Wonderwall escrita por Alexyanna


Capítulo 9
Back of my mind


Notas iniciais do capítulo

Gente, mil desculpas pela demora!
Estou em semana de provas e está complicado conciliar tudo.
Boa leitura!



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— Você tem certeza que é aqui, Betty? — Kevin questiona, encarando a construção deteriorada do bar que, de acordo com minhas pesquisas, é a toca dos Ghoulies.

— Tenho — assinto, mas minha voz soa mais como uma pergunta. Agora são aproximadamente quatro da tarde, e comunicamos a todos, incluindo Jughead, que iríamos fazer uma pesquisa chata para o Blue and Gold. Não tenho certeza como ele reagiria se eu lhe dissesse a verdade, porém não acho que seria positivamente.

— E você já sabe o que vai perguntar? Eles não parecem muito adeptos à pesquisas escolares — Kevin diz, inseguro. Reviro os olhos e começo a caminhar em direção à porta do bar, ignorando sua fala e forçando-o a me seguir. O ambiente é semelhante ao Whyte Wyrm, mas parece mais sujo e menos amigável que o covil dos Serpents. Há poucos Ghoulies no recinto, espalhados pelas mesas de madeira escura ou jogando truco no canto do local.

— Olá! Meu nome é Betty e este é meu colega, Kevin — apresento-me para o cara grandalhão atrás do balcão. Noto que ele tem diversas tatuagens, incluindo uma arma no pescoço. Ele limita-se a nos encarar, e tomo cuidado para não revelar o nome do colégio que frequento. — Estamos fazendo uma pesquisa para o jornal da escola, e queríamos saber se você ou alguém pode-nos responder algumas perguntas.

— Não — o homem nega, rude, voltando a limpar os copos de vidro. Inspiro profundamente, olhando para Kevin, que está atrás de mim parecendo que vai sair correndo a qualquer momento.

— Será bem rápido — tento novamente, e o homem parece extremamente infeliz com minha insistência. Olho ansiosamente em sua direção, não disposta a ir embora sem nada. — Eu prometo.

— Saia daqui antes que eu perca a paciência, loira — ameaça, e sinto a mão de Kevin em meu braço, puxando-me para a saída do bar.

— Mas...— O homem lança o olhar mais hostil que já vi, e engulo em seco. O aperto de Kevin se intensifica, e deixo ele começar a me puxar em direção a saída.

— Você é louca, Betty! — Kev sussura, irritado por meu comportamento, guiando-me. Porém, quando estamos quase na porta, uma voz soa atrás de nós, interrompendo nosso percurso.

— Eu adoraria responder algumas perguntas, loirinha. — O dono da voz é alto e possui cabelos cacheados na altura dos ombros. Ele possui um cigarro na boca, que está esculpida em um sorriso malicioso. Suas roupas são justas e escuras, e noto uma faca presa ao seu cinto de tachas. Reconheço-o como o líder, Malachai, e sinto meu coração acelerar sem permissão. — O que você gostaria de saber?

— Bem… — inicio, sem saber o que dizer, olhando para os lados. Certamente não seria educado perguntar por que ele mandou prender o pai de Jughead logo de cara.

— Acho que conheço você de algum lugar... — Só então noto o outro homem que surgiu atrás dele, acompanhando nossa conversa, e sinto meu rosto perder a cor. Tall Boy está ali, prestes a me reconhecer, e agora a perspectiva de correr parece realmente muito tentadora. — Você estava no Whyte Wyrm aquela noite… Sim, isso mesmo, você é a putinha de Jughead.

Sinto minhas unhas cravarem nas palmas de minhas mãos, enquanto o olhar no rosto de Malachai se torna divertido. O sorriso em seu rosto aumenta, e sinto um arrepio percorrer meu corpo.

— Por que você não vem até meu escritório para conversarmos em privacidade, loirinha? — Algo na voz de Malachai me diz que não tenho escolha. — Sozinha.

Keller olha em minha direção, claramente não confortável em me deixar ir até uma sala fechada com estes homens, mas ele também está consciente que não temos escolha a não ser obedecer. Ele apenas assente, e eu lanço o melhor olhar tranquilizador que consigo dar para ele nestas circunstâncias.

Sigo os homens em direção ao fundo do bar, passando pelo bartender mal humorado, ao mesmo tempo que olho mais uma vez sob os ombros para ver Kevin saindo pelas portas de madeira. Espero que eu também consiga caminhar por elas em breve. O pensamento de nunca mais sair desse lugar imundo me causa náuseas, e me sinto profundamente estúpida por ter seguido com esse plano idiota.

— Os Jones sempre conseguiram belas mulheres, me pergunto o que eles têm — Malachai comenta, enquanto indica o sofá preto no canto da sala mal iluminada. Noto que o ambiente não possui janelas, apenas outra porta, que encontra-se fechada. — Então, o que você gostaria de saber, loirinha?

— Por que você mandou prender FP? — A pergunta jorra de minha boca sem permissão, mas sinto que agora que estou aqui não custa nada perguntar o que sempre pretendi. Ele sorri, parecendo surpreso pela minha pergunta tão direta.

— Vejo que você não veio aqui para brincar, ein — ele diz, sentando-se preguiçosamente na poltrona em minha frente. — Imagino que Jughead não saiba que você está aqui.

Tall Boy caminha até onde estou sentada e puxa minha bolsa de minhas mãos, sem qualquer resquício de bons modos. Olho surpresa para ele, que agora está revirando-a em busca de alguma arma ou coisa parecida. Obviamente não encontra nada, porém a entrega para a Malachai mesmo assim.

Remexo-me desconfortável sob o couro preto do sofá, desgastado pelo uso, sentindo-me vulnerável. Malachai não parece inclinado a fazer qualquer coisa comigo, mas ele é o cara que mandou prender um homem inocente, logo, ele não é exatamente uma pessoa bondosa.

— Tenho certeza que em breve ele vai saber — falo, concentrando para não transparecer nenhuma emoção em meu rosto. Não sei da onde tirei coragem para falar isso, mas o homem nota a ameaça implícita, cerrando os olhos escuros em minha direção.

— Bem, tenho certeza que sim — diz, dando um trago em seu cigarro enquanto dá uma olhada no conteúdo de minha bolsa. Então me olha novamente, me estudando, talvez cogitando se sou realmente uma ameaça para ele. Acho que ele considera que não, pois opta por responder minha pergunta. — FP está há anos como líder, fazendo negócios em nome dos Southside Serpents. Achei que ele merecia um descanso.

— Entendi — murmuro, remoendo suas palavras em minha mente. Malachai deixou claro que não queria mais a presença de Jones no sul, mas não sei o motivo. Ele citou os negócios, e imagino que são drogas. Provavelmente, tendo em vista que a maioria das notícias envolvendo as gangues são relacionadas ao tráfico.

— Você tem mais alguma pergunta, loirinha? — questiona, educado. Vasculho minha mente enevoada pelo medo e não encontro nada.

— Acredito que não — respondo com a voz trêmula, sinceramente. Ele sorri, apagando o cigarro enquanto se levanta da cadeira para me dar a bolsa. Agarro o objeto com todas as forças, desesperada por algum resquício de segurança.

— Então acho que podemos finalizar nosso bate-papo. Jughead já deve estar chegando, e não quero meu bar sujo — diz, e me pergunto como esse ambiente imundo poderia ficar ainda mais sujo, mas apenas balanço a cabeça em consentimento.

Malachai caminha até a porta, e me levanto em menção à segui-lo. Ele me olha mais uma vez, e dessa vez não há vestígio do sorriso anterior em seu rosto moreno.

— Saiba que estou de olho em você, Elizabeth Cooper. — Sua voz é fria, e sinto minhas mãos tremerem quando ele diz meu nome. — Só estou te deixando sair porque estou de bom-humor, mas caso insista em visitar minha casa novamente, saiba que não será tão bem recebida.

Engulo em seco, piscando meus olhos diversas vezes, tentando controlar as lágrimas teimosas que insistem em brotar. Ai, meu Deus, onde eu estava com a cabeça? Agora ele sabe até meu nome, é um passo para ele descobrir onde eu moro!, penso, desesperada. Caminho de volta ao bar entorpecida pelo medo, sentindo minhas pernas trêmulas enquanto sigo Malachai, extremamente consciente da presença de Tall Boy atrás de mim.

As portas do bar são escancaradas, e logo Jughead está avançando como um furacão em direção ao líder dos Ghoulies. Porém, nossos olhares se cruzam antes que ele alcance seu alvo, e balanço minimamente a cabeça. Ele para alguns metros de distância de Malachai, provavelmente vendo algo em meus olhos que o impedem de agredir o homem parado em minha frente.

— Calma, Jones, nós estávamos apenas conversando. Sua adorável Elizabeth veio nos fazer uma visita — O homem diz, olhando em minha direção com olhos os escuros brilhando. — Garanto que ela foi muito bem recebida, não é mesmo, loirinha?

Balanço a cabeça em concordância, consciente que ele espera uma resposta, não confiando em minha voz para responder. Vejo a mandíbula de Jughead se retraindo enquanto ele tenta se controlar, e lanço um olhar desesperado em sua direção, implorando para que ele não faça nada. Lembro-me claramente da faca no cinto do líder dos Ghoulies, pronta para ser utilizada, e a perspectiva dele machucar Jughead é inconcebível.

Malachai se afasta alguns passos de mim, permitindo que eu caminhe até Jughead, que apenas me empurra suavemente para trás dele.

— Vejo que você encontrou um novo lar — Jug diz, ácido, olhando para Tall Boy. Vejo o homem se retesar em nossa frente, o ódio estampado em seu rosto, porém Malachai coloca a mão em seu ombro, impedindo-o de vir em nossa direção.

— Está na hora de ir, Jones. — O líder dos Ghoulies dá seu ultimato, e não há resquício de humor em sua voz. Coloco a mão no braço de Jug, puxando-o em direção à porta, e ele me segue resignado, lançando um último olhar para os homens que nos encaram.

— Sinto muito — sussuro quando saímos do bar, pegando o capacete que Jughead me entrega sem olhar-me nos olhos. Ele sobe em cima da moto, ignorando-me, e sou obrigada a sentar-me atrás dele em silêncio.

Corremos pelas ruas do sul de Riverdale, lentamente entrando no lado norte da cidade, o vento frio do final do dia batendo em meu rosto dolorosamente. Permaneço o caminho inteiro com as mãos imóveis ao redor da cintura de Jughead, sentindo seus músculos sob meus dedos, não ousando movê-las. Sei que ele está extremamente bravo comigo agora, e não há nada que eu possa fazer para acalmá-lo.

A velocidade da moto vai diminuindo gradativamente quando nos aproximamos da esquina de minha casa, e de repente estou fora do assento. Retiro o capacete, e Jughead também está de pé agora. Sua expressão é indecifrável, e sinto que há um muro enorme entre nós, separando-nos.

— Malachai disse que queria seu pai fora dos negócios — digo quando percebo que ele não vai falar nada. — Não foi uma vingança pessoal.

Jughead absorve a informação em silêncio, e fico levemente contente pela ameaça a minha vida não ter sido totalmente em vão. Sua expressão se suaviza minimamente quando ele diz as palavras seguintes:

— Você poderia ter se machucado.

— Eu sei, mas não aguentava mais te ver sofrendo por algo que ele fez, sem poder fazer nada para ajudar — confesso, e seus olhos verdes se tornam duros novamente.

— Eu não preciso de ninguém me protegendo, Betty — rebate, e fico com raiva por ele ser tão orgulhoso.

— Mas agora você tem uma informação importante — argumento, cruzando os braços sob meu peito, desconfortável.

— Sim, mas certamente ter que te resgatar não estava em meus planos. — Cerro os dentes, a raiva fazendo com que eu crave as unhas em minhas costelas.

— Eu não te pedi para te fazer nada — cuspo as palavras em sua cara, e percebo que ele também está com raiva. Raiva de mim.

— Vou me lembrar disso da próxima vez. — Sinto o golpe de suas palavras em meu estômago, mas não deixo isso afetar a expressão em meu rosto. Ele coloca o capacete novamente, subindo na moto e dando partida. Jughead parte com a moto para longe de mim, me deixando parada na esquina com lágrimas inoportunas escorrendo pelas bochechas.

 

Now I can never stop
Wastin' all my time with you
I feel all over when I don't see you
Stay in the back of my, back of my mind
(Back of my mind - Two Feet)


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Agora eu nunca consigo parar
De gastar todo o meu tempo com você
Eu me sinto acabado quando não te vejo
Fique no fundo da, no fundo da minha mente


E ai, o que acharam??

Pergunta de hoje: qual a idade de vocês? (desculpa, estou sem inspiração, mas a curiosidade é genuína!)
Minha resposta: tenho dezoito, quase dezenove.

beijos.