Wonderwall escrita por Alexyanna


Capítulo 8
R U Mine?


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como estão??
Boa leitura!



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— Posso convidar Jughead para jantar conosco hoje, mãe? — pergunto durante o café. Já faz mais de um mês que estamos saindo juntos, mas em nenhum momento tocamos na palavra namoro; porém, acho que esta palavra é a que melhor descreve o que temos. Passamos a maior parte do dia juntos, mesmo que sem demonstrações públicas de afeto, e ele escala meu quarto na calada da madrugada na maioria das noites. É claro que nunca fizemos nada além de dormir abraçados, mas isso também significa algo, não é mesmo?

Meu pai saiu mais cedo para o trabalho hoje, alegando estar escrevendo uma matéria importante. Fingi acreditar, optando pelo caminho mais fácil, que é agir como se estivesse tudo bem. Foi um choque descobrir que ele trai minha mãe, principalmente porque sempre pensei nele como o único que salvava na família dos Coopers. E agora ele se tornou apenas outra decepção.

— Não sabia que vocês eram amigos — Alice diz, estreitando os olhos em minha direção. Sinto minha perna inquieta debaixo da mesa, em um sinal claro de ansiedade. Apesar de passarmos quase vinte e quatro horas juntos, tivemos o cuidado de não deixar minha mãe desconfiar disso.

— Bem, não somos exatamente amigos — falo hesitante, encarando o prato com ovos e bacon na minha frente. Sinto o olhar de minha mãe sobre mim. Desde nossa conversa naquele sábado um mês atrás, não tocamos mais em assuntos delicados; porém, ontem ficamos assistindo filmes antigos juntas o dia inteiro. Foi a primeira vez que realmente fizemos algo sozinhas, sem a presença de meu pai ou de Polly.

— O que você está insinuando? — Sua voz endureceu e imediatamente me arrependo de ter tocado no assunto. Pensei que, após tantos anos, ela teria deixado de lado seu preconceito com Jughead por ele morar no lado errado da cidade. Bom, parece que me enganei. — Você sabe muito bem o que ele é.

— Eles não são como você pensa! — defendo-os, lembrando-me da noite em que Tall Boy me ameaçou e os Serpentes saíram em minha defesa. Bem, não exatamente em minha defesa, mas na de Jughead. Na verdade, eles parecem incrivelmente leais. — Você não pode acreditar em tudo o que ouve por aí, mãe. Eles não são criminosos.

— E como você sabe disso, Betty? — minha mãe questiona, brava. Então seus olhos arregalam-se perante à expressão em meu rosto. — Você esteve no sul?!

— O pai de Jughead tinha sido preso e eu estava preocupada… — Tento justificar.

— E você acha que FP Jones é inocente, Betty? Eles traficam drogas, aliciam menores, são perigosos! — Agora minha mãe está de pé, inclinada em minha direção. Sinto a raiva apossar-se de mim, e cerro os punhos, arrancando sangue das feridas praticamente cicatrizadas.

— O cara que o incriminou admitiu, mãe! — brado, também me levantando. — Na frente de todo mundo!

— Você esteve no Whyte Wyrm?! — Alice Cooper é pura fúria, e sinto uma pontada de medo em meu interior. Merda. Porém, não consigo não reparar em um pequeno detalhe: como ela sabe o nome do principal local de encontro dos Serpentes? — Quando eu penso que tivemos um avanço em nossa relação, vem você e me diz que esteve no pior local de Riverdale. Inacreditável, Elizabeth!

— E o pior é que eu também pensei que você realmente tinha mudado, mãe — digo, cerrando a mandíbula com força. — Parece que nós duas estávamos enganadas.

Abandono a cozinha, pegando minha mochila e saindo porta a fora, mesmo ainda estando muito cedo para ir ao colégio. Porém, permanecer naquele ambiente com minha mãe não era uma opção. É com esse pensamento em mente que começo meu percurso rumo à Riverdale High School, pisando com força no chão enquanto o fixo com meus olhos. Bela forma de iniciar uma segunda-feira, não é mesmo?, penso raivosa.

— Calma, princesa, a grama não tem culpa de toda a desgraça do mundo. — Pulo para cima ao som da voz afobada de Jughead Jones, assustada. Estamos há um quarteirão de distância do colégio, e ele agora está parado ao meu lado, sorrindo. — Bom dia.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto com as sobrancelhas franzidas, sem entender. Esse definitivamente não é o caminho mais curto para Jughead.

— Pensei em buscar minha namorada em casa, como o verdadeiro cavalheiro que sou — responde, agora apoiando-se em seus joelhos para recuperar o fôlego. — Porém, quando cheguei vi que você já havia saído. Inclusive, você anda muito rápido, cara.

— Desculpe, tive uma briga com minha mãe — falo, observando-o respirar fundo enquanto tenta normalizar sua respiração. Acho que ele não faz muitos exercícios. Então me dou conta da palavra que ele usou pela primeira vez para me definir, e sorrio minimamente quando pergunto: — Namorada, ein?

— É o que você é minha, não, Elizabeth Cooper? — Jughead se apruma agora, parando para me encarar, sorrindo maroto. Ele está incrivelmente lindo hoje, seus cabelos macios estão saindo da touca que cobre sua cabeça e sua jaqueta de couro dá a ele um ar selvagem.

— É, acho que sim. — Meu sorriso agora está enorme.

— E qual foi o motivo desta vez?

— Você. — Ele levanta as sobrancelhas em confusão. — Pelo menos agora ela sabe que namoramos. E não aprova.

— Adoro algo proibido — Jughead ronrona, envolvendo seus braços ao meu redor. Inclino-me em sua direção e me sinto embriagada com a fragrância que emana de seu corpo. É um aroma único, uma mistura de madeira, cigarros e algo particular dele que não consigo decifrar. É, definitivamente, sensual. Assim como seus lábios, que se pressionam levemente contra os meus, fazendo com que descargas elétricas sejam liberadas por todo meu corpo.

Wow — ele diz, afastando-se de mim, também sentindo as sensações incríveis que passam por meu corpo quando o beijo.

Wow — concordo, ainda sentindo meu corpo respondendo à sua presença, ansiando por um pouco mais.

— Você é uma caixinha de surpresas, Betty — Jughead sorri, seus olhos levemente escurecidos, e me sinto corar. — Uma deliciosa surpresa.

▼△▼

— Betty Cooper e Jughead Jones! Eu não consigo acreditar — Kevin exclama quando eu me sento ao seu lado na aula de biologia, fazendo com alguns olhares curiosos se voltem em nossa direção. — Quer dizer, não posso dizer que estou surpreso, porque não estou. Vocês andam muito próximos ultimamente.

— Fala baixo, Kev — repreendo-o, desconfortável com os olhares repousados sobre mim.

— Você e ele…? — pergunta em voz baixa, e arregalo meus olhos quando compreendo o que ele quis dizer.

— Quê? Não! — apresso em dizer, de repente constrangida. Bem, nós passamos as noites extremamente próximos um do outro, mas nunca pensei seriamente sobre isso.

— Aposto que ele é grande — Kevin diz, malicioso.

— Meu Deus, garoto, você é um pervertido! — Dou um tapa em seu braço, mas não controlo o pequeno sorriso em meus lábios que surge junto com o rubor ao pensar em Jughead dessa maneira. Kev gargalha, desviando do meu segundo golpe.

— Certo, senhora puritana. — Reviro os olhos, mas fico aliviada por ele parar de falar sobre o corpo de meu namorado. — Como a bruxa Cooper reagiu?

— Pior do que eu esperava — admito, sentindo meus ombros caírem ao observar o professor Rothenberg escrever algo no quadro. — Ela descobriu que eu fui ao Whyte Wyrm e fez um escândalo.

— Você foi lá?! — Kevin exclama com a voz um oitavo mais alto, chocado. O professor nos lança um olhar duro, mas não diz nada. — E como é? Você viu o Joaquin?

— É bem legal, até. Tem muita gente de jaqueta — rio, lembrando-me do ambiente peculiar do covil dos Serpentes. — Não o vi, mas conheci algumas pessoas legais.

— Quem diria que Betty Cooper faria amizade com os Serpentes — Kevin balança a cabeça, mas é algo que nem eu mesma posso acreditar.

— Vejo que a conversa está boa, Keller e Cooper, mas posso garantir que essa matéria vai estar no teste de semana que vem. — Professor Rothenberg repreende, encarando-nos. Engulo em seco, e trato de abaixar a cabeça e calar a boca. Kevin faz o mesmo. Posso ter ido ao lado sul de Riverdale, mas não sou corajosa o suficiente para arriscar tirar uma nota baixa em uma prova.

O restante das aulas passa como um borrão, e quando desperto de meus devaneios o sinal do intervalo de almoço está tocando. Reúno meus materiais de filosofia indo em direção à porta, onde Jughead com um sorriso torto no belo rosto me aguarda. Deus, esse sorriso será minha ruína.

— Pensei que gostaria de dar algo para se falar aos jovens de Riverdale. — Pisca, puxando-me para um beijo apaixonado na frente das centenas de alunos que passam pelo corredor em direção aos seus armários. Ele me inclina para frente, segurando-me em seus braços igual nas cenas dos filmes, e tenho certeza que temos uma plateia nos assistindo.

— Ugh, arrumem um quarto, vocês dois — Veronica interrompe nosso momento, e somos obrigados a finalizar nosso beijo. Apesar de sua frase, ela sustenta um sorriso em seu rosto. — Finalmente vocês assumiram esse romance

Jughead sorri enquanto caminhamos, e sinto meu coração se acelerar. Almoçamos juntos praticamente todos os dias agora, com Ronnie, Kevin e às vezes Archie, quando ele não está com o time de futebol. Agora estamos quase chegando ao refeitório, e os olhares ainda recaem sobre Jughead e eu de mãos dadas. Acho que somos definitivamente um casal inusitado. Quase impossível, eu diria.

— Bom, por essa eu não esperava — Cheryl ecoa meus pensamentos, olhando para nossas mãos entrelaçadas. Ela tem uma sobrancelha ruiva arqueada, e sua cabeça está levemente inclinada para a esquerda. — Até que vocês combinam: dois fracassados.

— Cale a boca, Cheryl — Jughead diz, puxando-me em direção à mesa em que Archie acabou de sentar, deixando a ruiva para trás.

— Até que enfim alguém que tem também coragem de se pronunciar! — Ronnie comemora, admirada.

— Finalmente! — Archie exclama ao nos ver, dando espaço para Veronica sentar-se ao seu lado. Aparentemente ela já o perdoou pelo incidente na casa de Reggie, e eles podem ser considerados bem amigos agora.

— Certamente, Betty não aguentava mais se controlar em minha presença — Jughead diz, roubando algumas batatas fritas do prato de Archie. — Eu sou tipo uma droga, cara.

— Talvez eu devesse entrar em reabilitação — digo, olhando debochada em sua direção.

— Oh, isso seria terrível. — Sou obrigada a sorrir, e decido que preciso pegar algo para comer. Pergunto para Jug se deseja algo, mas ele apenas nega com a cabeça, apesar de estar claramente com fome. Decido perguntar a ele sobre isso mais tarde, optando por comprar um lanche para ele apesar disso.

O restante do dia segue como o previsto, e na única aula que eu tenho com Jughead passei a maior parte tentando me distrair do carinho desconcertante que ele trilhava com os dedos em meus ombros e nuca. Deus, eu preciso urgentemente impedi-lo de sentar atrás de mim nas próximas semanas ou eu definitivamente vou perder média em alguma prova.

Hoje é dia do primeiro treino oficial das Vixens, e para meu desespero Jughead insistiu em assisti-lo. Torci para Cheryl Blossom expulsá-lo, mas ela apenas limitou-se a ignorá-lo como se ele não significasse nada.

— Até que ele é bem bonitinho — Ronnie comenta enquanto alongamos, olhando para Juggy sentando na arquibancada digitando algo em seu notebook. Ele vê que estamos olhando e pisca em nossa direção, voltando a atenção ao que está escrevendo. — Como isso foi acontecer, aliás?

— Quando eu fui atrás dele aquele dia, acabamos nos beijando no bar dos Serpentes e, desde então, não ficamos mais separados — revelo, e Veronica concorda com a cabeça, tendo notado como Jughead e eu estávamos frequentemente juntos, apesar de não nos beijarmos em público. — Então, hoje de manhã após eu praticamente assumir para minha mãe, revelamos que estamos juntos para o resto do mundo.

— Imagino que seja excitante namorar alguém que pertence à uma gangue — diz maliciosa, olhando para mim. — Ouvi dizer que eles têm tatuagens.

— Tecnicamente, ele é o líder — sussurro, lembrando de como ele expulsou Tall Boy aquela noite. Ronnie limita-se a fazer uma expressão admirada, balançando as sobrancelhas sugestivamente em minha direção enquanto começamos a praticar nossos passos.

— Mas então, é verdade? — ela questiona, enquanto desce até o chão com as mãos em meus quadris como apoio. Olho confusa em sua direção, e ela esclarece como se fosse óbvio. — A tatuagem.

— Eu nunca o vi sem roupa — confesso, o que parece surpreendê-la.

— Você já viu algum cara pelado? — pergunta, genuinamente curiosa. Sinto minhas bochechas corarem sem permissão.

— Já! Quer dizer, eu vi Kevin trocar de roupa uma vez alguns anos atrás — digo, sentindo-me inesperadamente constrangida.

— Deus, você é realmente a garota exemplar — Ronnie suspira, enquanto usamos uma a outra como apoio para erguer nossas pernas sobre a cabeça. — Você ao menos se toca?

— Claro que sim! — digo, agora levemente insultada. Eu não sou uma puritana! Quer dizer, não totalmente, ao menos. Decido que não quero mais falar sobre mim. — E você? Já viu algum cara nu?

— Uma vez — responde, e é minha vez de ficar surpresa. Ela sempre dá à entender que é super bem resolvida com sua vida sexual. Ronnie percebe minha expressão e justifica. — Eu já fiz muitas coisas, Betty, mas só dormi com um cara uma vez. Pensei que aquela noite ia rolar com Archie, mas você se lembra como acabou.

— Sim — afirmo, e somos obrigadas a interromper nosso papo porque Cheryl pediu para treinarmos a coreografia em conjunto. Ensaiamos todos os passos, quatro vezes, até que nenhuma Vixen está suportando levantar o pompom acima da cabeça. Então Blossom finalmente nos libera, causando murmúrios de alívio.

— Sobre o que vocês duas estavam conversando enquanto se alongavam? — Jughead questiona quando me aproximo dele após me despedir de Veronica. Sinto meu rosto ameaçar a corar novamente, e agradeço aos céus por ele não nos ter ouvido.

— Nada demais — soo evasiva até aos meus próprios ouvidos, e o garoto arqueia a sobrancelha escura em uma interrogação, mas não insiste mais.

Caminhamos em direção à saída da Riverdale High School, o sol começando a abaixar-se no céu azul. Jughead se apossou de minha mochila enquanto eu trocava meu uniforme, recusando-se a entregá-la para mim e dizendo que não estava pesada. Revirei os olhos diante de sua demonstração de comportamento de um homem dos anos sessenta, mas não quis argumentar sobre algo tão estúpido.

— Como você está, Jug? — pergunto quando terminamos de conversar acerca de nossos livros prediletos, que coincidentemente temos vários em comum. Tenho o episódio do refeitório em minha mente, e completo. — Financeiramente.

— Os Serpents têm me ajudado muito, mas não é como se algum deles fosse rico — Jug diz, olhando para o chão.

— Se você precisar é só me dizer… — ofereço, mas sei que ele nunca aceitaria. Devo admitir que tenho uma vida bastante confortável, e minhas economias do estágio que fiz no The Register certamente são consideráveis.

— Está tudo bem, Betty. Eu sempre me virei. — Jones declina a oferta, assim como esperava que fizesse. Agora estamos praticamente em minha casa, e tenho certeza que Alice ainda não está preparada para nos ver juntos.

— Certo, qualquer coisa me deixe saber — digo, apertando suavemente sua mão enquanto paramos na esquina. Ele tem um olhar triste, e sinto-me impotente por não poder fazer nada para mudar sua situação.

— Claro, querida. — Fico surpresa pelo apelido carinhoso que escapa de seus lábios, mas ele não parece preocupado. Juggy percebe o olhar em meu rosto e revira os olhos, sorrindo. — Eu também sei ser carinhoso, Betty.

— Não disse nada, querido. — É óbvio que o apelido soou zombeteiro em minha voz, e Jughead balança a cabeça.

— Depois não reclama, Senhorita Perfeição.

— Agora sim soa como você, Jones. — Sorrio, depositando um beijo casto em sua boca. Sinto a tentação de aprofundar-me em seus lábios, mas controlo o sentimento, consciente que minha mãe está a alguns metros de distância, provavelmente espiando pela janela em busca de algo para me incriminar.

— Até mais, Betts — Jughead despede-se, puxando me para mais um beijo, esse levemente mais intenso. Novamente forço-me a me controlar, mordendo o lábio inferior enquanto me afasto de sua visão perturbadora.

Entro dentro de casa, aliviada por não encontrar minha mãe me esperando. Subo em direção ao meu quarto, deixando o banho para depois, enquanto abro meu notebook e retomo a leitura de onde parei. Certamente os Ghoulies têm um local de encontro, assim como os Serpentes possuem o Whyte Wyrm, e está na hora deles receberem uma pequena visita do jornal mais impetuoso de Riverdale High School.

 

I just wanna hear you say
You got me, baby
Are you mine?
(R U Mine? - Arctic Monkeys)


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Eu só quero te ouvir dizer
Você me tem, querida
Você é meu?

Mais uma músiquinha dessa banda maravigold! E ai, o que acharam no capítulo??

Pergunta de hoje: Vocês estudam e/ou trabalham? No quê?
Minha resposta: atualmente estou fazendo faculdade de psicologia, yay! Também sou técnica de informática (fiz integrado com o ensino médio no Instituto Federal, saudade...) e costumava trabalhar na área, porém tive que parar devido aos estágios.

beijos.