O Lobo-homem e o Feiticeiro Mestiço escrita por Melvin


Capítulo 7
As coisas estranhas da garota.


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Gente, estou extremamente feliz por ter conhecido gente nova! Sério, minha semana foi especial por causa de vocês! Rin (que surpreendeu como a enxurrada ♡) Louis (que já é especial pra mim *-*) e Andy e Petros du Mare (fui simplesmente alvejado pelos tiros únicos, mas já tão no meu ♡). E vou deixar registrado que o Victor também apareceu nessa época. Fico feliz também pelo favorito de Andie Leowenel.

Apesar de feliz, eu tive bloqueio. A inspiração escorreu entre meus dedos e não consegui pegá-la de volta (nem adiantou ouvir Natural de Imagine Dragons centenas de vezes).

Reescrevi esse umas 4 vezes, mas finalmente aqui estamos para história andar e eu superar o engasgo, porque logo já temos o gancho pro próximo

Espero que apreciem a leitura!



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Nas margens de um riacho raso, porém largo e pedregoso, havia uma gruta que era um lugar seguro e longe de qualquer curioso que chegasse perto do velho castelo desmoronado. Deslizei a garota do ombro para a camada de areia seca e macia no interior. Apesar de Luahn estar com corpo de fêmea, menor e mais esbelta, havia pesado. Sentei-me ao seu lado e a observei enquanto esperava que acordasse. Era esquisito saber que era Luahn, pois seu corpo estava bem diferente, menos músculos aparentes, braços finos, curvas que não existiam e parecia frágil, mas não era tão desagradável de olhar. E também admito que no fundo estava aliviado de tê-la encontrado bem, pois meu acordo com a feiticeira ainda era importante. Assim, por estar relaxado, assistindo os movimento da respiração de jovem mestiça e seu rosto, o cansaço veio e nem percebi quando dormi.

Acordei com um grito agudo e fiquei em alerta, sentando-me. As horas tinham passado e já estava de noite fora da gruta, onde havia o brilho da lua crescente atingindo a entrada. Observei tudo e não encontrei perigo, então me voltei para Luahn. Ela também estava sentada e com uma cara de susto, me olhou:

— Tive um pesadelo — contou-me ofegante. — Fui transformado em uma garota e... — ela pôs a mão no peito e ficou imóvel, gritou brevemente. — Eu ainda sou uma mulher! — ficou de pé, perturbada. — É tudo verdade! Eu preciso resolver isso logo!

A mestiça foi até o saco que trazia consigo, o vasculhou e foi separando alguns frascos e itens esquisitos.

— Fiel, eu preciso de uma fogueira, vai buscar alguns galhos — mandou e ignorou que eu não tenha gostado, mas sai da gruta ouvindo-a murmurar: — Eu me lembro... Os ingredientes... É estão aqui... Falta o... — e foi revirar o saco novamente. Parecia ansiosa, sempre jogando os cabelos longos, que iam até abaixo da cintura, e loiros para trás dos ombros.

Recolhi uma quantia média de madeira seca e retornei. Mal dei um passo na entrada e a garota surgiu pegando galhos de mim e reclamando da demora. Montou uma pilha, como sempre fazia, e buscou as coisas de seus bolsos, achando sua misteriosa pedra de fagulhas, mas não o outro metal necessário. De repente, virou-se para mim, olhando meu cinto com faca e espada, que eu passei a carregar, e se aproximou:

— O que é isso? — pegou a faca rapidamente e tocou a espada, mas me afastei antes que ela também a puxasse.

— É meu! Esse corpo de homem humano não tem garras, preciso de algo que corte.

— Está bem, mas... — ela encarou o punho da espada por um instante, curiosa, porém deixou quieto, levando a faca e conseguindo acender a fogueira.

Sentei-me num canto, apenas observando suas manipulações de ingredientes esquisitos, jogando num pequeno caldeirão posicionado sobre as chamas. Fiz uma cara de nojo com o que me pareceu ser um pedaço de dedo seco que ela jogou dentro.

— Isso é mesmo necessário? — questionei quando o vapor de sua poção passou por mim.

— Lógico! Meu corpo não é esse, Fiel — encarou-me séria, estava corada num misto de raiva e determinação. — Que lua nós já estamos? — Voltou a mexer nos seus itens, murmurando frases encantas de tempo em tempo para sua sopa estranha.

Olhei para fora, medindo o brilho da lua no solo.

— Acho que uns três dias para lua cheia — respondi e ao voltar a olhá-la, ela tirou o caldeirão do fogo, correu pegar um caneco do saco e voltou para sua poção.

Vê-la andar com pressa me divertia, pois a calça estava frouxa, arrastando a barra no chão e às vezes ela tropeçava, o que fazia a peça descer mais, e ela arrumava com um grunhido. Luahn virou um pouco de sua poção no caneco e me levantei:

— Vou ficar lá fora. Tente não morrer por causa disso.

— Não vai ficar? — interrompeu-me um pouco assustada.

— Acabei de dizer o que vou fazer.

— É, sei, mas... Eu não sei. Era muita coisa para decorar, os ingredientes, a seqüência, a pronúncia das palavras. Eu... — ela hesitou, segurando o copo entre as mãos e olhando o chão — Eu também acho que posso morrer.

— Então não faça. Não está tão mal.

Luahn me olhou nos olhos, não entendi o que ela tinha estranhado na minha fala e até corado um pouco mais.

— Não estou acostumado... — suspirou. — É muito estranho. E não gosto como me olham.

— Quem mais te viu assim? — estranhei, refletindo se o feiticeiro negro não era o único.

— Só você e o feiticeiro. — Espantei-me, não tinha como eu estar o olhando de forma diferente, sabia que era Luahn. — Não faça essa cara de desentendido, Fiel. Eu sei que sou uma mulher bonita e das boas — segurou seus seios por alguns breves segundos. — Mas é muito opressor estar tudo dos avessos tão de repente. Sinto-me meio enjoado com esse corpo...

Surgiu um silencio entre nós. E, de repente, Luahn pegou o caneco, bebeu tudo, fechou os olhos e se concentrou, assumindo uma energia de oração que pude sentir. Voltei a me acomodar no canto da gruta, observando-a por um longo tempo e não teve reações colaterais.

— Então? — abriu um olho e me focou, não reagi. Seu olhar castanho voltou-se para baixo e então abriu os dois olhos, jogando o caneco longe, frustrada. — AH! Mas eu fiz certo! Tenho certeza! Senti algo acontecendo aqui dentro... M-mas nada mudou!

A mestiça ficou de pé e andou pela gruta, perdida, depois veio e sentou-se do meu lado, cruzando os braços e com as pernas esticadas, ficando quieta e apática ao encarar um ponto distante.

— Fiel... — chamou-me com a voz baixa após as chamas da pequena fogueira diminuir. — Eu estou com fome...

— Ok — levantei-me, soltando o cinto com a espada ali, e fui atrás de alguma coisa assumindo a forma de lobo.

Retornei a caverna com dois roedores, era o que mais tinha por ali durante a noite, Luahn deu seu jeito para prepará-los no fogo, o que eu achava desnecessário se estava com fome. Assumi a forma humana quando ela terminou, entregando-me metade de nossa comida e sentando-se do meu lado. Por estarmos sem uma refeição por muito tempo, acabamos comendo quietos e rápido. Comecei a pensar em sair novamente para achar algo que preenchesse melhor o estomago, mas, subitamente, a garota olhou para mim e riu. Encarei-a.

— Você parece um pouco mais robusto agora — disse descontraída, com um sorriso. Não sei por que seu riso conquistou minha atenção. — Sabe... — desviou o olhar, limpando os dedos nas calças sem delicadeza alguma — aquele feiticeiro conhecia sobre minha mãe. Disse que ela é de linhagem de sangue puro de feiticeiros, varias gerações com magia mais apurada e poder. E fez isso comigo por que... — corou fortemente — queria ter filhos com herança pura — riu de forma forçada. A ideia do homem também me parecia bem esquisita. — Era louco. Eu nunca iria destruir esse corpo tão logo assim, ainda menos com ele que me sequestrou! ... Mas bem que eu não sabia o que ele poderia me obrigar a fazer se me colocasse num aprisionamento.

— Sua mãe?

Ao falar daquela mulher, me lembrei de quando a vi, de seus cabelos castanhos, suas vestes longas, sua energia poderosa e a instantânea caçada da alcateia contra ela ao senti-la em seu território. Aquela mulher que queria proteger o filho mestiço com lobo e para isso me aprisionou a Luahn.

— Sim, minha mãe. Não a vi muito depois dos meus cinco anos, quando fiquei com meu mestre de feitiçaria, mas ela é muito bonita, Fiel, e se ela quiser tem uma atração que pode arrepiar o homem com o coração mais frio da terra — comentou convencido. — Assim como eu!

Ri com seu sorriso torto e orgulhoso na ultima frase, desviando meu olhar para fogueira.

— Ah, que fofo! — Luahn exclamou, e vi que estava me encarando encantada. — É primeira vez que você ri, Fiel! Que fofo! Faz de novo! — ajoelhou-se, virando-se para mim só para me observar.

— Não seja idiota — levei a mão para empurrá-la, mas ela segurou e apenas a balancei. A mestiça continuou mantendo meu toque ali, perto da clavícula e ombro sobre a camisa de algodão larga.

— Está ficando previsível — riu de mim quando fiquei frustrado, mas logo notei minha mão nela. Nunca havia dado atencão em sentir um humano ou qualquer outra coisa com os dedos, era curiosa a sensação quente de sua temperatura, o pulsar de seu coração, o movimento de sua respiração e até mesmo a retenção dos músculos daquela área. Na minha vida lupina, o tato não tinha tanto significado como parecia ter no corpo de homem.

Apesar de concentrado naquilo, sabia que a mestiça continuou me encarando por alguns segundos até que sua expressão sorridente se suavizou quando tive um reflexo estúpido de pressionar os dedos apoiados nela. Surpreendendo-me, ela observou sua própria mão, sorriu marota, e, lentamente, deslizou o toque para baixo, passando por seu tronco, até parar apoiada em sua coxa. Havia algo no ar quando ela fez isso, meu coração reagiu batendo mais forte, e depois ficamos encarando o ponto final. Luahn inspirou e levantou o olhar para mim novamente, foquei seus lábios rosados e o rosto corado. Tentei entender o que é que ela estava fazendo, mas sua expressão não me explicava nada, com apenas um sorriso fino e sutilmente lascivo. A garota arcou-se na minha direção, tocando seus lábios nos meus e busquei recuar, afinal a ultima que fez isso pôs uma corrente no meu corpo, mas Luahn me impediu, levando a mão livre para minha nuca e me segurou naquilo até se afastar bruscamente, me encarar atônita e ficou de pé.

— Desculpa! Isso está errado — tampou o rosto e caminhou para o outro lado, sentando-se lá de forma esparramada. — Nem sei por que fiz isso... Não, sei sim. Voce teve culpa também, me deixou excitado, me olhando e... Ai, que estranho — lamentou-se, escondendo o rosto nas mãos e agora falando sozinha, mas pude ouvir de forma abafada: — Você nem ligou, claro que não tinha clima. Sou um idiota...

Continuei onde estava, sem entender o que foi aquilo, nem o que é errado e nem porque não houve um ardor em minha pele e novas runas surgindo. Na verdade, não parecia ter feitiço envolvido, então o que havia sido selado? Eu não entendia o que significava aquele ato e porque meu coração batera.

— Bom, é melhor irmos dormir! — Luahn exclamou depois de se silenciar. Olhou pra mim, parecia ter se controlado. — Amanhã precisamos achar algum vilarejo e arrumar um jeito de repor o que perdi.

— Vai tentar fazer sua poção de novo?

Liberou um suspiro, triste e frustrado.

— Por enquanto não dá. Vamos esperar uns dias, para ver se algo acontece com a que tomei hoje... Talvez eu não tenha poder suficiente para o encantamento. Aí, vamos ter que achar alguém para fazer a reversão.

Concordei e a garota seguiu até a fogueira, jogando um punhado de terra nas brasas. Em segundos minha visão se adaptou à escuridão com ajuda da luz da lua que batia sutil da entrada da gruta, vi Luahn se ajeitar no mesmo lugar, de costas e sem intenção de vir até mim. Peguei o cinto com espada e faca e fui até ela:

— Luahn? — virou-se para me olhar, confusa. — Pode carregar isso para mim enquanto eu estiver como lobo? — assentiu e pegou o cinto.

Depois voltei à entrada da caverna, desejando o corpo lupino, transformando-me. Deitei em um canto, vigiando e observando o córrego passar com uma distante linha de árvores sobre rochas. A lua crescente estava no alto, com metade de todo o brilho do astro, e adormeci atendo aos sons.

 

No dia seguinte, encontramos uma estrada, apesar do capim crescendo parecia estar frequentemente sendo usado por carroças e cavalos. Luahn disse era um caminho importante e provavelmente nos levaria para uma cidade. Fiquei preocupado, pois haveria muito mais humanos lá.

...

O filhote de porco selvagem guinchou quando peguei sua coxa com os dentes, mas sua pele rasgou e ele correu novamente. Pude sentir o gosto do seu sangue e estava faminto o suficiente para continuar atrás dele. Era uma floresta estranha, com arbustos demais e sombras, mas mantive a noção de que Luahn ainda estaria seguindo a estrada, como combinamos pouco antes de eu sair para caçar como lobo.

De repente, ouvi trotes rápidos, um cavalo pesado e provavelmente bem alimentado estava se aproximando, estranhei, pois era acompanhado de um som metálico. Então acelerei a corrida atrás de minha caça até que um zunido passou perto do meu rosto e senti um corte arder próximo no meu maxilar e pescoço, logo saltei uma flecha cravada no chão, que tinha o cheiro de homem! Sai do caminho, me embrenhando nos arbustos e ouvindo pelo menos mais duas flechas que me erraram. Fiquei enfurecido ao perceber que o cavaleiro foi atrás de minha presa enfraquecida pela minha mordida. O amaldiçoei quando parei escondido e ouvi o porco grunhir uma ultima vez, com o homem rindo vitorioso em seguida.

— Que benção! — disse o humano longe e feliz, desmontando de seu cavalo. Pude ouvir o som de metal se chocando mais claramente. — Que dia bom! Um porco bem jovem de carne macia. Almoçarei bem hoje!

Frustrado e irritado, esperei. Era apenas um homem, não ouvi ou farejei outro, cogitei se conseguiria matá-lo e recuperar minha caça, apesar dele carregar flechas afiadas.


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Notas finais do capítulo

Eu sei esse capítulo teve seus momentos, hehe.
Conte-me suas expectativas para eu destruir depois! ☺
No mais, esperem-me com novidades no próximo.
Beijo no queixo. Até O/



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