

—Você quer que eu fique?-Assenti.

—Quero. Muito. Mas é a sua decisão. -Desviou o olhar por um tempo. Eu não fazia ideia de onde estávamos, mas a irmandade de cuidou de nós disse que poderíamos voltar se precisássemos

—Tudo bem.

—O que?

—Eu fico. -Voltou a me encarar. -Feliz agora?-Sorri.

—Mais do que poderia imaginar. -Entendi a mão, pegando a dele e voltando a andar.

—É agora que contamos para o Doutor sobre o nosso romance secreto?-Segurei o riso.

—Mestre, comporte-se!-Paramos em frente à TARDIS, enquanto o Doutor abria a porta. -Temos um novo passageiro à bordo.

—É mesmo?-Perguntou, olhando de mim para o Mestre. -Seja bem vindo.

Meu sorriso aumentou. Eu não sabia o que ia acontecer agora, mas esperava que fosse fantástico.


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Notas finais do capítulo

Todas as "pessoas-fantasmas" que a Jessica viu na mente do Doutor são personagens conhecidos da série, clássica e atual.
Algumas perguntas podem ter ficado sem respostas, há coisas que precisavam acontecer, mas é assim que tudo termina, bem aqui.
Obrigada, leitores, por terem acompanhado mais essa aventura, e interagido por aqui. Histórias são ótimas quando contadas, mas melhores ainda quando são ouvidas.
Até a próxima, pessoal!



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